Eleições 2010 - Toninho, você está fazendo isso errado

Não vi o debate na Band ontem, por dois motivos: 1) o debate que importa mesmo é o da Globo; 2) para não correr o risco de arremessar algo na TV e ter problemas para dormir. Dito isso, foi interessante que Horroriz, "franco-favorito" tenha se dignificado a ir ao debate (em circunstâncias parecidas nas eleições de 98 e 02 ele não compareceu). Provavelmente para passar a mensagem para suas bases eleitorais (principalmente àqueles 35% - um pouquinho menos no DF- analfabetos e analfabetos funcionais) que ainda é candidato - pela capacidade cognitiva dessa gente, muitos devem pensar que a candidatura dele não está mais valendo.

Dito isso, vamos a algo que claramente NÃO funciona e que a esquerda ilustrada do DF insiste em bater na tecla: perguntado pelo Cláudio Humnberto sobre a política de distribuição de lotes, Horroriz disse (conferir link):

"No terceiro bloco do debate entre os candidatos ao GDF, os jornalistas que fizeram a pergunta e ainda escolheram quem comentaria o assunto. Cláudio Humberto perguntou a Joaquim Roriz sobre a política de distribuição de lotes do político em governos passados.

Roriz defendeu a necessidade de arrumar lugar para as pessoas que buscavam trabalho em Brasília. Toninho, escolhido para comentar, culpou Roriz pelo caos que a cidade viveria hoje. Na réplica, Roriz afirmou que o candidato do PSol não se preocupava com os pobres.

"A maioria de nós não nasceu em Brasília. O cidadão veio buscar melhorias e se não tem dinheiro para comprar pão, como vai adquirir lotes? Se eu voltasse atrás faria a mesma coisa", declarou Roriz.

"Eu sempre achei um equívoco da política do Roriz. O senhor foi o responsável pela ampliação da miséria, não resolveu o problema do povo que está faminto", rebateu Toninho. Roriz ironizou: eu vejo que o senhor é um homem que não gosta do pobre, eu gosto do pobre"."

Tudo bem que o Toninho é um candidato nanico, mas isso reflete crença de boa parte da esquerda no DF. Cada vez que alguém fala que "a política de lotes foi um equívoco, e que provocou miséria no DF" e fica por isso mesmo, o eleitor de grande parte das cidades-satélites logo conclui: "esse cara não gosta de mim; por ele eu ainda viveria em invasão enquanto ele estaria no bem-bom lá no Plano ou no Lago, sei lá onde que mora". Daí é mais um a votar n'Horroriz, que aproveita muito bem esse mote do "ele não gosta de pobre" graças a uma infelicíssima entrevista do Cristovam em 98. Horroriz em parte ganhou as eleições ali.

(Antes que me perguntem, eu NÃO acredito na teoria que Horroriz ganhou do Cristovam no debate, por ele ter sido 'coitadinho'; o que aconteceu, e vocês podem conferir isso no site do TSE, é que uma parte considerável dos eleitores d'Horroriz - parte daqueles 35%... - se embananou com a urna eletrônica, anulando os votos e permitindo a vitória do Cristovam)

Em vez de ter essa abordagem elitista imbecil, a esquerda tem que começar a falar, com uma outra abordagem: "tá, houve a questão da moradia que ele até pode ter resolvido. Mas e a saúde? Horroriz cuidou da saúde? E a educação? Horroriz cuidou da educação? E a segurança? Horroriz cuidou da segurança? Enquanto nesses quase 20 anos ele ficou se vangloriando de ter dado lote, VOCÊ, que recebeu lote em algum desses últimos 20 anos, vive trancado em sua casa por medo de bandidos, tem que rezar para que consiga atendimento no hospital e possuem parentes desempregados porque não tem a qualificação necessária para conseguir emprego. Você acha justo dar seu voto a uma pessoa que te deu algo e depois disso te deixou ao Deus dará?"