segunda-feira, novembro 30, 2009

Honduras 20 - E as eleições aconteceram...

E aconteceram SEM PROBLEMAS (noves fora algumas escaramuças insignificantes). E, como disse no último post sobre Honduras, com votação MAIOR QUE A MÉDIA. Esqueci de explicar o porquê antes, mas o faço agora: essas situações excepcionais fizeram com que grande parte dos eleitores hondurenhos de mobilizassem para legitimar a coisa toda. E conseguiram: os EUA, os países mais importantes da União Européia, o Panamá e a Costa Rica reconheceram as eleições como legítimas. O oposicionista conservador Porfírio Lobo foi o candidato vencedor.

Outra coisa que pensei hoje: os EUA conseguiram instituir por vias tortas o impeachment em Honduras. Senão vejamos: o reconhecimento da volta do ex-presidente Zelaya está dependendo da aprovação do Congresso. Ou seja: isso não passa da votação do impeachment dele. Uma boa ocasião para os que ainda estão reticentes com a deposição do Zelaya reconhecerem que ele caiu e saudarem o sr. Lobo.

PS: Ao Itamaraty: a partir de 27 de janeiro de 2010, data da posse de Porfírio Lobo, NÃO HÁ DESCULPAS PARA A PERMANÊNCIA DO SR. ZELAYA NA EMBAIXADA BRASILEIRA. O contribuinte agradece.

Operação Caixa de Pandora 3 - A sinuca de bico

Bom, o Arruda acabou de dizer que não irá renunciar. Entenda-se: as condições para renunciar de vez ainda não apareceram. O que me dá tempo de prever alguns cenários:

Cenário 1: O Arruda não renuncia e fica até o final do governo, no DEM - Por incrível que pareça, é possível sim, embora não seja provável. Acho um impeachment via Câmara Legislativa bastante improvável, já que grande parte dos excelentíssimos deputados distritais estão envolvidos. Resta a via judiciária, que acredito que seja bastante certa; porém, essa alternativa é demorada. Até acontecer alguma coisa o mandato do Arruda terá acabado. A dificuldade desse cenário é que o vídeo provavelmente seria usado contra o DEM pela campanha da Dilma, o que ajudaria a diminuir a vantagem do Serra. Um dos motivos, aliás, pelos quais o PSDB saiu da base governista no DF.

Cenário 2: O Arruda não renuncia e fica até o final do governo, mas fora do DEM. Esse cenário é possível E provável. É mais conveniente tanto para Horroriz quanto para o PT que o Arruda fique sangrando em praça pública. Ah! E é conveniente também para o Paulo Otávio. Daí você me pergunta: "Mas o PO também está envolvido nisso tudo!". E respondo: bem, é verdade. Mas, pelo menos até agora, não apareceram gravações faladas nem filmadas dele subornando ou mandando subornar alguém. Pode ser a válvula de escape tanto do DEM quanto do Arruda, que pode aproveitar para curtir uma sabática até que aproveite algum cargo no segundo escalão no governo federal ou o distrital. Outro que também pode se dar bem é o Tadeu Filipelli. Sem Horroriz no PMDB, é a chance de ouro dele galgar um cargo maior, compondo uma chapa PMDB-DEM.

PS: algo que reparei nesses vídeos é o aparente grau de amadorismo dos políticos locais recebendo pessoalmente a bufunfa. Na verdade, está mais para costume e impunidade: anos e anos recebendo proprina fizeram com que chegassem ao ponto de crerem que nunca iriam ser pegos mesmo. O que terá de assessores parlamentares andando com maletas e envelopes de papel pardo por todo o Brasil de novo...

sábado, novembro 28, 2009

Operação Caixa de Pandora 2 - Fudeu pro Arruda

Simples: o povão não entende de matemática nem entende nada de mumunhas jurídicas, mas entende BOLOS DE DINHEIRO. Estava especulando que se não houvesse transcrição, o Arruda estaria safo. Se houvesse transcrição, mas não divulgassem o áudio, o Arruda estaria salvo, com um pouco de reservas. Se divulgassem o áudio, o Arruda poderia ou não estar safo. Mas divulgaram o VÍDEO! Aí não há jeito.


PS: A gravação do vídeo, segundo o JN, foi em 2002, quando o Arruda era candidato. Provavelmente era pra chantagem eleitoral. O Arruda provavelmente deve ter neutralizado com outra chantagem. Se foi isso mesmo, aguardo o payback.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Operação Caixa de Pandora 1 - O início (ou: de repente o DF será o último lugar que passarei entre agosto e novembro)

Ainda estou baqueado com essa situação toda. Aguardo um resumo do processo (feito pela FOLHA - não confio em jornais locais, ainda mais para esses assuntos) e essa gravação do ex-secretário de relações institucionais do Arruda. Mas pelo que falam a coisa é uma BOMBA DE HIDROGÊNIO.


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Mas só uma coisinha: o Arruda mostrou que é mais SONSO que Horroriz! O ex-secretário é DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL (o dep. federal Laerte Bessa tá apoiando quem agora?), cheio de processo nas costas, e ele ainda o empregava como SECRETÁRIO!? E dos mais importantes: pelo nome da secretaria acredito que ele era o intermediário do governo com a Câmara Legislativa e o TJDFT. Se surgir o fatídico bolão de dinheiro, adeus.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Honduras 19 - Um historiador indigente

Depois de imbecis da USP e da Unicamp, agora surge um no Rio de Janeiro, mais exatamente na UFRJ. Dessa vez, é na área da história. Eu estava pensando que o povo da história estava deixando de ser tão comunista radical, que estavam migrando mais para a geopolítica, mas parece que ainda não... Vamos à notícia do Terra, com um ponto-a-ponto

"Eleições podem gerar guerra civil em Honduras, diz historiador"

Olhando assim pensa-se que virá uma análise séria balizada nos seguintes fatos: 1) o ex-presidente Manuel Zelaya foi deposto pelos militares e considera a sua deposição ilegal, assim como as eleições de domingo agora; logo, seus partidários - com o apoio da Venezuela, Nicarágua e, por que não? o Brasil - podem apoiar um levante; 2) eleições latino-americanas são complicadas, ainda mais acima do Equador: no México mesmo, em 1994, o então candidato do PRI à presidência, Luis Donaldo Colosio, simplesmente foi assassinado; 3) somando '1' e '2', há uma possibilidade real de guerra civil ali. ISSO seria uma análise política séria. Vejamos o que o sr. Rafael Araújo diz.

"As polêmicas eleições presidenciais em Honduras, marcadas para este domingo, deverão agravar ainda mais a crise política que atinge o país, que poderá mergulhar em uma guerra civil caso todas as tentativas de negociação se esgotem. O cenário sombrio, que faz parte do passado político de muitas nações latino-americanas, é traçado pelo historiador Rafael Araujo, pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente da UFRJ."

