Leitura em Progresso: O Caminho da Servidão - Friedrich Hayek

Estava tão baratinho no Kindle*, e em português, que não resisti. Friedrich Hayek, para quem não sabe, é simplesmente o pai do pensamento neoliberal, e escreveu essa obra-manifesto em 1944. O liberalismo estava desacreditado por causa da crise de 29, com predomínio das políticas keynesianas. Como bem salientou Peter Drucker em "Sociedade Pós-Capitalista" (leitura obrigatória), naquele período TODOS pensavam que o socialismo seria um destino final natural da sociedade, inclusive ultraliberais como o Hayek (Drucker, aliás, é citado pelo mesmo Hayek pelo livro "O fim do homem econômico" - o Drucker morreu com quase 100 anos). A obra é um líbelo anti-keynesiano já que se a "servidão" era o socialismo, o "caminho" para ela é a... social-democracia.

Resolvi citar um trecho porque achei definitivo sobre isso, e perfeitamente aplicável ao Brasil (mais perfeitamente ainda para o transporte público):

"Mas embora todas as mudanças que estamos observando se inclinem para uma direção central abrangente da atividade econômica, a luta universal contra a concorrência promete gerar antes de tudo algo ainda pior sob vários aspectos: uma espécie de organização sindicalista ou "corporativista", na qual a concorrência é mais ou menos suprimida, mas o planejamento fica nas mãos de monopólios independentes, controlados por cada setor da economia. Este é inevitavelmente o primeiro resultado de uma situação na qual todos, unidos pela hostilidade à concorrência, em pouco mais concordam. Eliminando a concorrência de modo gradual em cada setor da economia, essa política deixa o consumidor à mercê da ação monopólica conjunta dos capitalistas e dos trabalhadores melhor organizados. (...) Esse planejamento independente realizado por monopólios econômicos produziria, na realidade, efeitos opostos aos visados pela própria ideia de planejamento. Uma vez alcançado esse estágio, a única alternativa para a volta ao sistema de concorrência é o controle dos monopólios pelo estado, controle que, para se eficaz, deve tornar-se cada vez mais completo e minucioso. É deste estágio que nos estamos rapidamente nos aproximando"

Aos que criticam os "neoliberais" por ouvir dizer, taí o original.

*Os e-books na Amazon original são uma PECHINCHA. Comprei as obras completas de Aristóteles por apenas U$ 8,00. Já os e-books brasileiros estão um ROUBO, custando no máximo 20% a menos do livro físico.