Sem título

1) O projeto das cotas vergonhosamente passou na Câmara. Infelizmente eu já sabia que isso aconteceria, mas mesmo assim não há como não conter a raiva;

2) No dia seguinte, o Planejamento autoriza concurso público para 900 cargos. Inclusive e principalmente, para 600 agentes da Polícia Federal.

Entenderam agora, né?

Rapidinha sobre a chapa Arruda-Liliane Horroriz

Se o Arruda for o cabeça-de-chapa há grandes possibilidades que isso não prospere, pois irá assanhar tanta gente no Ministério Público para que a justiça julgue todos os assuntos pendentes no período dele no GDF que eventualmente ele será condenado no meio da campanha por um júri colegiado por alguma coisa. Aí a campanha dele virará um Horroriz 2010, Parte 2. Veremos como serão os representantes da "terceira via".

Direita 101 - Uma medíocre introdução

Você passou a vida toda acreditando que "direita é ruim e esquerda é bom" e está confuso com pessoas se assumindo como "ruins"? Enfim, seus problemas acabaram. Vai aqui uma brevíssima introdução do que é ser de direita.

Ser de direita é: 1) acreditar que a liberdade é um valor mais importante a ser defendido que a igualdade; 1.1) Que as pessoas são diferentes entre si; portanto, a igualdade absoluta real é IMPOSSÍVEL; 1.2) A única igualdade possível é a igualdade perante as leis; 2) acreditar que as pessoas, em condições normais (não falo de pessoas com distúrbios mentais. junkies, etc. - e também não falo de pessoas que ainda não atingiram a maturidade),  são inteligentes o bastante para procurarem aquilo que é melhor para elas; 3) o homem tem direitos básicos que nem o Estado é capaz de tirar.

Agora, vamos a uma clivagens básicas, pois há muitos tons de direita:

1) