quinta-feira, maio 08, 2008

Seccional 1ª região da APB, Membro nº 0571/96

Obsessão por fogo pode ser doença

Definido como um comportamento onde a pessoa sente um desejo incontrolável de provocar um incêndio ou atear fogo nas coisas, a piromania é um transtorno mental raro que pode acontecer repetidas vezes ou ser isolado.

"Esquizofrenia, transtorno bipolar na fase maníaca e personalidade anti-social são doenças que devem ser excluídas ao se diagnosticar a piromania", comenta o psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade Federal de Minas Gerais, Juarez de Oliveira Castro.

Segundo o médico, se associada a outras doenças mentais, o ato de atear fogo pode estar vinculado à vontade em comunicar algum desejo ou mesmo um pedido de ajuda. "O indivíduo com piromania coloca fogo nas coisas para sentir prazer, não para chamar a atenção. O ato pode acontecer somente uma vez ou se repetir até que algo grave acabe acontecendo", explica Castro.

Para o psiquiatra, a piromania pode ser considerada um transtorno de controle do impulso, onde a pessoa não consegue conter o ato, mesmo estando consciente. "No momento em que surge a vontade de atear fogo em algo, ela se preocupa somente com o prazer que vai sentir", comenta.

O sentimento de prazer e gratificação está associado a todo o processo de atear fogo em algo, desde a idéia até o ato em si. "O ritual de preparação para colocar fogo em algum objeto ou local traz uma vivência agradável, que é consolidada com o incêndio. Em alguns casos, o indivíduo pode atear fogo em algo para ele próprio combatê-lo", lembra Castro.

Por não considerar as possíveis conseqüências de um incêndio, como colocar em risco a vida de outras pessoas, o piromaníaco pode ser ainda diagnosticado como um paciente com transtorno de personalidade anti-social. "A piromania na forma pura, isolada, não é freqüente. Acredito que esse é mais um comportamento dentre outros relacionados ao transtorno de personalidade anti-social que, no caso, é o mais evidenciado", orienta Geraldo Possendoro, psiquiatra e professor de medicina comportamental da Unifesp.

De acordo com o médico, não há ainda tratamentos direcionados a piromania. "A ciência não tem certeza quanto às possibilidades de tratamento. O que se faz, em geral, é a prescrição de medicamentos e psicoterapia, para reduzir a impulsividade de maneira geral", finaliza Possendoro.

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