sábado, julho 25, 2009

Honduras 5 - Rumo ao confronto

Dando um resumo do que aconteceu desde o dia 05 de julho pra cá: Honduras está lutando contra o resto do mundo para manter a sua posição de não reconduzir Manuel "Mal" Zelaya á Presidência. OEA, ONU (obs: a Assembléia Geral é presidida por um ex-sandinista...), EUA e UE exigem a sua recondução, mas até agora nada. Depois de algumas suspensões de ajudas humanitárias (fundamentais, já que o país é o segundo mais pobre da América Latina, depois do Haiti) houve a tentativa de se fazer um acordo por intermédio do presidente da Costa Rica, e Nobel da Paz, Oscar Arias, também sem sucesso. Nesse momento, Zelaya está estacionado na fronteira da Nicarágua esperando que "o povo" o reconduza ao cargo. "Pacificamente", apesar de ciceroneado por guerrilheiros, vai entender...

Enfim, gostaria de falar sobre um senhor BLEFE que está sendo aplicado pelo José Miguel Insulza, presidente da OEA, e pelos países do Mercosul, que disseram que o governo a ser eleito em novembro não será reconhecido por aquele organismo... Ahãm, agora conta aquela do papagaio!

Vamos fazer um exercício mental (e aproveitem que quebrei o meu recorde no Big Brain Academy - aliás, ótimo jogo!): suponhamos que Micheletti consiga resistir ao boicote mundial aos trancos e barrancos até outubro (a eleição é em novembro, então nada mais razoável que a campanha comece em outubro) e consiga fazer seu sucessor. Tomando posse na data prevista, qual será o argumento para não reconhecer a legitimidade dele? "Ah, o Zelaya tem que voltar ao poder!". Sim, mas o período de governo dele já passou! Quer dizer então que para Honduras deixar de ser uma pária na comunidade internacional, já no ano que vem, o Super-Homem vai ter que recuar a Terra no tempo até 28 de junho deste ano, é isso!?

Ou então outra: suponhamos que entre a eleiçao e a posse do novo presidente o Zelaya consiga voltar à Presidência. Não reconhecendo o candidato eleito, quer dizer que vão fazer uma outra eleição, agora "legítima"!? Nessa hipótese (plausível, em se tratando de América Latina), haverá o eleito de Roma e o de Avignon; ou seja, vão instituir um cisma desnecessário em Honduras, onde o que realmente for empossado carregará a pecha de ser "ilegítimo" pelos hondurenhos que não votaram nele.

Não estamos mais na esfera do jurídico, de quem tem razão ou não nessa querela (nesse ponto, seria o Micheletti, que foi conduzido ao cargo pela Constituição hondurenha), mas na esfera política. E, como diria um professor meu, "política é poder". Se o Micheletti conseguir manter o poder até o fim de outubro, escrevam o que estou dizendo, Zelaya sairá derrotado. Pode até voltar para a presidência depois disso, até a posse do eleito em novembro, mas será um belo de um pato manco.

PS: Vamos a um cenário mais otimista ainda para os seguidores do Zelaya: nessa coisa toda, ele passa na fronteira Nicarágua-Honduras daqui a 5 minutos. Ele teria que não ser preso. Não sendo preso, ele teria que conseguir chegar a Tegucigalpa. Chegando em Tegucicalpa, ele teria que retomar o poder. Retomando o poder, ele teria que dar um golpe, pois o Legislativo e o Judiciário estão contra ele. Mas para dar o golpe ele precisa do apoio do Exército, o que, ao que tudo indica até agora, ele NÃO tem (a essa altura do campeonato, quase um mês depois de sua deposição, já deveriam aparecer notícias de dissidências entre os militares, não?). Pode não parecer, mas apesar do povo hondurenho estar sofrendo com as suspensões de ajudas econômicas, quem está com a situação complicada é o sr. Zelaya.

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