sexta-feira, novembro 06, 2009

Honduras 18 - Em resposta ao 15, ainda NÃO é o fim

Pois é, o acordo, para variar, michou. Qual era o teor dele mesmo? Haveria um governo de união nacional, com representantes de ambos os lados, e o Zelaya, com poderes de rainha da Inglaterra, após recomendação da Suprema Corte hondurenha e votação no Congresso, voltaria a ser nominalmente até a posse do candidato eleito em janeiro. Seria, se o Zelaya não fosse um calhorda.

Antes do acordo ser selado, uma das celeumas entre o presidente interino e o ex-presidente foi se a restituição do Zelaya à presidência deveria ser chancelada pela Suprema Corte (posição defendida por Micheletti), ou pelo Congresso (Zelaya). O Micheletti acabou cedendo nisso e foi acertado que seria o Congresso. Porém, o Congresso decidiu que, antes de decidir qualquer coisa, a Suprema Corte deveria ser consultada. Claramente é um recurso postergatório, mas é válido, e não estava proibido no acordo. Obviamente o Zelaya não gostou nada e soltou os cachorros. Mas houve outra coisa também.


O ex-presidente de Honduras assinou o acordo que dizia claramente que o Congresso deveria aprovar a volta dele. Isso significa que o acordo previa a hipótese do Congresso NÃO aceitar a volta dele. Não acredito que isso estava em letras miúdas, mas se ele acordou nisso não teria do que reclamar não senhor. Mas ele reclamou, não com a OEA, não com a ONU, mas com quem realmente importa, os EUA, cobrando uma posição deles sobre a volta dele. A resposta? Polidamente foi essa: "O governo dos Estados Unidos reiterou nesta quarta-feira considerar que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya deveria ser restituído, mas deixou claro que a decisão cabe ao país e que aceitará o que for definido". Ou seja: abriu as portas para a saída do Zelaya de vez.

Assim, o Zelaya partiu para a legitimação política mesmo: rompeu o acordo e falou que não reconhecerá as eleições de novembro. Os dois candidatos de esquerda (obs: COM MENOS DE 10% DAS INTENÇÕES DE VOTO), seguindo o padrão Carlos Menem de integridade política, estão para renunciar as candidaturas; a maioria dos países da América Latina falou que não reconhecerá as eleições hondurenhas, e a imprensa nacional e internacional já comprou a versão do Zelaya e pôs a culpa no Micheletti.

Mas tem outra coisa que não sei se o Zelaya está considerando: ele pode ter considerado rompido o acordo, mas o outro lado não. O que significa? Bem com a Suprema Corte não recomendando a restituição do Zelaya e o Congresso não aprovando, os EUA (os que realmente importam) podem encontrar mais um motivo para reconhecer as eleições. E aí, para variar, não vai adiantar nada OEA, ONU, AL, imprensa... E o Zelaya nem rainha da Inglaterra não será.

Nenhum comentário: