quarta-feira, abril 25, 2007

Sobre o acontecido no RIR 3

A História inclui em si um conflito de versões. Por exemplo, a Guerra do Paraguai. Quando era criança, eu aprendi a versão oficialista do Exército, que dizia que o Paraguai começou e apenas nos defendemos, sob o comando glorioso do Duque de Caxias. Na adolescência, aprendi que foi a Inglaterra quem incitou a guerra contra o Paraguai para evitar que este virasse uma potência econômica que pudesse competir com aquela, e que o Brasil promoveu um genocídio pelo qual deveria se envergonhar por vinte gerações. Já na universidade, aprendi que a Inglaterra não teve nenhuma culpa no cartório, que o Paraguai era uma ditadura semi-totalitária, que o Brasil não queria a guerra e que, se trucidamos os paraguaios, foi porque eles se recusaram a se render (feito Hitler em 45).

Mas esse post não é tão grandioso (ao menos dessa vez),
e vou apenas falar sobre o episódio mais marcante do Rock in Rio 3: a chuva de garrafas no Carlinhos Brown. Os filoemepebistas dizem que o que aconteceu foi um exemplo típico da juventude macaqueadora que só quer saber do que vem de fora. Já os roqueiros falamos que isso aconteceu porque a organização do RIR3 fez cagada na hora de escalar as bandas. A primeira versão é completamente estúpida, já a segunda não é totalmente verdadeira. Eu estava lá e vou explicar direito o motivo.

Janeiro de 2001, no Rio de Janeiro - O segundo dia do festival, o primeiro em que eu fui, foi tranquilo: eu levei a minha garrafa de água de 2l na mochila (estava fazendo um calor do cacete, obviamente) e entrei na Cidade do Rock, sem maiores problemas, no comecinho da tarde. Dividi a minha água até que ela acabou. Daí fui tentar beber cerveja. "500ml a R$3! Oba!", pensei. Mas a cerveja era Schincariol! E estava quente! Mal aguentei beber o copo... Depois fui comprar uma água. R$ 2 - ou era R$4? Minha memória tá falhando - 250ml (aquela garrafa pichulinha). Também da Schincariol. Achei um absurdo, já que em qualquer mercado você consegue comprar 2l por menos de R$1,50. Mas a sede bateu mais alto e comprei, pensando na lei de Murphy ("os melhores festivais são patrocinados pelas piores cervejas"). Voltei pra Copacabana.

No dia seguinte, já ressabiado com os preços absurdos dentro da Cidade do Rock, fui comprar uma garrafa de 2l. Seria o dia do Guns (e tb o do Carlinhos Brown...). Cheguei tranquilamente na revista, até que um dos seguranças, negro*, chegou falando:

-Joga a água fora!

-O quê!?

-A água! Joga a água fora!

-Mas eu entrei com água ontem e ninguém falou nada...

-Mas não pode entrar com água! Joga a garrafa fora!

-Mas eu não há nada no ingresso que fale que não pode entrar com água...

-Mas não pode! Joga a água fora!

Eu tentei dar uma forçada na entrada, ele impediu com o corpo e falou "Com água não entra!". Daí saí puto pensando no que fazer, até que tive uma idéia: a entrada na Cidade do Rock estava sendo feita no esquema "estouro de boiada": os organizadores das filas liberavam umas 50 pessoas pro baculejo, davam um tempo pra que os seguranças fizessem a revista e depois liberavam mais umas 50. Vendo isso, eu resolvi dar um tempo até que liberassem a outra boiada, escolher outro segurança pra fazer a minha revista e ser o primeiro, para que o segurança tivesse um pouco de pressa na hora de ver o que eu tinha na mochila e não fizesse a revista direito. Se acontecesse isso de novo, aí eu teria que abdicar da minha água tão preciosa. Aconteceu isso e fui pro outro segurança, branco*. Quando me preparei pra mostrar a minha mochila, ele falou:

-Tu tá com arma aí?

-Hã!?

-Arma! Tu tá com um revolver aí dentro?

-Não!

-Então pode entrar! Vai! Vai!

E entrei, jurando ódio e boicote eterno à Schincariol (só uma vez tomei água dela desavisadamente -era de graça- e só tomei Nova Schin em duas ocasiões em Florianópolis no ano passado, mas o boicote continua - se bem que comprei umas cervejas Baden Baden, que a Schin comprou, pra experimentar... :$). Depois saberia que foi o filho da puta do Medina resolveu tomar essa medida e, após protestos, resolveu permitir a entrada de 250ml de água. Que bom que o irmão dele, que era deputado decano, não foi reeleito em 2002. Praga minha pega...

