sexta-feira, abril 08, 2005

A vida é um grande passatempo

Esse é o verdadeiro sentido da vida. Não estou falando do sentido biológico, de "crescer e multiplicar". Não estou falando de nosso lado animal, mas sim no sentido HUMANO e TERRENO da coisa. Portanto, nada daquele negócio de 'salvação das almas'.

Li em Pascal que todas as atividades durante nossa vida têm como objetivo pura e simplesmente esquecermos da miséria de nossa existência. Nós sofremos, envelhecemos, ficamos doente e morremos. Esses são os principais componentes da roda do sofrimento na visão do budismo. Todas as nossas preocupações, nossos anseios por felicidade, pela fuga da tristeza, da busca por sabedoria, etc., almejam exatamente esquecer isso. E, a longuisíssimo prazo, esquecermos que um dia o mundo acabará e, de acordo com as mais recentes descobertas físicas, o Universo morrerá com o fim das estrelas e a conseqüente emissão de luz (prefiro chamar de "O Nirvana Final do Universo"). Por mais que eu reconheça que existe algo superior, pois não entra na minha cabeça que tudo tenha surgido espontaneamente (afinal, quem criou as Leis do Universo - da física atômica à estrelar?), a menos que eu veja os Anjos anunciando o Apocalipse, não acredito no Deus cristão.

Mas por duas vezes tive a sensação que o Destino quer que eu faça alguma coisa, já que escapei, por assim dizer, da morte duas vezes. A mais recente é que eu estive em Santa Catarina, mais exatamente em Navegantes, no auge da garapa contaminada pelo Mal de Chagas (biólogos filhos da puta, nunca me ensinaram isso!). O pior é que em Florianópolis eu havia reclamado que não vendiam pastel com caldo-de-cana (vendiam)... Essa não é tão séria, mas a primeira vez que me aproximei foi. Estava voltando a pé de um cinema perto de casa (Karim) depois de ter visto o filme do Beavis & Butthead. Andando pela beira da pista, de repente ouvi um estrondo atrás de mim. Após a poeira levantar, vi que um carro tinha batido atrás da árvore. Ou seja, se eu tivesse ficado mais 30s no cinema eu não estaria aqui. Por que fui salvo? Será que tenho um papel importante no futuro?

Me pergunto isso hoje, quando 95% dos meus amigos e conhecidos estão comprometidos e trabalhando, e eu estou sozinho e vagabundando com bolsa da CAPES (recebi hoje, graças ao Lemmy). Qual é o raio do sentido da minha vida? E que porcaria de papel relevante terei no futuro? Será que a morte adiou seu encontro comigo por duas vezes pra eu virar um merda qualquer? Estou falando da miséria de minha existência, é sinal de que ela não está boa... preciso de um novo e estimulante passatempo.

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