quinta-feira, outubro 18, 2018

Interlúdio: O meme dos NPCs (você ainda ouvirá falar dele)

Enquanto o Haddad quer que a candidatura do Bolsonaro seja cassada baseada numa notícia da Folha que é, até agora um disse-me-disse, vamos ao mundo encantando dos memes.

Vocês conhecem obviamente o feels guy

Agora, apresento-lhes o NPC guy

NPC, para quem não jogou RPG nem viu o remake de "Jumanji", significa "Non-Player Character". Explicando: é aquele tradicional personagem dos RPGs que, não importa o que aconteça, sempre terá os mesmos diálogos e as mesmas funções.

A primeira publição do NPC guy foi em 2016 na versão alemã do 4chan, o Krautchan, mas explodiu para valer em setembro deste ano no 4chan quando um "anônimo" resolveu levantar a questão existencial "seríamos todos NPCs?". É uma questão seríssima, diga-se, principalmente com aquele questionamento budista eternizado pelo Raulzito "sou um sábio chinês que é uma borboleta ou uma borboleta que é um sábio chinês?"
No fundo no fundo, é um questionamento às "pessoas-clichês", principalmente no "seja você mesmo!". Já repararam que quanto mais a pessoa quer ser diferente mais a pessoa é igual aos outros que a rodeiam? Vê as mesmas séries, tem os mesmos penteados, se tatua do mesmo jeito...

Involuntariamente, os anônimos do 4chan entraram numa problemática de quase 100 anos. Qual a diferença entre um NPC e "Os Homens Ocos" do T. S. Elliot, de 1925? Ou do "Homem-Massa" do Ortega y Gasset, de 1929? Quem falou também desse conceito foi o Eric Hoffer, que os chamava de "Fanáticos" (True Believers), o nosso Nelson Rodrigues ("Cretino Fundamental") e, num escopo mais limitado, o Olavo de Carvalho ("Imbecil Coletivo").

Como vocês podem perceber não é um conceito muito simpático à esquerda, e gerou uma gritaria por parte da esquerda americana e parando no The New York Times (obs: não que o NYT seja grande coisa, mas enfim).

Adaptando para a realidade eleitoral brasileira, os NPCs atualmente são principalmente o pessoal do anti-Bolsonaro que não vai votar nele porque ele é "racistamachistahomofóbico", porque "ele vai implantar uma ditadura", que fica fazendo fanfics, etc. É possível ser contra o Bolsonaro e não ser NPC? Claro que sim! O Fernando Gabeira - que foi acusado de ser bastante condescendente com o Jair na sabatina da GloboNews - mostrou que não é um

E é possível haver NPCs pró-Bolsonaro? Basta dar uma simples verificada na área de comentários de qualquer veículo da imprensa no Facebook que vocês os verão. Como diria o Baltasar Gracián, "metade do mundo briga com a outra metade - e ambas são idiotas". O problema é muito mais acentuado na esquerda, mas não é só ela que tem disso não. No caso da direita, como bem salientou o Bernardo Küster, é a tal da "direita outfit".

A única maneira de sair do mundo do NPC é fugir como o diabo da cruz de frases como "seja você mesmo!", "pense com sua própria cabeça!", etc., deixar de se achar especial só porque fica vendo as séries que todos vêem no Netflix e sempre buscar os fundamentos das coisas. E aí, meu amigo, é partir pros clássicos.

segunda-feira, outubro 15, 2018

Notas sobre as eleições federais (16) - Elogio ao WhatsApp

Em 2008 e 2012 Barack Obama utilizou-se da internet para se (re-)eleger presidente dos EUA. Em 2016, os republicanos (na verdade o Trump - a cúpula partidária foi contra o topetudo laranja até o último momento) usou das mesmas táticas, valendo-se da trindade Facebook, Twitter e Google (pelo YouTube) para fazer o mesmo. Eleitoralmente, o Trump ganhou no Cinturão da Ferrugem, mas na internet, ele ganhou foi nos memes - principalmente o site-lixo mais influente da internet, o 4chan.

Imagem acima, como o pessoal do 4chan viu a história toda.

Pois bem: como é público e notório (e se você não sabia disso, dê uma olhada na primeira conferência semanal interna do Google após a eleição do Trump, com os principais nomes do Google - incluindo fundadores, CEO e CFO -tentando consolar os empregados e falando que "vão tomar atitudes" para que isso não ocorra https://www.youtube.com/watch?v=-he5S1UFeC8), TODO o Vale do Silício é de esquerda, e eles atribuem a vitória do Trump ao fato de que "hackers russos" influenciaram os eleitores americanos a votarem no Trump baseados em "fake news". A partir daí, passaram a fazer uma legítima caça as bruxas aos supostos sites de "fake news" (na verdade, conservadores), desde restringir o alcance de canais/pessoas conservadores (o mais famoso caso foi com o Prager University, onde inclusive estão levando processo - se você não conhece os vídeos do Praguer, recomendo avidamente) ou até excluindo-os, como no caso do mais que controverso Alex Jones, que, estranhamente, teve suas contas removidas da Apple, Facebook, YouTube e Spotfy NO MESMO DIA 06 DE AGOSTO (o Twitter demorou um pouco mais para excluí-lo - e sabe-se lá o porquê que o Google ainda mantém aplicativo do InfoWars, tendo excluído o Gab por ser "supremacista").

O Facebook (em cuja versão brasileira já não mais se pode dizer a palavra "viado" sem tomar ban, não pode mais fazer citações bíblicas literais condenando o homossexualismo e que tem como nome de salas de reuniões "Zumbi dos Palmares", "Marielle Franco" e "Respeita as Mina"), para combater essas "fake news", fez convênios com supostas agências verificadoras "isentas", como a Agência Lupa, que fica hospedada no site da Revista (ó!) de esquerda Piauí, da família co-proprietária do Banco Itaú Moreira Salles (que é tão ou mais esquerdista que a outra família, a Setúbal), mas de alguma maneira é considerada "isenta". O Mark Zuckerberg inclusive disse que nas eleições brasileiras ocorreria o grande teste de combate à "fake news". E parecia estar tudo ocorrendo nos conformes, com exclusão de contas ligadas ao MBL, contas de conservadores como o Olavo de Carvalho, Nando Moura e Bernardo Küster sendo devidamente banidas por 30 dias no início das eleições "porque sim"...

O problema é que, ao contrário dos EUA, a principal ferramenta de comunicação no Brasil não é o Facebook, muito menos o Twitter (e o Nando Moura está grande demais no momento para cair no Youtube). Aqui, o que manda é o "ZapZap". Por mais que o WhatsApp seja do Facebook, por mais que os fundadores do WhatsApp tenham saído da empresa em desacordo com as ideias do Zuckerberg para o aplicativo (ver aqui e aqui), não houve tempo hábil para o Zuckerberg implantar o seu pacote de maldades.

Em tese dá para se ser banido sim do WhatsApp, mas o processo é tão complicado e tão pouco divulgado que praticamente nunca acontece. Além disso, mesmo que não fosse, até pela característica do aplicativo (é mais uma caixa de ressonância que uma comunidade aberta), não iria funcionar a contento.

A campanha do Bolsonaro não só aprendeu a utilizar a internet da maneira com que os republicanos a usaram, como fez a devida e correta adaptação aos trópicos. E é exatamente por isso que o Haddad está chiando tanto com o aplicativo: eles esperavam uma campanha à americana, mas os principais cabos eleitorais são os Tiozões do Zap.


segunda-feira, outubro 08, 2018

Notas sobre as eleições federais (15.1) - Estados e Municípios

Em relação aos estados, houve três mudanças fundamentais em relação ao cenário nas últimas eleições:

1) O PT oficialmente perdeu o Rio de Janeiro, estado onde ele não perdia desde 1998. A coisa foi tão feia que o Ciro Gomes é quem ficou em segundo lugar (deve ser debitado isso ao fato dele ter sido quem mais se engajou junto à esquerda caviar carioca). A situação está em tal ponto que o Bolsonaro teve 1,4 milhão de votos a mais que o Aécio teve NO SEGUNDO TURNO!

2) O PT perdeu feio em Minas Gerais. Graças ao "efeito Novo", perdeu no Triângulo Mineiro, Central de Minas, Oeste, Noroeste, Zona da Mata e Vale do Rio Doce (embora estas duas últimas sejam regiões um pouco mais conflagradas). Só conseguiu conservar o Norte (embora tenha perdido em Montes Claros), Vales do Jequitinhonha e Mucuri (embora tenha perdido em Teófilo Otoni). Sem o palanque do Pimentel a sangria será maior, tenham certeza.

3) O PT e a Marina perderam oficialmente o Acre. Eleitoralmente o peso é praticamente nenhum, mas tirar de cena os Irmãos Viana não deixa de ser uma façanha.

Já quanto aos Municípios, estão ocorrendo as seguintes coisas bastante interessantes:

1) Além de ter perdido o estado do Rio de Janeiro, o Haddad perdeu toda a região metropolitana. Em 2014 o Aécio só conseguiu ganhar em Niterói. Nessas o Bolsonaro já está acima dos 50% (e em várias acima dos 60%) em TODAS as cidades. CHUPA, GLOBO!

2) Especificamente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Bolsonaro conseguiu consolidar as três principais cidades: BH, Contagem e Betim (que havia sido Dilma nas últimas eleições)

3) O Bolsonaro conseguiu vitórias importantíssimas em algumas cidades importantíssimas no Nordeste, sendo que ele passou dos 50% em Maceió e Campina Grande-PB, além de ter vencido o primeiro turno em Aracajú, Caruarú-PE, toda a região metropolitana de Recife e de João Pessoa, Natal-RN (sendo que passou dos 50% em Parnamirim), Mossoró-RN e Imperatriz-MA

4) Na Região Norte, o Bolsonaro passou dos 50% em Manaus e em Palmas (e Araguaína), além das cidades paraenses de Altamira, Paragominas e São Félix do Xingú, das tocantinenses. No entanto, eu acredito que o Haddad tem condições de virar o jogo no Amapá, Amazonas e Tocantins.

Nota sobre as eleições federais (15) - Que se fodam as pesquisas, Temos FATOS E NÚMEROS. Quem ganha as eleições?

Resposta curta: Jair Bolsonaro.

Resposta longa:

Vamos aos fatos: com 100% das urnas apuradas, a situação é a seguinte:

Jair Bolsonaro ficou em 1º lugar com 49.275.348 votos (46,03% dos votos válidos).

Fernando Haddad ficou em 2º lugar com 31.341.839 votos (29,28%).

Ciro Gomes ficou em 3º lugar com 13.344.074 votos (12,47%)

Geraldo Alckmin ficou com 5.096.277 votos (4,76%)

João Amoêdo ficou com 2.679.596 votos (2,50%)

Cabo Daciolo ficou com 1.348.317 votos (1,26%)
(Glória a Deuxx!!!)

Henrique Meirelles teve 1.288.941 votos (1,20%)

Marina Silva ficou com 1.069.538 votos (1,00%)

O resto ficou com menos de 1%.

Constatações:

1) o Bolsonaro teve quase 15 milhões de votos a mais que o Aécio Neves teve no primeiro turno e ficou a 1,8 milhão de igualar sua marca no segundo turno. Quer mais? Enquanto que no primeiro turno de 2014 o Aécio só teria vencido no primeiro turno em Santa Catarina, e venceria no segundo turno em 12 estados, o Bolsonaro teria levado a fatura no PRIMEIRO turno em TREZE estados. Ainda acha pouco? Tem mais ainda: o Bolsonaro teve agora mais votos que o Aécio teve no SEGUNDO TURNO em QUINZE estados - com uma surpresa: ele teve quase 150 mil votos a mais no insuspeitíssimo MARANHÃO!!