Mas voltemos ao Carlinhos Brown. Como visto acima, a partir daquele dia passou a vigorar uma proibição da entrada de água. Estava um típico dia de verão no Rio, um calor acima dos 35°. Chegou então a hora do show do CB... A platéia estava entre a indiferença a um show que não a agradava (festival tem disso, muitos shows horríveis para ver um show bom) e alguns mais extremados tacando coisa no palco. Isso sempre há em festivais, e estava num nível tolerável, até que...

...O CB manda que o bombeiro que estava jogando água com mangueira na platéia parar com aquilo porque "estava dispersando o público dele". Aí fudeu. O povo que estava até então apático (menos eu, bovino que sou, que fiquei apenas sentado de costas pro palco boicotando o show) ficou furioso e o resultado todos já conhecem. Na verdade, o que aconteceu é que a proibição da água deixou o humor de todos ali mais carregado, e essa cagada do CB foi o catalizador de tudo. O CB foi o primeiro mártir dos conflitos por água que ainda virão nesse século. Bem-feito.

*O problema da situação não foi pelo segurança ser negro, mas sim por ele ser minoria étnica, e nessas horas o oprimido resolve ir à forra. É coisa de psicologia social isso, procurem por um tal de Philip Zimbardo. Com o branco não houve problema porque não ele não carregava consigo essa discriminação. Se vocês acham que estou sendo mal e racista, então da próxima vez que entrarem nos EUA vejam se uma mulher ou um negro (ou um latino, ou qualquer minoria étnica/grupo discriminado na sociedade) está na alfândega, e se preparem para um rigor maior que a média.

Clássicos do laconismo

A professora mandou que todos fizessem uma redação que tivesse os temas realeza, religião e sexo. Dois minutos depois, Joãozinho levanta-se, entrega a redação pra professora e vai embora da classe. Ela pensa em anular a redação dele, mas lê e acha um primor de síntese:
"E a rainha disse:
- Oh, meu Deus, que bom!"

segunda-feira, abril 23, 2007

Os meses em que meu mundo caiu (3)

Onde que eu parei mesmo? Ah, na segunda posterior ao sinistro. Continuemos.

Na quarta eu fui no centro espírita. Minha família é espírita convicta, e eu até aquela quarta também era. Estava na terapia de desobsessão, e calhou de que naquela semana seria uma nova etapa na terapia, em uma nova sala, com novos médiuns, etc. Engraçado, até a quarta anterior eu estava evoluindo... Enfim, eu estava lá, completamente desolado, arrasado na alma, precisando de algum gesto que simbolizasse algo como "Lobo, você está mal, mas pode confiar na religião, ela se faz presente nessas horas de dificuldade mesmo, e vai te ajudar a superar isso!". Fosse assim tão fácil... Não me lembro se chegamos atrasados no culto (acho que sim), mas meu nome era o quinto na lista dos que iriam pra desobsessão.

(Pra quem é de fora funciona da seguinte maneira: vc vai pra uma sala onde só há médiuns. Uma pessoa fala pra eles quem você é, onde mora e os médiuns dão detalhes espirituais sobre vc e sobre os 'irmãozinhos', espíritos que não vão com a tua cara por besteiras q vc fez na sua encarnação passada. Daí os médiuns incorporam um ou dois espíritos mais exaltados, os outros (mais a 'tropa' dos espíritos bons, os protetores) fazem um trabalho para que aqueles lhe deixem em paz. Grossamente falando é tipo uma cerimônia de encosto, mas sem demônios e sem que você incorpore).

Estava muito mal, e acreditava na conversa deles de que "os médiuns sentem quando uma pessoa está precisando de ajuda urgente", mas civilizado que sou, esperei pacientemente os que estavam na minha frente irem primeiro pra sala. Nisso, depois de eu ter chegado, aparece uma grávida pra sessão tb. Ok. Espero os 5 sairem. Chega a minha vez, mas quem chamam? A grávida! Aí perdi a minha civilidade e fui embora do recinto pro estacionamento do centro espírita. Minha mãe foi desesperada atrás de mim, depois até apareceu o chefe da sessão lá pedindo pra eu voltar. E eu voltei, mas a minha confiança já tinha sido quebrada. Nunca mais consegui acreditar no espiritismo...

Resolvi viajar pra dar um tempo. No feriadão de Corpus Christi, eu fui pra Pains-MG (perto de Formiga e de Arcos, local do não tão famoso Massacre de Arcos) pro glorioso Carnapains, com meu primo, Gustavo. Teve o primeiro dia e foi razoavelmente legal. Infelizmente, não teve o segundo dia. Meu avô, que tinha sofrido uma queda uma semana antes, falecera no hospital em Lavras-MG. Daí fomos eu e meu primo pro enterro (quem deu carona pra gente foi outro primo do Gustavo, o Rodrigo - hoje eles são inimigos, por questões $$$ seríssimas). Desde o século passado eu não ia pra Lavras, por causa de um pequeno trauma na volta em 1999 - no ônibus direto Lavras-Brasília, teve um moleque filho da puta que ficou chorando A VIAGEM INTEIRA!!! Por isso hoje quando vou pra lá faço o Brasília-BH-Lavras, que pode ser mais demorado, mas não tem moleque chorando. Eu até não estava tão mal pela morte dele, mas quando eu vi a minha avó, miudinha, com os olhos vermelhos de tanto chorar eu não aguentei. Pro enterro vieram meus tios (de Brasília e de Porangatu, na pqp do Goiás), meus pais, minha irmã e a irmã do Gustavo, a Cláudia. Foi foda. Só meu pai, a.k.a o homem sem lágrimas, não chorou. Isso em junho.

