segunda-feira, maio 14, 2018

Bolsonaro - O Cavaleiro das Trevas

Ontem resolvi ver a animação que fizeram da HQ Batman - O Cavaleiro das Trevas e percebi a quantidade de analogias que se dá para fazer com a situação atual brasileira. A ordem dos personagens aqui é aleatória. Tem spoiler - mas a culpa é sua de não conhecer uma história de mais de 30 anos:

Gotham City - É o Brasil: (muito) violento, desesperançado. Quando é acometida pelo blecaute após o PEM simboliza a pneumonia que o Brasil pega quando há uma crise internacional daquelas. Quando o Batman (ele mesmo e seu simbolismo) mais o ex-Comissário Gordon conseguem controlar a cidade a TV mostra que Gotham é a única cidade dos EUA que não entrou em caos generalizado - isso de certa forma se aplica ao Brasil, que tem uma estranha habilidade de sair das crises internacionais mais cedo que o resto do mundo - aconteceu isso em 1929, em 1973 e em 2008 - nestas últimas, porém, caiu na besteira de manter políticas keynesianas mesmo após sair da crise (o que confirma a clássica frase do Milton Friedman de que criar uma política pública é muito fácil, o difícil é acabar com ela).

Batman - A analogia óbvia seria com o Bolsonaro, o que não está de todo errado. Porém, podemos expandir essa analogia para uma pessoa jurídica: os militares, que combateram o crime por muito tempo, mas tiveram que sumir por uma confluência de fatores pessoais (no caso do Batman, a morte do segundo Robin; no caso dos militares, a encheção de saco que é se envolver política, além das consequências da Crise de 79) e externos (na história, a perseguição do governo americano aos vigilantes e meta-humanos; já com os militares foram as pressões internas e externas pela volta do regime civil). Enquanto não voltou, o Bruce Wayne ficou quieto no seu canto, tal como os militares levando a vida mansamente com a garantia do soldo no final do mês. Ah sim: no blecaute de Gotham o Batman arrebenta no braço uma escopeta, mostrando aqui que dessa vez a tomada do poder será civil.

Alfred - Na HQ ele representa o fator que conserva o Bruce Wayne do Batman. No final ele destrói a Mansão Wayne e tudo que o ligava à família e, no momento seguinte, tem um derrame e morre. Na nossa comparação ele é o lado do "deixa disso", que quer nos manter no conforto de nosso lar enquanto o pau come lá fora. Sua morte simboliza o fato de que não dá mais para relevar o que está acontecendo.

Mutantes - São os simpatizantes, sobretudo os jovens, da esquerda. Reparem que, mesmo após a queda do Líder Mutante, ainda há mutantes andando pela cidade.

Robin/ Carrie Kelley - simboliza o brasileiro comum: após anos de doutrinação esquerdista (filha de pais ripongas), é salva pelo Batman. Vendo os pais reprovando o Batman ("é para isso que fomos às ruas [contra a ditadura,/Diretas Já/Impeachment do Collor/2013/Fora Temer]?"), ela decide que o fato Batman é mais relevante que os comentários e resolve se juntar ao Homem-Morcego.

Lana Lang - É a única representante da imprensa que é a favor do Batman. Nos EUA dos dias de hoje seria a Fox News e todo o jornal tido pelos críticos como "extrema-direita" ou "ultraconservador" - os mesmos que não conseguem dar UM exemplo do que seria algo ou alguém apenas "de direita" ou apenas "conservador" para termos algum parâmetro. No Brasil a Lana Lang seria a Joice Hasselmann - até um pouco pelas curvas, apesar de a Joice não ser gorda, apenas fofolete.

Comissário Gordon - Aqui é uma versão modificada (porque está a uma semana de se aposentar) do Sérgio Moro, sobretudo no fato de que sabe que seguir apenas a letra fria da lei não leva à nada e dá uma mãozinha ao Batman conduzindo o Líder Mutante para a desmoralização final. Após sua aposentadoria, ele é substituído pela Ellen Yindel, que é o típico membro esquerdista do Ministério Público que tenta perseguir o Batman por ele "não agir de acordo com a lei", o atrapalhando quando ele ia capturar o Coringa antes deste promover o massacre ao vivo na TV e correndo atrás dele mesmo quando o Coringa é morto, só cedendo quando vê que o Batman consegue controlar o caos em Gotham após o blecaute.

