terça-feira, novembro 03, 2009

Honduras 16 - Depois de um imbecil da UNICAMP, agora uma estrupícia da USP

Para ver o NÍVEL da coisa: como não tenho paciência pra pegar o número da assinatura da folha e acessar online, googlei o "digníssimo" artigo "Brasil, Honduras e a nossa política externa", da "gloriosa" Deisy Ventura, catedrática da USP (grandes merdas, diga-se). Encontrei. No site oficial da liderança do PT na Câmara dos Deputados. Enfim, vamos ao tolete - pela qualidade, não pelo tamanho. O artigo vai em itálico, eu irei em "normal"

A discussão volta agora ao seu eixo, qual seja, a solução efetiva do impasse, e não o que ocorre na embaixada brasileira em Tegucigalpa. O precário e tardio desfecho da crise política em Honduras suscita numerosas questões sobre o papel da comunidade internacional em casos de ruptura do Estado de Direito e, particularmente, sobre o inegável, mas mutante, protagonismo dos Estados Unidos na América Latina. Permite, ainda, corrigir o lastimável tom do debate local sobre a guarida ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa.

"A discursão volta ao seu eixo..." Hum, estou vendo uma tática DIVERSIONISTA aqui? Eu queria saber da dona 'Ace Ventura' (em homenagem à Sessão da Tarde de hoje) se, nem para influenciar positivamente na (provável) volta do Zelaya ao poder "o que ocorre na embaixada brasileira de Tegucigalpa" não foi importante... Mas não, NÃO morderei a isca. A dra. quer escamotear que o Brasil VIOLOU A SOBERANIA DE OUTRO PAÍS, infringindo os incisos III e IV do art. 4º de NOSSA CONSTITUIÇÃO, ao permitir que uma facção política de um país aproveitasse da posição de imunidade da embaixada para fazer proselitismo. Digo mais: se Honduras invadisse a embaixada do Brasil e tocasse o terror, considerando que nós os agredimos primeiro, não seria nenhum absurdo...

Desde 28 de junho, quando Zelaya foi deposto e expulso ilegalmente do país, o governo putschista de Roberto Micheletti, apesar da débil máscara de legalidade obtida com a ratificação a posteriori do golpe pela Corte Suprema e pelo Parlamento hondurenhos, sofre intensa pressão internacional: a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pedem a restituição do chefe de Estado, a Organização dos Estados Americanos (OEA) mantém um esforço constante de negociação e nenhum país reconheceu o governo "interino".

Não é a toa que o artigo está no site do PT. Nem vou discutir essa coisa do "ilegalmente" (porque sinceramente já estou de saco cheio), mas essa coisa do 'putschista'. O povo de RRII adora meter um termo estrangeiro onde não há necessidade. Quero ver o dia em que alguém de RRII utilizará o termo "schadenfreude" (algo como "alegria pelo sofrimento alheio")... Outra coisa: "débil máscara de legalidade" pela Corte Suprema e Parlamento!? Bom, eles é quem são os GUARDIÕES DA DEMOCRACIA HONDURENHA, NÃO? O resto é a lorota de sempre (quando condenarem as ditaduras africanas - mencionei outro dia que houve 3 'Putschs' [sic] na África esse ano e ninguém falou nada - e asiáticas poderei falar que ao menos a condenação "dava pra passar"). Adiante.

A reação mundial ao golpe torna econômica a crise política. Num orçamento público que depende em 20% da ajuda externa, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento interromperam os seus aportes, assim como os Estados Unidos e a Venezuela.

No entanto, os hondurenhos mostraram que têm culhões ('cojones', para o povo de RRII) e merecidamente mandaram todos que queriam a restituição incondicionada do Zelaya à merda, conseguindo impor uma desmoralização que há muito não se via na OEA. Para não falar do Chavez, Lula et caterva.


Com a brusca queda dos índices de investimento, é certeira a redução do PIB, que já é um dos mais modestos do continente. Enquanto digladiam-se os líderes políticos, aprofunda-se a desigualdade social, eis que a instabilidade atinge com maior vigor a parcela mais pobre da população.

Aqui nada a criticar. E acrescento: a Argentina no início do século XX era um dos países mais ricos do mundo. Imigrantes italianos iam de Nova York a Buenos Aires! Já o Brasil era um país ferrado. Os navios cargueiros internacionais passavam a evitar os portos daqui para que os tripulantes não corressem riscos de morrerem de febre amarela (a urbana) e peste bubônica. No entanto, o Brasil passou em muito a Argentina. Os motivos? Muitos, mas talvez um dos principais seja a estabilidade política. Enquanto que no século XX o Brasil teve apenas 2 rupturas institucionais, a Argentina teve uma pancada (com direito a sequestro e assassinato de ditador, o gal. Aramburu). Para que haja crescimento econômico antes de mais nada é preciso estabilidade política.

Contudo, a pressão econômica não impediu a persistência da crise por longos quatro meses.

A ausência de sanções automáticas de maior impacto na Carta Democrática Interamericana faz da OEA uma organização "sem dentes". O governo norte-americano, por sua vez, tardou a agir pela importância marginal de Honduras, porque ainda se encontra em transição e diante do apoio explícito de alguns parlamentares republicanos ao golpe de Micheletti, homem de confiança dos conservadores.

Pelo jeito que a Ace Ventura escreveu parece que o Micheletti está lá a mando de George W Bush... Bom, talvez os republicanos o tenham apoiado porque concordaram que ele estava defendendo a Constituição local, né?

A influência dos Estados Unidos está, aliás, na origem da crise.

Concordo. Com toda a coisa de Afeganistão e Iraque, a AL ficou para escanteio. Mas as pessoas têm que andar pelas suas próprias pernas também. Ficar nessa de assistencialismo vicia.