Com o sinistro em maio, eu perdi o ânimo pra continuar investindo na Michelle. Nesse período, ela conseguiu um patrocínio (tava superendividada na época da formatura) da Brasil Telecom pra fazer uma turnê na região norte. E chegou 2 de julho, o aniversário dela. Nesse dia, me enchi de coragem pra ligar pra ela desejando os parabéns. Liguei, ela ficou feliz e tal. Até que resolvi perguntar quais eram os planos pro dia... Ela respondeu "ah, vou comemorar com o MEU NAMORADO...". Aquilo terminou de me destruir. Sem contar que acabou qualquer possibilidade de reabilitação com o Daniel, porque se ele e a Camila não tivessem feito a merda eu teria sumido pra ela entre maio e julho. Por causa disso, também perdi o ânimo pra fazer a MINHA festa no dia 21. E decidi que haveria só um almoço com a família...

Mas não, ainda não terminei. Sempre no aniversário almoço no restaurante chinês (aqui em casa todos menos eu têm problemas estomacais, e não são de temperos picantes e comidas fortes), mas eu queria comer mesmo um hadoque defumado ao molho de alcaparras, no restaurante alemão que havia aqui perto. Como é um prato complicado, tem que pedir pra fazer um pouco antes de ir pra lá. Quando a minha mãe ligou, a surpresa: eles não faziam mais hadoque (o restaurante estava decadente e acabou falindo depois)! Aí outro faniquito da minha parte: fui embora de casa pra debaixo de um viaduto também aqui perto. Fiquei uma meia hora sem atender o celular, e quando atendi falei: "ou vai ser hadoque ou nem almoço em família vai ter!". Acabamos indo pro Fritz, um restaurante austríaco que tem aqui em Brasília, e que tinha hadoque (até comi um pouco de foir gras por engano :S). De noite, dou uma saída pra comemorar sozinho no Kranga's (trailer muito bom de hamburguer aqui na quadra), e quando volto, uma festinha surpresa! Minha mãe chamou alguns de meus amigos sem eu saber. Chamou o Matheus, a Fabiana, o Victor e a Maira e a Tatiana mais o marido. Até a segunda viagem pra Rússia, em dezembro de 2003, o inferno astral daria um tempo

A Tatiana foi uma colega minha do mestrado. Foi a mulher mais inteligente que já conheci. Infelizmente faleceu de câncer no ano passado. Era budista agnóstica. Espero que tenha alcançado o Nirvana. Se existem céu e inferno, espero que ela esteje no céu, porque se Deus botar ela no inferno só porque ela não acreditava nele então quando morrer quero ir pro inferno, pois o céu não valerá a pena.

quarta-feira, abril 18, 2007

Eu, na muda de pele? Nem tanto

Antes do último post sobre os meses em que minha vida for pro buraco (a história não acabou), vou falar sobre algo que acontece comigo. Desde que saí da universidade, e desde a minha mochilagem no Centro-Leste europeu em 2005, eu tenho olhado (muito) criticamente para as coisas em que eu acreditava e que eu fazia lá. Não tem sobrado muita coisa em pé, admito.

Nessa crise de identidade, eu estou passando a flertar com o outro lado do canto ideológico, pro que é conhecido como "direita". Não que eu tenha sido um petista-marxista fanático na UnB, porque não fui (sou brasileiríssimo quanto à questão do "homem cordial", aquele para quem as amizades - e inimizades, principalmente - pessoais estão acima das afinidades e/ou antipatias ideológicas), mas durante toda a vida fui um esquerdista. Votei no Ciro em 98, no Lula em 02 (e nadei na piscina do Congresso na posse dele), anulei no ano passado e vou passar a anular sempre. Mas eu tinha sim simpatias pelo PT, por ele ser a principal força anti-Roriz daqui (sou um homem "cordial", volto a insistir...).

