terça-feira, setembro 11, 2018

Nota sobre as eleições presidenciais (7.1) - Sobre o Lobo Solitário

Antes de mais nada, aqui vai uma longa lista de assassinatos políticos causados por pessoas de esquerda - e isso considerando apenas os estritamente de esquerda, sem entrar no mérito se nazistas ou fascistas são ou não de esquerda:

1881 - Tsar Alexander II da Rússia. Assassinado pelo revolucionário Ignacy Hryniewiecki.

1897 - Antonio Cánovas del Castillo, primeiro-ministro espanhol. Assassinado pelo anarquista italiano  Michele Angiollino.

1898 - Elisabeth ("Sissi"), Imperadora da Áustria e Rainha da Hungria. Assassinada pelo anarquista italiano Luigi Lucheni

1901 - William McKinley, presidente dos Estados Unidos. Assassinado pelo anarquista polaco-americano Leon Czolgosz

          - Humberto I da Itália. Morto pelo anarquista Gaetano Bresci

1911 - Pyotr Stolypin, primeiro-ministro russo. Assassinado pelo anarquista - e agente-duplo - Dimitry Bogrov

1912 - José Canalejas, primeiro-ministro espanhol. Assassinado pelo anarquista Manuel Pardiñas

1913 - Jorge I da Grécia. Assassinado pelo anarquista Alexandros Schinas.

1914 - Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro. Assassinado por Gravilo Princip, membro do grupo Jovem Bósnia, que tinha substrato anarquista, revolucionário russo, etc.

1917 - Ivan Logginovich Goremykin, ex-primeiro-ministro russo. Assassinado pela junta revolucionária soviética.

1918 - Sidónio Pais, presidente de Portugal. Assassinado pelo ativista de esquerda José Júlio da Costa.

        - Tsar Nicolau II e família. Assassinados pelo regime soviético.

1921 - Eduardo Dato Iradier, primeiro-ministro espanhol. Assassinado pelos anarquistas catalães Lluís Nicolau, Pere Mateu, e Ramon Casanelles

1926 - Symon Petilura, presidente-no-exílio da Ucrânia. Assassinado pelo ativista anarquista Sholom Schwartzbard em Paris.

1933 - Luiz Miguel Sánchez Cerro, presidente do Peru. Assassinado por  Abelardo Mendoza Leyva, pertencente à Aliança Popular Revolucionária Americana, partido de centro-esquerda.

1964 - John Kennedy, presidente dos Estados Unidos. Assassinado pelo comunista americano Lee Harvey Oswald

1978 - Aldo Moro, deputado e ex-primeiro-ministro italiano. Morto pelas Brigadas Vermelhas.

1980 - Anastasio Somosa, ditador deposto da Nicarágua. Morto no exílio em Assunção (no Paraguai do Stroessner) por sandinistas numa emboscada. Diz-se que tiveram apoio logístico de Cuba.

Vortemos.

Um dos conceitos mais interessantes da administração foi o 5W2H, que busca fazer um checklist das que uma empresa deve executar. Busca responder às seguintes perguntas:
O que a empresa tem de fazer? (what)
Quem fará? (who)
Por que será feito? (why)
Onde será feito? (where)
Quando será feito? (when)
Como será feito? (how)
Quanto custará? (how much)
Se vocês notarem bem, essas perguntas podem ser aplicadas a qualquer crime. Por exemplo no da Marielle Franco. Sabemos o que aconteceu (ela foi morta), quando e onde aconteceu (Rio de Janeiro, no bairro do Estácio, na noite do dia 14 de março de 2018). Mas falta saber quem fez, por que fez e eventualmente quanto custou, caso tenha sido uma execução. Além disso, não se sabe totalmente como foi feito (foi uma execução a tiros, mas não se sabe por exemplo quais foram os carros usados e qual foi a arma usada - nesse caso é provável que os assassinos tenham se livrado de ambos).

No caso do Bolsonaro, sabemos também quando e onde foi feito (06 de setembro, num ato de campanha de Juiz de Fora), o que aconteceu (o Bolsonaro sofreu um atentado político), como foi feito (Bolsonaro foi esfaqueado) e temos noções de quem fez e por que fez. Por que disse que "temos noções"? Não há dúvida da autoria direta do ato - foi efetivamente o Adélio Bispo -, mas ele fez sozinho ou não?

E outra: quem é ele? Sabemos que ele foi filiado ao Psol (sempre o Psol!), alegadamente visitou o gabinete de um deputado na Câmara em 2013 (disse "alegadamente" porque uma pessoa pode ter alegado isso com a anuência de alguém do gabinete apenas para ter acesso à Câmara), que tem características antissociais (com trocentos empregos, formais e informais, em Minas e Santa Catarina, nos últimos 17 anos), que, em 04 de setembro de 2017, ele ganhou R$ 4200 líquidos em um processo trabalhista em Montes Claros contra uma empresa de Santa Catarina, que em 18 de julho de 2018, ele passou num clube de tiro em SC frequentado pelos filhos do Bolsonaro e que ficou 15 dias em Juiz de Fora (pagando adiantado R$ 400 numa pensão - fora as despesas básicas), tempo mais que necessário para conhecer a cidade e ter noção do que fazer.

E algo muito importante: mesmo considerando a hipótese dele ser louco, isso não elimina a possibilidade dele não ter agido sozinho. Muito pelo contrário: ele se encaixa no típico perfil das pessoas que não têm muito a perder, meio malucas e que são ideias para executar serviços sujos. Resta saber se o fato dele ter sobrevivido faz parte dos planos ou não... E o que reforça isso é a pasmaceira dos QUATRO advogados de uma famosa banca de Minas. Em primeiro lugar, salvo quando recebem muito dinheiro para defesa, advogados de renome FOGEM desse tipo de causa (crime de grande comoção nacional onde não há dúvida da autoria do ato). Vide o caso do Lindemberg, que matou a Eloá. Além disso, eles se embananaram na explicação sobre como eles estão sendo pagos (muito embora um advogado não tenha a obrigação de dar essa informação). Primeiro falaram que tinha vindo de Testemunhas de Jeová, igreja que o Adélio Bispo seria afiliado. A igreja negou, falou que vai processar os advogados. Aí o advogado saiu com essa pérola: "tenho certeza de que o dinheiro da defesa não está vindo nem de partido político ou de um grupo". Oi? Como assim "tenho certeza"? Se isso fosse verdade ele não teria dito "eu tenho certeza", mas sim que "não há dinheiro ". O que aconteceria, prezado leitor, se você, numa discussão com sua companheira, dissesse "eu tenho certeza de que não te traí"? É semelhante ao José Dirceu, que, na sessão da Comissão de Ética da Câmara, disse: "nunca estive tão convicto de minha inocência!". Na ocasião, o pessoal caiu na gargalhada. Após tudo isso, e após alegar que está recebendo ameaças de morte no WhatsApp (!), ele disse que está sendo pago por "um benemérito de Montes Claros".

Eu acho que:
1) O Adélio Bispo agiu por motivação ao que tudo indica política, por mais que possa ser louco;
2) Não agiu sozinho, pois ninguém que vive de bicos tem condições de ficar zanzando Brasil afora; e
3) Provavelmente ele agiu a mando de um grupo radical de extrema-esquerda, não necessariamente vinculado diretamente a uma cúpula partidária.

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