sábado, abril 14, 2007

Os meses em que meu mundo caiu (2)

Voltando de onde parei. Em setembro (?) de 2002 a Camila voltou de viagem. Eu resolvi recepcioná-la quando ela chegou no aeroporto aqui em Brasília, e dar pra ela o cd dos Paralamas da volta por cima do Hebert Vianna (acho o disco maravilhoso). Mas Pedro também estava lá, junto com a família dela. Segui aquele preceito grego clássico: "veja o tigre antes do tigre ver você", e consegui a proeza de ninguém me ver. Depois fui pra uma quadra e quebrei o cd ao meio. Nos cumprimentaríamos na UnB na semana seguinte. Saimos juntos pra ver Cidade de Deus, depois da formatura eu levei ela pra uma creparia pra comemorar o aniversário da minha irmã, etc.

Foi na época da minha formatura da graduação, e eu já tava no mestrado. Mas vou falar um pouco de minha colação. Já conseguia trocar algumas idéias com a Michelle na época - e ela sabia que eu tava afim dela por causa de uma amiga em comum que tínhamos, a Fabiana (que continua minha amiga até hoje), que falou. Chegou no dia da colação, eu armei tudo pra dar um convite do baile pra ela, já que ela era meio desligada do povo de ciência política (ela fez artes cênicas também, e essa é a principal área dela - já vi uma peça dela, e ela é uma boa atriz). Consegui. Eu dei também um ingresso pra Camila e tal, mas obviamente estava mais preocupado com a Michelle.

No baile, a Camila estava muito bonita, e num determinado momento o Daniel chega pra mim: "Lobo [eu], a Camila tá muito gata, não tô me aguentando..." E eu falei: "Hum... Pode ir então". Ele foi, mas não rolou nada. Mas tem outra coisa, ele estava ficando com outra garota no baile. Quanto a mim, não fiquei com a Michelle (por pura carência de approach - mas cheguei muuuuuuuito perto, qualquer outro no meu lugar ficaria com ela). Começamos a nos falar mais, eu levei ela pro cinema da Academia (todo artista tem um quê de Pseudo-Intelectual Metido a Besta - PIMBA - não tem jeito...), fui a uma peça dela como disse acima e tal. Enfim, estava meio receoso de partir pro beijo - era muito receoso, hoje graças a Deus sou muito menos (mas ainda sim sou um pouquinho). Mas também eu estava insistindo com a Camila.

Chega 2003, o pior ano de minha vida. No primeiro semestre, eu sempre tentava me enturmar com a Camila. Seja levando ela pro ChuRel, churrasco do povo de relações internacionais (que eu acho um povo bem xarope, prepotente e metidos a besta a bem da verdade - sem falar na homofilia que grassa ali), show dos Paralamas, etc. Salvo nesse show, eu sempre a levava de carro, apesar dela ter o Clio dela (francófila filha da ****). Ia da minha casa, da 215 até a 409 norte, levava ela pro lugar, deixava ela na república onde ela morava e voltava pra casa (ao todo isso devia dar uns 30km). Umas duas vezes ela ligou cancelando o encontro. Uma dessas vezes foi quando eu já estava no meio do caminho. Tá, como um bom bovino que sou eu aceitei. Até que chegou o dia D.

Era aniversário do Daniel, em algum dia de maio que não me interessa lembrar agora, e os amigos dele resolvemos fazer uma festa-surpresa na casa dele. E falei isso com a Camila. Lá fui eu dar carona pra ela - mas nesse caso a república dela ficava no caminho - e o Matheus, que é meu ex-amigo pegador (continua pegando - e em parte foi por isso que terminei a amizade com ele), resolveu falar com algumas garotas para quem eu tava dando aula como parte de matéria do mestrado, mais umas amigas, mais umas gostosas de pol pra festa. Ele chegou em casa, parabéns-pra-você e coisa e tal. Em um determinado momento eu vejo que o Matheus tava ficando com a minha aluna, que era gata. Fiquei mal com aquilo, mas já senti isso tantas vezes que já me acostumei.

(Interlúdio: As mulheres que lêem isso aqui fiquem sabendo que nós os homens que somos ruins pra pegar mulher nos sentimos inferiorizados como machos nessas horas, porque isso fere com nossa virilidade, é impotência mesmo - é como eu chegar pra alguma de vocês e falar: "Você é gorda!", ou então falar isso na frente de suas amigas: "Porra, eu tento de todas maneiras agradar você, mas você é mais fria que um cadáver na cama!").