Por um lado, Zelaya perdeu o apoio de seu partido ao afastar-se do histórico alinhamento automático com os norte-americanos, em benefício da temida aproximação com o chavismo.

Se o chavismo deixou que um país rico como a Venezuela começasse a se preocupar em tomar um banho de 3min para não faltar água, o que não faria com Honduras

De outra parte, a Constituição hondurenha, elaborada em 1982 com o beneplácito do governo Reagan, expressa uma curiosa obsessão quanto à possibilidade de reforma, a ponto de punir com a "perda da qualidade de cidadão" todo aquele que "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do presidente da República" (artigo 42, 5), criminalizando de modo esdrúxulo uma eventual convicção política.

Ah, VAI SE LASCAR! 1) Reagan assumiu em 1980. O grosso das distensões das ditaduras latino-americanas começou com o Carter (e obs: a grande maioria das ditaduras latino-americanas começaram em governos democratas...). A única ditadura latino-americana que pode-se dizer que acabou por causa do Reagan foi a Argentina, quando ele rasgou o TIAR e deu apoio logístico à Inglaterra na Guerra das Malvinas. É a mesma coisa que dizer que foi o Bush pai quem acabou com o comunismo no Leste Europeu...;

2) a Ace Ventura está medindo a realidade hondurenha com uma régua brasileira. O que ela chama de "criminalizar de modo esdrúxulo" (obs: é engraçado que pregam tanto contra o etnocentrismo que quando falam uma merda dessas nem sentem...) foi a maneira que os hondurenhos encontraram para voltar à democracia. Conosco o que se deu foi a Lei da Anistia. Com o Uruguai, idem (obs: houve um referendo no Uruguai junto com o primeiro turno das eleições onde se propôs a revogação da lei da anistia local. O "não" ganhou...). Com a Espanha, houve a recondução da hierarquia.

Eu gostaria que a sra. Ventura me explicasse uma coisa: com tanta coisa no mundo para se ocupar na época (União Soviética, conflitos no Oriente Médio, Afeganistão, guerras civis na própria América Central, crise econômica interna), o Reagan iria se preocupar com um mísero maldito artigo de uma consituição hondurenha que criminizaria a reeleição!? Justo o Reagan, um dos presidentes mais populares dos EUA, que poderia ser reeleito trocentas vezes como o Franklin Roosevelt? Ah, vá te catar!


Por conseguinte, o cerne do chamado Acordo de Guaymures, firmado pelos contendores em 29 de outubro último, é a renúncia, por Zelaya, a qualquer proposta de reforma constitucional em troca de seu retorno litúrgico ao poder até o mês de janeiro.

Parágrafo factual. Pula.

Embora dependa de um parecer da Corte Suprema e de aprovação no Parlamento, ambos francamente hostis ao presidente deposto, o sucesso do pacto é provável, na medida em que está em jogo o reconhecimento pela comunidade internacional do resultado das eleições presidenciais de 29 de novembro.

No que também concordo. Zelaya fica como Rainha da Inglaterra até janeiro, com uma espada de Dâmocles na cabeça caso tente fazer algo.

Independentemente do seu cumprimento, o Acordo de Guaymures reconduz a discussão ao seu eixo, qual seja, a solução efetiva do impasse, e não o que ocorre na embaixada brasileira em Tegucigalpa.

De novo a tática diversionista. Sra. Ace Ventura: PARA QUEM A SENHORA DEU QUANDO PASSOU NO EXAME DE CÁTEDRA NA USP?

Árvore que esconde a floresta, o falso debate grassou nos meios de comunicação brasileiros e chegou até o Tribunal Internacional de Justiça, sediado em Haia, por meio de uma natimorta demanda contra o Brasil interposta pelo governo golpista (portanto, desprovido de legitimidade para demandar).

Taí a real motivação da Ace Ventura. E de um RETARDAMENTO ATROZ. AINDA QUE O GOVERNO REALMENTE FOSSE 'GOLPISTA' E ILEGÍTIMO, O BRASIL NÃO TERIA O DIREITO DE ACOLHER UM CIDADÃO LOCAL QUE UTILIZASSE DAS INSTALAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO PARA FAZER PROSELITISMO POLÍTICO. Só não fico com pena dos alunos dessa mulher porque a "marca USP" irá garantir uma vaguinha em organismos internacionais/ongs para eles.

Ora, ao retornar a Honduras, Zelaya evitou a morte política, mas arriscou a própria vida. Porém, para além da questão humanitária, garantir sua incômoda presença gerou as condições para que não voltássemos a falar de Honduras apenas nas eleições de novembro, assimilando, por omissão, mais um golpe de Estado em nosso continente.

Já sei porque ela está fazendo isso: para puxar o saco do Itamaraty e mamar nas tetas dele, só pode. Haja ignorânicia!

O custo com o qual arca o Brasil ao acolher Zelaya nada mais é do que a rara coerência entre o discurso das cláusulas democráticas e a sua política externa, além do ônus natural de uma liderança emergente.

Cito apenas a Constituição, naqueles incisos de que falei:

"Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

(...)

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;"

Estou vendo que direito internacional não é o forte das RRII na USP...

Como tal liderança será doravante exercida e quem participa da elaboração da política externa brasileira, este, sim, é o bom debate que estamos por travar.

DEISY VENTURA , 42, doutora em direito internacional da Universidade de Paris 1, é professora do Instituto de Relações Internacionais da USP.

E já sei quem eu NÃO chamaria a uma mesa redonda. Prefiro lidar diretamente com alguém do Itamaraty a uma puxa-saco vaca leiteira como essa asinha aí.



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