domingo, abril 03, 2011

Bolsonaro e o contra-ataque dos cotistas

Minha simpatia pelo Bolsonaro é NULA. Minto. Na verdade ela é NEGATIVA. Duvida? Ele foi uma das minhas lamentações de pessoas eleitas no ano passado. Conheço ele desde a época em que ele pregou a morte/assassinato do FHC e tomou suspensão da Câmara dos Deputados. O Bolsonaro é um daqueles seres conservadores estúpidos (concordaria até com os homossexuais que dizem que ele é 'enrustido') que tem o poder de Midas às avessas, pois tudo o que fala vira merda e reverte contra si próprio. Ele é contra ao Projeto de Lei anti-homofobia, que realmente tem absurdos. Mas a maneira em que fala que "se um filho meu fosse homossexual ele levaria porrada" causa orgasmos múltiplos no movimento gay. Ele é contra as cotas também. Aí começa a história...

Em um quadro daquele programeco chamado CQC, fizeram um quadro onde os transeuntes faziam perguntas relacionadas às suas principais bandeiras e ele respondia com as patadas de sempre. Aí vem a Preta Gil e pergunta "o que ele acharia se seu filho namorasse uma negra", e ele, mal-entendendo que seria com um homossexual, falou que não iria discutir "promiscuidades".

Vamos lá:

1) O Bolsonaro CLARAMENTE NÃO ENTENDEU A PERGUNTA. Tanto que isso foi endossado pelo âncora Marcelo Tas (que, reconheço, deu uma entrevista posterior bastante sensata sobre o caso) e foi confirmado pelo Bolsonaro posteriormente. Não acredito que o Bolsonaro tenha se "aproveitado" do gancho que o Tas deu, simplesmente porque não é o estilo dele;

2) Também caberia outra interpretação, que não foi usada: a Preta Gil já admitiu publicamente que é bissexual e participou de orgias (e que se arrepende de algumas dessas experiências). Além disso, o Gilberto Gil também aprontou das suas.  Tendo conhecimento desses atos, o Bolsonaro já teria partido por "argumentum ad hominem" e descascado a Preta Gil sem se importar com a pergunta dela.

3) E uma terceira também: Bolsonaro possui 2 filhos que são deputado estadual e vereador, respectivamente. E que seguem a mesmíssima linha do pai. Ele ainda poderia ter entendido como "namoro" o caso de um filho ter "amante" negra. Nesse caso, independentemente de cor da pele, a reação do Bolsonaro seria a mesma.

4) O movimento negro, que estava meio acanhado ultimamente, se reencontrou: mesmo com essas três possibilidades de interpretação, já lascou um "Bolsonaro considera promiscuidade namoro com negro".  O movimento gay nem se fala - no caso até justificável, pois ele, tradicional inimigo da causa gay, não retificou nenhuma linha em relação ao que disse sobre os homossexuais.

5) Aí vem a nova carga dos "cotistas": o Elio Gaspari, famoso defensor das cotas, já está espalhando que há ministro do STF que pensa em "mudar de lado" após o episódio do Bolsonaro (e de um deputado-pastor crente estúpido - o que é redundância, diga-se - que disse que os africanos são "amaldiçoados por Deus" e que isso é "teologicamente justificável"). Depois, há uma notícia de que no Mato Grosso do Sul o governador instituiu lei estadual incluindo cotas de 10% para negros e 3% para indígenas nos concursos estaduais.

Mais uma vez a estupidez está avançando no Brasil. Espero que o eventual Ministro do STF que esteja pensando em mudar a opinião sobre seu julgamento das cotas, que veja por si só a entrevista do Bolsonaro no CQC, as declarações posteriores dele e tire suas próprias conclusões.

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