sexta-feira, maio 30, 2008

Livros lidos em 2008: 2 - História de Florença, de Nicolau Maquiavel

Não, não li as quase 580 páginas desses dias para cá; começei a ler a obra desde o começo do ano, para ajudar a pegar no sono (eu e meu maldito problema de insônia). Sei que não é a maneira ideal de se ler um livro desse estilo, acadêmico. Mas acredito naquela coisa taoísta da "ação pela não-ação": de alguma maneira algo do livro ficará em meu subconsciente, e aflorará caso eu tenha que ler de novo a obra - e a releitura sempre é mais fácil que a leitura. Mas o que importa é que já posso me gabar de ter lido todas as principais obras do florentino (O Príncipe, Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio - fundamental -, A Arte da Guerra - dispensável - e Mandrágora), faltando apenas as cartas, inclusive aquela malfadada onde ele diz que deu e não gostou

Fazendo um resumo extremo, Maquiavel fala da história de Florença (e da Itália) desde a queda do Império Romano até a morte de Lourenço de Médici, o Magnífico, em 1492 - lembrando que a História de Florença foi-lhe recomendada pelo papa Clemente VII (Júlio de Médici). Não fala muito das guerras, mas sim das confabulações, revoltas, etc. que ele sabe muito bem do que se trata. O livro em si é ótimo, mas é dispensável para quem é um reles estudante de graduação (leia 'O Príncipe' e 'A Mandrágora' e seja feliz), ou mesmo mestrado (idem mais os "Discursos"). Para quem for ler, preste atenção em duas coisas:

1) em determinados momentos, alguns personagens têm citados seus discursos entre aspas. No ato pensei: "espera aí, como que Maquiavel, que não era nem nascido, poderia saber exatamente o que eles falaram? Sem contar que a taquigrafia não era tão boa assim na Idade Média/Moderna..." Logo, essas partes entre aspas só podem ser proselitismos velados do titio Nicolau para cima do papa. Todas as páginas com entre aspas estão devidamente identificadas no meu exemplar para futura análise;

2) Algo também bastante interessante: fala-se de Florença (óbvio), Roma, Nápoles (na época posse do reino de Aragão), Veneza, Milão, no finalzinho fala até de Gênova. Porém, Turim, quem foi que unificou finalmente a Itália, NENHUMA VEZ É CITADA! Tudo bem, uma vez ou outra falam de um Savóia, mas Maquiavel não dá nenhuma importância a eles. Bom, Napoleão dizia que ele era ingênuo...

Cotação: É Maquiavel escrevendo uma obra acadêmica com o mesmo espírito (busca de favor de um Médici) de O Príncipe. Ou seja, ótimo. Porém, pediria à Martins Fontes que, por obséquio, colocasse um mapa da Itália com as principais cidades citadas pelo florentino. Se eu, que fiz mestrado sobre Maquiavel, fiz confusão pensando que a Emília-Romanha ficava abaixo da Toscana, imagine a dificuldade que as outras pessoas terão em localizar as quase 50 cidades citadas pelo homem?

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