sábado, novembro 02, 2013

Serviço de Utilidade Pública - como denunciar o GOVERNO por fazer TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO com os cubanos do Mais Médicos (além de ajudá-los por outros meios)


Prólogo

Vocês ainda se lembram do enredo de "Salve Jorge"? A Morena, moradora do Morro do Alemão, foi convencida a trabalhar na Turquia (como garçonete, dançarina, sei lá - eu sei o enredo da novela, mas não assisto novela). Chegando lá, descobriu que tinha sido tapeada e que seria obrigada a trabalhar como prostituta. Caso tentasse fugir, seria morta. Caso tentasse denunciar, seria morta. Para que continuasse na linha, a quadrilha sempre mostrava que estava vigiando a família, pois poderiam fazer represálias também à família dela.

Na vida real é tudo isso sim. E pior: não há nenhuma garantia que, se a pessoa ainda sim conseguir denunciar a quadrilha e voltar para casa, tudo acabará em final feliz. Duvida? Então aqui vai a prova.

Vamos agora ao "Mais Médicos". Primeiro, o programa em si. Como pode ser verificado em números oficiais, o Brasil possui, pasmem, mais que a quantidade ideal de médicos por habitante. E por que a saúde pública do Brasil é uma bosta? Simples:

1) esses médicos estão mal-distribuídos, estando na maioria no centro-sul. Ou seja, estão onde podem ter mais chances de prosperar economicamente. E não venham falar que "médicos são filhinhos de papai gananciosos" não. Primeiro porque você não sabe a história de vida deles para saber se eles vêm de famílias ricas ou pobres. Quanto à ganância, as únicas pessoas que podem usar esse argumento são pessoas que trabalham de graça. Você trabalha? Não? Então cala a boca.

2) O que falei acima vai como um gancho para o que vai agora. Vamos aos fatores higiênicos de Herzberg: todo policial federal possui o mesmo salário (com as gratificações de praxe para quem trabalha em lugares insalubres e/ou fronteira). Todo juiz possui o mesmo salário. Mesmo professores agora possuem um piso nacional (o governo municipal/estadual paga o que consegue e o governo federal complementa). Por que é que MÉDICOS não têm um piso nacional? Sim, eles não têm. E é o dinheiro que move o mundo. Claro, sempre haverão pessoas abnegadas (e me pergunto o porquê de o governo federal não ter feito convênio com o pessoal dos Médicos Sem Fronteiras, organização séria, ganhadora do Nobel da Paz, que estão acostumadas a trabalhar nas piores condições possíveis - já já falo disso). Se todo o médico brasileiro que desse dois plantões por semana (trabalhasse 48h/semana) tivesse um salário inicial de R$ 10.000 LÍQUIDOS isso já resolveria 50% do problema de falta de médicos. Mesmo porque não é a mesma coisa ganhar R$ 10.000 em Brasília e R$ 10.000 em, sei lá, Carinhanha/BA.

Daí você fala: "ah, é? Tá cheio de prefeituras de interior que oferecem ótimos salários para contratar médicos e ninguém aparece". Isso se dá por dois motivos. Primeiro pelo histórico de falta de confiabilidade em prefeituras de interior tanto no tocante ao pagamento de salário quanto ao cumprimento de contratos. Segundo, e aqui vai o outro fator higiênico, a falta de condições de trabalho, não só em termos de instalações quanto de equipamentos e instrumentos. Não há salário no mundo que faça com que médicos possam aceitar trabalhar em condições insalubres. Basta ver a imagem que adverti bem lá no final desse post. Ou seja: vocês querem que todos os médicos sejam seres abnegados que aceitem trabalhar em um regime pesado ganhando pouco e sem condições? Faz medicina então e se voluntarie, pô!

3) Incompetência na gestão e corrupção.

4) A questão do SUS em si. O melhor sistema de saúde público do mundo, o inglês, funciona da seguinte maneira: você tem uma doença ou está sentindo alguma coisa? Você tem que ir primeiro no clínico geral que só então te encaminhará ao especialista. Se você for direto no hospital procurar diretamente pelo especialista você NÃO SERÁ ATENDIDO. O sistema funciona? Bem, é o melhor do mundo. Mas não significa que seja célere. Aqui, por diversas razões (logísticas, "doutor-ambulância para a cidade grande", ineficiência dos pronto-socorros e postos de saúde - por falta de médicos pelas condições descritas em 1-3 as pessoas vão direto nos hospitais. Resultado? Isso que estamos vendo.