2) Quanto ao Haddad, ele teve 12 milhões de votos a menos que a Dilma teve no primeiro turno. Com destaque principalmente para o Rio de Janeiro, com 1,7 milhão a menos, Minas gerais, com quase 1,8 milhão a menos Rio Grande do Sul, com 1,1 milhão e São Paulo, com 2,1 milhões. O único estado onde o PT teve mais votos agora que em 2014 foi a Bahia. E enquanto a Dilma teria levado no primeiro turno em 11 estados em 2014 (no Norte e no Nordeste), o Haddad levou em 4 estados do Nordeste.

3) Em relação ao Ciro, ele foi uma terceira via menos apelativa que a Marina tentou ser em 2014, tendo quase 9 milhões de votos a menos que ela (não vou falar quantos votos a Marina teve a menos nesse ano que senão a coisa vai ficar MUITO feia)... Ele ganhou no Ceará com quase 2 milhões de votos (porém não passou dos 50%). É muito? É. Todos esses votos praticamente irão para o Haddad? Com certeza! Mas convém não superestimar esses números. A Marina teve 640 mil votos no Ceará e 2,3 mihlões em Pernambuco nas últimas eleições, e o Ciro teve justamente 640 mil votos no Pernambuco nessas eleições... Mas continuemos mais um pouco: os únicos lugares do Brasil onde "deu milhão" foram no Ceará, Minas (1,2), Rio de janeiro (1,3 - aliás, teve mais votos que o Haddad) e São Paulo (2,65 - aliás, teve mais votos que o Alckmin), lugares onde seguramente a grande maioria dos votos será transferida para o Haddad. Chutemos alto, numa razão de 8:2. Arredondando, 5,2 milhões. Assim, seriam uns 520 mil que anulariam o voto e outros 520 mil que podem plenamente votar no Bolsonaro... Meu palpite é que dos 13 milhões, ao menos 1 milhão entram no bolso do Bolso.

4) Agora vamos ao grande perdedor dessas eleições: Geraldo Alckmin. Sim, porque seu desempenho ajudou a AFUNDAR o partido nas eleições legislativas. Desses 5,1 milhões de votos que teve, pouco mais de 20% (2,22 milhões) foram de São Paulo. O Skaf (que surpreendentemente perdeu) já disse que apoiará o Bolsonaro. O França apoiará o Haddad - que ganhou de presente um palanque com o qual não esperava). O Dória, assim que os resultados saíram, disse a mesma coisa. Assim, desses 2,2 milhões, pelo menos 60% irá para o Bolsonaro, outros 20% anularão o voto e 20% votam no Haddad mesmo, talvez por incorporarem a narrativa esquerdista de que ele é "racistamachistahomofóbico". Acrescente mais 1,3 milhões para o Bolsonaro em SP (com pelo menos 2,5 milhões no geral)

5) O Amoêdo teve o grosso de seu eleitorado em São Paulo (onde passou a barreira do 1 milhão), Minas (graças ao benfazejo desempenho do Romeu Zema, que privou o Haddad de um palanque com o qual esperava) e nos estados do Sul. Resumindo, pelo menos outro 1,3 milhão para o Bolsonaro.

6) Cabo Daciolo - teve um digno desempenho de Enéas. Muita gente votou pela zoeira, outro tanto porque é genuinamente crente (e eu acredito que o Daciolo seja um genuíno crente). Mas crente vota em quem? Mais 650 mil para o Bolsonaro.

7) Meirelles - teve um desempenho pífio, gastando R$ 45 milhões do bolso na campanha e perdendo para quem gastou R$ 800 (Daciolo). PMDB é PMDB, mas a maioria vota no Bolsonaro. Contemos 600 mil.

8) Marina - abandonará a política depois dessa. Mas vamos supor que todos os seus votos vão para o Haddad (não irão).

Com isso temos, numa estimativa bastante conservadora

Bolsonaro - 49,2 + 1 + 2,5 + 1,3 + 0,65 + 0,6 = 55,25 milhões

Haddad - 31,3 + 12,3 + 2,5 + 1,3 + 0,65 + 0,6 = 48,65 milhões.

sexta-feira, outubro 05, 2018

Notas sobre as Eleições 2018 (14) - eleições deputados (3)

Quando fiz minha análise da previsão sobre as eleições, sobretudo para a Câmara dos Deputados, me esqueci de um dado importantíssimo: a mudança no voto em legenda. Nessas eleições, um candidato só será beneficiado com o voto em legenda se ele conseguir atingir ao menos 10% do quociente eleitoral. Não que isso tenha um grande impacto por aqui: todos os candidatos eleitos tiveram ao menos mais que o dobro do número nas últimas eleições (181.758 votos). De qualquer forma, segue abaixo a votação de todos os que superaram esse número:


Desses, dos eleitos em 2014:

- Fraga (1º), Rosso (2º) e Eliana Pedrosa (9º) estão se candidatando ao governo;
- Izalci (7º) está se candidatando ao Senado (tem o meu segundo voto)
- Ronaldo Fonseca (4º) não se candidatou à reeleição (preferiu ficar na Secretaria-Geral da Presidência com o Temer)
- Rôney Nemer (5º) foi declarado inelegível; e
- Apenas Érika Kokay (3ª), Augusto Carvalho (11º) e Laerte Bessa (13º) estão se candidatando à reeleição.

Quanto aos suplentes:
- Alírio Neto (6º) é vice da Eliana Pedrosa;
- Vitor Paulo Araújo dos Santos (8º), Policarpo  (10º), Rafael Barbosa (17º), Granjeiro (17º) e Sandro Avelar (18º) não estão se candidatando a deputado federal; e
- Apenas Maria de Lourdes Abadia (12º), Roriz Neto (14º), Professor Pacco (15º), Paulo Fernando (16º) estão tentando novamente serem deputados federais.

Ou seja: apenas 7 dos 18 candidatos que ficaram acima dos 10% no quociente eleitoral estão tentando de novo - sendo 3 à reeleição.

O total de todos esses votos foram 1.099.371 votos. No entanto, os candidatos à releição conseguiram apenas 287.529 votos. São quase 800 mil votos dando sopa.

Agora vamos dar uma olhada nos distritais que estão se candidatando a federal. Aqui vai a lista dos eleitos. Nota: a Luzia de Paula, pelos critérios atuais, não seria eleita.


Desses, apenas Júlio César (1º), Israel Batista (3º) e Celina Leão (19º) querem alçar voos mais altos.

Vamos analisar as chapas agora, partindo dos candidatos à reeleição

Érika Kokay (PT) - Está concorrendo numa chapa puro-sangue, cujo principal destaque parece ser o filho do Geraldo Magela. Pode ser que ela seja a campeã de votos, e tenha efetivamente mais votos que nas eleições passadas, mas não sei não. Ah sim: espero que não avisem esse lance do voto na legenda aos petistas...

Augusto Carvalho (Solidariedade), Júlio César (PRB) e Professor Pacco (Podemos) - Estão concorrendo na coligação Unidos Pelo DF 1, que tem também como destaque o Renato Santana. Tem potencial para duas vagas aqui. Para não falar que o Júlio César faz o perfil de "deputado crente" que sempre é eleito no DF.

Laerte Bessa (PR) - Na coligação União e Força, que conta com ninguém menos que a Flávia Arruda (aliás, do mesmo partido e que, por razões que todos conhecemos, está recebendo rios de dinheiro nessas eleições). Tem também como destaques menores Paulo Roriz e Virna (do vôlei). Também potencial para duas vagas.

Roriz Neto (PROS - agora com o nome de Joaquim Roriz) - Está na coligação Renovar DF 2, que tem também o José Edmar, que há muito perdeu força no seu curral eleitoral na Estrutural. Periga não conseguir nada.

Paulo Fernando (Patriota) - Está na Renovar DF, que tem alguns meia-bomba tipo Dr. Charles e Miguel Lucena. Mais potencial que a Renovar DF 2, com certeza. Caso se juntassem teriam com certeza uma vaga.

Maria de Lourdes Abadia (PSB) e Israel Batista (PV) - Na coligação do Rollemberg Brasília de Mãos Limpas. Sairá uma das vagas daí, e aposto que será o Israel, uma vez que a Abadia está muito associada ao Rollemberg, que tomará uma sova domingo.

Celina Leão (PP) - A chapa dela (Pra Fazer a Diferença I) é ótima: tem ela, o Tadeu Filipelli, o Newton Lins, o Olair Francisco e o Edimar Pireneus como puxadores de voto. A Celina Leão, por mais problemática que seja, se destacou como opositora ao Rollemberg. Outra chapa com potencial para duas vagas.

Passemos às outras coligações:

Brasília Acima de Tudo - Da minha candidata Bia Kicis. Infelizmente, só dela mesmo. Pode ser que um "Efeito Bolsonaro" dê uma aquecida, ou que algumas das coligações que acho que consigam duas vagas fiquem apenas com uma. Mas só se for assim mesmo que ela será eleita, infelizmente.

DC (antigo PSDC) - Não.

Elas por Nós: Sem Medo de Mudar o DF - PSol e PCB? também não.

Novo - Não acho que vai rolar.

PCO -  Hein?

PPL - O único nome famoso é o do Marco Antônio Campanella, que nunca conseguiu ser eleito pra nada. Não será diferente nessas eleições.

PSTU - Também não.

Então ficamos assim: das 8 vagas, elas serão distribuídas entre

Unidos pelo DF 1 - 1/2 vagas
União e Força - 1/2 vagas
Pra Fazer a Diferença 1 - 1/2 vagas
PT - 1 vaga
Renovar DF - 0/1 vaga
Renovar DF 2 - 0/1 vaga ( menos chances que a Renova DF)
Brasília Acima de Tudo - 0/1 vaga


terça-feira, setembro 25, 2018

Nota sobre as eleições (13) - Ibope Sul/Sudeste/Centro-Oeste - e uma discrepância seríssima.

Sem mais delongas, vamos ao x da questão:
No Rio Grande do Sul, a última pesquisa é de 21 de setembro. Nela, aparece os seguintes resultados:

Bolsonaro 35%
Haddad 18%
Branco/Nulo 12%
NS/NR 9%
Alckmin 7%
Ciro 7%
Marina 5%
Outros: ???

Segundo Turno 2014:
Aécio 53,53%
Dilma 46,47%
Brancos/Nulos 4,99%
Abstenção 18,19%

Meu palpite é que o Bolsonaro tem potencial para aumentar essa diferença. Até agora ele + Alckmin dão 42% e o Haddad + Ciro + Marina, 30%

Em Santa Catarina, a última pesquisa também é de 21 de setembro:

Bolsonaro 40%
Haddad 12%
Branco/Nulo 11%
NS/NR 9%
Alckmin 6%
Ciro 6%
Marina 5%
Outros ???

Segundo Turno 2014
Aécio 64,59%
Dilma 35,41%
Brancos/Nulos 4,16%
Abstenções 17,86%

Tá feia a coisa para o Haddad nesses dois estados. Sobra o Paraná, onde o Ibope não fez pesquisa específica.

