quarta-feira, abril 30, 2014

Como tornar atitudes preconceituosas irrelevantes 101 - Parte 1

Alguém te xinga. O que você faz?
a) Não liga
b) Dá um murro na cara dele;
c) Retira-se, ofendido;
d) Xinga de volta; ou
e) Aproveita a situação e faz uma piada?

Resposta: qualquer alternativa é válida, a depender da situação. Um bom murro na cara é bastante didático para pessoas que são metidas a besta deixarem de ser bestas. Uma retirada estratégica pode ser interessante no sentido de mostrar o adversário, principalmente os mais mal-educados, como ele realmente é (afinal, quem discute com idiotas corre o risco de parecer um). Xingar de volta é uma ótima tática principalmente quando não é do seu feitio fazer isso,  pegando o adversário de surpresa (exemplo: existe uma exortação de São Francisco de Assis que diz o seguinte "se o demônio ainda te disser 'tu estas condenado', responde-lhe 'abre a boca para eu cagar aí'") ou quando não se pode ser transigente. Já a piada não só demonstra senso de humor como inteligência o bastante para desmontar o adversário.

Agora vamos ao caso concreto: no jogo entre Barcelona e Villareal, jogaram uma banana na hora em que o jogador Daniel Alves iria cobrar o escanteio. Analisemos as possibilidades:

a) Ele cobraria o escanteio, a imprensa denunciaria o caso de racismo e tudo ficaria por isso mesmo até que jogassem outra banana na próxima partida. É uma solução razoável, mas faria com que o caso entrasse como mais um dessa lista lamentável.

b) Para que o Dani Alves pudesse quebrar a cara do sujeito, ele teria que: 1) saber quem foi que jogou; 2) que essa pessoa estivesse em um local acessível. Com tudo isso acontecendo, quais seriam as consequências: 1) ele ganharia um cartão vermelho; 2) ele seria suspenso por várias partidas; 3) quando voltasse a jogar todas as torcidas adversárias jogariam bananas para ele, pois saberiam que isso o desestabilizaria. Lembrem-se do Eric Cantona...

c) Ele poderia ter se retirado de campo. Ou o próprio time. Mas o Barcelona poderia ser advertido, como foi o Milan em caso semelhante contra o Boateng (não sei se o ganês ou o alemão).

d) Xingar de volta em um estádio lotado não adiantaria em nada, sem contar que arriscaria levar um cartão;

e) Fez piada da situação, fazendo algo que ninguém nunca fez: comeu a bendita da banana

Infelizmente não há como repetir o ato, pois algum maluco poderia jogar uma banana envenenada, mas a reação foi a melhor que ele poderia tomar. Não só deu publicidade ao tema como ridicularizou o adversário, causando uma onda de simpatia (graças a um marketing de guerrilha do bem) sem precedentes (se duvida dê uma olhada nos comentários da notícia no Daily Mail, que é um tabloide inglês mais conservador).

Quanto ao #somostodosmacacos , isso vai em outro post.

sexta-feira, abril 25, 2014

Como usar seu voto de forma a prejudicar o máximo possível as eleições

Você está puto/a com a política brasileira?
Você não quer votar em ninguém nessas eleições?
Então veja a melhor maneira de se votar nessas eleições (escrevo em 2014, mas este post é atemporal):

1) Para cargos majoritários (senador e nos segundos turnos, quando existem, além de prefeituras que não têm segundo turno), simplesmente vote branco ou nulo. Não faz diferença (claro, você ajudará com sua omissão o/a candidato/a favorito/a a ser (re)eleito/a. Por outro lado pode muito bem dizer "eu não votei em você, quem você pensa que é!?)";

2) Para cargos proporcionais (deputados, vereadores e no primeiro turno do Executivo - exceto municípios que não têm segundo turno), NÃO VOTE EM BRANCO OU ANULE SEU VOTO! Por quê? Simples, porque para cargos proporcionais existe um troço chamado "coeficiente eleitoral", que distribui as vagas no Legislativo/ determina o segundo turno nos Executivo de acordo com a quantidade de votos válidos (ou seja, das pessoas que votaram em alguém). Seu voto será completamente ignorado dessa maneira. Pois vou te dizer: existe uma maneira de você fazer um estrago ainda maior;

3) Vote em um candidato que não tenha chance NENHUMA de ser eleito. Tipo o Marronzinho em 1989. Como seu candidato perderá de qualquer maneira, será como se você não tivesse votado em ninguém. PORÉM, você contribuirá para aumentar a quantidade de votos necessária para que o candidato que tenha mais votos ganhe as eleições. Assim, tornará a campanha dele mais difícil e dispendiosa (principalmente nos cargos do Executivo. É muito melhor que apenas ficar fora do jogo, não é? No caso das eleições para o Executivo, as dicas terminam aqui - no segundo turno aí sim você pode anular/votar em branco. No caso do Legislativo tem mais uma questão IMPORTANTÍSSIMA;

3.1) Vote em um candidato de um partido nanico, que não tenha nenhum candidato-celebridade E que NÃO ESTEJA EM COLIGAÇÃO. O fato de ser um partido nanico dificulta eventuais zebras, assim como a ausência de candidatos-celebridade. Mas o mais importante mesmo é o fato de não estar em NENHUMA coligação.

Aqui cabe uma melhor descrição: enquanto que a eleição proporcional no primeiro turno é apenas para determinar se o candidato vencedor teve a metade mais um dos VOTOS VÁLIDOS (ver "2" e "3"), no caso das eleições legislativas proporcionais (e em qualquer nível), serve para distribuir as vagas de acordo com a quantidade de votos que os PARTIDOS e as COLIGAÇÕES tiveram. Por exemplo: em um estado houve 800000 votos válidos para 8 vagas. Ou seja: todo partido e/ou COLIGAÇÃO que atingir a quantidade mínima de 100000 votos tem direito a pelo menos a uma vaga. Digamos que o Partido A, que não fez coligação com ninguém, obteve 105000 votos. O candidato deste partido que teve mais votos será eleito. Agora digamos que a Coligação Unidos do Caralho a Quatro,entre os Partidos B, C e D conseguiu 110000 votos. O candidato mais bem votado desta coligação também será eleito.

Ou seja: se você votar em um candidato de um partido nanico, mas este partido estiver em uma coligação, você indiretamente estará contribuindo para que os candidatos que tenham mais votos da coligação sejam eleitos, já que você está contribuindo para aumentar a quantidade total de votos da coligação, entendeu?

Portanto, no caso de eleições proporcionais para o Legislativo (vereador e deputados), escolha um partido nanico que não esteja em nenhuma coligação. Isso é devidamente informado no horário eleitoral, então é fácil descobrir.