O império envergonhado

Esse é o principal problema dos Estados Unidos. Eles são a economia mais poderosa do mundo, possuem o exército mais poderoso do mundo, mas desde o Vietnã eles parece que perderam a capacidade de ir pro pau de peito aberto. Não vou falar do Líbano porque eu não vi, mas da Somália e do Iraque. Bastou eles sofrerem/estar sofrendo um revés e lá vão eles tirarem o time de campo.

Desde a primeira Guerra do Golfo eles gostavam de apregoar que podiam realizar "intervenções cirúrgicas" nos conflitos, causando o máximo de danos ao inimigo com o mínimo esforço. Começou na Era Clinton (bombardeios no Iraque, Sudão, Iugoslávia e Afeganistão, lembram?) e continuou na Era Bush Jr., com o Rumsfeld mandando uma quantidade de soldados pro Iraque muito menor do que a recomendada pelos generais. Isso seria a aplicação da necessità maquiavélica na guerra em sua forma pura. Infelizmente, parece que as modernidades tecnológicas ainda são muito primitivas para isso.

Essa hemofobia norte-americana foi a principal responsável pela derrota dos republicanos nas últimas eleições, assim como foi a responsável pela vitória do republicano Nixon na época do Vietnã. Entretanto, eu como ocidental sou totalmente contra a retirada das tropas do Iraque. Quiseram ir pra briga? Então que terminem o trabalho, oras! A retirada agora tornaria o Iraque numa terra de ninguém. Perdão, de ninguém não, da Al-Quaeda.

Mas os norte-americanos não querem se sujar, porque não estão dispostos a ficar por décadas no Iraque, que seria o prazo para tentar dar um jeito naqulo (na Áustria, por exemplo, ficaram 10 anos depois da II Guerra). E aí entramos na psiquê norte-americana, que até hoje ainda não se convenceu de que ficou poderosa demais para ser apenas uma "reles" república. Eles deveriam se assumir como o império que são, como já diria um inglês que esqueci o nome. Mas têm medo, porque depois do império há a decadência. É, realmente, países onde outrora vigoraram impérios são a escória do mundo, como Grécia, Itália, Inglaterra...