Mas aí hoje o Ibope disse que o Bolsonaro PERDEU 8% entre a última pesquisa (18 de setembro) e ontem (24 de setembro) - sendo que o Ciro chamou os sulistas literalmente de nazistas e GANHOU dois pontos! Isso significaria dizer que: 1) a tendência de alta do Bolsonaro no Sul foi contida; 2) não só a alta foi contida mas houve uma queda drástica na mesma medida; ou 3) ou não houve nada disso e o Haddad conseguiu virar no Paraná, que foi apenas um pouco menos anti-petista que Santa Catarina nas últimas eleições. Vocês sinceramente acreditam nisso?

Continuemos, e agora vamos para o Sudeste. Direto para a fatia mais cobiçada;
São Paulo
Bolsonaro 30%
Alckmin 13%
Haddad 13%
Branco/nulo 12%
Ciro 8%
NS/NR 8%
Marina 6%

Segundo Turno 2014
Aécio 64,31%
Dilma 36,69%
Branco/nulo 6,44%
Abstenções 20,51%

O Bolsonaro tem potencial para manter esse patamar - isso se não for atrapalhado pela melhor linha auxiliar que o PT jamais sonhou em ter: Geraldo Alckmin. Porque entende-se que o Alckmin tenha concentrado seus ataques ao Bolsonaro enquanto a candidatura do PT ainda não tinha se definido, mas uma vez que o Haddad foi "promovido", o que fez o picolé de chuchu? MANTEVE OS ATAQUES CONCENTRADOS NO BOLSONARO!!! Quando muito seus ataques ao PT se resumem a um "não votem no Bolsonaro, pois senão o PT ganha [e o PT é mau, ok?]" Não só está levando um merecido nabo em São Paulo, arriscando-se até a ficar em TERCEIRO caso o Haddad o supere por lá, como pode inclusive ser prejudicial para a campanha do Dória, pois a possibilidade dos bolsonaristas votarem no Skaf só de birra não pode ser desconsiderada.

Agora, a fatia mais importante:
Minas Gerais
Bolsonaro 29%
Haddad 16%
Branco/nulo 12%
Ciro 11%
NS/NR 9%
Alckmin 7%
Marina 6%

Segundo Turno 2014
Dilma: 52,41%
Aécio 47,59%
Branco/Nulo 5,03%
Abstenções 21,17%

O Aécio essencialmente perdeu as eleições em Minas, já disse isso várias vezes. O problema é que aqui a situação ainda continua MUITO apertada (Bolsonaro + Alckmin = 37% Haddad + Ciro + Marina = 33%). Pode ser que com o Fernando Pimentel perdendo para o Anastasia possa fazer com que o Bolsonaro finalmente vire o jogo em Minas (o que não acontece desde 2002). No entanto, temos que levar em conta que Minas terá a proeza de eleger Dilma Rousseff para o Senado (obrigado, Lewandovski e Renan Calheiros!)

Finalmente, a fatia mais surpreendente
Rio de Janeiro
Bolsonaro 37%
Branco/Nulo 14%
Haddad 11%
Ciro 10%
Marina 8%
NS/NR 8%
Alckmin 6%

Segundo Turno 2014
Dilma 54,94%
Aécio 45,06%
Brancos/nulos 13,29%
Abstenções 22,36%

Chama a atenção o altíssimo índice de brancos/nulos que o Rio teve em 2014. Dito isso, a soma do Haddad + Marina + Ciro + indecisos dá o percentual que somente o Bolsonaro tem agora! Indiscutivelmente o Rio não está mais na esfera de influência do PT. Ajudou muito para isso a divisão maciça da esquerda local - notadamente a Caviar, que se dividiu entre a Marina, o Ciro e o Boulos. Não se surpreendam caso uns 15% ou 20% desses resolvam anular no segundo turno...

Vou ficar devendo Espírito Santo. Vamos à região mais desimportante de todas: Centro-Oeste. No entanto, focarei no único estado que importa:

Goiás
Bolsonaro 35%
Haddad 15%
Branco/Nulo 10%
Ciro 9%
NS/NR 8%
Marina 6%
Alckmin 6%
Meirelles 6%

Segundo Turno 2014
Aécio 57,11%
Dilma 42,89%
Brancos/Nulos 6,29%
Abstenções 21,53%

Aqui temos os eleitores do Meirelles! Partindo do ponto que eles são mais propensos a eleger o Bolsonaro que o Haddad, acredito que o Bolsonaro, ao que tudo indica, aumentará esse percentual.

E lembrando uma coisa: a abstenção geral de 2014 foi em 19,4%, ocasionada sobretudo pelo enforcamento com Finados (mais o Dia do Servidor Público em algumas localidades). Nesse ano as eleições ocorrerão no Dia do Servidor Público (28) e Finados cairá na distante sexta-feira seguinte. Assim, a abstenção será menor.

A Dilma ganhou do Aécio por 3,5 milhões de votos. Dá para tirar a diferença? Dá  (sobretudo se o Alckmin parar de fazer merda), principalmente ao se confirmar a virada no Amazonas, Pará e Rio. Além disso, em tese o Bolsonaro terá a mão direita em Minas, com o Anastasia favorito para ganhar do Pimentel.




segunda-feira, setembro 24, 2018

Notas sobre as eleições (12) - E agora, os estados (Norte e Nordeste)

Na prévia da pesquisa presidencial do Ibope, eles soltaram várias estatísticas estaduais. Vamos a elas (mais o resultado eleitoral no segundo turno de 2014 para uma contextualizada). Ah: um pormenor importante: ao contrário de 2014, não vai dar para enforcar Finados (mais o dia do servidor em algumas localidades) esse ano.

Região Norte:

Tocantins:
Bolsonaro 32%
Haddad 27%
Ciro 11%
Branco/nulo 5%
Marina 5%
Alckmin 5%

2º turno 2014
Dilma 59,49%
Aécio 40,51%
Brancos/nulos 3,93%
Abstenções 24,73%

O Tocantins é um lugar onde o Haddad tem potencial para virar. Para facilitar o raciocínio, somem todos os votos do Alckmin+Meirelles+Álvaro Dias+Amoedo ao Bolsonaro e todos aos do Ciro/Marina/Boulos para o Haddad - Daciolo e outros eu definitivamente não considero. Grosso modo é isso que acontecerá.

Acre:
Bolsonaro 53%
Marina 11%
Alckmin 8%
Ciro 8%
Haddad 7%
Brancos/nulos 5%
Meirelles 2%
Daciolo 1% (sic)
Segundo turno 2014:
Aécio 63,68%
Dilma 36,32%

Brancos/nulos - 2,09%
Abstenções 22,18%

Chama a atenção a queda da Marina. Em 2014 os eleitores dela votaram maciçamente no Aécio (a uma taxa de 13:3. Nessa os eleitores já fizeram isso no primeiro turno... Esperem uma proporção ainda maior de vitória do Bolsonaro.

Amapá:
Bolsonaro 28%
Haddad 17%
Marina 14%
Ciro 13%
Alckmin 8%
Brancos/Nulos 8%
NS/NR - 4%
Meirelles 3%
Amoêdo 2%
Álvaro dias 1%
Boulos 1%

Segundo Turno 2014:
Dilma 61,45%
Aécio 38,55
Brancos/Nulos 4,89%
Abstenções 14,53%

Aqui é outro local onde o Haddad também pode virar o jogo no segundo turno. Mas não aparenta ser uma diferença 60-40 não...

Rondônia
Bolsonaro 35%
Haddad 15%
Brancos/nulos 11%
NS/NR 9%
Ciro 6%
Marina 6%
Alckmin 6%
Álvaro Dias 3%
Meirelles 2%
Amoêdo 2%
Daciolo 1% (sic)
Eymael 1% (sci-fi)


Segundo turno 2014:
Aécio 54,85%
Dilma 45,15%
Brancos/nulos 5,37%
Abstenções 24,35%

O Bolsonaro ganha aqui também, e está tudo relativamente proporcional a 2014. No entanto, a parcela Brancos/nulos/NS/NR ainda está perigosamente alta...

Roraima 
Bolsonaro 52%
Gomes 9%
Haddad 8%
Marina 7%
Branco/nulo 7%
NS/NR 6%
Alckmin5%
Daciolo 2% (sic)
Meirelles 2%
Álvaro Dias 1%
Boulos 1%

NS/NR 6%

Segundo Turno 2-14:
Aécio 54,85%
Dilma 45,15%
Brancos/Nulos 5,37%
Abstenções 16,43%

Aqui a crise dos refugiados venezuelanos se faz valer. O Bolsonaro terá um eleitorado MUITO superior ao do Aécio em 2014, e potencialmente já no primeiro turno.

Até agora falamos dos estados pequenos do Norte. Vamos aos filés: 

Amazonas (2/3 do eleitorado de todos os estados acima somados):
Bolsonaro 33%
Haddad 17%
Ciro 12%
Marina 10%
Branco/Nulo 10%
Alckmin 5%
NS/NR 5%
Meirelles 4%
Álvaro Dias 2%
Boulos 1%
Amoêdo 1%

Segundo Turno 2014:
Dilma 65,02%
Aécio 34,98%
Brancos/Nulos 7,75%
Abstenções 22,62%

Aqui definitivamente houve uma virada à direita. Mesmo se o Haddad ganhe, definitivamente não será 65-35, já que o Bolsonaro JÁ ESTÁ PRATICAMENTE COM ESSES 35 NO PRIMEIRO TURNO!

Pará (quase a soma dos estados anteriores):
Bolsonaro 26%
Ciro 16%
Haddad 14%
Alckmin 12%
Marina 10%
Branco/nulo 10%
NS/NR 7%
Meirelles 3%
Álvaro Dias 1%
Amoêdo 1%
João Goulart Filho 1% (sic)

Segundo Turno 2014
Dilma 57,41%
Aécio 42,59%
Brancos/Nulos 5,51%
Abstenções 25,22%

O número de Brancos/Nulos/NS/NR ainda está muito alto, mas mantendo tudo do jeito que está, está pintando uma virada aqui. E lembrando que o partido do Bolsonaro mantém uma "aliança profana" com o PMDB dos Barbalho, que, ao que tudo indica, ganharão no primeiro turno (governo e senado). Confirmando a vitória do Bolsonaro por lá eles tenderão a apoiá-lo, e esse apoio pode fazer a diferença.

Agora vamos à terra arrasada chamada Nordeste. Será que ela está definitivamente arrasada?

Alagoas
Haddad 28%
Bolsonaro 22%
Branco/Nulo 11%
NS/NR 10%
Gomes 8%
Marina 7%
Alckmin 7%
Meirelles 2%
Álvaro Dias 1%
Daciolo 1% (sic)
Eymael 1% (sci-fi)
Boulos 1%
Amoêdo 1%
Vera Lúcia 1% (MUITO sic)

Segundo Turno 2014
Dilma 62,12%
Aécio 37,88%
Brancos/Nulos 5,51%
Abstenções 19,63%

Um percentual ainda altíssimo de brancos/nulos/NS/NR. Mas provavelmente o Haddad leva. Ainda mais com os Calheiros ganhando o governo e o senado. Não tem jeito: Alagoas é o CÃNCER do Brasil.

Bahia
Haddad 33%
Branco/Nulo 17%
Bolsonaro 14%
NS/NR 12%
Ciro 9%
Marina 6%
Alckmin 6%
Álvaro Dias 1%
Henrique Meirelles 1%
Amoêdo 1%

Segundo Turno 2014
Dilma 70,16%
Aécio 29,84%
Branco/nulo 5,79 
Abstenções 24,81%

O Haddad ganha aqui tranquilo (a Bahia está dominada), mas o que chama a atenção são os quase 30% de Branco/Nulo/NS/NR a essa altura do campeonato! Não dá para afirmar nada aqui.