Daí a Dilma e o Padilha, se aproveitando das "jornadas de junho" (gostei do nome!), resolveram "ouvir a população" e lançar o "Mais Médicos". Primeiro falaram que teriam cubanos, depois fizeram que não, para finalmente sacramentar: "os cubanos virão e pau no cu de quem não concorda, que é chato, bobo, feio, elitista e fascista". Para começar, essa ideia dos cubanos NÃO veio com as jornadas de junho. Isso já estava sendo planejado desde antes. E, sinceramente, penso que o Mais Médicos foi um baita de um cavalo-de-troia para legitimar a vinda dos cubanos, fazendo com que os médicos tratassem os estrangeiros que vinham para cá e os cubanos no mesmo saco.

NÃO SÃO. E aqui vão os porquês (observação: e nem vou entrar no mérito da qualidade da formação dos médicos, porque senão a coisa vai longe):

1) Uma coisa é um estrangeiro europeu, americano, argentino (2 argentinos já ganharam o Nobel de Medicina, sabiam?) ou até mesmo colombiano (as universidades colombianas são muito boas) vir para cá por abnegação ou desemprego em seu país, recebendo diretamente por isso. Outra coisa é um cubano vir para cá sob ordens de seu governo e só receber indiretamente (o Brasil repassa o dinheiro para a Organização Pan-Americana de Saúde -OPAS-, que repassa para o governo cubano e que, finalmente, repassa UMA PARTE  do dinheiro para os médicos);

2) Uma coisa é um médico estrangeiro, com o dinheiro que está ganhando, resolver conhecer um pouco mais do Brasil. Sei lá, passar um fim de semana no Rio de Janeiro, por exemplo. Não faltando o serviço, ele vai, faz o que der na telha (e que não seja crime), volta e não tem que dar satisfação para ninguém do que fez ou deixou de fazer. Outra coisa é o médico cubano não poder sair de seu roteiro alojamento-trabalho-alojamento e, caso saia acidentalmente do percurso, ter que dar satisfação para o agente do governo cubano que está infiltrado entre eles. Isso aconteceu no "curso de formação" do Mais Médicos: os estrangeiros "normais" saiam à noite para conhecer os botecos nas cidades onde estavam. Eles convidaram os cubanos para ir com eles. Os cubanos recusaram...

3) Uma coisa é um médico estrangeiro poder trazer sua família e/ou filhos para cá. Outra coisa é o médico cubano ter que vir para cá sozinho, deixando a família em Cuba. Ficaria mais difícil para os agentes cubanos controlarem defecções.

4) Uma coisa é um médico estrangeiro, se frustrando com o Mais Médicos (ou com as suntuosas condições do SUS..), pedir as contas e voltar ao seu país. Ele voltará sem problemas (embora não sei se ele não teria que pagar multa por quebra de contrato, mas isso seria o pior que aconteceria com ele). Outra coisa é um médico cubano fazer isso. Primeiro, ele terá que dar satisfação para o seu governo e o governo aceitar. Porque fazer por contra própria ele não vai poder. Primeiro porque o governo cubano fará represálias à família dele em Cuba (lembra da Morena de Salve Jorge lá no Prólogo? Pois é...). Segundo porque, caso ele peça asilo político no Brasil, o país NÃO DARÁ, assim como não deu no caso dos boxeadores cubanos dos Jogos Pan-Americanos de 2007. E o governo já disse que fará o mesmo nesses casos.

Enfim, para mim alguém que tem que dar satisfação de tudo (tudo mesmo!) o que faz para um agente estatal, que não pode trazer sua família e não tem liberdade de ir e vir é ESCRAVO. Já soube que o Ministério Público do Trabalho está avaliando se o caso dos cubanos é escravo ou não. Mas enfim, isso é pela via judicial. Pode-se (e deve-se!) combater a escravidão também pelas vias administrativas, que é denunciar ao Ministério do Trabalho. No caso de quem mora no estado de Santa Catarina isso é fácil: basta ir aqui e fazer a denúncia. Já para as pessoas de outros estados terão que ir nas respectivas delegacias regionais e fazê-lo. Ah, o CNPJ do Ministério da Saúde é 00.530.493/0001-71

Isso para acabar com essa palhaçada do governo. Mas para ajudar os cubanos mesmo, principalmente os que estão nas periferias das grandes cidades, o que se deve fazer é dar o endereço das embaixadas/consulados desses países onde cubanos possam pedir asilo político. Aqui você encontra todos os endereços. Quais são os países confiáveis? Os de sempre: Estados Unidos, Canadá, União Europeia (todos, mas principalmente os da antiga Cortina de Ferro), Suíça, Noruega, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Isso vale principalmente para as pessoas que estão trabalhando nos mesmos lugares que esses cubanos. Tentem identificar os descontentes e, em separado, busque contato com pessoas dessas embaixadas para articular um plano de resgatar esses cubanos. O caminho está por aí.



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