Dr. Bartholomew Wolper - O arquétipo dos defensores dos "direitos humanos"*, que tenta nos empurrar o Duas Caras e o Coringa goela abaixo. No final ele é morto pelo Coringa ao melhor estilo "cría cuervos y te sacarán los ojos" -  o que aliás SEMPRE acaba acontecendo.

*Melhor seria dizer do "diretohumanismo", termo que serve para diferenciar o que realmente são os direitos humanos de verdade - direito à vida, à liberdade, à igualdade perante à lei, à propriedade, etc. - dos esquerdistas que usam o seu nome para impor sua pauta, tal como o feminismo em relação às mulheres, o "movimento negro" em relação aos negros, o "movimento gay" em relação aos gays, etc.

Harvey Dent/ Duas Caras - Não, ele não representa o PT, mas sim o PSDB. O lado Harvey Dent é o que se mostra pró-mercado; já o lado monstro é o lado pró-social. É mostrado na história que a cirurgia facial foi um sucesso e o lado monstro desapareceu, mas se observarmos além da fachada, o lado monstro é o ÚNICO que existe. E convenhamos, a realidade é essa: não houve UM ÚNICO mal que o PT causou que o PSDB não tenha plantado a semente. Mensalão? Começou no PSDB. Bobajada de direitos humanos? Leiam o PNDH 2, que contém o germe das cotas raciais. Bolsa-família? Foi uma transformação do Bolsa-Escola, criação praticamente conjunta do PT (Cristovam Buarque no DF) e PSDB (José Roberto Magalhães Teixeira em Campinas). No final o Batman vê e expõe ao público a verdadeira natureza do Harvey Dent - e é por isso que o Alckmin está capengando nas pesquisas.

A fixação pelo número 2 é a famosa "dialética das tesouras", termo cunhado pelo Hegel e disseminado pelo Olavo de Carvalho. Deve ser salientado que a história política SEMPRE se dá, ao fim e ao cabo, entre duas "facções". Para usar um exemplo, a Florença do século XII se dividia entre os Guelfos e Gibelinos até que os primeiros ganharam a parada. Após isso Florença viveu feliz para sempre os Guelfos se dividiram entre negros e brancos. Um tal de Dante Aligheri era um Branco e teve que se exilar de Florença. Outro exemplo é o Império Bizantino, que tinha suas facções políticas delimitadas pelas cores das equipes de corrida de bigas.

Líder dos Mutantes - Pela maneira com que lidera os mutantes e pelo jeito físico só pode ser o Lula e o jeito sindicalista bronco do PT. Na primeira luta do Batman quase consegue acabar com ele após jogar sujo (fala que quer lutar com o Homem-Morcego de mãos limpas e resolve usar um pé-de-cabra), perdendo com a ajuda do Robin. Já a derradeira luta ocorre justamente na lama, quando ele é desmoralizado totalmente.

Filhos do Batman - São os ex-membros da gangue dos mutantes que se desiludem com a gangue. Obviamente, são os bolsominions.

Coringa - Não, não é do PT de quem estamos falando aqui. O Coringa aqui simboliza os "justiceiros sociais". Mas é algo um pouco mais profundo: reparem que no começo da história, quando o Batman está ausente e o pau está quebrando em Gothan, o Coringa se encontra catatônico em Arkham. Ele só volta a recuperar seu sorriso após o Batman derrotar o Líder dos Mutantes - ou seja, quando o Batman começa a colocar Gotham nos eixos. Da mesma forma os justiceiros sociais: já repararam que eles não existem em lugares como a Síria ou o Congo? Por que isso acontece? Ortega y Gasset tem uma explicação perfeita para isso: chamando-os de "homens-massa", os justiceiros simplesmente desconhecem os fundamentos que permitiram que a civilização e a ordem chegassem no lugar onde estão e não permanecessem como Síria ou Congo. Outro aspecto interessante é que o Coringa faz questão de aparecer na TV, o que mostra aqui que a TV é a principal ferramenta de disseminação da "justiça social" (vide o famigerado "marketing social" nas novelas da Globo). Finalmente, o confronto derradeiro entre o Coringa e o Batman se dá no "Túnel do Amor". Nos quadrinhos isso é uma óbvia dica de como o Batman e o Coringa são personagens complementares (o que seria salientado principalmente pela história do Alan Moore "A Piada Mortal"). Na realidade, é o fato de que os justiceiros sociais não sobrevivem sem que a sociedade esteja em ordem.

