domingo, fevereiro 17, 2008

Monólogo dos 8 meses

Cá estou eu, semi-exilado em Betim, na iminência de alcançar a marca de 8 meses empregado. Se eu fosse um feto, nasceria prematuro, mas funcional. Em termos financeiros, salvo se houver uma emergência (toc-toc-toc), terei a quantia necessária para a mais que urgente viagem para os Balcãs -as coisas lá estão interessantes- com um pequeno pulinho nos pampas argentinos. Essas viagens (e um plano ainda embrionário pós-viagem) irão acontecer, pois meu eu de 60 anos nunca me perdoará por não ter aproveitado a vitalidade da juventude dessa maneira.

Em termos de saúde diminuí o uso do Rivotril, mas o trabalho está me sugando de uma maneira quase insuportável, a ponto de secretamente clamar por um uso singelamente pontual de anti-depressivo (tarja preta, infelizmente - e minha irmã me aconselhou veementemente a não fazer isso, para eu não virar um esquizofrênico :\). Mas enfim, trabalhos vêm e vão, e eu permanecerei.

Mas o que complica mesmo é a solidão. E de novo me vem aquela sensação de "destino de vilão de novela", quando meu inconsciente de alguma forma tenta me convencer de que sou o principal culpado por isso e que devo pagar pelo que cometi. Sim, eu sou mesmo. Mas não da maneira que meu eu interno (id?) pensa.

Me afastei voluntariamente de alguns amigos sim. Esses amigos, acredito, me querem bem e não sabem/não concordam com os meus motivos sim. Mas quer saber? Faço tudo de novo! Porque a alternativa seria a completa destruição da minha força de vontade, a minha eliminação como um indivíduo e, no final, tal como aquele personagem niilista d'Os Demônios (pelo amor de suas almas, leiam esse livro!), o Alexei Kirillov, acabaria me matando como recurso extremo para provar a mim mesmo que o meu ego ainda seria poderoso o bastante. Não. Em vez disso, "matei" meus amigos em sentido figurado para que a vida triunfasse sobre a morte (ou a "morte" triunfasse sobre a morte). O perdão do ponto de vista cristão, nesse caso, custaria a minha vida. Talvez, citando Ele, eu não tenha sido forte o bastante para perdoar. Então nesse aspecto, a (tentativa de) sublimação o seja maior ato de força possível por minha parte.

Vamos ao Amor. Sentimento abstrato esse... Talvez pela minha mediocridade (mais total falta de sorte), nunca tenha amado. Quando muito, fiquei (e muitas vezes) obsecado. O problema, aí, foi o de nenhuma dessas obsessões terem dado certo - e as últimas terem dado muito errado - e o resultado agora é a impressão por minha parte de ter perdido a capacidade de amar. E, caso um dia alguém me ame de verdade (salvo amor de mãe), não perceber esses sinais.

Mas aquele aperto no coração dói muito, e não há jeito de eu me acostumar a essas pontadas.

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