segunda-feira, setembro 04, 2006

Sapo Cururu

Conhecem aquela fábula que todos os pássaros do mundo fariam uma festa
no céu, e o sapo ficou louco de vontade de ir, mas não podia entrar
porque não tinha asas? Pois é, eu acho a fábula infantil mais filha da
puta que existe, preconceituosa até a medula.

Enfim, estou meio que me sentindo esse sapo excluído. Tenho a
impressão de que todo mundo está no meio de uma festa sem fim. Todos
com seus empregos, todos com suas namoradas, e eu, por razões
desconhecidas, sou o sapo que fica fora de tudo isso.

Sei que os outros também têm problemas, e sei que grande parte destes
são muito mais graves que os meus. Mas a angústia no meu caso é que
meus problemas são os mesmos, e por mais que eu tente (provavelmente
não tento direito, mas não consigo tentar de outra forma) eles nunca,
NUNCA vão embora. Queria resolvê-los logo. Não que isso signifique o
fim de todos os motivos de minha tristeza, mas para ter outros
problemas com o que preocupar. Essa perenidade dos mesmos problemas me
causa uma profunda sensação de impotência, de que tudo o que eu faço é
inútil, sempre. Se eu tivesse algum defeito físico, vá lá. Mas não.
Estou na plenitude de minha existência...

Meus pais estão ficando velhos. Eu também estou ficando velho. Logo
logo terei meus problemas de saúde além da tendência a glaucoma. Quero
me preocupar em ter não pagar mais imposto do que devo ao governo
(quero aprender a fazer IR). Quero ter outras preocupações da minha
vida, estou de saco cheio das mesmas.

Na fábula, o sapo dá um jeito de ir na festa no céu, mas acontece
algumas coisas que não lembro o quê e ele cai. Daí, podendo escolher
entre se espatifar na terra ou na água, ele escolhe aquela, pq não
sabe nadar (!). Espero ter melhor sorte do que o sapo. Espero que
minha paciência seja grande o bastante para esperar essa sorte.

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