Piores acontecimentos da década 00, a perdida (não envolvendo política e esporte)

Todos com as listas dos melhores da década, ficarei com as piores. Não há uma hierarquia, e serei o mais impessoal possível:

1 - Sega abandona o mercado de hardware (2001)

Depois da CAGADA com o Sega Saturn, quando amargou um terceiro lugar na indústria dos videogames, a Sega partiu para o tudo ou nada com o Dreamcast, que era um ótimo console; porém, infelizmente não atingiu a massa crítica esperada para mantê-la no mercado. E ela abandonou os consoles em 2001. Consequência disso? O Playstation 2 e o Gamecube - e futuramente o Xbox- conseguiram impor seus padrões de controles HORRÍVEIS com 40 direcionais analógicos e jogos 3d que mais pareciam filmes. Felizmente a Nintendo, percebendo que ficaria para trás caso se mantivesse no mesmo "oceano vermelho", partiu para o Wii e hoje está no "oceano azul" - mencionei que o maravilhoso New Super Mario Bros Wii é capaz de vender umas 9 milhões de unidades até o fim do ano? Call of Duty who?

2 - Rodolfo vira crente e ferra com os Raimundos (2001)

Vocês adolescentes juvenis criados a leite com pêra e Ovomaltino talvez não saibam, mas os Raimundos terminaram a década de 90 como a maior banda de rock nacional (sim, havia o Sepultura, mas ele não era muito "brasileiro", digamos assim). Talvez tenha sido a tragédia que houve em Santos (9 pessoas, acho, morreram por incompetência na organização de um show lá), mas o filho da puta do Rodolfo virou crente, deixou os fãs dos Raimundos a ver navios, e fundou uma banda chamada Rodox, que durou um ou dois anos e depois acabou (e com uma mentira: antes ele falava que a banda não tinha como objetivo converter ninguém, e, no comunicado do fim da banda, se contradizeu). Hoje ele é "pastor" da "igreja" Bola de Neve, pregando nos EUA. Qual foi a consequência disso? Bem, o cetro de melhor banda do Brasil, na falta de banda à altura, ficou com o Charlie Brown Jr., e as músicas dos Raimundos são hoje injustamente esquecidas. Quer maior catástrofe do que essa? Tem mais: garanto que com todos os Raimundos originais na ativa hoje a onda emo teria um impacto infinitamente menor...

Observação: o Adam Yauch virou budista e continuou no Beastie Boys; o Nicko McBrain é crente e continua no Iron Maiden, tocando The Number of the Beast sem problemas. O Johnny Cash era cristão renascido e continuava cantando os gangsta country dele.

3) 11 de setembro (2001)

Pensem bem: com o atentado, o Bush invadiu o Afeganistão (justo) e o Iraque (mais ou menos...). Mas o pior não foi isso. O pior é que, com esse e os outros atentados posteriores, ficou UMA MERDA viajar de avião e ser um mochileiro tranquilo. Os esquerdinhas que ficaram felizes com o Bin Laden não têm o direito de reclamar da bagagem de mão pequena nem de serem barrados mundo afora apesar de terem condições de se manterem.

4) Call centers (ao longo da década)

Tudo bem que a privatização da telefonia trouxe benefícios (concorrência sempre é bom), mas se houve algo negativo foi a sacramentação dos call centers nessa década. Os filhos da puta têm a manha de sempre ligarem NO ALMOÇO!! Porra, as pessoas dão um duro danado, almoçam na pressa e ainda têm que interromper o que fazem para atender o telefone e falar com uma coitada que ganha salário mínimo e que fala um texto decorado!? Para não falar no SAC... E para não falar no SAC de AJUDA NA CONEXÃO DA INTERNET! Meu, deveria haver uma LEI para que mandem um técnico em até 24h assim que o PRIMEIRO atendente não resolver o problema do usuário.

5) Sequestro do ônibus 174 no Rio (2000) e assassinato da Eloá em Santo André-SP (2008)

Sim, eu sei que houve mortes, assassinatos e chacinas bem piores. Mas essas mortes foram verdadeiras tragédias, e que servem para dimensionar o quanto uma morte pode diminuir a gente, para além de números em estatísticas.

O ônibus 174 já foi alvo de dois filmes, um de ficção e outro documentário, mas só para relembrar: o assassino da prof. Geísa Firmo Gonçalves (moradora da Rocinha, oriunda do Nordeste e grávida de 2 meses), Sandro Barbosa do Nascimento, foi sobrevivente da Chacina da Candelária, de 93 (uma vez o Correio Braziliense, no tempo que era bom, fez uma ótima reportagem sobre o destino dos que sobreviveram à chacina - pouquíssimos escaparam). Um dia, travado de cocaína, resolveu assaltar um ônibus, que foi cercado no Jardim Botânico (bairro da Globo). O sequestro foi transmitido o dia todo ao vivo para todo o Brasil até que, no começo da noite, conseguem fazer com que ele saísse do ônibus, com a Geísa como refém. Até que chega um policial do BOPE por trás e atira... E erra. Sandro dá 3 tiros na Geísa (que morreria), é dominado enquanto é levado, supostamente ferido, ao hospital, onde chega morto. Oficialmente é por conta dos ferimentos, mas constataram que ele morreu por esganadura - dentro do camburão.

Ah, sempre é bom lembrar que nada, NADA justifica os atos do Sandro Nascimento. Se fosse assim todos os judeus sobreviventes dos campos de concentração poderiam virar máquinas de matar.

Já a morte da Eloá daria uma tragédia grega, de tão elíptica que é. Transtornado pelo fim do namoro, Lindemberg Alves, 22, invade a casa de Eloá disposto a matá-la. Talvez faltasse coragem pra ele no momento (e depois, porque matar alguém por isso é covardia), e fez a Eloá e sua amiga, Nayara, como reféns. O GATE consegue convencê-lo a libertar a Nayara, mas num dos maiores amadorismos de todos os tempos, chama-a de volta para negociar com ele e ela VOLTA ao cativeiro. E teve mais: o Lindemberg chegou a dar entrevista de dentro do apartamento da Eloá para a Sônia Abrãao, o que seguramente foi o pior momento da tevê brasileira nos anos 90. Mais de 3 dias depois, ao alegadamente ouvir um tiro, a polícia resolve invadir o local. Infelizmente não da maneira adequada: Lindemberg consegue dar 3 tiros na Eloá, que acaba morrendo, e 1 na Nayara, que sobrevive.

Falei sobre elipse, não? E aqui está: alguns dias depois da morte da Eloá, descobre-se que seu pai, Everaldo Pimentel, era matador de aluguel nas Alagoas, e teria se mandado para São Paulo e recomeçado a vida com outra identidade. Tenho quase certeza que infelizmente não viverei para ver a pessoa que transformará essa história em tragédia no teatro.