Jaqueline Roriz e a Ficha Limpa

Hoje será a sessão que pode cassar o mandato da deputada Jaqueline Roriz. Minha aposta é que ela não será cassada. Por mais que a Dilma esteja passando uma imagem de "faxina ética" (é estranho que quem fala isso não se pergunta por que o povo que foi demitido foi nomeado pela própria Dilma em primeiro lugar...), ninguém acredita mesmo que isso seja para valer. E, se o Executivo não faz sua parte por completo, por que o Legislativo é que deve fazer? Muito provavelmente vão perdoar ela graças ao argumento "o vídeo foi feito antes dela ser deputada federal". Claro que é um resultado horrível - além de garantir subsídios de mais de R$ 20000 para ela, mais verbas de gabinete, é mais um péssimo exemplo de que vale a pena roubar.

Mas não será essa catástrofe toda não:

1) A carreira política da Jaqueline Roriz acabou. No máximo ela só poderá ser eleita agora deputada distrital;

2) Com ela não sendo cassada, e se tornando um peso morto mesmo na oposição do DF, o suplente dela não assumirá. E quem é o suplente? Laerte Bessa, que será bem mais combativo. Para o Agnelo é bem mais vantajoso manter a Horroriz na Câmara. E chega de policiais civis se metendo em política, eles só fazem merda (vide Durval Barbosa);

3) Finalmente, a questão da Ficha Limpa. A constitucionalidade da lei ainda não é um ponto pacífico, e existe boas possibilidades dela ser declarada inconstitucional em partes. Sim, a "alínea k", que trata da renúncia de políticos que estavam em processo de cassação, foi considerada constitucional na época. Porém, há mudanças na composição do STF que podem afetar isso: a Ellen Gracie saiu e o Ayres Britto sairá em novembro do ano que vem. Foram dois ministros que votaram pela constitucionalidade não só da "alínea k" como de toda a Ficha Limpa. Com mudança de composição só Deus sabe o que pode acontecer.

Mas, trabalhando com a hipótese d'Horroriz voltar ao páreo, a cassação seria o ideal, mas a manutenção do mandato da cria não é mau negócio. Ela pode servir como um fígado de Prometeu: estará disponível pelos próximos 3 anos para ser comida pelos abutres da situação local, servindo como exemplo vivo de "olha o que a família é capaz". O problema é que provavelmente vão usar a absolvição pela Câmara como um "tá vendo, ela foi absolvida! Não houve nenhum problema em pegar aquele bololô de dinheiro!".

Veremos no que vai dar.