Mas voltemos ao flerte. Vou confessar que estou sempre lendo os artigos do Olavo de Carvalho, o que é tido como extrema-direita. Discordo de quase tudo que ele diz (sou pró-aborto, tolerante ao casamento gay, à eutanásia, duvido dessa história do "governo mundial pela ONU" - e que mesmo, se eu estiver enganado, não vai mudar grande coisa na vida do homem comum, vide o Guerra nas Estrelas 3 - que a teoria da evolução pode ter sido criada por racistas eugenistas, mas ainda sim é a que menos foge da realidade, etc.), mas estou repensando seriamente outros conceitos dele, como o da imprensa ser dominada por esquerdistas (ele diz "comunistas", mas acho há nuances), que os conservadores no Brasil são muitos mas quase não têm voz e daquela coisa do intelectual gramsciano estar infiltrado no estado. Também estou lendo o Nelson Ascher, que escreve na Folha às segundas (escreveu um artigo muito bom anteontem, sobre as relações entre a Sérvia e a Croácia), o João Pereira Coutinho, português que escreve também na Folha, mas às quartas-feiras e o Reinaldo Azevedo, articulista da Veja e blogueiro de longa data.

Daí estou me perguntando: "será que estou virando de 'direita'? Que estou seguindo a tendência natural da vida, de ser revolucionário na juventude e conservador na velhice?". Hoje, por dois motivos, eu descobri que não (ou que 'ainda não', só o tempo dirá. Primeiro por causa de um artigo do Coutinho, que vai nesse post. Depois por causa de um post do Reinaldo, que vai no posterior. Coutinho falou sobre o imbroglio dos soldados ingleses capturados pelo Irã, e que por tudo o acontecido chegou à conclusão de que a Civilização Ocidental perdeu a batalha porque fraquejou contra o Oriente. Vamos ao artigo, em itálico, com minhas respostas depois

Dez dias que mudaram o mundo

Noções de honra, coragem ou mero profissionalismo deixaram de fazer sentido para o Exército britânico


A HISTÓRIA não avança com grandes solavancos. Melhor prestar atenção aos pequenos. São pormenores, ridículos pormenores que o tempo acaba por registrar e consagrar para memória futura. Aconteceu recentemente, quando 15 marinheiros britânicos foram capturados e libertados pelo Irã. Alguém notou nos dez dias que mudaram o mundo?
Eu notei. Comecei por notar a forma como os soldados foram capturados em teatro de guerra. Tempos houve em que a Royal Navy era conhecida por sua ferocidade em combate. A grande diferença, dessa vez, é que ninguém disparou um tiro perante a presença inimiga. A culpa não é inteiramente dos britânicos. De acordo com as regras de combate que as Nações Unidas exigem dos homens ao seu serviço e que a Royal Navy parece aceitar pacificamente, não é possível disparar primeiro sem o inimigo disparar primeiro. Uma situação de impasse que acaba por paralisar os soldados e que é uma vantagem para seus inimigos.

Lição nº 1: é possível capturar tropas ocidentais sem luta porque elas estão proibidas de lutar.
Acredito na ferocidade dos ingleses. É só ver como eles jogam futebol. É só ver como deram 7 tiros num brasileiro por engano e estão tratando isso como questão sanitária. Mas a minha crítica não é essa. O Sr. Coutinho não pensou na hipótese dos fuzileiros britânicos terem sido pegos de surpresa, afinal, estavam em águas iraquianas e o normal seria não acontecer nada. Se estivesse naquela situação do "se você vier eu vou atirar!" lógico que os ingless atirariam. Tendo apenas o Golfo Pérsico como testemunha eles poderiam muito bem mentir falando que os iranianos é que começaram. Mas posso estar enganado, e o Sr. Coutinho, que acompanha os periódicos ingleses deve estar mais inteirado na situação do que eu. Por isso continuemos.

Mas o circo continuou com os marinheiros em cativeiro. Tempos houve em que os britânicos eram conhecidos por sua resistência perante o interrogatório. Confrontados com as perguntas do inimigo, os soldados de Sua Majestade limitavam-se ao conhecido "name, rank and number". E calavam a boca. Em dez dias, os marinheiros não apenas disseram o nome, a patente e o número como se multiplicaram em confissões, estados de alma e denúncias do "imperialismo ocidental" para consumo interno e externo.

Lição nº 2: depois de capturadas, as tropas ocidentais colaboram sem limites com os seus captores.
Bom, os portugueses, assim como os norte-americanos, têm uma profunda admiração pelos ingleses. Me lembro que quando pegaram aqueles portugueses que mataram outros 6 em Fortaleza, o mandante choramingou algo como "Isso vai aparecer nos jornais de Lisboa, isso vai aparecer nos jornais de Londres... Ai de mim!". Na época pré-Euro, se bem me lembro, os noticiários da RTP mostravam sempre a cotação do dólar e da libra esterlina. Mas voltando ao assunto, o que o Sr. Coutinho viu como sinal de fraqueza dos ingleses, eu vi como uma das maiores mostras do senso de humor inglês, e conseqüentemente de sua força. Em vez de serem torturados até confessarem que estavam em águas 'iranianas', eles resolveram aceitar, mas fizeram isso de uma forma tal para que a situação se tornasse ridícula. Os soldados foram é espertos, isso sim!