Ceará (ainda não houve pesquisas :( )

Maranhão 
Haddad 36%
Bolsonaro 18%
Ciro 13%
NS/NR 10%
Branco/Nulo 8%
Marina 6%
Alckmin 5%
Álvaro Dias 1%
Meirelles 1%
Vera Lúcia (sic) 1%
João Goulart Filho (sci-fi) 1%

Segundo Turno 2014
Dilma 78,76%
Aécio 21,24%
Brancos/Nulos 3,74%
Abstenções 27,37%

Eis aqui uma boa notícia para o Bolsonaro: ele tem potencial para perder "apenas" de 75-25! Isso é melhor que o Aécio, gente!

Paraíba
Haddad 26%
Bolsonaro 19%
Ciro 16%
Branco/Nulo 15%
Marina 7%
NS/NR 7%
Alckmin 5%
Álvaro Dias 1%
Daciolo 1% (sic)
Eymael 1% (sci-fi)
Meirelles 1%
Amoêdo 1%

Segundo Turno 2014
Dilma 64,26%
Aécio 35,74%
Brancos/Nulos 7,56%
Abstenções 17,99%

Aqui acho que essa proporção se repetirá...

Pernambuco
Haddad 24%
Bolsonaro 17%
Branco/Nulo 16%
Ciro 13%
Marina 9%
NS/NR 8%
Alckmin 7%
Amoêdo 2%
Álvaro Dias 1%
Boulos 1%
Meirelles 1%
Vera Lúcia 1% (sic)
João Goulart Filho 1% (sci-fi)

Segundo turno 2014
Dilma 70,20%
Aécio 29,80%
Brancos/nulos 7,54%
Abstenções 17,99% (os dados na Wikipédia estão repetidos, ignorem)

Os números do Nordeste de brancos/nulos abstenções ainda estão muito altos... Mas salvo pelo Maranhão não vejo nenhuma grande mudança no cenário do NE. Realmente está pintando cenário de terra arrasada aqui.

Rio Grande do Norte
Haddad 29%
Bolsonaro 22%
Ciro 18%
Branco/Nulo 11%
NS/NR 5%
Alckmin 5%
Marina 4%
Meirelles 2%
Daciolo 1% (sic)
Amoêdo 1%

Segundo Turno 2014
Dilma 69,96%
Aécio 30,04
Branco/nulo 10,35%
Abstenções 17,66%

Um estado onde os Brancos/Nulos/NS/NR estão bem abaixo da média... Não vejo uma alteração dramática no quadro aqui.

Sergipe
Haddad 33%
Branco/Nulo 18%
Bolsonaro 16%
NS/NR 8%
Ciro 7%
Marina 6%
Alckmin 5%
Vera Lúcia 2% (mas nem a pau isso!)
Álvaro Dias 1%
Daciolo 1% (sic)
Boulos 1%
Meirelles 1%
Amoêdo 1%

Segundo Turno 2014
Dilma 67,01%
Aécio 32,99%
Brancos/Nulos 5,74%
Abstenções 15,91%

Outro percentual bastante alto de Brancos/Nulos/NS/NR. Mas essa história do PSTU ter 2% me faz desconfiar seriamente dessa pesquisa em SE.

Confirmado: o Nordeste é terra arrasada. Mas o cenário no Maranhão me faz desconfiar que a destruição ocorrerá num patamar menor.

quarta-feira, setembro 19, 2018

Notas sobre as eleições federais 2014 (11) - Lula fora, Haddad dentro (ou: pesquisas paralelas)

Com a pesquisa do Ibope de ontem o eleitorado passou a mensagem de que: 1) FINALMENTE entendeu que o Lula não concorrerá (por mais que o PT continue usando desavergonhadamente as imagem, voz e gravações do Lula; e 2) que o Haddad é o sucessor do Lula. Resultado? O Haddad disparou e se isolou na segunda colocação. Onde que ele ganhou terreno? Claramente entre os eleitores da Classe E (renda de até um salário mínimo, onde o Haddad subiu 17%) e no Nordeste, onde ele subiu 18%. No entanto, deve se notar que o Bolsonaro oscilou para baixo dentro da margem de erro entre os primeiros e subiu ACIMA da margem de erro no NE, estando agora com 16%.

Mas qual é o limite do crescimento do Haddad? A solução é se lembrar de como é que a situação estava em 2014. Na pesquisa Ibope mais próxima desse período, feita entre 13 e 15 de setembro e divulgada no dia 17, a Dilma estava liderando isoladíssima no Nordeste com 48%, a Marina estava com 29% e o Aécio 9%. Anteriormente eu disse que o Ibope errou feio com o Aécio, e isso aconteceu também no Nordeste, onde o Aécio teve 15,38% dos votos válidos. Mas também errou com a Marina, dessa vez pra cima, uma vez que ela teve na verdade apenas 22,76% dos votos válidos. No segundo turno, por sua vez, a Dilma bateu o Aécio na região por 69,78% a 27,56%.

Outro ponto a se notar foi a distribuição dos votos da Marina. Considerando que ela era herdeira de Eduardo Campos, ela ganhou no primeiro turno em Pernambuco com 2.310.700 votos, contra 2.126.491 da Dilma e 284.771 do Aécio. No segundo turno a Dilma conseguiu 3.438.165 votos e o Aécio, 1.459.229. Grosso modo, o Aécio pegou 1,2 milhão de votos da Marina mais ex-brancos e ex-nulos e a Dilma, 1,3 milhão. Peguei Pernambuco por ser um estado importante, mas duas coisas devem ser salientadas:

1) O Bolsonaro pegará menos votos das viúvas do Ciro/Marina que o Aécio pegou da Marina - pois uma coisa é ir da esquerda para a centro esquerda, e outra da esquerda para a direita;
2) Os 28 milhões de votos que a Dilma teve no segundo turno no NE são o TETO do Haddad no NE (com margem de erro de 600 mil votos). Muito embora o quantitativo de votos no NE tenha sido maior em 2014 que em 2010, deve ser salientado que passamos por um estelionato eleitoral e um impeachment neste ínterim (além do que o argumento "se fulano for eleito acabará com o Bolsa-Família" perdeu força)
3) Os quase 8 milhões de votos que o Aécio teve no segundo turno no NE são o PISO do Bolsonaro
no NE
4) Enquanto que o NE tinha 38 milhões de eleitores registrados em 2014, nesse ano já há 39.

Agora vamos a outra região interessantíssima: o Norte. Infelizmente o Ibope agrega o Norte com o Centro-Oeste, mesmo tendo características antagônicas (em 2014, por exemplo, a Dilma ganhou no Norte e o Aécio no Centro-Oeste), mas aqui há uma diferença enorme: enquanto que na Pesquisa Ibope realizada em 2014 a Dilma liderava com 35%, a Marina com 32% e o Aécio estava na rabeira com com 20%, nesta o Bolsonaro está liderando com 32% dos votos, o Haddad assumiu a vice-liderança com 15% e os outros estão com 36% (forçados, pois o Daciolo apareceu com 2%). Para que o Haddad passe o Bolsonaro ele teria que: 1) fazer com que mais indecisos o escolham; e/ou 2) 50% dos 36% referentes aos outros candidatos votassem nele E a outra metade não cogitasse votar no Bolsonaro. É uma diferença grande para ser tirada.

A receita para o Bolsonaro? 1) melhorar logo, para voltar a participar mais ativamente na campanha (e fazer com que o pessoal da sua campanha PARE de bater cabeça); 2) investir nos eleitores do Alckmin, Amoêdo, Meirelles e até alguns do Ciro (da mesma forma que os do Lula, alguns votam no Ciro porque gostam do jeito dele - que, convenhamos, é bastante parecido com o do Bolsonaro). Ele já fez muito bem com a questão do voto útil, e o caminho é esse; 3) fazer com que os que rejeitam ele ao menos anulem o voto na hora de escolher entre o Bolsonaro e o Haddad. Uma eleição ganha-se quando se consegue mais votos E quando o adversário deixa de conseguir votos.

sexta-feira, setembro 14, 2018

Nota sobre as eleições presidenciais (10) - O Viés da #GloboLixo

Domingo, 18 de março de 2018. O primeiro Fantástico após o assassinato da Marielle Franco teve as seguintes reportagens dedicadas ao acontecido:

"'Não entendo como saí daquilo', conta assessora de Marielle que sobreviveu" - Duração: 9 minutos e 34 segundos.

"Vídeo mostra o motorista Anderson muito perto dos prováveis assassinos" - Duração: 7 minutos e 24 segundos

"Marielle Franco iniciou militância após perder amiga vítima de bala perdida" - Duração: 6 minutos e 13 segundos

"Manifestantes protestaram contra assassinatos de Marielle e Anderson em São Paulo" - Duração: 31 segundos.

"Viúva do motorista Anderson Gomes dá exemplo de força e esperança" - Duração: 5 minutos e 14 segundos.

"Após assassinato de Marielle, vereadora é atacada na internet" - Duração: 4 minutos e 54 segundos.

"'Não consigo acreditar que ela não vai voltar', diz companheira de Marielle" - Duração: 6 minutos e 3 segundos.

"Kate Perry interrompe show e presta homenagem à Marielle Franco em show do Rio" - Duração: 36 segundos.

"Elza Soares e Pitty homenageiam Marielle Franco no palco do Fantástico". com direito à pinturas do rosto da vereadora ao fundo. - Duração: 2 minutos e 13 segundos

Reportagens indiretamente envolvidas com o caso:

"Governo anuncia a liberação de dinheiro para a área de segurança" - Duração: 1 minuto e 27 segundos.

Total: 42 minutos e 42 segundos de reportagens diretamente relacionadas ao caso e 44 minutos e 11 segundos de reportagens direta e indiretamente relacionadas ao caso.

Domingo, 09 de setembro de 2018. O primeiro Fantástico após o atentado ao Jair Bolsonaro teve as seguintes reportagens dedicadas ao acontecido (disponível aqui - o Fantástico parou de colocar as notícias no site próprio em 05 de agosto):

Primeira reportagem antes da abertura (quem é Adélio Bispo + boletim ao vivo sobre o estado de saúde de Jair Bolsonaro): 9 minutos e 18 segundos.

Algum novo boletim ao vivo sobre o estado de saúde de Jair Bolsonaro - ???

E SÓ.

terça-feira, setembro 11, 2018

Notas sobre as eleições presidenciais (9) - Gato de Schrödinger III (Ibope regional)

O Ibope está publicando várias pesquisas presidenciais de intenções de voto para presidente por estados. Vamos acompanhar?

Rio Grande do Sul (3 a 5 de setembro, pré-atentado):

Bolsonaro 26%
Haddad - 9%
Ciro - 9%
Marina - 8%
Alckmin - 6%
Meirelles - 3%
Amoêdo - 3%
Álvaro Dias - 2%
Outros: 4%
Branco/Nulo - 16%
NS/NR - 14%

Sempre lembro que o eleitorado gaúcho é o mais idiota do Brasil (ou seja: vota ideologicamente, não circunstancialmente). Dito isso, chama a atenção os 30% de pessoas que vão desperdiçar seu voto ou ainda não sabem em quem votar.

