terça-feira, agosto 21, 2018

Notas sobre as Eleições 2019 (5) - Lula, Marina e o Oceano Vermelho da esquerda

Hoje (21 de agosto) o cenário atual nas eleições é: Lula preso, Bolsonaro em 1º, Marina em 2º, Ciro Gomes em 3º e Alckmin em 4º. No calendário eleitoral, as datas mais importantes e próximas são as seguintes:

Amanhã (22 de agosto) - fim do prazo para apresentação de pedido de impugnação das candidaturas.

31 de agosto - Início do horário eleitoral e spots nas TVs.

3 de setembro - Lacração das urnas eletrônicas

O ministro Luís Roberto Barroso, que é quem cuidará dos pedidos de impugnação da candidatura Lula, dará mais 7 dias a partir de 22 de agosto para que os advogados do Lula apresentem sua defesa. Assim, o Barroso terá entre 30 e 3 de setembro para que indefira a candidatura do Lula e seu nome e foto não apareçam nas urnas. Caso contrário, é garantia que o Haddad estará no segundo turno. Já estou até imaginando a dramatização com a foto do Lula 13 aparecendo na urna...

Sim, é verdade que o Lula não poderá fazer campanha para o Haddad, mas não há nenhum impedimento para que se usem vídeos antigos no programa dele.

Já se o Barroso conseguir (ou se for de seu interesse) julgar a inelegibilidade do Lula antes de 3 de setembro, preferencialmente antes do início do horário eleitoral, isso significará que o PT perdeu mais de 15 dias de campanha (além de dois debates televisivos, fora a cobertura não dada pelo Jornal Nacional) apostando no cavalo errado. A depender de como as pesquisas estarão até lá, pode ser que muitos candidatos locais (sobretudo no Nordeste) que tenham se comprometido a apoiar a candidatura do Lula mudem de lado, escolhendo o Ciro ou (mais provável) a Marina.

Finalmente, os eleitores do Lula. Para onde vão? A maioria vota no Lula não porque ele é de esquerda, não porque ele é do PT, mas simplesmente por ser um cara carismático, weberianamente falando. E é por isso que em TODAS as pesquisas feitas sem o Lula mostram um aumento principalmente entre os branco/nulos (na do Ibope de ontem, por exemplo, a diferença nos cenários com/sem Lula é de 16%/29%). Já dentre os candidatos que mais se beneficiariam com a ausência do Lula (tirando obviamente o Bolsonaro, que ficaria em 1º) é a Marina, que subiria de 6% para 12%. Assim, o PT, mais uma vez, partiria para a guerra suja contra a Marina para pegar seus votos e tentar, mais uma vez, ser o partido principal da esquerda - tal como foi feito em 2014. Daria certo? Bem, é possível, mas é muito menos do que em 2014, quando já se sabia desde 2010 que a Dilma tentaria a reeleição - e em 2010, se sabia desde 2006 que a Dilma sucederia o Lula, quando a opção Dirceu foi descartada. O Haddad teria pouco mais de um mês para ter seu nome divulgado nas outras regiões do país. 

Ficamos no seguinte:
- O Bolsonaro focará no anti-petismo (embora ele não seja só isso) e tentará  mostrar mais carisma para pegar alguns eleitores infiéis do Lula que estarão atarantadamente indecisos com sua ausência.
- O Alckmin tentará desconstruir o Bolsonaro (de maneira semelhante ao que foi feito com o Ciro em 2002). Preparem-se para spots tucanos envergonhados.
- O Ciro tentará se viabilizar como o candidato da esquerda, mesmo com o PT não gostando dele. Para tanto, tentará se mostrará como fodão contra o Bolsonaro.
- A Marina idem Ciro.
- O Álvaro Dias tem grande potencial para ser o que o Índio da Costa foi para o Rio: tirou um Bolsonaro da corrida pela prefeitura, não levando nem deixando levar, e deixando que a disputa ocorresse entre Marcelo Freixo e Marcelo Crivella.
- O Haddad tentará tirar votos do Ciro e sobretudo da Marina, e tentará se mostrar fodão contra o Bolsonaro.
- O Boulos é linha auxiliar do PT
- O Daciolo é linha auxiliar do Bolsonaro.

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