Finalmente, o regresso a casa. Tempos houve em que os soldados britânicos relatavam as suas experiências de guerra quando essas experiências eram motivo de orgulho. Winston Churchill, nos clássicos "The Malakand Field Force" e "The River War", deliciou as platéias com relatos de bravura militar na Índia e no Sudão. Cem anos depois das campanhas de Churchill, o Ministério da Defesa começou por autorizar que os 15 marinheiros vendessem as suas histórias aos jornais e à TV, independentemente dessas histórias serem manchadas pela desonra e pela covardia. E dois dos marinheiros, antes do Ministério mudar de idéia, não hesitaram em fazer da rendição um negócio e uma virtude.

Lição nº 3: noções de honra, coragem ou mero profissionalismo deixaram de fazer sentido para o Exército britânico.

Noves fora essa questão do sensacionalismo inglês, que eu também sou antipático, e da desonra (em termos militares), discordo da covardia pelo que disse acima.

Moral da história? Não é uma originalidade afirmar que o episódio foi uma humilhação e uma derrota para a Grã-Bretanha. Como foi uma humilhação e uma derrota para a União Européia (incapaz de pressionar economicamente o regime iraniano, com quem mantém relações comerciais importantes) e para as Nações Unidas (incapazes de deplorar o ato). Mas o episódio revelou mais: revelou que os homens que defendem o Ocidente são desprovidos dos mais basilares sentimentos de coragem, honra ou lealdade. A queda de Roma começou assim.

Em termos de honra militar foi sim uma derrota pra Inglaterra. A UE tem o problema de ser uma nulidade militar (salvo a Inglaterra e a França). Agora, a ONU condenou o ato sim. E para esta, não foi uma derrota, já que ela nem chegou a interferir. Outra coisa, o principal derrotado foi o Irã, que perdeu algum nasgo de simpatia que alguns ocidentais poderiam ter para com ele - o mundo árabe provavelmente deve ter comemorado, mas isso não irá mudar o futuro do Irã. Ah, e uma questão prática: a queda de Roma começou com a invasão de território romano pelos bárbaros. Nesse caso, o Irã pode até ter invadido área sob jurisdição ocidental, mas não manteve...

sábado, abril 14, 2007

Os meses em que meu mundo caiu (2)

Voltando de onde parei. Em setembro (?) de 2002 a Camila voltou de viagem. Eu resolvi recepcioná-la quando ela chegou no aeroporto aqui em Brasília, e dar pra ela o cd dos Paralamas da volta por cima do Hebert Vianna (acho o disco maravilhoso). Mas Pedro também estava lá, junto com a família dela. Segui aquele preceito grego clássico: "veja o tigre antes do tigre ver você", e consegui a proeza de ninguém me ver. Depois fui pra uma quadra e quebrei o cd ao meio. Nos cumprimentaríamos na UnB na semana seguinte. Saimos juntos pra ver Cidade de Deus, depois da formatura eu levei ela pra uma creparia pra comemorar o aniversário da minha irmã, etc.

Foi na época da minha formatura da graduação, e eu já tava no mestrado. Mas vou falar um pouco de minha colação. Já conseguia trocar algumas idéias com a Michelle na época - e ela sabia que eu tava afim dela por causa de uma amiga em comum que tínhamos, a Fabiana (que continua minha amiga até hoje), que falou. Chegou no dia da colação, eu armei tudo pra dar um convite do baile pra ela, já que ela era meio desligada do povo de ciência política (ela fez artes cênicas também, e essa é a principal área dela - já vi uma peça dela, e ela é uma boa atriz). Consegui. Eu dei também um ingresso pra Camila e tal, mas obviamente estava mais preocupado com a Michelle.

No baile, a Camila estava muito bonita, e num determinado momento o Daniel chega pra mim: "Lobo [eu], a Camila tá muito gata, não tô me aguentando..." E eu falei: "Hum... Pode ir então". Ele foi, mas não rolou nada. Mas tem outra coisa, ele estava ficando com outra garota no baile. Quanto a mim, não fiquei com a Michelle (por pura carência de approach - mas cheguei muuuuuuuito perto, qualquer outro no meu lugar ficaria com ela). Começamos a nos falar mais, eu levei ela pro cinema da Academia (todo artista tem um quê de Pseudo-Intelectual Metido a Besta - PIMBA - não tem jeito...), fui a uma peça dela como disse acima e tal. Enfim, estava meio receoso de partir pro beijo - era muito receoso, hoje graças a Deus sou muito menos (mas ainda sim sou um pouquinho). Mas também eu estava insistindo com a Camila.