São Paulo (7 a 9 de setembro, pós-atentado)

Bolsonaro - 23%
Alckmin - 18%
Ciro - 11%
Marina - 8%
Haddad  - 7%
Amoêdo - 5%
Meirelles- 3%
Álvaro Dias - 2%
Outros - 3%
Branco/Nulo - 15%
NS/NR - 6%

Aqui chama a atenção o seguinte: o Bolsonaro subiu apenas 1%, mesmo com o atentado, e o Alckmin subiu 3%. Já disse que acredito que o Alckmin conseguirá ganhar em São Paulo, mas não parece que essa vitória se dará às custas da queda do Bolsonaro.

Paraná (1º a 4 de setembro, pré-atentado)

Bolsonaro - 23%
Álvaro Dias - 23%
Ciro Gomes - 8%
Marina - 5%
Alckmin - 4%
Amoêdo - 4%
Haddad - 4%
Outros - 3%
Branco/Nulo - 14%
NS/NR - 11%

E aqui achamos o foco do Álvaro Dias! Por mais que ele não ganhe a eleição ele não deixará de ficar feliz com a prisão do Beto Richa. O pessoal da campanha do Bolsonaro tem um espaço enorme para fazer uma campanha de voto útil no Paraná.

E essa é uma pesquisa mais antiga, mas de capital importância:

Minas Gerais - (24 a 26 de agosto)

Bolsonaro - 22%
Marina - 11%
Ciro - 9%
Alckmin - 7%
Haddad - 4%
Amoêdo - 3
Álvaro Dias - 2%
Outros - 3%
Branco/Nulo - 26%
NS/NR - 13%

Esse índice alto de Branco/Nulo e indecisos deve-se ainda ao Lula, pois no cenário com ele presente ele ganhava de 36% do Bolsonaro (19%). Nesse cenário, os Brancos/Nulos estavam em 16% e os que NS/NR estavam em 9%. Provavelmente o Haddad tem um terreno enorme para crescer, embora seja prejudicado pelo fraco desempenho do governador petista Fernando Pimentel - no entanto os mineiros, além de esfaquearem o Bolsonaro, vão eleger a Dilma para o Senado e provavelmente o Aécio para deputado federal (e eles adoram detonar o Rio...)!

Vamos ao Nordeste, que é terra arrasada contra o Bolsonaro:

Pernambuco (divulgado em 5 de setembro, pré-atentado):
Marina - 15%
Ciro - 13%
Bolsonaro - 12%
Haddad - 10%
Alckmin - 6%
Outros - 6%
Brancos/Nulos - 27%
NS/NR - 10%
Aqui o Haddad tem um potencial enorme para crescimento. Primeiro pelos votos brancos/nulos, depois pelo apoio do governador em campanha para reeleição Paulo Câmara. Mas terá o Ciro no cangote.

Notas sobre as eleições presidenciais (8) - Gato de Schrödinger II

Saiu a pesquisa do Datafolha e, como diz a piada, a facada do Bolsonaro só causou 2 pontos. Mas antes de me alongar nisso, vou mostrar o porquê de não se poder fiar muito em pesquisas. Seguem abaixo as últimas pesquisas Datafolha e Ibope realizadas antes do primeiro turno em 2014:

Datafolha (03 e 04 de outubro de 2014):

Dilma - 40%
Aécio -  24%
Marina - 21%
Pastor Everaldo - 1%
Luciana Genro - 1%
Eduardo Jorge - 1%
Brancos/nulos -  7%
Não Sabe/Não Respondeu - 5%

Ibope (03 e 04 de outubro de 2014)

Dilma - 40%
Aécio - 24%
Marina - 22%
Pastor Everaldo - 1%
Luciana Genro - 1%
Eduardo Jorge - 1%
Branco/Nulo - 4%
Não Sabe/Não Respondeu - 5%

Resultado Final 1º Turno:

Dilma - 41,59%
Aécio - 33,55%
Marina - 21,32%
Luciana Genro - 1,55%
Pastor Everaldo 0,75%
Eduardo Jorge - 0,43%
Outros - 0,21%
Brancos/Nulos - 9,64%
Abstenções - 19,39%

Conclui-se que os institutos de pesquisa acertaram a votação da Dilma, da Marina, da Luciana Genro, do Pastor Everaldo e do Eduardo Jorge na margem de erro, mas erraram FEIO com o Aécio - e ambos, sobretudo o Ibope, erraram nos Brancos/Nulos.

Voltemos ao Datafaolha. A pesquisa de ontem mostrou o seguinte resultado:

Bolsonaro  - 22%
Ciro - 13%
Marina - 11%
Alckmin - 10%
Haddad - 9%
Álvaro Dias - 3%
Amoêdo - 3%
Meirelles - 3%
Boulos - 1%
Vera Lúcia (PSTU) - 1%
Cabo Daciolo - 1%
Brancos/Nulos 15%
NS/NR - 7%

Para começar, não acho que nem a candidata do PSTU nem o Daciolo chegam a 0,5%. O Amoêdo é o fator surpresa dessas eleições. e estivesse num partido mais estabelecido garanto que conseguiria almejar um 4º lugar à Covas/89.  O Boulos acredito que está na margem de erro - mas os votos que ele teria com a comoção do assassinato da Marielle Franco se perderão com o esfaqueamento do Bolsonaro. O Meirelles aí já é piada. Sabe o porquê? Em 1989 o Dr. Diretas Ulysses Guimarães, a pessoa mais popular do PMDB, com a impopularidade que o Sarney tinha na época, teve 4,73% dos votos - bastante parecido, aliás, com os 4,38% de votos que o Quércia (outro peemedebista relativamente carismático) teve em 1994 . Por que é que o Meirelles, que não é nem do PMDB autêntico, 0 de carisma, com a impopularidade MAIOR que o Sarney tinha na época irá ter uma votação parecida? Meu palpite é que a votação do Meirelles ficará na casa dos 2%. O Álvaro Dias também sofrerá um processo de desidratação, por mais que seu bastião sulista tenha se mantido.

Agora vamos aos potenciais favoritos: a candidatura do Haddad ainda tem potencial para crescimento, mas aí ele terá que conquistar os eleitores do Ciro no Nordeste, e isso dependerá das alianças regionais. A pergunta é: será que os políticos apoiadores de Lula no NE farão isso? Além disso, o Haddad parece que tem bastante potencial para crescer no Norte (disparou de 2% para 11%

Em relação ao Alckmin, a boa notícia é que ele finalmente chegou nos dois dígitos. A má notícia é que isso não ocorreu às custas do Bolsonaro. Considerando que, ainda mais com o ocorrido, será muito difícil o Bolsonaro perder eleitores, a solução é ele conseguir uma adoção dos eleitores mais classe média da Marina. Mas independente de sua estratégia, tudo pode vir por água abaixo devido à prisão do ex-governador do Paraná e candidato ao Senado Beto Richa (e olha a merda que vai acontecer lá: o Requião já está com a reeleição praticamente garantida. Após essa prisão quem muito provavelmente ficará em segundo lugar é o ex-petista - e da Rede! - Flávio Arns).

A Marina está se desmilinguindo a olhos vistos, despencando no Centro-Oeste, Norte e Nordeste (visivelmente perdeu votos para o Haddad em todas essas regiões e também para o Ciro no NE). A que se deveu isso? Acredito que à soma da promessa do Ciro sobre o SPC e do ataque do Bolsonaro à Marina sobre a questão do plebiscito - o avanço dela contra o Bolsonaro no debate da RedeTV pode ter feito sua campanha vibrar, mas considerando o fato do eleitorado feminino do Bolsonaro ter aumentado 3% e o dela ter diminuído 7% (em detrimento, mais uma vez, do Haddad) faz parecer que o efeito do discurso dele foi mais efetivo...

Agora o Ciro: no momento atual é a principal vidraça nas eleições - considerando que os ataques ao Bolsonaro ainda não estão totalmente restabelecidos. Esperem ataques dos dois principais oponentes do Ciro para a vaga no segundo turno que possuem tempo de TV para ataques: PSDB e - principalmente - PT. Reparem como ele está fulo com o PT tanto na questão do Lula como na do Haddad. Ele deve ter tido acesso a pesquisas que mostram que o PT é quem tem o maior potencial para lhe roubar votos.

Finalmente, o Bolsonaro: chama a atenção que a campanha que ele fez no Norte deu resultado: sobretudo com o despencamento da Marina, a diferença para o segundo colocado (Ciro) aumentou para 14%. Além disso, provavelmente um efeito do atentado, ele subiu 5% no Sudeste. Os pontos fracos dele continuam sendo as mulheres (por mais que tenha passado a liderar após a queda da Marina, é uma liderança de apenas 5% e com 17%) e Nordeste, onde suas intenções de voto mantiveram-se em 14%. A boa notícia é que a recuperação dele está progredindo de forma positiva. Agorinha há pouco foi anunciado que ele passará a se alimentar oralmente. O que falta agora é ele finalmente poder ir para o CTI e lá ser liberado para gravar vídeos. E é para mencionar também que a saída dele no hospital será um ato político. Além disso, ele pode fazer um gesto teatral talvez um pouco arriscado, mas de impacto indiscutível: subir a camisa e mostrar a cicatriz na sua barriga mais a bolsa de colostomia. Lembra uma peça do Shakespeare que, mesmo não sendo badalada, é uma das melhores dele: Coriolano. Pode ser arriscada porque provavelmente vai ter gente que achará "nojentinho". Se ele fizer isso, que tome o cuidado para que a bolsa de colostomia esteja vazia.

Ainda vou escrever mais sobre pesquisas, mas será do Ibope, porque surgiu uma informação importantíssima: a intenção de votos em Minas

Nota sobre as eleições presidenciais (7.1) - Sobre o Lobo Solitário

Antes de mais nada, aqui vai uma longa lista de assassinatos políticos causados por pessoas de esquerda - e isso considerando apenas os estritamente de esquerda, sem entrar no mérito se nazistas ou fascistas são ou não de esquerda:

1881 - Tsar Alexander II da Rússia. Assassinado pelo revolucionário Ignacy Hryniewiecki.

1897 - Antonio Cánovas del Castillo, primeiro-ministro espanhol. Assassinado pelo anarquista italiano  Michele Angiollino.

1898 - Elisabeth ("Sissi"), Imperadora da Áustria e Rainha da Hungria. Assassinada pelo anarquista italiano Luigi Lucheni

1901 - William McKinley, presidente dos Estados Unidos. Assassinado pelo anarquista polaco-americano Leon Czolgosz

          - Humberto I da Itália. Morto pelo anarquista Gaetano Bresci

1911 - Pyotr Stolypin, primeiro-ministro russo. Assassinado pelo anarquista - e agente-duplo - Dimitry Bogrov

1912 - José Canalejas, primeiro-ministro espanhol. Assassinado pelo anarquista Manuel Pardiñas

1913 - Jorge I da Grécia. Assassinado pelo anarquista Alexandros Schinas.

1914 - Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro. Assassinado por Gravilo Princip, membro do grupo Jovem Bósnia, que tinha substrato anarquista, revolucionário russo, etc.

1917 - Ivan Logginovich Goremykin, ex-primeiro-ministro russo. Assassinado pela junta revolucionária soviética.

1918 - Sidónio Pais, presidente de Portugal. Assassinado pelo ativista de esquerda José Júlio da Costa.

        - Tsar Nicolau II e família. Assassinados pelo regime soviético.

