quarta-feira, setembro 13, 2017

Bolsonaro e eu - quem mudou?

Em toda a história do meu blog eu citei o Bolsonaro 4 vezes. Na primeira, após o primeiro turno de 2010, eu lamentei a eleição dele, da seguinte maneira:

"Jair Bolsonaro - Sempre é de se lamentar que um estrupício como esse seja eleito. Não é possível que as forças de segurança do Rio de Janeiro não tenham uma pessoa mais cordata."

Na segunda vez, em 2011, motivado por aquele episódio do Bolsonaro e a Preta Gil, que foi o pulo do tubarão do CQC, eu o defendi no episódio, levianamente pensando que havia sido o Bolsonaro quem não havia entendido a pergunta, quando na verdade foi a própria edição do CQC que resolveu sacanear com ele. Enfim, a defesa foi nula, e principalmente feita com base na posição que o Bolsonaro tinha em relação às cotas raciais. Mas foi uma defesa empedernida, já que eu, dentre outras coisas, o chamei de "conservador estúpido", "enrustido", e que "tem o poder de Midas às avessas, pois tudo o que fala vira merda e reverte contra si próprio".

A terceira vez, em 2013, não foi propriamente uma citação, apenas inclui o e-mail dele de deputado para tentar evitar a lei das cotas raciais. Na ocasião da votação, diga-se, ele foi O ÚNICO deputado que foi para a tribuna discursar contra, mesmo com a claque o vaiando.

Finalmente, a última vez foi em 2016, numa tentativa de definição do que seria a "extrema-direita", o colocando nessa categoria apenas como comparação aos demais políticos brasileiros.

Agora chegou a hora de refletir: quem mudou?

Bem, primeiro foi o próprio Bolsonaro quem mudou, mas isso em comparação ao primeiro mandato dele, quando recomendou o fechamento do Congresso. Ele continua defendendo o governo militar, mas hoje em dia não chega a defender a abolição da democracia. O deputado também mudou bastante em relação às privatizações. Ele foi contra a privatização da Vale, por questões nacionalistas, e agora parece ser mais simpático à ideia. Isso, obviamente, deve ter sido ocasionado pela mudança em seu eleitorado. Segue abaixo suas votações desde 1994, a posição em que ficou dentre os candidatos eleitos e a proporção em relação aos votos válidos:
1994 - 111.927 - 3º - 2,48%
1998 - 102.893 - 10º - 1,45%
2002 - 88.945 - 21º - 1,10%
2006 - 99.700 - 15º - 1,23%
2010 - 120.646 - 11º - 1,51%
2014 - 464.572 - 1º - 6,07%
É visível aqui que eu não estava de todo correto ao afirmar que o Bolsonaro foi apenas o deputado da guilda dos militares. Esse pode até ser o núcleo duro de sua base, mas - e isso é evidente sobretudo no período do PT - ele passou a aglutinar também o voto anti-esquerdista, o que explodiu em 2014.

Quem mais mudou? Bem, o próprio Brasil mudou, e PRA PIOR, sobretudo com a Dilma. E sobretudo com o STF, que: 1) aprovou ao arrepio do Código Penal o aborto de fetos anencéfalos; 2) aprovou ao arrepio da Constituição as cotas raciais; 3) aprovou ao arrepio da Constituição a união civil homossexual (e o Joaquim Barbosa no CNJ aprovou ao arrepio da Constituição E à decisão do STF o casamento).

Isso fez com que EU mudasse. Essas mudanças vieram não só depressa demais como de uma forma totalmente AUTORITÁRIA. Além disso, ultimamente tenho questionado seriamente se a democracia brasileira valeu a pena. A educação degringolou a olhos vistos e a violência está absurda. E mais: não acredito mais na moderação para lidar com todas as divergências. Há pessoas que não há outra solução a não ser mandar tomar no olho do cu e fazer todo o possível para que caiam no ostracismo.

A tendência em 2018 será de eu ir de Bolsonaro mesmo. Por mais que ele tenha tendências autoritárias (vide resultado no questionário fascista aplicado pelo Leandro Narloch para o "Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo"), não posso ignorar que o Dória/PSDB será vassalo das fundações internacionais que consideram os tucanos o second best perante o PT. O ideal seria o Caiado, mas a ocasião não lhe é favorável. Voto no Bolsonaro como um doente toma benzetacil: vai doer pra caramba, mas tem potencial para curar o doente em uma hora.

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