Chega 2003, o pior ano de minha vida. No primeiro semestre, eu sempre tentava me enturmar com a Camila. Seja levando ela pro ChuRel, churrasco do povo de relações internacionais (que eu acho um povo bem xarope, prepotente e metidos a besta a bem da verdade - sem falar na homofilia que grassa ali), show dos Paralamas, etc. Salvo nesse show, eu sempre a levava de carro, apesar dela ter o Clio dela (francófila filha da ****). Ia da minha casa, da 215 até a 409 norte, levava ela pro lugar, deixava ela na república onde ela morava e voltava pra casa (ao todo isso devia dar uns 30km). Umas duas vezes ela ligou cancelando o encontro. Uma dessas vezes foi quando eu já estava no meio do caminho. Tá, como um bom bovino que sou eu aceitei. Até que chegou o dia D.

Era aniversário do Daniel, em algum dia de maio que não me interessa lembrar agora, e os amigos dele resolvemos fazer uma festa-surpresa na casa dele. E falei isso com a Camila. Lá fui eu dar carona pra ela - mas nesse caso a república dela ficava no caminho - e o Matheus, que é meu ex-amigo pegador (continua pegando - e em parte foi por isso que terminei a amizade com ele), resolveu falar com algumas garotas para quem eu tava dando aula como parte de matéria do mestrado, mais umas amigas, mais umas gostosas de pol pra festa. Ele chegou em casa, parabéns-pra-você e coisa e tal. Em um determinado momento eu vejo que o Matheus tava ficando com a minha aluna, que era gata. Fiquei mal com aquilo, mas já senti isso tantas vezes que já me acostumei.

(Interlúdio: As mulheres que lêem isso aqui fiquem sabendo que nós os homens que somos ruins pra pegar mulher nos sentimos inferiorizados como machos nessas horas, porque isso fere com nossa virilidade, é impotência mesmo - é como eu chegar pra alguma de vocês e falar: "Você é gorda!", ou então falar isso na frente de suas amigas: "Porra, eu tento de todas maneiras agradar você, mas você é mais fria que um cadáver na cama!").

Eu me retraí um pouco, mas como tava cheio de amigos meus naquela hora eu dei uma maneirada. Até que... o Daniel lasca um beijo na Camila, e eles começam a ficar. Todo mundo ficou naquela de "aêêêêêêê!". Nesse momento eu não aguentei e falei: "Bom, tô vendo que não tenho mais nada o que fazer aqui, por isso tô indo nessa. Daniel, abre a porta pra mim, por favor?". Ele olhou com uma cara de espanto, falou "Qualé, Lobo, o que que foi?", e eu fui embora. A Camila falou algo como "não acredito que você tá fazendo isso!", mas não me lembro e nem quero me lembrar que palavras exatas aquela ******* falou.

Eu falei que fui embora? Bom, mais ou menos. Eu saí da casa, mas o Daniel não abriu a grade pra eu sair. E o Matheus foi discutir comigo. Foi uma discussão bem áspera, e ele tava bem puto comigo, me agarrando pelo colarinho até (nessas horas eu tenho três reações possíveis: começo a chorar pra não parar mais, saio destruindo tudo ou começo a rir de nervoso - aconteceu essa terceira reação). No final, ele falou: "Se você sair por essa porta agora nossa amizade acabou". Eu falei "Então tá! Nossa amizade acabou". A minha aluna chamou ele pra festa, ele foi, as portas se abriram e eu fui pra casa, sozinho.

Cheguei em casa, minha mãe (modus operandi de mãe judia, não dorme enquanto eu não chegar) estranhou eu chegando tão cedo, e perguntou: "foi boa a festa, Lobo"? "foi uma bosta, mãe". Ela quis me abraçar e eu dei um empurrão nela e tranquei o quarto. Liguei o computador, escrevi pro grupo de discussão do Ambrosia (fanzine que eu escrevia na época, e que o Matheus era o "publisher") falando: "A partir de hoje não tenho mais nenhuma relação com o Sr. Matheus P. S." e fui dormir - depois ele me mandou um falando que eu estava sendo muito radical e que deveria relevar o que ele disse e acabamos reatando a amizade - o que me arrependo até hoje, teria poupado muito de meu sofrimento e muitíssimo de meu dinheiro.

Até chorei um pouco nesse dia, mas segurei as lágrimas que iriam para a fronha de meu travesseiro. Guardei pra segunda. De manhã, às 8 da manhã eu fui pra minha psicóloga na época, a Denise. Normal, se o dia da minha consulta não fosse sexta. Ali sim eu disparei a chorar. Ela foi a primeira a vir com aquela lenga-lenga cristã de que eu tinha que perdoar os dois. Até tava disposto a perdoar o Daniel, a bem da verdade. Talvez se não houvesse aquela discussão com o Matheus na grade da casa do Daniel eu sofreria calado. Mas não deu. Ainda mais com o que houve no fim da tarde de segunda.