Selina Kyle/Mulher Gato - Essa é a personagem menos óbvia da trama. Na HQ ela se transformou numa cafetina de luxo que acaba sendo encontrada pelo Coringa, que lhe dá um beijo com um batom hipnótico, obrigando-lhe a lhe emprestar uma de suas garotas para, com o mesmo baton, hipnotizar um senador com o intuito desse pedir pelo bombardeamento atômico de Corto Maltese (na história dá a entender que a União Soviética lança o ataque nuclear devido à essa intervenção). Ao final o Batman a resgata quando já estava amarrada (e vestida de Mulher-Maravilha - aliás, se pesquisarem a vida do criador da Mulher Maravilha, William Moulton Martson, verão que ele adorava BDSM). Na nossa comparação, quem seria a Selina? A resposta óbvia seria a Gleisi "Amante" Hoffman. Mas há algo que difere a Mulher-Gato da atual "Presidenta" do PT: a primeira é uma anti-heroína, e não há nada de heroico na segunda.

Essencialmente, o que é um anti-herói? É alguém que não possui qualidades heroicas, que até pode fazer o mal, mas às vezes mesmo não querendo, faz o bem. Os clássicos exemplos de anti-herói nos quadrinhos são a própria Mulher-Gato, o Deadpool e o meu preferido de todos: o Justiceiro. Na história, a Selina continua nos dois mundos - afinal, ser cafetina, ainda mais de luxo, implica necessariamente ter uma fachada legal para fazer algo ilegal. O segredo está aí: ela tenta conciliar os dois mundos. Poderia dizer que a Selina aqui representa os "isentões", mas não estaria certo de todo. A Mulher-Gato representa sim são os "burgueses revolucionários arrependidos", aqueles que são os principais beneficiários da sociedade em que vivem, mas que querem ver esse mundo queimar, até que o mundo finalmente queima e se arrependem do que fizeram. Na literatura, quem chega mais próximo da Selina é a Varvara Stavrogina de "Os Demônios" do Dostoiévski - a burguesa que dá guarita ao Piotr Verkhovensky (um legítimo Coringa também, diga-se) até que este mostra a que veio. A Mulher-Gato e o Coringa operam no mesmo campo de realidade, mas a diferença é que a primeira ainda mantém algum escrúpulo com a sociedade à qual pertence, enquanto que este já não tem nenhum.

Ronald Reagan - Na HQ o Frank Miller não quis saber de analogias aqui. Era o próprio Reagan de quem ele estava falando - e a luta por Corto Maltese simbolizava a intervenção que os EUA fizeram na ilha de Granada - essas intervenções seriam o germe da Nova Ordem Mundial proclamada pelo seu sucessor Bush (o sênior). Aqui, o Reagan simboliza nada mais nada menos que o Clube Bilderberg. As cidades americanas (aqui representando os países do mundo) degenerando em caos após o PEM e Gotham sendo a única que conseguiu manter a ordem graças ao Batman/Bolsonaro/Militares!? Absurdo! Vamos mandar o Super-Homem dar uma coça nesse cara! Mas sem matar, para ver e ele se junta a nós...

Arqueiro Verde - Nas HQs o Oliver Queen é mostrado como um esquerdista. Na história ele odeia o Super-Homem pelo fato dele lhe ter tirado um braço. Por mais que continue sendo um liberal no sentido americano do termo, a melhor analogia que se pode fazer aqui é de que o Arqueiro Verde é um ex-esquerdista, que se revela fundamental para que o Batman derrote o Super-Homem.

Super-Homem - Na HQ ele não passa de um pau-mandado do governo americano. Na realidade, quais são as ferramentas de ação do Clube Bilderberg? Sim, a ONU e as ONGs esquerdistas (Open Society, Fundação Ford, ONGs ligadas ao Jorge Paulo Lemann, etc.), que cismam em tirar do poder quem está conseguindo - ou quem pode conseguir - pôr ordem no caos. Na HQ o Batman dá um pau no Super-Homem com a providencial ajuda do Arqueiro Verde. Na realidade... Bem, por enquanto ainda estamos no terreno da esperança.

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