1921 - Eduardo Dato Iradier, primeiro-ministro espanhol. Assassinado pelos anarquistas catalães Lluís Nicolau, Pere Mateu, e Ramon Casanelles

1926 - Symon Petilura, presidente-no-exílio da Ucrânia. Assassinado pelo ativista anarquista Sholom Schwartzbard em Paris.

1933 - Luiz Miguel Sánchez Cerro, presidente do Peru. Assassinado por  Abelardo Mendoza Leyva, pertencente à Aliança Popular Revolucionária Americana, partido de centro-esquerda.

1964 - John Kennedy, presidente dos Estados Unidos. Assassinado pelo comunista americano Lee Harvey Oswald

1978 - Aldo Moro, deputado e ex-primeiro-ministro italiano. Morto pelas Brigadas Vermelhas.

1980 - Anastasio Somosa, ditador deposto da Nicarágua. Morto no exílio em Assunção (no Paraguai do Stroessner) por sandinistas numa emboscada. Diz-se que tiveram apoio logístico de Cuba.

Vortemos.

Um dos conceitos mais interessantes da administração foi o 5W2H, que busca fazer um checklist das que uma empresa deve executar. Busca responder às seguintes perguntas:
O que a empresa tem de fazer? (what)
Quem fará? (who)
Por que será feito? (why)
Onde será feito? (where)
Quando será feito? (when)
Como será feito? (how)
Quanto custará? (how much)
Se vocês notarem bem, essas perguntas podem ser aplicadas a qualquer crime. Por exemplo no da Marielle Franco. Sabemos o que aconteceu (ela foi morta), quando e onde aconteceu (Rio de Janeiro, no bairro do Estácio, na noite do dia 14 de março de 2018). Mas falta saber quem fez, por que fez e eventualmente quanto custou, caso tenha sido uma execução. Além disso, não se sabe totalmente como foi feito (foi uma execução a tiros, mas não se sabe por exemplo quais foram os carros usados e qual foi a arma usada - nesse caso é provável que os assassinos tenham se livrado de ambos).

No caso do Bolsonaro, sabemos também quando e onde foi feito (06 de setembro, num ato de campanha de Juiz de Fora), o que aconteceu (o Bolsonaro sofreu um atentado político), como foi feito (Bolsonaro foi esfaqueado) e temos noções de quem fez e por que fez. Por que disse que "temos noções"? Não há dúvida da autoria direta do ato - foi efetivamente o Adélio Bispo -, mas ele fez sozinho ou não?

E outra: quem é ele? Sabemos que ele foi filiado ao Psol (sempre o Psol!), alegadamente visitou o gabinete de um deputado na Câmara em 2013 (disse "alegadamente" porque uma pessoa pode ter alegado isso com a anuência de alguém do gabinete apenas para ter acesso à Câmara), que tem características antissociais (com trocentos empregos, formais e informais, em Minas e Santa Catarina, nos últimos 17 anos), que, em 04 de setembro de 2017, ele ganhou R$ 4200 líquidos em um processo trabalhista em Montes Claros contra uma empresa de Santa Catarina, que em 18 de julho de 2018, ele passou num clube de tiro em SC frequentado pelos filhos do Bolsonaro e que ficou 15 dias em Juiz de Fora (pagando adiantado R$ 400 numa pensão - fora as despesas básicas), tempo mais que necessário para conhecer a cidade e ter noção do que fazer.

E algo muito importante: mesmo considerando a hipótese dele ser louco, isso não elimina a possibilidade dele não ter agido sozinho. Muito pelo contrário: ele se encaixa no típico perfil das pessoas que não têm muito a perder, meio malucas e que são ideias para executar serviços sujos. Resta saber se o fato dele ter sobrevivido faz parte dos planos ou não... E o que reforça isso é a pasmaceira dos QUATRO advogados de uma famosa banca de Minas. Em primeiro lugar, salvo quando recebem muito dinheiro para defesa, advogados de renome FOGEM desse tipo de causa (crime de grande comoção nacional onde não há dúvida da autoria do ato). Vide o caso do Lindemberg, que matou a Eloá. Além disso, eles se embananaram na explicação sobre como eles estão sendo pagos (muito embora um advogado não tenha a obrigação de dar essa informação). Primeiro falaram que tinha vindo de Testemunhas de Jeová, igreja que o Adélio Bispo seria afiliado. A igreja negou, falou que vai processar os advogados. Aí o advogado saiu com essa pérola: "tenho certeza de que o dinheiro da defesa não está vindo nem de partido político ou de um grupo". Oi? Como assim "tenho certeza"? Se isso fosse verdade ele não teria dito "eu tenho certeza", mas sim que "não há dinheiro ". O que aconteceria, prezado leitor, se você, numa discussão com sua companheira, dissesse "eu tenho certeza de que não te traí"? É semelhante ao José Dirceu, que, na sessão da Comissão de Ética da Câmara, disse: "nunca estive tão convicto de minha inocência!". Na ocasião, o pessoal caiu na gargalhada. Após tudo isso, e após alegar que está recebendo ameaças de morte no WhatsApp (!), ele disse que está sendo pago por "um benemérito de Montes Claros".

Eu acho que:
1) O Adélio Bispo agiu por motivação ao que tudo indica política, por mais que possa ser louco;
2) Não agiu sozinho, pois ninguém que vive de bicos tem condições de ficar zanzando Brasil afora; e
3) Provavelmente ele agiu a mando de um grupo radical de extrema-esquerda, não necessariamente vinculado diretamente a uma cúpula partidária.

sexta-feira, setembro 07, 2018

Nota sobre as eleições presidenciais (7) - BOLSONARO ESFAQUEADO (ou: Campanhas Paralelas)

Mais uma vez uma eleição no Brasil é virada de cabeça para baixo, da mesma forma que houve em 2014 com a morte do Eduardo Campos. No entanto, vamos às diferenças:
1) Campos morreu, Bolsonaro (ainda) vive;
2) Ninguém filmou a queda do avião do Eduardo Campos, e há uma profusão de filmagens do esfaqueamento do Bolsonaro, divulgada por todos os meios.
3) A morte do Eduardo Campos gerou a teoria, depois dita de conspiração, de que foi um acidente armado. No caso do Bolsonaro não há conspiração alguma (exceto na questão do "Lobo Solitário", que vai ganhar um post particular): a autoria direta do atentado é 100% conhecida e há 0% de dúvida de que se tratou de um atentado.
4) Eduardo Campos morreu em 13 de agosto de 2014, sendo que o primeiro turno ocorreu em 05 de outubro. Bolsonaro foi esfaqueado no dia 06 de setembro, e as eleições ocorrerão dia 07 de outubro (sempre no primeiro domingo de outubro, para quem ainda nunca reparou).
5) Eduardo Campos só teve tempo de participar da sabatina no Jornal Nacional, ocorrida um dia antes de sua morte. Bolsonaro já participou de dois debates televisivos (na Band e na Rede TV!) e da sabatina na Globo.
6) Eduardo Campos não viveu para se ver no horário eleitoral, que começou dia 19 de agosto de 2014. Bolsonaro ainda vive para participar (em termos, já que só tem 7s), do horário eleitoral.
7) Marina Silva substituiu o Eduardo Campos em 16 de agosto, quando ela tomou a dianteira e passou a receber uma saraivadas de ataques da campanha da Dilma, perdendo momentum e ficando de fora do segundo turno.
Para o Bolsonaro perder o momentum ainda precisam divulgar a próxima rodada de pesquisas, provavelmente na semana que vem. Aí os candidatos podem passar a ficar desesperados e a trégua de agora acabará rapidinho. E aí que entra a principal diferença entre o Bolsonaro e o Campos: a Marina já era sua substituta plena na campanha quando passou a ser atacada. A figura do Campos, entretanto, JAMAIS foi atacada. Atacar alguém que foi esfaqueado em público, que foi parar numa UTI, que está com um saco de colostomia e que está fragilizado demais para se defender pode se tornar uma faca de dois gumes.
De resto, as principais dificuldades do Bolsonaro agora são: 1) permanecer vivo (ele está num momento bastante crítico, uma vez que houve ruptura intestinal com vazamento de fezes); 2) não poder mais participar de atos de campanha (com certeza no primeiro turno, provavelmente no segundo turno); 3) não poder mais participar de debates; 4) só, possivelmente, poder participar da segunda sabatina no JN por videoconferência e isso se os outros candidatos concordarem (o que, a depender das pesquisas, pode não ocorrer); 5) tudo ocorrendo bem, ficar os próximos 15 dias de molho; e 6) a bolsa de colostomia não ser algo muito agradável de se ver.
Situações semelhantes na história? De um candidato que sobreviveu a um atentado político não, mas de candidatos que morreram sim. Nas Américas houve o John Kennedy em 1964 (que fez com que o vice Lyndon Brown Johnson ganhasse - e fosse um dos piores presidentes dos EUA), Luis Carlos Galán na Colômbia em 1989 (era franco favorito e o seu substituto César Garviria ganharia de lavada) e Luis Donaldo Colosio em 1994 (https://www.youtube.com/watch?v=2vfS2MQbeLM - de qualquer forma o PRI, que foi meio que o PT do México, ganharia).
Resumido a história:
1) Bolsonaro precisa sobreviver;
2) Possivelmente as próximas pesquisas Ibope/Datafolha realizadas a partir de hoje mostrem uma "estilingada" do Bolsonaro.
3) No momento subsequente à divulgação (que não sei quando ocorrerá - pode ser ou nesse domingo ou na semana que vem) acabará a trégua contra o Bolsonaro (salvo pelo Alckmin, que foi pego com a brocha na mão e não conseguiu suspender os programas críticos ao Bolsonaro que passarão nesses dias).
4) O contra-ataque dos adversários durará no máximo três semanas, ao contrário das 6 semanas que a Dilma teve para desconstruir a Marina;
5) Como o Bolsonaro ainda está vivo, esses contra-ataques podem sair pela culatra.


quarta-feira, agosto 29, 2018

Nota sobre as eleições presidenciais (6) - Sabatina do Bolsonaro. Ou: tirem as crianças da sala!

Não vou falar sobre o conteúdo da sabatina em si. Isso vocês podem encontrar pela internet.

Mas vou falar o seguinte: a campanha presidencial possui quatro momentos críticos: o primeiro debate (Bandeirantes) a sabatina da Globo, o início do horário eleitoral e o debate da Globo. O Bolsonaro se saiu bem no primeiro debate (mas nem tanto no segundo, sobretudo pela invertida da Marina) e se saiu MUITO bem na sabatina. O Bolsonaro não sabe se expressar bem e não tem uma boa retórica, mas o que houve ali foi uma verdadeira aula de heurística. O que é heurística? Digamos assim: a retórica é a arte de "saber falar". Isso é muito comum nos famosos "clube de debates" americanos (que infelizmente apenas estão começando a serem implementados aqui): apresenta-se um tema qualquer (por exemplo, aborto), um lado é escolhido para dar argumentos favoráveis, outro para argumentos contrários e cada um busca expô-los da forma mais lógica e racional possível, sem usar as malfadadas falácias lógicas. Querem ver um exemplo de debate retórico sério feito nesses moldes? Vejam o William Lane Craig x Cristopher Hitchings discutindo sobre a existência ou não de Deus.

