segunda-feira, abril 27, 2009

A mudança era vidro e se quebrou - Paraguai

Deixa ver se eu entendi: um país era governado pelo mesmo partido* há 50 anos. Houve desgaste, vozes dissonantes, até que houve um agente da mudança que se candidatou. Essa pessoa - e seus partiários - deveria(m) saber que iria(m) lutar contra uma máquina político-estatal-econômica fortíssima, que faria de tudo para contar seus podres e até difamá-lo. Portanto, ela deveria ter uma reputação ilibada - ou, quando muito, que não tivesse cometido nenhuma falta grave.

Sim, como está no título, estou falando do Paraguai e do Exmo. presidente Lugo, o ex-bispo "pai da pátria".Quer dizer que pensou que o fato de fornicar com suas fiéis (uma A PARTIR DOS 16 ANOS) e ter uma pletora de filhos ENQUANTO ERA BISPO não iria ser relevante para a opinião pública paraguaia!? Ouso dizer que os paraguaios que votaram nele devem estar mais perdidos do que o povo que votava no PT por ele ser o "partido da ética" - lembram?- na época do Mensalão.

Ouso dizer que o Lugo tornou-se um "pato manco" com apenas um ano de mandato. Curiosamente, o Lula tornou-se seu fiador quando passou a mão na cabeça e falou que não viu nada de demais na conduta dele. Pode ser que, depois dessa, o Lugo se sinta eternamente grato e empurre a briga por Itaipu com a barriga. Entretanto, o Lugo pode fazer alguma lambança para criar um factóide no sentido de recuperar a popularidade. Ou pior: em qualquer um dos dois cenários, o Lula pode abrir as pernas pro Lugo, cedendo às suas exigências, e depois falar que "temos que ajudar nossos hermanos pobres e coitadinhos"...

*O Fukuyama inaugurou a categoria dos "Estados Falidos" para explicar aqueles estados onde não há domínio pleno do território, ou mesmo sem domínio algum (como Somália, Afeganistão ou Pará). Inauguro uma nova categoria, as "Democracias de Partido Único", onde a alternância do poder entre partidários é problemática. O exemplo clássico é o México, onde houve mais de 60 anos de domínio do PRI. O Paraguai poderia encaixar-se penamente nesse conceito. A África do Sul, a Venezuela e a Rússia estão indo pelo mesmo caminho; e a Argentina, com o Partido Justicialista, mais o Brasil, com o PT, teriam fortes tendências para isso.

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