Antes de mais nada: "Laboratório de Estudos do Tempo Presente"!? Que nome GAY! Noto um erro da condicional aí, o que torna a análise já furada no primeiro parágrafo. No momento, não há tentativa de negociação. Não significa que não haverão no futuro. Sem contar o "deverão agravar". Gente: O Zelaya saiu do poder, ameaçou voltar de avião, voltou clandestinamente ao Brasil, clamou um "pátria ou morte" e a coisa não mudou muito... Alguém sinceramente acha que a coisa mudará?

"Acredito que a comunidade internacional tem obrigação de não reconhecer o novo presidente. Essas eleições ocorrem sem a presença no governo de um mandatário legitimamente eleito e em meio a um golpe de estado, que inaugurou em Honduras um período de graves violações aos direitos humanos e à liberdade de expressão, através da figura de Micheletti", diz Rafael.

Apesar de tudo, gostei do sr. Rafael... Sem tergiversações, já disse a que veio. Nisso já é um pouco melhor que aquela estrupícia da USP. Mas é igualmente um imbecil. Só digo uma coisa: mostre-me ao menos UMA denúncia de que as forças hondurenhas estejam prendendo os opositores do Micheletti às cegas, que tenha matado sem piedade, que esteja torturando, que aí eu me convenço. Ah, e quando me mostrar isso, mostre-me os dados sobre como era no período do Zelaya. Noves fora o período de estado de sítio (previsto em TODA constituição democrática que se preze), duvido muito que os dados sejam muito diferentes. Mas aguarde que o sr. Rafael superará a uspiana em breve...

O presidente eleito na votação deste domingo não será reconhecido pela maioria dos países latino-americanos, União Europeia e ONU. Nas últimas semanas, algumas das principais cidades hondurenhas foram alvos de explosões de bombas caseiras e inclusive de armamento militar, segundo a polícia, sem provocar feridos. Até agora, os eventos violentos não alterarão o processo eleitoral, segundo as autoridades do Tribunal Supremo Eleitoral hondurenho (TSE), que já distribuiu a maior parte do material para as eleições com apoio das Forças Armadas e da Polícia.

"A abstenção eleitoral será alta. Creio que supere os 50%, em virtude da campanha pelo desconhecimento ativo das eleições que vem sendo desenvolvida pela Frente Nacional de resistência ao golpe de estado e movimentos sociais do país. Até a última terça, mais de 100 candidatos retiraram seus nomes das eleições. Acredito que isso demonstre o quanto às eleições estão sendo deslegitimadas no país", defende Rafael. "Quanto à violência, creio que, infelizmente, ela estará presente. A imposição do estado de emergência pelo governo, com o chamado de aproximadamente 5 mil reservistas do exército, e a repressão ao movimento pró-Zelaya apontam para isso."

Olha só, uma "republiqueta de bananas" com VOTO FACULTATIVO! Que inveja! Mas voltando ao assunto: se for pra chutar, acredito que a abstenção será MENOR que a média histórica hondurenha. Em todo caso, maior ou menor, a única maneira real de se avaliar o impacto do "golpe" será comparando com as eleições anteriores. Além disso, não necessariamente uma eleição com menos de 50% dos eleitores necessariamente é ilegítima. Isso depende principalmente das leis hondurenhas. Só pra lembrar: no plebiscito sobre a independência de Kosovo, mais de 50% foram favoráveis, mas o percentual foi menor do que o minimo oficialmente aceito pela comunidade internacional. E ainda sim fizeram o grande erro de reconhecer Kosovo.

Mudando de assunto: vocês já repararam que, para uma "ditadura", há uma quantidade bastante saudável de protestos de manifestantes pró-Zelaya!? Onde está a repressão pra vir com cavalos, cassetetes, bombas de gás e brucutus? Quanto à convocação de reservistas, é como o título (parece que é a única coisa certa nesse artigo) diz tudo: há uma possibilidade concreta de guerra civil.

A situação de Zelaya e o abrigo concedido pelo governo brasileiro em sua embaixada em Tegucigalpa não deve se alterar após as eleições. Segundo Rafael, os grupos sociais e o próprio Zelaya não vão aceitar outra solução para o conflito que não inclua o seu retorno ao poder. Por isso, o historiador defende que o governo brasileiro deve continuar apoiando Zelaya, até que a ordem constitucional seja restaurada.

"Por mais que Zelaya possa ter cometido vários equívocos ao longo de seu mandato, nada justifica um golpe de estado. A democracia, a constituição e o respeito aos direitos humanos devem ser garantidos em Honduras. Neste sentido, a presença de Zelaya em nossa embaixada garante minimamente um olhar da comunidade internacional sobre Honduras, algo que não ocorreria com tanta intensidade se o Brasil não tivesse na linha de frente em defesa de Zelaya e da ordem democrática hondurenha", diz Rafael.


Bom, talvez o sr. Rafael não tenha percebido que o Zelaya continua não aceitando a situação, os movimentos sociais continuam não aceitando a situação e... NÃO ACONTECEU NADA! E o Rafael demonstra que não sabe PORRA NENHUMA da situação local, apenas palpitando, quando diz que "a democracia, a CONSTITUIÇÃO e o respeito aos DDHH devem ser garantidos em Honduras". Sério, tô com preguiça de citar a constituição hondurenha... O Brasil, a Venezuela, a Nicarágua e, assistindo tudo de camarote, a Espanha (já repararam no teor da cobertura do Terra?) no fundo querem aumentar sua influência política nas Américas, batendo de frente com os Estados Unidos; porém até agora sem sucesso. A única coisa que o sr. Rafael acerta é que o Zelaya realmente foi para a embaixada do Brasil para tentar gerar um fato político. Nisso ele quase conseguiu, forçando o Micheletti a negociar.


Agora vamos à parte mais CANALHA do artigo. Antes lembro o seguinte: quando o Zelaya foi deposto, os candidatos à presidência já estavam definidos, e não houve reclamações sobre eventuais autoritarismos no país até então. Está sentado? Vamos lá:

Pesquisas realizadas pelo CID-Gallup indicam que apenas dois candidatos lutam para se eleger na votação de domingo. O favorito é o conservador Porfírio Lobo, candidato do Partido Nacional, com 37% das intenções de voto. Em segundo lugar, Elvin Santos, do Partido Liberal, tem o apoio de 21% dos entrevistados. O candidato independente Carlos Reyes está em terceiro lugar com apenas 6% e não tem chances, de acordo com a imprensa hondurenha.

"Porfírio Lobo é um candidato que representa a direita hondurenha, possuidora de uma participação decisiva na articulação do golpe de estado. Apesar de ser favorito, Lobo é visto com desconfiança pelos setores marginalizados e excluídos socialmente por ser aliado da oligarquia hondurenha que há décadas controla o país", analisa Rafael. "O apoio do seu partido ao golpe de estado é um motivo a mais para tornar o próximo governo ilegítimo. O boicote popular e o rechaço internacional as eleições no meio de um regime autoritário, tornam o repúdio a um provável governo de Lobo ainda mais provável."

