terça-feira, julho 20, 2010

Contra o "enredismo" em jogos

Olha, sei que sou velho (e faço 30 hoje!), mas dizer "sou do tempo em que..." ainda não é fácil. Dito isso: sou do tempo em que se jogava videogames apenas por se jogar não por narrativas. Atari, mega drive/snes, fliperama pc, wii, em todos os jogos em que joguei, o enredo era apenas ua DESCULPA para se jogar. Seja para resgatar animais de um cientista maluco (Sonic), acabar com o domínio de um chefe do crime (Streets of Rage), juntar pedaços de nave para voltar para casa (Toe Jam & Earl - e Pikmin também), conquistar um planteta (Dune 2), ser o maioral do pedaço (diversos) ou mesmo resgatar a princesa (Mario e diversos), tudo isso era secundário. O objetivo era passar o tempo fazendo algo divertido.

Hoje em dia não. Muitos jogadores parece que estão vivendo uma "fase progressiva" - para além da "fase Image Comics", onde só os gráficos importam (e até certo ponto, enquanto não lançarem uma engine superior). Para os "progressistas", o jogo tem que ter uma "narrativa", de preferência "adulta". Isso pode até ser relevante e saudável em RPGs e adventures, mas em jogos pode se tornar um pé no saco, por três motivos: 1) os desenvolvedores têm "síndrome de Hollywood", e acham que estão criando "filmes interativos", onde a parte jogável é uma desculpa para mostrarem o quão talentosos eles são; 2) isso resulta em partes não jogáveis enooormes, o que é um saco; 3) para não falar que os roteiros são péssimos, risíveis.

Acho engraçado esse povo que joga videogame dizer o quanto os roteiros são elaborados, o quanto parecem filmes coisa e tal. Sinceramente, um filme e um livro possuem possibilidades ilimitadas: desde todas as que falei acima no primeiro parágrafo até histórias onde dá para entrar de cabeça na personalidade da personagem - para não falar de histórias autobiográficas. O videogame ainda não possui tecnologia para isso, e qualquer tentativa HOJE nesse sentido resulta em jogos horríveis.

O 'enredismo' do título é quando o jogo serve ao enredo. Não quero isso. Eu quero o enredo servindo ao jogo. Caramba, até aceito ENREDO NENHUM! Contanto que o jogo seja divertido tá tudo bem. Nessa filosofia, me permito entreter-me com pérolas atuais como Robot Unicorn Attack, coisa que os 'progressistas' e 'imagecomiquistas' não conseguem fazer sem ter uma crise de identidade.

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