segunda-feira, julho 21, 2008

Exclusivo! Sérvia pisa na Bósnia!!!*

Tive a oportunidade de ir para a Sérvia (o país), e posso dizer que é o país mais chauvinista que eu já fui. Eles não gostam de eslovenos, fazem troça dos húngaros, têm ódio aos croatas (com motivos, diga-se: pesquisem um pouco sobre os nazistas croatas - aliás, o chefe deles, Pavelich, se mandou para a Argentina e trabalhou com o Perón), aos romenos, aos ciganos, aos montenegrinos (foram os que ficaram mais felizes com a independência de Montenegro), aos albaneses, bósnios-muçulmanos, etc. Só gostam dos russos (que ajudaram eles na independência no século XIX) e dos macedônicos - pobres demais para "causarem problemas".

Prenderam hoje o Radovan Karadzic, presidente da República Sérvia da Bósnia (Atenção: a República Sérvia - tentem pronunciar "Srpska"...- parte integrante da Bósnia, é diferente do país Sérvia, ok?) na época da guerra civil. Ele estava escondido na Sérvia (o país), em algum lugar de Belgrado. Parte importante do país era (e continua sendo) favorável à guerra e ao comando do Milosevic (vide a multidão que participou de seu velório), e foi essa parte que escondeu o sr. Karadzic esses 13 anos.

O que isso significa? Bem, é uma clara mensagem de boa vontade à União Européia, já que a prisão de criminosos da guerra da Bósnia é um dos pré-requisitos para a entrada no bloco (e foi por isso que a Croácia, que possui condições econômicas melhores que a Romênia e Bulgária, não entrou na última leva). Uma pena que o projeto de expansão está parado, mas acho que quando voltar a Sérvia, mesmo bem mais pobre, estaria em condições de entrar na próxima leva, junto com os seus arqui-rivais croatas.

Mas há o Kosovo... E aí, há algumas alternativas: 1) A Sérvia bate o pé, não reconhece Kosovo, e não entra na UE (por enquanto) - bastante possível; 2) A Sérvia condiciona o reconhecimento de Kosovo à entrada na UE, mesmo não atendendo algumas das exigências políticas (principalmente coisas sobre burocracia e corrupção) e econômicas - pouco provável, tanto por parte da Sérvia quanto da própria UE; 3) A UE admite a Sérvia e também o Kosovo, fazendo um mini-espaço Schengen entre os dois países e deixando a coisa em banho-maria até se resolverem - algo interessante, mas inteligente demais para adotarem (sem contar o problema da máfia albanesa); 4) A UE aceita a Sérvia por méritos desta, mesmo sem esta reconhecer o Kosovo, que viraria um Chipre turco.

*Uma chamada tradicional do Aqui Agora na época da guerra da Bósnia

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