terça-feira, outubro 21, 2008

Sobre o (Ev)Aldo e a Eloá

1) O crime em si:

Desde o momento em que aconteceu o cárcere eu já percebia que a coisa iria terminar mal. Não pela atitude da polícia (não falarei sobre o óbvio da besteira da volta da Nayara* ao seu algoz), mas pelas circunstâncias: quando uma pessoa enciumada e colérica sai para ir matar alguém é muito difícil que isso não aconteça. É diferente de um assalto que não dá certo ou de um bandido em fuga, que só querem que a polícia não atire neles por algum gesto em falso.

Outra prova que esse final era inevitável foi no primeiro depoimento da Nayara, onde ela diz que ele esperava encontrar a Eloá sozinha em casa, e não com os amigos fazendo um trabalho de grupo. Ou seja: ele queria dar um tiro nela e se matar. Não culpo a polícia por não ter tirado essa conclusão após o depoimento e antes da tragédia, pois essa conclusão com certeza seria muito difícil de se tirar a priori.

2) Sobre os costumes nossos.

Costumo dizer que sou liberal em convicções políticas e conservador nos costumes. Acho, por exemplo, que os costumes 'prafrentex' de cariocas da Zona Sul -é um esterótipo, eu sei, mas vocês entendem o que eu falo- não são nada mais que putaria pura e simples. Daí que achei estranho quando soube que a Eloá começou a namorar um cara de DEZENOVE anos AOS DOZE!!! E mais, ela já frequentava raves com 15 anos!!! Olha, meninas de 12 anos têm que se preocupar com menstruações e primeiros beijos, não com namoros! E, no momento, em juntar dinheiro e convencer os pais a deixarem ir no show de despedida do RBD ou congêneres (não acredito que em Sto. André o povo curta 'High School Musical' ou 'Hannah Montana') - Obs: depois dizem que ficar velho é ruim... Tanta coisa horrível que gostamos quando crianças e aborrescentes...

Só salientando que mesmo que a Eloá fosse a maior piriguete do ABC isso NUNCA justificaria seu assassinato. E agora vamos ao Lindembergue: claramente trata-se de um cara sem auto-estima. Imagine você, rapaz desocupado que lê isso aqui, ainda com seus dezenove anos. Vou te situar melhor: você ou está no terceiro ano, ou passou no segundo grau e tá trampando, ou no supletivo, ou já na faculdade. Você namoraria uma pirralha de 12 anos, da quinta/sexta série!? Depois de sucessivos términos de namoro, o que uma pessoa normal (mesmo eu, que já não tenho uma auto-estima muito boa) faria? Provavelmente se encachaçar ou consolar suas mágoas nas pernas de uma prostituta. Ele não. Infelizmente, cedeu ao desespero. E precisou fazer uma tragédia e aparecer na Sônia Abrãao, Hoje em Dia et caterva pra se sentir "o rei do gueto" pela primeira e última vez na vida.

3) Sobre o (Ev)Aldo

Isso sim é pavoroso! Confirmando que não se trata de um homônimo, o pai da Eloá é um ex-policial das Alagoas envolvido em grupo de extermínio e é acusado de envolvimento na morte de um graduado do governo local, irmão do ex-Governador Ronaldo Lessa (que perdeu a eleição para o Senado para nosso ex-presidente Collor...). Então a tragédia de Sto. André já poderia render uma tragédia épica como a do 174.

(Relembrando o caso do Rio: Sandro Nascimento, um ex-sobrevivente da Chacina da Candelária, totalmente louco de cocaína, resolve assaltar um ônibus no Jardim Botânico. Não dá certo, e a polícia cerca o ônibus. Todas as negociações dão em nada visto o estado do bandido. Até que às 19h, mais ou menos, há uma negociação para ele sair. Ele sai com uma refém, até que vem um policial do BOPE e dá um tiro. Acerta a refém, que estava grávida, e que morre. O Nascimento também acabou morrendo, estrangulado no camburão ao caminho do hospital).

Vamos ao enredo da tragédia paulista: há o pai, um antigo assassino profissional que anda quase 2000km para iniciar uma nova vida, e vive relativamente bem por uns 13 anos, até que o ex-namorado de sua filha a toma como refém. Ele tenta redimir seus pecados tentando salvar o rapaz de si mesmo, mas não consegue. Passa mal, não vai no velório da sua filha, é reconhecido, capturado e morto.

Agora no Jornal Nacional ele deu um depoimento falando que é inocente, e que fugiu de seu estado e adotou outro nome para não ser morto porque sabe demais. Se for isso mesmo já não seria uma tragédia, mas uma novela de muito mau gosto (pois a audiência iria chiar pela morte da filha).

Bom, a realidade realmente supera a ficção...

*Falando na Nayara... Que gatinha, hein? A vida no ABC não me parece ser tão mal assim...

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