domingo, maio 03, 2009

Ao Ministério Público, com carinho

Estimado Ministério Público. Aliás, estimados Ministérios Públicos de todas as instâncias, já que estamos finalmente abrindo a Caixa de Pandora,

Espero que vocês tenham apareceido nesse post graças a essa mensagem do Radar Online do site da Veja (procurem maiores detalhes na Edição 2111, de 06 de maio de 2009) que coloco aqui :

Tempos difíceis | Temer: o presidente de uma casa complicada
(Foto: Alan Marques/Folha Imagem)

Depois das passagens aéreas, o Ministério Público passou a investigar os gastos dos gabinetes dos deputados federais - e o que encontrou até agora é um poço fundo de irregularidades. Entre outras surpresas, já foram identificados deputados que empregam funcionários fantasmas e até que tomam parte do salário de seus assessores. Pontualmente, histórias como essas volta e meia apareciam. Mas, se forem sistematizadas e divulgadas, envolverão muita gente. A expectativa é que a farra das passagens seja brincadeira de criança perto do que vem aí. Michel Temer já foi alertado da existência das denúncias, e a própria criação, na semana passada, de uma comissão para readequar os gastos parlamentares faz parte da tentativa de se antecipar à tempestade que se avizinha [grifo meu].

Vamos lá: uma viagem ao exterior aos países nobres (EUA e Europa Ocidental) em classe econômica custa, no máximo, uns U$ 1200. Com o dólar a R$ 2,50, dá uns R$ 3000. É muito, não é? Acredito que até pra deputado federal R$ 3000 seja muito. Ganhando R$ 16512 menos 27,5% de Imposto de Renda, cai para "apenas" R$ 12000, arredondados. Tudo bem que há os R$ 3000 de auxílio-moradia e os R$ 15000 de verba indenizatória, além dos "14º" e "15º". Com tudo isso, um deputado federal gasta, por baixo (sem contar despesas com telefone e a tão falada verba com viagens), R$ 48000.

Mas tem outra coisa: ele tem direito a R$ 51000 para a verba de gabinete, para se cercar de pessoas capazes que possam orientá-lo a legislar melhor. Acontece o seguinte: uns deputados cobram "participação nos salários". Algo do tipo: "eu te arranjo um salário de R$ 3000, mas com uma condição: te emprego no meu gabinete com um salário nominal de R$ 6000 e você me dá a diferença mais todos os extras que ganhar, ok?" (OBS: e esse é um esquema bonzinho). Trabalhando com esse esquema até generoso, com o deputado empregando 8 secretários parlamentares a R$ 6000 e um a R$ 3000 ele abocanha 50% da verba de gabinete, R$ 25000. Isso é UM SALÁRIO E MEIO PARLAMENTAR A MAIS!!! OU 50% DA MAIOR VERBA DE PASSAGENS AÉREAS POSSÍVEL (R$ 16950)!!!

E tem outra coisa: não é só deputado que faz isso não. Mesmo os secretários parlamentares fazem isso com vagas que sobram para parlamentares do dito "baixo clero". Investiguem os assessores também, Ministério Público e imprensa!!!

Digo com todas as letras: pelo menos 80% dos fantasmas da Câmara dos Deputados, aquelas pessoas que só aparecem na Casa para assinarem o ponto e ganharem o extra da sessão extraordinária estão nessa situação. Aviso ao MP e aos jornalistas investigativos que não tenham se contaminado com o clima de corte reinante na Esplanada dos Ministérios: 1) Comecem a reparar na quantidade de saques volumosos que fazem nas agências de dentro do Congresso; 2) 10 minutos antes da sessão extraordinária, observem o fluxo de gente no Anexo IV da Câmara dos Deputados e se todas as pessoas que assinam o ponto voltam ao gabinete para trabalhar.

Mais só revelarei em 2019 (a corda sempre estoura para o lado mais fraco, então quero ficar anônimo o máximo possível). Mas torço para que adiem a explosão desse esquema só mais um pouquinho, em 2010. Se estourar esse escândalo no ano de eleição, esse blog entrará em "campanha negativa" do tipo "não elejam os deputados tais".


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