Eu me retraí um pouco, mas como tava cheio de amigos meus naquela hora eu dei uma maneirada. Até que... o Daniel lasca um beijo na Camila, e eles começam a ficar. Todo mundo ficou naquela de "aêêêêêêê!". Nesse momento eu não aguentei e falei: "Bom, tô vendo que não tenho mais nada o que fazer aqui, por isso tô indo nessa. Daniel, abre a porta pra mim, por favor?". Ele olhou com uma cara de espanto, falou "Qualé, Lobo, o que que foi?", e eu fui embora. A Camila falou algo como "não acredito que você tá fazendo isso!", mas não me lembro e nem quero me lembrar que palavras exatas aquela ******* falou.

Eu falei que fui embora? Bom, mais ou menos. Eu saí da casa, mas o Daniel não abriu a grade pra eu sair. E o Matheus foi discutir comigo. Foi uma discussão bem áspera, e ele tava bem puto comigo, me agarrando pelo colarinho até (nessas horas eu tenho três reações possíveis: começo a chorar pra não parar mais, saio destruindo tudo ou começo a rir de nervoso - aconteceu essa terceira reação). No final, ele falou: "Se você sair por essa porta agora nossa amizade acabou". Eu falei "Então tá! Nossa amizade acabou". A minha aluna chamou ele pra festa, ele foi, as portas se abriram e eu fui pra casa, sozinho.

Cheguei em casa, minha mãe (modus operandi de mãe judia, não dorme enquanto eu não chegar) estranhou eu chegando tão cedo, e perguntou: "foi boa a festa, Lobo"? "foi uma bosta, mãe". Ela quis me abraçar e eu dei um empurrão nela e tranquei o quarto. Liguei o computador, escrevi pro grupo de discussão do Ambrosia (fanzine que eu escrevia na época, e que o Matheus era o "publisher") falando: "A partir de hoje não tenho mais nenhuma relação com o Sr. Matheus P. S." e fui dormir - depois ele me mandou um falando que eu estava sendo muito radical e que deveria relevar o que ele disse e acabamos reatando a amizade - o que me arrependo até hoje, teria poupado muito de meu sofrimento e muitíssimo de meu dinheiro.

Até chorei um pouco nesse dia, mas segurei as lágrimas que iriam para a fronha de meu travesseiro. Guardei pra segunda. De manhã, às 8 da manhã eu fui pra minha psicóloga na época, a Denise. Normal, se o dia da minha consulta não fosse sexta. Ali sim eu disparei a chorar. Ela foi a primeira a vir com aquela lenga-lenga cristã de que eu tinha que perdoar os dois. Até tava disposto a perdoar o Daniel, a bem da verdade. Talvez se não houvesse aquela discussão com o Matheus na grade da casa do Daniel eu sofreria calado. Mas não deu. Ainda mais com o que houve no fim da tarde de segunda.

Depois da minha aula onde era professor da graduação, eu estava saindo tranquilamente conversando com o Matheus sobre assuntos do curso quando o que vejo? O Daniel e a Camila também conversando tranquilamente! Sobre o quê? Talvez sobre a trepada depois da festa, já que a carona dela tinha ido embora. Só sei que depois desse segundo flagra, de ve-los conversando sem trauma algum, sem parecer se importar por parte dela de ter ferido os sentimentos de um cara que sempre a tratou bem, sem parecer se importar por parte dele de ter dado uma facada no peito de um amigo que já conhecia a pouco mais de oito anos, com quem dividiu as felicidades e as tristezas de torcer pro mesmo Vasco da Gama, nesse momento, eu decidi romper com os dois, definitivamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara,eu tenho uma boa idéia sobre o que você passou. Além de torcer pelo Vasco, que tá uma porcaria, eu também tenho muita dificuldade de chegar em uma mulher.No ensino médio eu gostava muito de uma menina da minha sala e todo mundo da minha escola sabia disso. Mas mesmo assim um chegado meu acabou namorando com ela.Fiquei com muita raiva da minha ex-deusa e hoje não quero nem ouvir o nome dela.Se você quer uma dica,nunca mais corra atrás de nehuma mulher.Se for pra você acabar ficando com uma mulher, espere que ela vai aparecer, senão, levante a cabeça e siga sua vida. Se quiser conversar, meu email é: yuriradd@hotmail.com