Aos 61 anos, Porfírio Lobo é filho do ex-congressista Porfirio José Lobo López - já morto. Ele cursou Administração de Negócios na Universidade de Miami, nos EUA, antes de voltar para Honduras e se dedicar aos negócios de agricultura e pecuária da família. Foi presidente do Congresso, do qual é membro desde 1990, entre 2002 e 2006. Nas eleições de 2005, quando Zelaya foi eleito, ficou em segundo lugar com 46% dos votos.

1) O sr. Rafael é MENTIROSO, já que, fora os candidatos de esquerda - um já furou o boicote do Zelaya...- TODOS eles fugiram do assunto "deposição/golpe" como o diabo da cruz, já que eles serão os principais perdedores caso haja problemas nas eleições de domingos;

2) O sr. Rafael é um GOLPISTA CANALHA. Todos os partidos, mesmo os de esquerda, são legais, e deslegitimar um partido, tal como um tribunal de exceção, é deslegitimar o regime hondurenho. Não somente o governo Micheletti mas TODO O PERÍODO DEMOCRÁTICO DE HONDURAS ATÉ ENTÃO. E ele não para por aí não. Permitam-me acrescentar o que ele falou do Elvin Santos:

Elvin Santos, 46 anos, é o candidato do Partido Liberal, o mesmo de Zelaya. Diretor da empresa de construção da família, foi acusado de conflito de interesses por ter contratos com a Secretaria de Obras Públicas de Honduras. Ele ocupou o cargo de vice-presidente no governo do presidente deposto entre janeiro de 2006 e dezembro de 2008, quando renunciou para se tornar candidato à presidência.

Em campanha, Elvin disse que seu objetivo será combater a pobreza, mas não deixou claro como fará isso, já que entidades como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial não estão concedendo empréstimos à nação devido à crise política. "Não se trata de uma luta de esquerda ou direita, ou de uma ideologia, trata-se fundamentalmente de enfrentar a pobreza", disse o candidato.

"Elvin Santos também não representa uma dissociação com o golpismo. Ele faz parte do setor do Partido Liberal que apoiou o golpe de estado, sustentando Micheletti no poder. Tanto ele como Lobo representam um setor político que, aliado com as oligarquias hondurenhas, articularam o golpe de estado e sustentaram um regime autoritário, que fere os princípios democráticos e os direitos humanos. Neste sentido, caso ele seja eleito a situação interna hondurenha continuará tensa e internacionalmente, provavelmente, ele terá pouco apoio e legitimidade", analisa Rafael.

Ou seja: os dois principais partidos políticos de Honduras, com quase 60% de intenções de voto do eleitorado (e até hoje NINGUÉM mostrou que as pesquisas são fraudadas), simplesmente são ILEGAIS, é isso!? Bom, o sr. Rafael já pode se comparar à uspiana, no fundo no fundo ele não reconhece é todo o período democrático hondurenho pós-volta da democracia. A coisa está complicada no meio acadêmico...


quarta-feira, novembro 25, 2009

Honduras 18 - Micheletti renuncia. Não era isso que queriam?

Sim, ele renunciou... Mas temporariamente, para dar tranquilidade às eleições. O gesto é louvável, mas não deixa de ser temerário, se os zelayistas aproveitarem essa "ausência de poder" para anarquizarem. Então veremos a real força do Chavez, Ortega et caterva.


Mas aproveito aqui para fazer uns comentários indiretos sobre o tema:

- A maioria da imprensa (nacional e internacional) está fula da vida com o apoio dos EUA ao reconhecimento das eleições. Mas é engraçado que eles estão criticando o Departamento de Estado, e não o "governo Obama". Qualquer semelhança com o tratamento ao Lula não é mera conhecidência;

- Chamada de notícia da Folha de hoje: "EUA enviam observadores a Honduras - Polêmico Instituto Republicano Internacional, que elogiou golpe na Venezuela, terá monitores na eleição de domingo". Até aí tudo bem, também concordo que na ocasião houve realmente golpe. Mas olhem os seguintes trechos da notícia: "(...) A informação foi confirmada pela Folha no Departamento de Estado americano, que aponta que o equivalente democrata, o NDI, também estará presente". O Sérgio Dávila foi malandro, ele sabe que não existe Tribunal Eleitoral nos EUA (as eleições são fiscalizadas por comissões dos dois partidos). E antes que achem estranho essa coisa de partidos monitorarem eleições em outros países, eu digo que não é. Na Alemanha, por exemplo, o SPD e o CDU também têm fundações, bastante ativas aqui no Brasil (Friedrich Ebert e Konrad Adenauer, respectivamente), sem que, com razão, digam que estão interferindo nos assuntos internos.

A mensagem a ser levada em conta é que não é só o partido republicano e nem o Departamento de Estado que reconhecerão as eleições não, é o PARTIDO DEMOCRATA, DO BARACK OBAMA.

terça-feira, novembro 24, 2009

Honduras 17 - E a eleição está chegando...

... E, PARECE, sem problemas. Lembram daquele discurso de que os países latino-americanos estavam unidos em não reconhecer as eleições do dia 29 se o Zelaya não voltasse ao cargo? Pois bem, além dos Estados Unidos, a Colômbia, o Peru e o Panamá já disseram que também reconhecerão os resultados.

(Sobre o Peru, uma coisa engraçada: ele é governado pelo Alan Garcia, do Partido Aprista Peruano, tradicional partido de centro-ESQUERDA. Ele já governou o Peru na década de 80, quando fez um governo calamitoso (hiperinflação e uma campanha de calote coletivo da dívida dos países do 3º mundo que só o Brasil estupidamente acreditou). Depois foi o Fujimori (Garcia teve que abandonar o país após uma tentativa de assassinato depois do "auto-golpe" fujimoriano), o conservador Alejandro Toledo (que o derrotou no 2º turno) e, após o temor do chavista Ollanta Humala tomar o poder - observação: o Garcia está com a popularidade baixa no Peru, e o Mala Anta pode ganhar em 2011 -, voltou à presidência. Porém hoje o Alan Garcia é visto como centro-direita!)

E assim o "consenso latino-americano" faz água. Espero que a razão volte aos tropicos e Honduras volte ao normal. A primeira coisa que eles deveriam discutir é a instituição do "impeachment" como punição intermediária à deposiçao pura e simpes. Como disse o Oscar Arias, é uma Constituição tenebrosa a deles (ainda sim é a Constituição deles). O novo presidente tomando posse é mais uma ducha de água gelada na política externa do Lula.

sábado, novembro 21, 2009

Eliminatórias - Repescagem (Final)

Como qualquer palpiteiro, acertei 50% dos jogos. Primeiro, vamos aos que acertei:

Portugal x Bósnia-Herzegovina

"Heróis do mar/ Nobre povo/ Nação valente e imortal...". Terão que acrescentar um "Verás que o filho teu não foge à luta" ao hino português. De todas as seleções que estão na repescagem, Portugal teve a classificação mais tranquila: ganhou dos bósnios em Lisboa e em Zenica ("Zenitsa"). Dando justiça aos portugueses, ambos os gols foram feitos por portugueses.

