quinta-feira, maio 12, 2011

As cotas e o velho argumento de "ah, os cotistas não vão dar conta"

O Elio Gaspari, militante pró-cotista, soltou um artigo na última quarta-feira usando a contra-argumentação de que a taxa de desistência de alunos cotistas do curso de medicina, que entraram com nota abaixo de não-cotistas que tiraram nota melhor que eles e não entrou justamente por causa das cotas, foi igual a dos alunos não-cotistas. Então deixa eu falar uma coisa: por que não fazem o mesmo teste com pessoas que entraram de SEGUNDA ou TERCEIRAS CHAMADAS!? Exemplo: EU. Eu entrei de segunda chamada na UnB! Quem já fez faculdade na vida sabe que você precisa de dois ou três semestres para pegar o jeito de como construir sua rotina de estudos. Não pegando o jeito, você desiste. Pegando o jeito, você vai levando até o final.

O problema das cotas raciais, signore Gaspari, não é impedir que "pretos e pardos" (como sempre, a associação 'óbvia' de pardos a pretos sempre é conveniente nessas horas...) entrem nas universidades. Mas: 1) é a questão de ISONOMIA (todas as pessoas devem ter possibilidades iguais de passarem em um exame se estudarem com afinco); 2) é a questão do CRITÉRIO ARBITRÁRIO das cotas raciais (quem o sr. é para dizer que uma pessoa loira com olhos claros não teria um avô negro e poderia SIM ser considerada negra?). Nesse caso, o critério das cotas sociais é infinitamente mais JUSTO, mais EXEQUÍVEL, mais VERIFICÁVEL e sem o uso de TRIBUNAIS RACIAIS. Bastaria pegar o contracheque ou carteira de trabalho dos pais mais o dele. Se preencher o critério de "hipossuficiência" bem, senão sem choro e amém.

E não venha mais com exemplos de nobres do século XIX contra a abolição. Anti-cotistas em 99% dos casos não são racistas!

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