Depois da minha aula onde era professor da graduação, eu estava saindo tranquilamente conversando com o Matheus sobre assuntos do curso quando o que vejo? O Daniel e a Camila também conversando tranquilamente! Sobre o quê? Talvez sobre a trepada depois da festa, já que a carona dela tinha ido embora. Só sei que depois desse segundo flagra, de ve-los conversando sem trauma algum, sem parecer se importar por parte dela de ter ferido os sentimentos de um cara que sempre a tratou bem, sem parecer se importar por parte dele de ter dado uma facada no peito de um amigo que já conhecia a pouco mais de oito anos, com quem dividiu as felicidades e as tristezas de torcer pro mesmo Vasco da Gama, nesse momento, eu decidi romper com os dois, definitivamente.

sexta-feira, abril 13, 2007

Os meses em que meu mundo caiu (1)

Resolvi finalmente escrever os detalhes do pior momento da minha vida aqui depois que li o Nelson Rodrigues fazer o mesmo sobre seu pior momento, que foi o testemunho do assassinato de seu próprio irmão no jornal do pai e a morte deste por não suportar que o filho tenha sido morto no lugar dele. Esse conjunto de crônicas está na coletânea "O Reacionário", que felizmente será relançada em breve.

Em algum dia de maio que não sei e nem quero saber qual é vão completar quatro anos do acontecido. Mas a história começa antes. Muito antes.

Em fins de 2001, por influência de dois colegas meus da universidade que haviam ido para a Rússia numa viagem organizada por um professor de Rel, P******* (bichona louca) e achado tudo ótimo - como era diferente viajar para países não-tradicionais, etc. (aquele papo esquerdista universotário que eu também fazia parte) - eu resolvi que na próxima viagem dessas eu iria. Um deles, o Daniel, era meu amigo dos tempos do segundo grau. Estudamos o segundo e o terceiro ano juntos, passamos no mesmo semestre pra UnB e eramos unha e carne (esse outro, o Matheus acabou virando meu amigo, fizemos mestrado juntos, viramos unha e carne e hoje virou também meu ex-amigo - mas isso é uma outra história que ainda estou processando, por ser mais recente). Bom, a viagem seguinte seria para a China.

Divulgação aqui e ali, formou-se um grupo considerável de potenciais viajantes para a China em uma matéria de extensão. Esse grupo diminuiu com o tempo, seja pelo custo da viagem (dólar a R$3.50, se lembram? - eu fui por votrocínio e com uma puta grana que tinha guardado na poupança, coisa de R$ 9 mil, que tava economizando para fazer mochilagem na Europa Ocidental - mas acabei me esquecendo disso com o tempo) seja porque o P******* era uma bicha temperamental daquelas. Enfim, os estudantes dessa matéria fizeram uma feijoada num sábado para o povo da embaixada da China na casa de um cara que acabou ficando meu amigo, mas com quem perdi contato. E lá fui eu ajudar na mis-en-place. Foi quando tudo começou.

A garota em questão chamava-se Camila. Em determinada hora na feijoada (não como feijão, e não me lembro do que comi no dia) estavamos sentados lado a lado naquelas cadeironas de rancho. Eu estava na minha, nem tava me importando com ela. Até que ela, sem mais nem menos, deita a cabeça no meu ombro! Antes daquele dia talvez eu tenha trocado umas três ou quatro palavras com ela e nem me importava. Afinal, eu estava muito perdidamente apaixonado por outra garota a Michelle, que entrou comigo na graduação e que também é personagem dessa história. Enfim, até então a Michelle era algo 100% platônico e distante - mal tinha coragem de olhar pra ela.

Voltemos à Camila. Eu sou um cara tímido, extremamente sem jeito com mulheres. Eu assumo isso - estou melhorando, mas preciso melhorar em muito ainda. Agora ponha-se no meu lugar: o que você faria se uma mulher que você mal conhecesse e com quem mal trocasse idéias, em um dia de conversas maior que o usual ela vem e no meio do nada apóia a cabeça no seu ombro? Bom, eu pensei que "ela sente algo por mim". Sim, é fácil você rir disso. Eu mesmo me acho um idiota por ter deixado que esse sentimento aflorasse naquele dia, mas enfim, aconteceu.

O foda vem agora, ela tinha namorado, o tal Pedro. Mas esse namoro terminou no dia da viagem pra China, quando não quis ver eles se beijando na despedida. Tá. Vamos à viagem. Acontece que a Camila acabou se tornando a única mulher disponível do grupo (tinha duas mestrandas e uma doutoranda que deviam ter o dobro da nossa idade na época e uma japonesa que foi com o namorado - depois essa japonesa terminou com ele e pirô piroca, fazendo uma bruta de uma tatuagem no lombo maior que a minha mão (de garota meiga virou clubber, mas essa é uma história que não conheço nem me diz respeito). Tinha também duas bichinhas que viajaram também. Uma fazia Rel no Ceub e ficou arrozando a Camila sem parar, o que me deixava puto, e a outra fez amizade com essa bichinha (essa outra é casada e até é pai, mas não engana ninguém). Também foi o dono da casa da feijoada (Thiago), o gordinho que chutou o gato dele a la Joselito, o Poeta (mantenho contatos esporádicos com esse pelo msn até hoje) e o Daniel (o Matheus não conseguiu dinheiro pra ir). Ah, também foi o professor.