Mas o que acontece: em tese, a retórica, do tipo persuasiva, é usada para uma plateia que: a) sinceramente não está convencida de algo; e principalmente b) que está sinceramente comprometida com a busca da verdade e da veracidade dos argumentos a serem utilizados. Isso, obviamente, NAO ACONTECE NA POLÍTICA (aliás, na ciência também, mas isso é outro assunto). Na política já entramos no cenário de luta com os nossos preconceitos e, por mais que o adversário eventualmente fale algo que seu candidato de preferência esteja objetivamente errado, você não só não irá dar o braço a torcer mas vai passar a acreditar que o errado é o certo. O mesmo acontece quando o seu candidato está certo e o seu adversário errado: os correligionários acharão a mesma coisa.

Em termos gerais o Bolsonaro sacou da manga várias manobras heurísticas que, se num debate retórico sério faria com que perdesse, na política fez com que ganhasse de goleada. Partiu para analogias pessoais com os debatedores (a questão do trabalho via CNPJ, o divórcio do Bonner, a comparação salarial do salário do Bonner com a Renata Vasconcelos - e a perda da compostura dela acentuou ainda mais a vitória... Não, espera aí, essa merece um parágrafo à parte).

Perguntado pela enésima vez sobre ter dito que não contrataria mulheres, e sobre como combateria a disparidade salarial de homens e mulheres (o que é uma falácia estatística - se fosse real a primeira providência dos patrões seria demitir todos os homens e contratar apenas mulheres, para economizar com a folha), ele disse que não cabe a um presidente combater isso, que a diferença salarial por sexo é proibida pela CLT e que cabe ao Ministério Público do Trabalho combater isso (os entrevistadores perderam uma oportunidade DE OURO de encurralar o Bolsonaro com uma declaração que ele fez na semana passada falando que o MPT era inútil - algo do tipo "mas deputado, você falou mal do MPT na semana passada, como pode estar falando bem agora?"), a Renata reforçou a pergunta e ele partiu para o ataque, fazendo especulações sobre o salário dela. Se ela tivesse começado a chorar o Bolsonaro teria perdido a campanha ali. Mas o tal do feminismo faz com que as mulheres tenham que se mostrar sempre fortes, e ela, visivelmente atarantada, resolveu partir para o sermão. Muito bonito, por sinal, mas digo uma coisa: quando você consegue desestabilizar emocionalmente o seu adversário isso significa que você GANHOU o debate. No mais, eu achava que era tão previsível que, se fizessem essa pergunta o Bolsonaro iria dar uma resposta daquelas que acho surpreendente que não tenham se preparado da mesma forma que se prepararam sobre a questão do Roberto Marinho - provavelmente já estavam com a resposta-padrão na mão para colocar no teleprompter do Bonner.

Outro momento crucial foi a questão da "homofobia". Noves fora a MENTIRA sobre os "assassinatos por homofobia" (melhor explicado pelo Felipe Moura Brasil), pela discussão bizantino-orwelliana sobre "homossexualismo x homossexualidade" e pelo "palavras machucam" soltado pela Renata Vasconcelos, a saída do Bolsonaro foi heurística pura. Em vez de responder à pecha de homofóbico falando que não, e as razões para tal, ele se concentrou no "Kit Gay", e conseguiu DESMONTAR os entrevistadores. Falo isso pelo seguinte: uma das regras do debate acordada pelos candidatos era não mostrar documentos. O Ciro tentou fazer isso com o seu programa de governo ontem e não conseguiu - aliás, o Ciro foi mal no debate, sobretudo porque o Bonner pegou ele na questão do Carlos Lupi (ex-dono de banca de revista que virou "parça" do Brizola). O Bolsonaro fez a mesma coisa, mas antes disso ele soltou o famigerado "pais, tirem as crianças da sala!". O Bonner deixou escapar um "não, não pode mostrar, tem crianças assistindo!", a câmera se afastou e o Bolsonaro acabou não mostrando. Mas o ponto é: 1) na prática o Bolsonaro quebrou as regras do debate; 2) ele, mesmo sem expor o livro, confirmou o ponto dele (afinal, por que um livro infantil não pode ser mostrado na TV?); 3) conseguiu não responder à pergunta.

E em termos de resultado, o que aconteceu? O consenso é que o Bolsonaro ganhou de goleada. O pessoal antipático a ele está se agarrando na invertida da Renata Vasconcelos, mas meu palpite é que alguns indecisos (sobretudo os futuros viúvos de Lula - aliás, saiu um artigo inacreditavelmente bom da BBC Brasil sobre os lulistas eleitores do Bolsonaro que confirma o que eu disse: são eleitores do Lula não porque ele seja de esquerda ou que gostem do PT, mas sim porque gostam do Lula) vão tomar o partido dele depois de ontem... A depender do que acontecer com o principal afluente de eleitores do Bolsonaro, Alckmin, hoje, ele ganhará ainda mais votos. E a sangria pode aumentar ainda mais se o Bonner e a Renata Vasconcelos (uso o nome completo dela não por machismo, mas por habitualmente acrescentar o nome a sobrenomes mais comuns) apertarem a Marina sobre as contradições das posições evangélicas dela a determinados temas.

PS: Estamos terminando o segundo momento crucial da campanha e nem o Lula e nem o Haddad apareceram. O tempo está correndo contra o PT - isso se o TSE não demorar demais para julgar a candidatura do Lula e serem seu nome e foto a aparecer na urna nas eleições.

PS2: Perguntas pertinentes que poderiam ter sido feitas ao Bolsonaro, sem tentativas de lacrações:
- Candidato, o senhor é de um partido pequeno. Como que o senhor acredita que conseguirá formar alianças no Legislativo para conseguir governar caso eleito (essa mesma pergunta pode ser feita para a Marina)? 
- Candidato, como que o senhor pretende acabar com o déficit nas contas públicas e ainda investir em segurança, como o Sr. afirma que irá fazer? De onde que virá o dinheiro?
- Candidato, o Paulo Guedes afirmou que é possivel conseguir R$ 1 trilhão com a privatização de estatais e concessões de estradas. Como o Sr. convencerá os parlamentares e a sociedade que essa medida é benéfica? E como o Sr. lidará com as resistências que irá encontrar?
- Candidato, como o Sr. pretende lidar com a crise de refugiados venezuelanos?
- Candidato, o Sr. afirmou que irá obrigar os médicos do Mais Médicos a fazer o revalida. Como que, após essa medida, o senhor lidará com uma eventual diminuição drástica da quantidade de médicos?
- Candidato, o senhor disse que passará a focar mais no ensino básico que no superior? Como que o Sr. acha que as universidades públicas poderiam arcar com essa diminuição de verba?
- Como o Sr. pretende lidar com a questão da superlotação nos presídios?

quinta-feira, agosto 23, 2018

Bolsonaro 2018. Ou... IMAGENS FORTES (1)

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Título esquerda: Dois pais são melhores que um.
Título direita: Horror de menino de Queensland (Austrália), criado dentro de uma rede global de pedofilia.
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O que os garotos faziam no meu tempo.
O que os garotos estão fazendo hoje. 
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"Por que a heterossexualidade é padrão?"

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Notícia do The Mirror: família onde a mãe é o pai, o pai é a mãe e o filho está sendo criado como gênero neutro.
Notícia do Huffington Post: Aqui uma maneira espetacular de ensinar a cultura drag para crianças.

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Estuprador transgênero que foi transferido para prisão feminina apesar de ainda possuir pênis é isolado após "fazer abordagens sexuais não solicitadas" em suas colegas de cela.
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Mãe e filho estão se tornando pai e filha

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terça-feira, agosto 21, 2018

Notas sobre as Eleições 2019 (5) - Lula, Marina e o Oceano Vermelho da esquerda

Hoje (21 de agosto) o cenário atual nas eleições é: Lula preso, Bolsonaro em 1º, Marina em 2º, Ciro Gomes em 3º e Alckmin em 4º. No calendário eleitoral, as datas mais importantes e próximas são as seguintes:

Amanhã (22 de agosto) - fim do prazo para apresentação de pedido de impugnação das candidaturas.

31 de agosto - Início do horário eleitoral e spots nas TVs.

3 de setembro - Lacração das urnas eletrônicas

O ministro Luís Roberto Barroso, que é quem cuidará dos pedidos de impugnação da candidatura Lula, dará mais 7 dias a partir de 22 de agosto para que os advogados do Lula apresentem sua defesa. Assim, o Barroso terá entre 30 e 3 de setembro para que indefira a candidatura do Lula e seu nome e foto não apareçam nas urnas. Caso contrário, é garantia que o Haddad estará no segundo turno. Já estou até imaginando a dramatização com a foto do Lula 13 aparecendo na urna...

Sim, é verdade que o Lula não poderá fazer campanha para o Haddad, mas não há nenhum impedimento para que se usem vídeos antigos no programa dele.

Já se o Barroso conseguir (ou se for de seu interesse) julgar a inelegibilidade do Lula antes de 3 de setembro, preferencialmente antes do início do horário eleitoral, isso significará que o PT perdeu mais de 15 dias de campanha (além de dois debates televisivos, fora a cobertura não dada pelo Jornal Nacional) apostando no cavalo errado. A depender de como as pesquisas estarão até lá, pode ser que muitos candidatos locais (sobretudo no Nordeste) que tenham se comprometido a apoiar a candidatura do Lula mudem de lado, escolhendo o Ciro ou (mais provável) a Marina.

Finalmente, os eleitores do Lula. Para onde vão? A maioria vota no Lula não porque ele é de esquerda, não porque ele é do PT, mas simplesmente por ser um cara carismático, weberianamente falando. E é por isso que em TODAS as pesquisas feitas sem o Lula mostram um aumento principalmente entre os branco/nulos (na do Ibope de ontem, por exemplo, a diferença nos cenários com/sem Lula é de 16%/29%). Já dentre os candidatos que mais se beneficiariam com a ausência do Lula (tirando obviamente o Bolsonaro, que ficaria em 1º) é a Marina, que subiria de 6% para 12%. Assim, o PT, mais uma vez, partiria para a guerra suja contra a Marina para pegar seus votos e tentar, mais uma vez, ser o partido principal da esquerda - tal como foi feito em 2014. Daria certo? Bem, é possível, mas é muito menos do que em 2014, quando já se sabia desde 2010 que a Dilma tentaria a reeleição - e em 2010, se sabia desde 2006 que a Dilma sucederia o Lula, quando a opção Dirceu foi descartada. O Haddad teria pouco mais de um mês para ter seu nome divulgado nas outras regiões do país. 

Ficamos no seguinte:
- O Bolsonaro focará no anti-petismo (embora ele não seja só isso) e tentará  mostrar mais carisma para pegar alguns eleitores infiéis do Lula que estarão atarantadamente indecisos com sua ausência.
- O Alckmin tentará desconstruir o Bolsonaro (de maneira semelhante ao que foi feito com o Ciro em 2002). Preparem-se para spots tucanos envergonhados.
- O Ciro tentará se viabilizar como o candidato da esquerda, mesmo com o PT não gostando dele. Para tanto, tentará se mostrará como fodão contra o Bolsonaro.
- A Marina idem Ciro.
- O Álvaro Dias tem grande potencial para ser o que o Índio da Costa foi para o Rio: tirou um Bolsonaro da corrida pela prefeitura, não levando nem deixando levar, e deixando que a disputa ocorresse entre Marcelo Freixo e Marcelo Crivella.
- O Haddad tentará tirar votos do Ciro e sobretudo da Marina, e tentará se mostrar fodão contra o Bolsonaro.
- O Boulos é linha auxiliar do PT
- O Daciolo é linha auxiliar do Bolsonaro.

sexta-feira, agosto 17, 2018

Nota sobre as Eleições no DF (3) - Câmara dos Deputados (2)

Já temos as coligações. São as seguintes:

Brasília Acima de Tudo PRP - PRTB
Brasília de Mãos Limpas PCdoB - Rede - PDT - PSB - PV
DC DC (antigo PSDC)
Elas por Nós: Sem Medo de Mudar o DF PSOL - PCB
Novo Novo
PCO PCO
PPL PPL
Pra fazer a diferença I Avante - PP - MDB - PSL
PSTU PSTU
PT PT
Renovar DF PHS - PTB - PTC - Patriotas
Renovar DF 2 PMN - Pros - PMB
Unidos Pelo DF 1 PPS - PSC - PRB - Podemos - Solidariedade
União e Força PSDB - DEM - PR

Vejamos os destaques de cada coligação:

Brasília Acima de Tudo - Aqui é a chapa que fará campanha pelo Bolsonaro no DF (além do apoio velado que ele terá do Alberto Fraga). Não há nomes muito conhecidos - exceto talvez por uma, que será coincidentemente a minha candidata: a Bia Kicis (4417), que participou do ramo local do Vem Pra Rua e ajudou no impeachment da Dilma. É possível que, com um "efeito Bolsonaro", ela seja a única a se eleger na chapa. Vamos ver.