França x Irlanda

Mais uma vez, a França será a seleção que todos amarão odiar nessa Copa. Mas ela fez a parte dela ganhando da Irlanda em Dublin. O problema foi em Paris... A Irlanda ganhou no tempo normal por 1x0, e a partida foi para a prorrogação. E então, o Henry recebeu um passe, ajeitou COM A MÃO e passou para Gallas marcar. A Irlanda, infelizmente, foi pro saco. Claro que não se volta atrás em resultados de partidas assim, mas que os árbitros deveriam ser BANIDOS do futebol, ah deveriam... E tem outra coisa: garanto que se a elimiada fosse a França a FIFA mudaria rapidinho as regras de classificação.

Agora vamos às previsões furadas

Grécia X Ucrânia

Mais uma vez, a Grécia consegue a alcunha de "surpresa filha da puta": a Ucrânia teve um baita de um trabalho para conseguir passar pelas repescagens para empatar em Atenas e perder de 1x0 em Donetsk. Méritos para a Grécia. Não sei se o "Verkopolidis e seu 1,80m e cacetada" (inesquecivel locutor português!) participou disso... E la vai os "grécios" para a segunda Copa...

Eslovênia x Rússia

Essa realmente foi a ZEBRA DO ANO!!! A Rússia foi a melhor segunda colocada entre todas as seleções da repescagem. Por sua vez, a Eslovênia só conseguiu a vaga na repescagem graças a um "sprint" final e a pane da Polônia. Mas na hora do vamos ver, parece que os russos combinaram o sentimento de culpa por perderem para a Alemanha em Moscou com o clássico "já ganhou", e assim o maior país eslavo perdeu para o menor. Nesse caso só não estou puto porque conheço e adorei a Eslovênia. Também os eslovenios irão para a segunda Copa... Se não cairem no grupo do Brasil, torcerei por eles.

CONCACAF e CONMEBOL

Caramba, tenho que saudar a classificação de Honduras, afinal de contas! Por mais que o capitão da seleção seja zelayista, a classificação para a Copa fez com que o ultimato do Zelaya se tornasse um "penultimato" (obs: e as eleições finalmente estão chegando...). A Costa Rica, que chegou a ser líder, foi definhando, definhando, e acabou indo para a repescagem com o 5º colocado das Eliminatórias Sul-Americanas. Acabou sendo batida pelo Uruguai, que ganhou em San José e segurou um 1x1 em Montevidéu. O Lugano (com aquela sua cara de psicopata) realmente tava merecendo ir para uma Copa.

ÁFRICA

Grupo 1: Camarões

O Eto'o finalmente debutará em uma Copa. O Gabão ainda teve a proeza de perder para o Togo na última partida, ajudando a tranquilizar ainda mais os 'Camoranesis'

Grupo 2: Nigéria

Esse sim, foi um grupo emocionante! Mas não o "mais", como vocês logo verão... A Tunísia estava com a faca e o queijo na mão, bastando apenas ganhar de Moçambique. Porém, os irmãos de língua se despediram dignamente das eliminatórias, ganhando dos então primeiro colocados em Maputo. Sobrou para a Nigéria. Porém, o lanterna Quênia também resolveu se despedir dignamente, e conseguiu levar um 2x2 em Nairobi até os 38 do segundo tempo, quando o Obafemi Martins marcou o gol decisivo para os nigerianos... Aproveito aqui para mandar um 'salve' para o Dina e o Rasheed, onde quer que eles estejam.

Grupo 3: Argélia

Esse sim, foi o grupo mais emocionante de TODAS as eliminatórias! O Egito, na última partida, conseguiu fazer um 2x0 aos 50 min de jogo, igualando-se aos argelinos em todos os quesitos, e forçando um JOGO EXTRA (diga-me, há quanto tempo você não via isso, leitor?), realizado em campo neutro (Sudão). Hum... 50 minutos na prorrogação do segundo tempo!? Sudão, que fica mais perto do Egito que da Argélia!? Por que diabos não fizeram na Líbia, que fica entre os dois!? Suspeito que o campo não era tão neutro assim... Enfim, dando uma lição que pode muito bem ser aprendida pelo SÃO PAULO e pelo PALMEIRAS, a Argélia, mesmo com todos querendo roubá-la, GANHOU do Egito por 1x0 e está dentro da Copa.

ÁSIA e OCEANIA

Confirmando o favoritismo, a Nova Zelândia, ganhou do Bahrein e está em sua segunda Copa, a primeira desde 1982. Obs: o Bahrein voltou a morrer na praia: perdeu de Trinidad y Tobago na repesgagem de 2002...


Então, estão aqui os classificados (os em negrito são minhas apostas para cabeças-de-chave):

AMÉRICA DO SUL: Brasil, Chile, Paraguai, Argentina e Uruguai

EUROPA: Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Inglaterra, Holanda, Dinamarca, Suíça, Eslováquia, Eslovênia, Sérvia e Grécia

AMÉRICA CENTRAL E DO NORTE: Estados Unidos, México e Honduras

ÁFRICA: Camarões, Nigéria, Argélia, Costa do Marfim, Gana e África do Sul

ÁSIA: Coréia do Norte, Coréia do Sul, Austrália e Japão

OCEANIA: Nova Zelândia

Existe uma lógica nos sorteios: 1) cabeças-de-chave não se enfrentam na primeira fase (dãããã!); 2) salvo os times da Europa, seleções do mesmo continente não se enfrentam na primeira fase (o que signifca dizer que a África do Sul não enfrentará ainda os demais times da África). A tendência é que os times restantes da Europa se constituam um grupo no sorteio, os da África e da América Central e do Norte (ou os do Sul) em um segundo grupo e os da Ásia, Oceania e América do Sul (ou Central e do Norte) em um terceiro. Ou seja: por um lado podemos ter um grupo Brasil, Eslováquia (tenho quase certeza que eles sentirão o peso na estréia...), Coréia do Norte e Nova Zelândia; já por outro, podemos ter Brasil, Holanda, Costa do Marfim e Austrália. Mas isso veremos em dezembro. Logo após, farei a previsão dos grupos. Só lembrando que na última Copa eu disse que o "grupo da morte" Argentina, Holanda, Costa do Marfim e Sérvia era uma fraude, e que o verdadeiro era o da Itália. Ao menos isso eu acertei.... Vamos ver o resto.

domingo, novembro 08, 2009

"Ah, mas eu só estuprei ela porque ela estava com um decote bem safado"

Sério, o subdesenvolvimento não é fácil, é um trabalho de séculos. Vocês a essa altura sabem do rebu da "loira do vestido vermelho" da Uniban. Pois é, em vez de fazer o razoável, que seria pedir desculpas e fazer algum seminário sobre respeito à mulher, a Uniban resolveu expulsar a moça! Talvez pelo fato dela não ser preta nem lésbica, não teve nenhuma ong para defendê-la. Segue um ponto-a-ponto com o comunicado oficial deles:

"Responsabilidade educacional

A educação se faz com atitude e não complacência

Concordo. Vamos à palhaçada?

