EPA! (Ou: motivo semestral para odiar a Veja)

Não leio muito o Ivan Lessa não, confesso. O Diogo Mainardi e o João Pereira Coutinho são super-fãs dele, mas eu acho o estilo um pouco árido demais - inclusive, acho os dois melhores cronistas/polemistas que ele. Mas ele tem uma divisão do mundo ótima: existem as pessoas que dizem "Oba!" e as que dizem "Epa!". Eu, como o Diogo (não resisti!), sou do "Epa!". E digo mais: meu lado feminino, além de lésbico, chama-se Cassandra.

O meu 'Epa!' de hoje vai para a Veja, sempre ela. Já disse que desde que ela saiu do 'módulo impeachment' melhorou e muito. Daí ela essa semana solta uma capa com os pais da Isabela dando como certa a autoria do crime como sendo deles. Sim, eu também acredito que foram eles, graças a algo como um surto doentio de paixão onde o assassinato da menina representou a morte arquetipa da mãe da menina e a renovação dos laços de amor do casal (falo hiperbolicamente porque assim tenho mais chance de acertar).

Mas voltando: por mais que as provas sejam bastante convincentes eles ainda não podem ser considerados culpados. E se a evidência definitiva não foi encontrada - ou mesmo esquecida pelos peritos? Ou então se os réus forem absolvidos? Daí a capa da Veja (que lembra uma tirada do Pasquim repetida com Bundas: "Todo paulista (letras garrafais) que não gosta de mulher (letras miúdas) é bicha (letras garrafais)" irá para o Hall da Infâmia, junto com a "Caso Encerrado", com a primeira versão do assassinato do PC Farias e a "Drogas - Mais uma Vítma", sabatinando que a Cássia Eller havia morrido de overdose, o que foi descartado pela autópsia.

Pelo sensacionalismo e pela precipitação, e pela eventual arrogância caso os pais não forem os culpados ("Ah, mas a gente disse a versão da polícia") esse é meu motivo semestral para odiar a Veja.

Viram? O processo para me tornar reacionário é bastante boquirroto...