Ainda na primeira parada, em Pequim, a companhia de viagem resolveu trocar a gente de hotel, não sei porque cargas d'água. Falaram que o hotel que estavamos era ruim (não era!) e iriam botar a gente num melhor (acabou sendo pior). Na hora das mudanças das malas, o P*******, que vivia reclamando da saúde, reclamou com a gente que ninguém ajudou ele, e a Camila resolveu responder. Pra quê. Ele deu o maior esporro nela, esporro daqueles de gritar mesmo. Obviamente ela chorou, e obviamente eu fiquei extremamente puto com o professor, mas não falei nada. Fui consolar a Camila.

O foda é que toda hora ela ficava falando no maldito do Pedro. "Purrrque o Pedro isso, purrrque o Pedro aquilo", com aquele sotaque (que acho nojento hoje exatamente por todo o acontecido) de paulista de interiorrr, principalmente se vem de cidades fronteirícias com Minas. É foda ficar ouvindo de uma mulher de quemque você está afim sobre outro homem, seja namorado, ex, pretendente, o que for. Meu id tem vontade de falar: "Caralho, para de ficar falando de outro na frente de mim, porra! Eu tô afim de você, se você não sabe, mas me respeita, cacete!", mas meu superego idiota nunca deixa. Voltemos. A viagem prossegue e chegamos a Xangai, no último dia, quando fomos no Hard Rock Café de lá bebemorar, e encontramos a mesma banda filipina que tocou no Hard Rock Café de Pequim. Nesse momento aconteceu algo importante para o desfecho: o Daniel deu umas indiretas pra Camila e ela aparentou corresponder. Mas era o último dia e todos (salvo o casal de namorados) ficamos no 0 a 0.

Acontece que a Camila depois da China faria intercâmbio de francês por 6 meses em La Rochelle, França. O que eu fiz? Fiquei mandando pra ela por esses seis meses um resumo de tudo o que acontecia no Brasil (primeira manifestação do PCC, se não me engano, Copa do Mundo, debates eleitorais, etc.). Vou parar a história na iminência da volta dela, em setembro de 2002, mais ou menos. Here comes the pain...

quinta-feira, abril 12, 2007

Boa nova

Com o carro novo, ganhei tb um toca-cds. Testando o rádio, eu passei pela Cultura FM (100,9), a rádio pública daqui. Às 10 da manhã, qual música está terminando de tocar? "Pyramid Song", do Radiohead (na época que saiu eu pensava que já estaria entre as melhores da década - ah, pretensão...). Estou começando a gostar do Arruda, que acabou com a palhaçada da "Curtura FM" da época do horroriz, quando inventaram que uma rádio pública deveria competir pela audiência privada tocando a música que o povo gosta (forró, axé, pagode, et caterva). O Arruda tem cara de mal (não aquela que aparece na tv e nos panfletos eleitorais - falo isso pq já topei com ele no Congresso), mas acho que ele tá acertando...

quarta-feira, abril 11, 2007

Mea Culpa

Saiu o primeiro single do Linkin Park. Uma bosta. Infelizmente o Rick Rubin não é Deus como Lemmy.

terça-feira, abril 03, 2007

2007, um ano musicalmente bom?

Existem alguns lançamentos que prometem ser bons pra esse ano. Iremos a eles:

The Hives - "Throw it on me". Com produção do Timbaland, que não é aquela marca de tênis que gosto (a única), mas o que fez o álbum do Justin Timberlake (aquele do clip de "funk carioca" em Berlim) - o que pode ser considerando a vanguarda do pop, para o bem ou para o mal. Eu achei o atual álbum, "Tyranossaurus Hives" o melhor disco de 2003, e que a banda vem evoluindo em saltos. Quem sabe agora com o produtor mais badalado do momento...

Linkin Park - "Minutes to Midnight". Não, você não está bêbado. Eu sinceramente achei que o LK evoluiu bastante do primeiro pro segundo álbum. De um nü-metal pop totalmente execrável para uma banda menos que mediana, para ser mais exato. Mas minha esperança é que o Rick "Reign in Blood and American Recordins" Rubin transmita algum talento do Slayer para fazer músicas pesadas decentes e do Johnny Cash para fazer letras podreiras. Assim, quem sabe, faltariam dois minutos para a meia-noite... Porque eu acredito no Rick. Ve-lo-emos no que vai dar.