A Universidade Bandeirante – UNIBAN BRASIL – dirige-se ao público e, especialmente, à sua comunidade acadêmica para divulgar o resultado da sindicância no campus de São Bernardo do Campo sobre o episódio ocorrido no dia 22 de outubro, fartamente exibido na internet e divulgado pelos veículos de comunicação.

Quando vocês lerem esse comunicado, tenham em mente duas coisas: 1) Foram ALUNOS quem colocaram o vídeo na internet, não a "loira do vestido vermelho". Portanto, se ela se "promoveu" com o incidente, o pecado original não foi dela não senhor; 2) Os meios de comunicação só divulgaram a coisa toda porque tratou-se de um clássico caso de "homem mordendo rabo de cachorro". Ou seja, um caso de misoginia extrema explícita.

A sindicância consoante com o Regimento Interno nos termos do artigo 216, parágrafo 5, e do artigo 207, da Constituição Federal, colheu depoimentos de alunos e alunas, professores, funcionários e da estudante envolvida, além de analisar vídeos e imagens divulgadas.

Redação confusa. O art. 216 é o da Uniban, e o 207 é o da CF. Acredito que a ênfase dada aqui seja a da autonomia. Acho que eles deveriam também prestar mais atenção ao resto do teor do artigo, que fala também em "ensino, pesquisa e extensão". Universidades tabajara sempre ignoram esses dois últimos assuntos...

Os fatos:
Foi apurado que a aluna tem frequentado as dependências da unidade em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade, e, apesar de alertada, não modificou seu comportamento.

Como eu disse numa comunidade do orkut: 1) Defina-me "inadequados". O que pode ser inadequado pra mim não pode ser para a maioria das pessoas, e vice-versa. Em algumas famílias é normal as pessoas andarem peladas na casa, em outras não, e nem por isso a casa da primeira seja um antro de perversão; 2) Esse "apesar de alertada" eles vão ter que provar, seja por testemunhas (e vai ter que ser um monte, senão cai no '1'), ou por algum documento que comprove isso. Pessoalmente, duvido muito. Depois desse rebu todo alguma coisa já deveria ter aparecido.


A sindicância apurou que, no dia da ocorrência dos fatos, a aluna fez um percurso maior que o habitual aumentando sua exposição e ensejando, de forma, explícita, os apelos dos alunos que se manifestavam em relação à sua postura, chegando, inclusive, a posar para fotos.

Pera lá! Quer dizer que ela deveria ser punida por "ter feito um percurso maior que o habitual"!?. Virou crime isso agora? Vem cá: será que não era direito dela fazer isso não? E outra coisa: os depoimentos do acontecimento não dizem essa coisa de "posar para fotos".


Novamente, a aluna optou por um percurso maior ao se dirigir ao toalete, o que alimentou a curiosidade e o interesse de mais alunos e alunas, tendo início, então, uma aglomeração em frente ao local.

Pera lá! Quer dizer que ela deveria ser punida por "ter feito um percurso maior que o habitual"!?. Virou crime isso agora? Desculpe o "Ctrl+V", mas eles também repetiram o mesmo argumento imbecil.

Depoimentos de colegas indicam que, no interior do toalete feminino, a aluna se negou a complementar sua vestimenta para desfazer o clima que havia criado.
Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar.

De novo o argumento do "inadequado". Mas com um agravante: aqui eles dão a entender que a vestimenta dela estava incompleta. Não vi as reportagens (não vejo a Record, e faz muito tempo que não vejo Fantástico também), mas por tudo o que entendi a peça estava completa. Agora, se era para vestir outra peça que cobrisse a roupa dela, surpresa: se não fosse autoridade policial, ela tinha mesmo o direito de não usar outra roupa, sabia?

Também vou copiar o mesmo argumento de post no orkut sobre isso: Não sei se fui só eu, mas quando li o "chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar" e "reação coletiva de defesa do ambiente escolar", me fez associar àquela idéia de "você é diferente de nós, logo te odiamos". Adimirável mundo novo esse...


Em seu depoimento perante a comissão, a aluna demonstrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse, e estava acompanhada de dois advogados e uma estagiária vinculados a uma rede de televisão.

Outro "Ctrl+V": Bem, a Uniban é uma pessoa jurídica de direito privado, e tem o direito de barrar quem lhe der na veneta, mas... Ei, eles realmente reclamaram dela vir acompanhada de ADVOGADOS!? Não pode isso agora, é? Talvez ela tenha feito isso para evitar que acontecesse algo pior com ela... Algo como expulsarem ela da faculdade. Mas, ops!, isso aconteceu... :S

Decisão do Conselho Superior da Universidade:
Diante de todos os fatos apurados pela comissão de sindicância, o Conselho Superior, amparado pelo relatório apresentado e nos termos do Regimento Interno, decidiu, com base no Capítulo IV – Regime Disciplinar, artigos 215 e seguintes:


1 – Desligar a aluna Geisy Villa Nova Arruda do quadro discente da Instituição, em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade;

VOLTAMOS À ÉPOCA PRÉ-MINISSAIA! Tremei, Brasil! http://www.youtube.com/watch?v=JeqYn0Blwtc Uma malta de pessoas em estado de linchamento moral puro nada, né?

2 – Suspender das atividades acadêmicas, temporariamente, os alunos envolvidos devidamente identificados no incidente ocorrido no dia 22 de outubro.

Como duvido muito que alguém será "devidamente identificado", tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. Estamos testemunhando aqui um clássico caso de corda estourando para o lado mais fraco.

A UNIBAN reafirma o seu compromisso com a responsabilidade social e a promoção dos valores que regem uma instituição de ensino superior, expressando sua posição de apoio aos seus 60 mil alunos injustamente aviltados. Nesse sentido, cabe aqui registrar o estranhamento da UNIBAN diante do comportamento da mídia que, uma vez mais, perde a oportunidade de contribuir para um debate sério e equilibrado sobre temas fundamentais como ética, juventude e universidade.

"Promoção dos valores"? Menos alguns vários, mas principalmente dois: TOLERÂNCIA E CIVILIDADE. A Uniban acabou de jogar querosene nas eventuais feridas dos alunos aviltados, que, a partir do episódio (e da reação da Uniban), terão a reputação de viados, misóginos e animais. Para não falar de FALSOS MORALISTAS.

Ah, só para dizer que vivemos em tempos lulistas: ALUNOS da Uniban cometeram o ato de barbárie, ALUNOS da Uniban colocaram o vídeo no Youtube e, a culpa de tudo, como sempre, foi da... Imprensa!

E mais uma coisinha: juventude não é valor, é apenas um estágio da vida. Mas se bem que eles podem ter razão: esse tipo de atitude perante ao diferente é coisa de MOLEQUE mesmo.

Para tanto, convida seus alunos e alunas, professores, funcionários, a comunidade e a mídia para um ciclo de seminários sobre cidadania em data a ser oportunamente informada.

Onde você lê "em data a ser oportunamente informada", entenda-se: "vamos esperar essa coisa toda esfriar até que se esqueçam do ocorrido e também nós nos esqueçamos de qualquer medida compensatória".

Universidade Bandeirante – UNIBAN BRASIL

Dica para os paulistas, principais leitores desse horrível blog:

Se eu morasse em São Paulo e fosse empregador, depois dessa não empregaria alguém da Uniban nem para auxiliar de serviços gerais.

Se eu fosse estudante da Uniban, de outro campi, eu aproveitaria uma promoção de transferência de faculdades para qualquer outra e evitaria esse futuro estigma no mercado de trabalho. Ou então faria uma faculdade à distância. É mais barata que um curso convencional, o diploma tem o mesmo valor e só teria aula presencial uma vez por semana. E veria filmes como "A Lista de Schindler" e "O Pianista".

Se eu fosse estudante da Uniban de São Bernardo do Campo, recomendaria uma ida ao Bom Retiro ter uma conversa com algum judeu sobrevivente de campo de concentração para aprender até onde o ser humano pode chegar em termos de crueldade.

Se eu fosse estudante de turismo, mudaria urgentemente de área.

PS: Por que me preocupo tanto com uma garota que nem conheço (e nem faço questão de conhecer) e por um paiseco fudido como Honduras? Bem, sempre me lembro daquela frase do Martin Niemöller, pastor luterano alemão e prisioneiro nos campos de concentração de Sachsenhausen e Dachau:

"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."

sexta-feira, novembro 06, 2009

Honduras 18 - Em resposta ao 15, ainda NÃO é o fim

Pois é, o acordo, para variar, michou. Qual era o teor dele mesmo? Haveria um governo de união nacional, com representantes de ambos os lados, e o Zelaya, com poderes de rainha da Inglaterra, após recomendação da Suprema Corte hondurenha e votação no Congresso, voltaria a ser nominalmente até a posse do candidato eleito em janeiro. Seria, se o Zelaya não fosse um calhorda.

Antes do acordo ser selado, uma das celeumas entre o presidente interino e o ex-presidente foi se a restituição do Zelaya à presidência deveria ser chancelada pela Suprema Corte (posição defendida por Micheletti), ou pelo Congresso (Zelaya). O Micheletti acabou cedendo nisso e foi acertado que seria o Congresso. Porém, o Congresso decidiu que, antes de decidir qualquer coisa, a Suprema Corte deveria ser consultada. Claramente é um recurso postergatório, mas é válido, e não estava proibido no acordo. Obviamente o Zelaya não gostou nada e soltou os cachorros. Mas houve outra coisa também.


O ex-presidente de Honduras assinou o acordo que dizia claramente que o Congresso deveria aprovar a volta dele. Isso significa que o acordo previa a hipótese do Congresso NÃO aceitar a volta dele. Não acredito que isso estava em letras miúdas, mas se ele acordou nisso não teria do que reclamar não senhor. Mas ele reclamou, não com a OEA, não com a ONU, mas com quem realmente importa, os EUA, cobrando uma posição deles sobre a volta dele. A resposta? Polidamente foi essa: "O governo dos Estados Unidos reiterou nesta quarta-feira considerar que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya deveria ser restituído, mas deixou claro que a decisão cabe ao país e que aceitará o que for definido". Ou seja: abriu as portas para a saída do Zelaya de vez.

Assim, o Zelaya partiu para a legitimação política mesmo: rompeu o acordo e falou que não reconhecerá as eleições de novembro. Os dois candidatos de esquerda (obs: COM MENOS DE 10% DAS INTENÇÕES DE VOTO), seguindo o padrão Carlos Menem de integridade política, estão para renunciar as candidaturas; a maioria dos países da América Latina falou que não reconhecerá as eleições hondurenhas, e a imprensa nacional e internacional já comprou a versão do Zelaya e pôs a culpa no Micheletti.

Mas tem outra coisa que não sei se o Zelaya está considerando: ele pode ter considerado rompido o acordo, mas o outro lado não. O que significa? Bem com a Suprema Corte não recomendando a restituição do Zelaya e o Congresso não aprovando, os EUA (os que realmente importam) podem encontrar mais um motivo para reconhecer as eleições. E aí, para variar, não vai adiantar nada OEA, ONU, AL, imprensa... E o Zelaya nem rainha da Inglaterra não será.

terça-feira, novembro 03, 2009

Honduras 16 - Depois de um imbecil da UNICAMP, agora uma estrupícia da USP

Para ver o NÍVEL da coisa: como não tenho paciência pra pegar o número da assinatura da folha e acessar online, googlei o "digníssimo" artigo "Brasil, Honduras e a nossa política externa", da "gloriosa" Deisy Ventura, catedrática da USP (grandes merdas, diga-se). Encontrei. No site oficial da liderança do PT na Câmara dos Deputados. Enfim, vamos ao tolete - pela qualidade, não pelo tamanho. O artigo vai em itálico, eu irei em "normal"

A discussão volta agora ao seu eixo, qual seja, a solução efetiva do impasse, e não o que ocorre na embaixada brasileira em Tegucigalpa. O precário e tardio desfecho da crise política em Honduras suscita numerosas questões sobre o papel da comunidade internacional em casos de ruptura do Estado de Direito e, particularmente, sobre o inegável, mas mutante, protagonismo dos Estados Unidos na América Latina. Permite, ainda, corrigir o lastimável tom do debate local sobre a guarida ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa.

"A discursão volta ao seu eixo..." Hum, estou vendo uma tática DIVERSIONISTA aqui? Eu queria saber da dona 'Ace Ventura' (em homenagem à Sessão da Tarde de hoje) se, nem para influenciar positivamente na (provável) volta do Zelaya ao poder "o que ocorre na embaixada brasileira de Tegucigalpa" não foi importante... Mas não, NÃO morderei a isca. A dra. quer escamotear que o Brasil VIOLOU A SOBERANIA DE OUTRO PAÍS, infringindo os incisos III e IV do art. 4º de NOSSA CONSTITUIÇÃO, ao permitir que uma facção política de um país aproveitasse da posição de imunidade da embaixada para fazer proselitismo. Digo mais: se Honduras invadisse a embaixada do Brasil e tocasse o terror, considerando que nós os agredimos primeiro, não seria nenhum absurdo...

Desde 28 de junho, quando Zelaya foi deposto e expulso ilegalmente do país, o governo putschista de Roberto Micheletti, apesar da débil máscara de legalidade obtida com a ratificação a posteriori do golpe pela Corte Suprema e pelo Parlamento hondurenhos, sofre intensa pressão internacional: a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pedem a restituição do chefe de Estado, a Organização dos Estados Americanos (OEA) mantém um esforço constante de negociação e nenhum país reconheceu o governo "interino".

Não é a toa que o artigo está no site do PT. Nem vou discutir essa coisa do "ilegalmente" (porque sinceramente já estou de saco cheio), mas essa coisa do 'putschista'. O povo de RRII adora meter um termo estrangeiro onde não há necessidade. Quero ver o dia em que alguém de RRII utilizará o termo "schadenfreude" (algo como "alegria pelo sofrimento alheio")... Outra coisa: "débil máscara de legalidade" pela Corte Suprema e Parlamento!? Bom, eles é quem são os GUARDIÕES DA DEMOCRACIA HONDURENHA, NÃO? O resto é a lorota de sempre (quando condenarem as ditaduras africanas - mencionei outro dia que houve 3 'Putschs' [sic] na África esse ano e ninguém falou nada - e asiáticas poderei falar que ao menos a condenação "dava pra passar"). Adiante.

A reação mundial ao golpe torna econômica a crise política. Num orçamento público que depende em 20% da ajuda externa, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento interromperam os seus aportes, assim como os Estados Unidos e a Venezuela.

No entanto, os hondurenhos mostraram que têm culhões ('cojones', para o povo de RRII) e merecidamente mandaram todos que queriam a restituição incondicionada do Zelaya à merda, conseguindo impor uma desmoralização que há muito não se via na OEA. Para não falar do Chavez, Lula et caterva.


Com a brusca queda dos índices de investimento, é certeira a redução do PIB, que já é um dos mais modestos do continente. Enquanto digladiam-se os líderes políticos, aprofunda-se a desigualdade social, eis que a instabilidade atinge com maior vigor a parcela mais pobre da população.

Aqui nada a criticar. E acrescento: a Argentina no início do século XX era um dos países mais ricos do mundo. Imigrantes italianos iam de Nova York a Buenos Aires! Já o Brasil era um país ferrado. Os navios cargueiros internacionais passavam a evitar os portos daqui para que os tripulantes não corressem riscos de morrerem de febre amarela (a urbana) e peste bubônica. No entanto, o Brasil passou em muito a Argentina. Os motivos? Muitos, mas talvez um dos principais seja a estabilidade política. Enquanto que no século XX o Brasil teve apenas 2 rupturas institucionais, a Argentina teve uma pancada (com direito a sequestro e assassinato de ditador, o gal. Aramburu). Para que haja crescimento econômico antes de mais nada é preciso estabilidade política.

Contudo, a pressão econômica não impediu a persistência da crise por longos quatro meses.

A ausência de sanções automáticas de maior impacto na Carta Democrática Interamericana faz da OEA uma organização "sem dentes". O governo norte-americano, por sua vez, tardou a agir pela importância marginal de Honduras, porque ainda se encontra em transição e diante do apoio explícito de alguns parlamentares republicanos ao golpe de Micheletti, homem de confiança dos conservadores.

Pelo jeito que a Ace Ventura escreveu parece que o Micheletti está lá a mando de George W Bush... Bom, talvez os republicanos o tenham apoiado porque concordaram que ele estava defendendo a Constituição local, né?

A influência dos Estados Unidos está, aliás, na origem da crise.

Concordo. Com toda a coisa de Afeganistão e Iraque, a AL ficou para escanteio. Mas as pessoas têm que andar pelas suas próprias pernas também. Ficar nessa de assistencialismo vicia.

Por um lado, Zelaya perdeu o apoio de seu partido ao afastar-se do histórico alinhamento automático com os norte-americanos, em benefício da temida aproximação com o chavismo.

Se o chavismo deixou que um país rico como a Venezuela começasse a se preocupar em tomar um banho de 3min para não faltar água, o que não faria com Honduras

De outra parte, a Constituição hondurenha, elaborada em 1982 com o beneplácito do governo Reagan, expressa uma curiosa obsessão quanto à possibilidade de reforma, a ponto de punir com a "perda da qualidade de cidadão" todo aquele que "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do presidente da República" (artigo 42, 5), criminalizando de modo esdrúxulo uma eventual convicção política.

Ah, VAI SE LASCAR! 1) Reagan assumiu em 1980. O grosso das distensões das ditaduras latino-americanas começou com o Carter (e obs: a grande maioria das ditaduras latino-americanas começaram em governos democratas...). A única ditadura latino-americana que pode-se dizer que acabou por causa do Reagan foi a Argentina, quando ele rasgou o TIAR e deu apoio logístico à Inglaterra na Guerra das Malvinas. É a mesma coisa que dizer que foi o Bush pai quem acabou com o comunismo no Leste Europeu...;

2) a Ace Ventura está medindo a realidade hondurenha com uma régua brasileira. O que ela chama de "criminalizar de modo esdrúxulo" (obs: é engraçado que pregam tanto contra o etnocentrismo que quando falam uma merda dessas nem sentem...) foi a maneira que os hondurenhos encontraram para voltar à democracia. Conosco o que se deu foi a Lei da Anistia. Com o Uruguai, idem (obs: houve um referendo no Uruguai junto com o primeiro turno das eleições onde se propôs a revogação da lei da anistia local. O "não" ganhou...). Com a Espanha, houve a recondução da hierarquia.

Eu gostaria que a sra. Ventura me explicasse uma coisa: com tanta coisa no mundo para se ocupar na época (União Soviética, conflitos no Oriente Médio, Afeganistão, guerras civis na própria América Central, crise econômica interna), o Reagan iria se preocupar com um mísero maldito artigo de uma consituição hondurenha que criminizaria a reeleição!? Justo o Reagan, um dos presidentes mais populares dos EUA, que poderia ser reeleito trocentas vezes como o Franklin Roosevelt? Ah, vá te catar!


Por conseguinte, o cerne do chamado Acordo de Guaymures, firmado pelos contendores em 29 de outubro último, é a renúncia, por Zelaya, a qualquer proposta de reforma constitucional em troca de seu retorno litúrgico ao poder até o mês de janeiro.

Parágrafo factual. Pula.

Embora dependa de um parecer da Corte Suprema e de aprovação no Parlamento, ambos francamente hostis ao presidente deposto, o sucesso do pacto é provável, na medida em que está em jogo o reconhecimento pela comunidade internacional do resultado das eleições presidenciais de 29 de novembro.

No que também concordo. Zelaya fica como Rainha da Inglaterra até janeiro, com uma espada de Dâmocles na cabeça caso tente fazer algo.

Independentemente do seu cumprimento, o Acordo de Guaymures reconduz a discussão ao seu eixo, qual seja, a solução efetiva do impasse, e não o que ocorre na embaixada brasileira em Tegucigalpa.

De novo a tática diversionista. Sra. Ace Ventura: PARA QUEM A SENHORA DEU QUANDO PASSOU NO EXAME DE CÁTEDRA NA USP?

Árvore que esconde a floresta, o falso debate grassou nos meios de comunicação brasileiros e chegou até o Tribunal Internacional de Justiça, sediado em Haia, por meio de uma natimorta demanda contra o Brasil interposta pelo governo golpista (portanto, desprovido de legitimidade para demandar).

Taí a real motivação da Ace Ventura. E de um RETARDAMENTO ATROZ. AINDA QUE O GOVERNO REALMENTE FOSSE 'GOLPISTA' E ILEGÍTIMO, O BRASIL NÃO TERIA O DIREITO DE ACOLHER UM CIDADÃO LOCAL QUE UTILIZASSE DAS INSTALAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO PARA FAZER PROSELITISMO POLÍTICO. Só não fico com pena dos alunos dessa mulher porque a "marca USP" irá garantir uma vaguinha em organismos internacionais/ongs para eles.

Ora, ao retornar a Honduras, Zelaya evitou a morte política, mas arriscou a própria vida. Porém, para além da questão humanitária, garantir sua incômoda presença gerou as condições para que não voltássemos a falar de Honduras apenas nas eleições de novembro, assimilando, por omissão, mais um golpe de Estado em nosso continente.

Já sei porque ela está fazendo isso: para puxar o saco do Itamaraty e mamar nas tetas dele, só pode. Haja ignorânicia!

O custo com o qual arca o Brasil ao acolher Zelaya nada mais é do que a rara coerência entre o discurso das cláusulas democráticas e a sua política externa, além do ônus natural de uma liderança emergente.

Cito apenas a Constituição, naqueles incisos de que falei:

"Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

(...)

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;"

Estou vendo que direito internacional não é o forte das RRII na USP...

Como tal liderança será doravante exercida e quem participa da elaboração da política externa brasileira, este, sim, é o bom debate que estamos por travar.

DEISY VENTURA , 42, doutora em direito internacional da Universidade de Paris 1, é professora do Instituto de Relações Internacionais da USP.

E já sei quem eu NÃO chamaria a uma mesa redonda. Prefiro lidar diretamente com alguém do Itamaraty a uma puxa-saco vaca leiteira como essa asinha aí.



Um pouco de didatismo

Leiam a notícia, com o lead abaixo:

Alunos de escola pública são obrigados a varrer sala de aula, dizem pais

Secretaria da Educação de SP vai apurar denúncia feita por estudantes.
Diretora se defende, diz que limpeza não é obrigatória.



Bom. Estive na China em 2002, em uma viagem acadêmica. Reunimos com chineses estudantes de letras-português. No fim da conversa, TODOS os alunos chineses ARRUMARAM A SALA! Você deve pensar: "ah, mas isso é coisa de regime autoritário!", e eu respondo "não". É comum nos jogos da Coréia do Sul (democracia) os torcedores LIMPAREM A BAGUNÇA que fizeram após o estado. Deus do céu: um ótimo exemplo de como zelar pelo bem público está sendo sumariamente criticado! Claro que não é pra forçar as pessoas que não têm condições de participar disso, mas não acho que o ato da diretora deva ser condenado não.

PS1: essa coisa de deixar a bandeja do McDonald's pro atendente da lanchonete pegar porque "eu não sou empregado do McDonald's" é resquício de escravidão. Na gringa o normal é levar a bandeja.

PS2: me lembrei de outra história, na Eslovênia. Saí pra noite em Ljubljiana, com locais, e voltamos para o alojamento estudantil onde eu estava, às 1h30 da manhã. Em determinado momento, o sinal fechou e as eslovenas com quem eu estava esperaram ele abrir pra atravessar a rua. Vou repetir: ELAS ESPERARAM O SINAL DOS PEDESTRES ABRIR PARA PODER ATRAVESSAR A RUA! ÀS 1H30 DA MANHÃ!!! E A RUA ESTAVA DESERTA!!! A Eslovênia não foi o primeiro país do Leste Europeu a aderir ao euro a toa...

Tem banha de côco nessa banha de porco!*

Coluna Glamurama, da Joyce Pascowitch, de 26/10

"Nelson Rodrigues

Um dos convidados mais importantes e famosos da festa que o estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, deu na piscina do hotel Fasano, no Rio, nesse domingo, acabou estrelando uma cena que deixou todos os convidados constrangidos.

* Visivelmente alterado, ele deu um tapa na moça que o acompanhava - namorada dele há algum tempo. Ela caiu no chão, levantou e revidou a agressão. A plateia era grande e alguns chegaram a separar o casal para apartar a briga. O clima, claro, ficou muito pesado".


Blog do Juca Kfouri, 02/11

"Covardia de Aécio Neves

Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, que luta para ter o jogo inaugural da Copa do Mundo de 2014, em Belo Horizonte, deu um empurrão e um tapa em sua acompanhante no domingo passado, numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio.

Depois do incidente, segundo diversas testemunhas, cada um foi para um lado, diante do constrangimento geral.

A imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos.

Nota: Às 15h18, o blog recebeu nota da assessoria de imprensa do governo mineiro desmentindo a informação e a considerando caluniosa.

O blog a mantém inalterada.""



* Há uma perene questão em Minas Gerais sobre se a banha de côco é melhor que a banha de porco.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Honduras 16 - Mais ou menos... (ver post abaixo)

Deixa eu ver se entendi: os dois fizeram um pacto, dedicando ao Congresso a palavra final sobre a volta do Zelaya; mas se o Congresso não aceitar (repito: é difícil disso acontecer) o Zelaya não reconhecerá o acordo!? Então desculpe, mas O ACORDO NÃO ACONTECEU.

Mais uma vez digo, essa coisa toda é muito reveladora da qualidade da imprensa internacional e local. Pessoas com a capacidade de dizer que o Micheletti é tão ou mais ruim que o Zelaya. Vem cá, quem é que fica indo e vindo toda hora? Quem é que fica semeando a discórdia toda hora?

E só para relembrar, não se enganando com o que a imprensa diz:

- A OEA PERDEU a parada. Condenou o 'golpe', suspendeu Honduras da organização e a situação não mudou;

- A ONU PERDEU a parada. Condenou o 'golpe' (engraçado que para isso foram rápidos, já para agir em relação a Darfur e aos TRÊS GOLPES DE ESTADO QUE ACONTECERAM NA ÁFRICA - Mauritânia, Madagascar e Guiné - alguém ouviu falar a respeito? Talvez porque o presidente da Assembléia Geral -não confundir com o Secretário Geral, o coreano Po-Ke Món- seja nicaraguense sandinista...), sabotou o futuro reconhecimento das eleições hondurenhas e nada mudou;

- A Venezuela et caterva PERDERAM a parada. Foram os mais estridentes contra a deposição do Zelaya, o apoiaram logisticamente o tempo todo e NADA mudou.

- O Brasil (apesar de estar entre os et caterva quero destacar em especial) PERDEU a parada, quando não reconheceu a legitimidade do outro lado ao menos para negociar (quem se lembra do Lula falando "eu não negocio com golpistas"), quando fez uma das maiores cagadas da história de sua diplomacia quando INTERFERIU na política interna hondurenha e... NADA MUDOU.

- O Zelaya PERDEU a parada. O objetivo dele era mudar a Constituição, certo? Não vai mais poder mudar, certo? Então perdeu. Voltará à Presidência com os mesmos poderes da Rainha da Inglaterra (notadamente, sem o comando do Exército) e terá muito pouco tempo para fazer qualquer besteira.

E o Oscar Airas entra na disputa para ser o maior costariquenho da história, junto com José Figueres Ferrer e Juan Santamaría (se vocês não sabem quem são, deem uma olhadinha na Wikipedia.