segunda-feira, maio 02, 2005

Pau no cu do APJ + Motivo anual para odiar a Veja 2005

Já não vou com a cara do Álvaro Pereira Júnior há muito. Primeiro por ele ser um paga-pau de tudo quanto é merdinha de banda inglesinha nova e de goscar de bichices como Morrissey. Tudo bem, não há problema nisso. O foda é ele se aproveitar de sua posição de pretenso "crítico pop" e ficar fazendo proselitismo do gosto. Isso não teria problema se as críticas fossem fundamentadas. Agora você considera ISSO uma crítica fundamentada: "Play > Placebo longe do Brasil - Ótima notícia. Finalmente acabou a excursão nacional dessa banda horrenda inglesa" Vai tomar no rabo!

Outra bronca sobre ele é que possui o pior gosto para filmes. Teve as manhas de falar que o 'Exterminador do Futuro 3' é um exemplo de filme e que '21 Gramas' é melhor que 'Amores Perros'. Não dá.

Falando em cinema, acho que é uma das únicas coisas que a Veja é insuperável. Sempre que fala que um filme é bom geralmente acerta. Quando é uma merda também. Gosto da coluna do Sérgio Abranches, excelente colunista político, muito sensato e... do Diogo Mainardi. Sim. Ele mesmo diz que não se leva a sério. E você, se seguir esse conselho, se diverte muito. Finalmente, a Veja é a única que tem cacife para fazer umas entrevistas duca nas 'páginas amarelas'.

Feito as ressalvas, agora a opinião final: é uma merda. Não há coisa mais paga-pau de americano no Brasil (na verdade há, o 'agente da CIA' Ronald Levinson, sua UniverCidade e sua editora, que são os principais mecenas da direita & extrema direita do Brasil). Sou da opinião que se deve cassar post mortem a cidadania brasileira do Victor Civita e sentenciar seus filhos como personas non grata. Se são tão paga-pau dos irmãos do norte, que voltem pra Nova York e morram lá.

Me contive na capa de louvação da Coréia do Sul quando eles falaram que foi a educação o principal fator de desenvolviemento deles (desculpa pra defender a cobrança de mensalidades nas universidades públicas). Quem procurar vai descobrir que o que deselvolveu a Coréia do Sul foi a política protecionista exportadora formulada no governo Park Chug-hee, um Vargas local. Me contive na capa do Líbano. Apesar da descarada pagação de pau pro Bush nas legendas das fotos, e apesar da opinião anti-Síria NÃO ser a dominante, sou a favor da democracia e sou louco pra que a democracia a libanesa seja implementada na Palestina e no Iraque. Me segurei até na tentativa de ligação do PT com as FARC.

Agora a dessa semana, a do Chavez, foi de lascar. Não gosto do Chavez. Acho muito populista, com um tremendo de um jeito hipócrita e que essa história das milícias pode acabar muito mal pra eles. Mas a minha opinião não interessa. Interessa é a opinião dos venezuelanos, que o elegeram, elegeram a assembléia constituinte, aprovaram a nova Constituição em um referendo, o reelegeram e rejeitaram o plebiscito pra eleições antecipadas. E não dá pra falar que ele manipula a imprensa porque TODA A IMPRENSA É CONTRA ELE.

Vamos discutir a chamada da capa, porque me recuso a ler o conteúdo: "Quem precsa de um novo Fidel? Com milícias, censura, intervenção em países vizinhos e briga com os EUA, Hugo Chávez está fazendo da Venezuela uma nova Cuba".

Até a parte das milícias concordo com a crítica. Não me simpatizo com Fidel, mas peraí: quando Fidel conquistou o poder ele manteve o 'exército revolucionário' revolucionário ou transformou-o em regular? Isso não tem nada a ver com Cuba. Poderia sim ter a ver com os EUA e a invasão da Baía dos Porcos, formada sim por milícias. Mas nem isso acho. Tá mais próximos da AUC da Colômbia. Meu medo sobre as milícias é: se o Chávez não ganhar a reeleição, elas irão aceitar?

Vamos à censura: na tentativa de golpe de 2002, que a senhora Veja, assim como certos professores de Relações Internacionais da UnB apoiaram (só existem paga-paus dos EUA nas RR II, essa é a verdade; os que não fizeram pós nos EUA são excessões) , o Chávez só suspendeu as transmissões de TV três horas antes de levar o golpe. Isso quando já tinham morrido mais de 30 pessoas nos protestos. E isso com as redes de TV jogando gasolina na fogueira.

Do que se trata a censura? Se uma reportagem ofender a honra do mandatário, o jornalista poderá ser processado e pegar até 3 anos de prisão. Típico de ditaduras? Sim. Mas a imprensa venezuelana, sinceramente, pediu por isso. Foi pró-golpe e se opõe caninamente a ele. o Chávez só tá aplicando o princípio do payback: "Cagou no pau comigo? Tá fudida agora!".

Intervenção nos países vizinhos? Ma' che! Tropa de elite da Colômbia prence 'chanceler' das FARC em Caracas (eles têm no Brasil também, sabia?) e é a Venezuela quem intervém nos países vizinhos? Os EUA ajudam a Colômbia a combater a narcoguerrilha (objetivo nobre mas ineficaz) e é o Chávez quem intervém nos vizinhos. Os EUA fincam base militar no Equador e é o Chavez quem intervém nos vizinhos. Tá.

Brigas com os EUA? Ele não cortou o petróleo, deviam se dar por satisfeitos. Agora, de onde vem essa birra? Até a reeleição do Chávez era pura retórica populista de esquerda. Mas depois que eles fomentaram o golpe, celebraram-no, se apressaram em reconhecê-lo logo - e se não fosse a grita do Brasil (com FHC, diga-se) na OEA teriam conseguido legitimá-lo- e apoiando o plebiscito que não deu em nada, queriam o quê? Que o Chávez virasse um para-pau dos EUA?

Mas o verdadeiro motivo para odiar a Veja esse ano é que dessa vez ela nem precisou disfarçar sua característica de think thank. Publicar essa reportagem logo após a visita da Condoleezza Rice foi demais.

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