Brasília de Mãos Limpas - É uma boa chapa, admito. Tem dois nomes muito bons aqui: a Maria de Lourdes Avbadia (ex-deputada e ex-vice-governadora) e o Professor Israel, que vem do segundo mandato na Câmara Legislativa e pode ser considerado uma estrela em ascensão. Se fosse para em apostar em um deles, seria no Israel.

DC - Não vai conseguir eleger ninguém.

Elas por Nós: Sem medo de Mudar o DF - Idem. Não vai ser dessa vez, Maninha.

Novo - Ibidem.

PCO - Não, né?

PPL - Também não, muito embora o Marco António Campanella tenha mais votos que a Maninha.

Pra Fazer a Diferença I - Outra chapa muito boa, e com vários destaques: Celina Leão, também na mesma situação do Professor Israel e o Tadeu Filipelli, que ficou de molho após o fiasco Agnulo. Sairá outro deputado eleito daqui.

PSTU - Desculpe, Elcimara (cito nominalmente porque é a única candidata a deputada federal do partido), não rola.

PT - O PT vai de puro sangue nessas eleições. Mas apesar do Magellinha, a Érika Kokay será reeleita.

Renovar DF - O único nome de destaque é o ex-deputado distrital Dr. Charles. Mas ele não foi nem reeleito para a CLDF, de modo que acho que essa chapa irá flopar.

Renovar DF 2 - De destaque, o neto do Joaquim Roriz e o José Edmar, que há muito não tem mais a força política que costumava ter. É talvez a chapa mais rorizista puro sangue aqui. Há possibilidades remota de eleger 1 deputado.

Unidos pelo DF 1 - Adivinha quem está aqui? O Augusto Carvalho! Esse é danado para entrar em bosa coligações. Seguramente usará o Professor Pacco, que atualmente está na Câmara como suplente, como escada.

União e Força - Outra coligação boa que, a princípio, garantirá pelo menos a reeleição do Laerte Bessa. Mas há também a Flávia Arruda, mulher do dito-cujo, o Paulo Roriz (que se não será eleito contribuirá com votos para a coligação) e inclusive uma "candidata-celebridade", a ex-jogadora de vôlei Virna.

Então, para resumir, se fosse para distribuir as 8 vagas, seria dessa maneira:

Brasil Acima de Tudo - 1
Brasília de mãos limpas - 1
Pra Fazer a Diferença  1 -  1 (talvez 2)
PT - 1
Renovar DF - 1
Unidos pelo DF - 1
União e Força - 1

quarta-feira, agosto 15, 2018

Notas sobre as eleições 2018 (4) - Alckmin, Ciro e Marina

Temos novidades nessas eleições, mas também temos repetições. Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva já foram candidatos à presidente. Vamos analisar a votação deles?

Geraldo Alckmin 
2006
Total de eleitores: 125.913.479
1º Turno Alckmin - 39 968 369 (31,74% do total)
2º Turno Alckmin - 37 543 178 (29,81%)

Trata-se de um caso ÚNICO em países onde há segundo turno nas eleições: um candidato ter MENOS votos que no primeiro turno. A que atribuo isso? A isso:

Imagem relacionada

O PT estava dizendo que o Alckmin, se eleito, iria privatizar as estatais, com destaque para a Petrobras, a Caixa e o Banco do Brasil. O que o tucano fez? Mordeu a isca. Fazendo isso, mostrou que não era assim tão diferente do PT. E se for para se votar em alguém semelhante, por que não continuar votando no original? E deu Lula de novo (com a força do povo).

Mas vale a pena se alongar um pouco mais com o Alckmin e sua principal base eleitoral: São Paulo. Vamos ver a quantidade de votos que ele teve desde que substituiu Mário Covas no governo do estado, antes de 2002:

Governo
2002 - 7.505.486 (primeiro turno)
         - 12,008,819 (segundo turno)
Presidência
2006 - 11.927.802 (primeiro turno)
         - 11.696.938 (segundo turno)
(aparentemente o impacto do levante do PCC na época não pesou tanto para o Geraldo)
Governo
2010 - 11.519.314 (eleito no primeiro turno)
2014 - 12.230.807 (reeleito no primeiro turno)
Isso mostra o seguinte: desde o 2º turno de 2002 o Alckmin possui um eleitorado praticamente estável pelo menos de mais de 11 milhões de pessoas. Em 2006 isso representou quase 1/3 dos seus votos nacionalmente. Mas nessas eleições há o "fator Bolsonaro". Como disse antes, é bastante provável que o Alckmin consiga ser o vencedor na suas bases, mas caso o Bolsonaro tire uns 40% dos votos dele, seriam uns 4 milhões que podem fazer uma diferença capital para decidir quem irá para o segundo turno. Além disso, faltam menos de 2 meses e a pesquisa mais favorável ao Alckmin em São Paulo foi uma do Ibope de 3 de agosto que o apontava liderando, mas com empate técnico (19% a 16% - sem Lula). É provável que esses números aumentem por causa do horário eleitoral e sobretudo dos spots publicitários.

Ciro Gomes (cearense de Pindamonhangaba)
Como disse, o Ciro tem a seu favor o fato de ter, em tese, uma boa votação no Nordeste. Mas tem como peso o fato de não mais ser o candidato do "voto de protesto" como foi em 1998. O desempenho do Ciro como candidato à Presidência foi:

1998 -  7.426.190 (10,97% dos votos válidos)
2002 - 10.170.882 (11,97% dos votos válidos)

(Deve-se levar em conta que foi apenas em 2002 que se adotou nacionalmente o voto eletrônico - o que, se ajudou a diminuir a confiança na legitimidade do pleito - uma vez que eleição que não pode ser auditada é fraude POR SI SÓ-, por outro lado indubitavelmente diminuiu a quantidade de votos inválidos, uma vez que os analfabetos e semi-analfabetos só precisam decorar os números e ver a cara da pessoa. Isso explica a discrepância na quantidade de votos válidos).

O problema do Ciro é que, após 2002, a atuação política do Ciro se tornou bastante errática: virou ministro do Lula em 2002, teve uma votação maciça para deputado federal pelo Ceará em 2006, fez um movimento político totalmente equivocado ao mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo e tentar ser o candidato ao governo de lá pelo PSB, com apoio do PT - no que foi devidamente rifado pelo Lula. Depois disso se deitou nos louros do caudilhado do Ceará com seu irmão Cid e do afilhado político via PT Camilo Santana.

Mas o problema do Ciro é que ele é big in Ceará somente. Nos outros principais estados do Nordeste (Pernambuco e Bahia) quem parece herdar mais o eleitorado órfão do Lula é a Marina Silva. No caso da Bahia (Paraná Pesquisas, 30 de maio), na pesquisa com o Lula ele ficaria com 43%, o Bolsonaro com 17%, a Marina com 8,3% e o Ciro com 7,1%. Sem o Lula o Bolsonaro fica com 19,5%, a Marina fica com 18% e o Ciro com 13,5%. Já Pernambuco (Datamétrica, 18 de julho), o cenário com Lula é Lula 65%, Bolsonaro 9%, Ciro 2% e Marina 1%. Já sem o Lula seria Marina 14%, Bolsonaro 12% e Ciro 7% (a pesquisa que coloca o Haddad na frente com o estímulo "com o apoio de Lula" deve ser descartada: primeiro pelo viés de confirmação; segundo, porque o Lula estará preso e não aparecerá na TV nem dará um depoimento falado a respeito - apesar de que isso pode ser plenamente falsificado via WhatsApp com a quantidade de imitadores de Lula que há por aí).

Pesará ainda contra o Ciro a falta de tempo na TV

Marina Silva

Em 2010 ela encarnou o voto da esquerda não-petista, obtendo 19.636.359 votos. Em 2014, após a sabotagem (admitamos) que a Rede sofreu na justiça, após ser vice de Eduardo Campos, após a tragédia com a morte deste, após um crescimento espantoso nas pesquisas e após uma campanha terrivelmente suja por parte do PT, ela ainda assim obteve um aparente crescimento na sua base eleitoral, tendo 22.176.619 votos. No entanto, esse crescimento deve ser debitado principalmente (talvez até unicamente) a Pernambuco, terra de Campos, onde ela ficou em primeiro lugar com 2.310.700 votos. Provavelmente a boa votação da Marina em Pernambuco no cenário sem Lula descrita acima deva ser creditada a essa "memória d'água" eleitoral. Deve ser destacada também a votação que ela teve no Rio de janeiro, onde teve 2,590 milhões de votos (31,7% - mais votos inclusive que o próprio Aécio Neves. Na última pesquisa (Paraná Pesquisas, 23 de julho), no cenário com Lula, Bolsonaro lidera com 26,6%, Lula com 25,5% (empate técnico, portanto), Marina com 10,4% e Ciro com 6,1%. Sem Lula, Bolsonaro continua liderando com 29,1%, Marina passa a ser vice com 15,2%, Ciro fica com 8,6 e Alckmin com 4%.
O problema da Marina é o seguinte: mesmo sendo a candidata da esquerda não-petista, ela ainda conseguia se vender como candidata anti-sistema. Hoje quem consegue se vender assim é o Jair Bolsonaro. Além disso, mesmo no campo da "esquerda não-petista" ela terá a concorrência do Ciro Gomes que, se não representa uma ameaça tão séria assim, subtrairá-lhe votos que podem ser capitais na diferença entre ir ou não para o segundo turno. E mais: ela pode esquecer dos 2,3 milhões de votos em Pernambuco, pois a máquina eleitoral local já não estará mais com ela: o governador Paulo Câmara, ao menos até definição final do TSE, já disse que apoiará o Lula.
Finalmente, na casa de ferreiro o espeto é de pau: no Acre (4 de junho, Delta/TV Gazeta), Bolsonaro lidera com 32,50%, Marina fica em segundo com 18,1% e Lula em terceiro com 17,66%. Não houve pesquisa sem Lula.
(e é uma pena que não consegui encontrar nenhuma pesquisa no Pará, estado mais importante do Norte... No segundo mais importante, Amazonas -Instituto Intake Marketing e Pesquisas, 28 de junho -, Lula e Bolsonaro estão em empate técnico  com 28% e 27%, respectivamente, com a Marina aparecendo num distante terceiro lugar com 13,1%).

Pesará ainda contra a Marina a falta de tempo na tv.