terça-feira, julho 03, 2012

Sobre os acontecimentos no Paraguai (2) - O Lugo se assanhando

 OBS: esse post ficou datado com o tempo, mas fica o registro histórico.

Pouco a pouco a posição do Lugo está ficando mais clara... Sim, ele saiu para evitar um banho de sangue. E não, ele não saiu para não tumultuar o processo, mas exatamente o contrário. Para mim ele esteve desde sempre esperando a reação da "opinião pública" (entenda-se jornalistas, que são grande parte de esquerda e simpáticos às suas convicções). A "opinião pública", em sua parte mais estridente, inventou uma nova categoria de golpe, o "golpe institucional", e o Lugo se prontificou a acolhê-la, não reconhecendo o novo governo e conclamando à desobediência civil pacífica. Com certeza essa postura de bom samaritano (safadheeeenho, mas bom samaritano) atrairá a simpatia de muito mais gente da "opinião pública".

Por outro lado, os que estão agora no poder estão claramente pagando o preço de não terem seguido nem que fosse um arremedo dos princípios jurídicos da ampla defesa, do contraditório e da razoabildade. Daí a reação (até agora) justa do Brasil em convocar o embaixador* e falar que houve rito sumário. Isso houve sim, pelos motivos já expostos no post anterior (ver abaixo). Mas aí é que tá: o juízo político (adorei essa expressão dos paraguaios, que está na Constituição deles!) NÃO PRECISA SEGUIR PRINCÍPIOS JURÍDICOS (embora DEVA!). O exemplo maior está aqui mesmo no Brasil: o Collor foi cassado no Congresso, mas absolvido no STF. A principal diferença, e isso afeta a legitimidade (mas NÃO a legalidade) no caso paraguaio, é que o prazo e as oportunidades que o Collor teve para se defender no Congresso foram mais que razoáveis.

O Brasil ainda disse que fará o que a UNASUL (em caixa alta porque é um acrônimo) decidir. Pois bem: a UNASUL é composta por todos os países sul-americanos, que são 12. Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela já se posicionaram contra o novo regime. O Chile, a Colômbia (governados por partidos de centro-direita) e o Brasil manifestaram discordância em relação a como se deu o processo, mas não se manifestaram sobre o novo regime. Acredito que essa seja a mesma posição do Uruguai. Sobram Peru, Guiana e Suriname, de quem ainda não se ouviu nenhum 'a'.

O presidente paraguaio já está vendendo facilidades ao Brasil, como garantir a propriedade dos brasiguaios e Itaipu.

*Na questão dos embaixadores, o Lugo falou uma bela de uma MENTIRA quando disse que o Brasil, o Uruguai e a Argentina "retiraram" seus embaixadores, quando os primeiros países apenas CONVOCARAM (o que diplomaticamente tem ainda bastante impacto, mas é infinitamente menor do que retirar o embaixador do país).

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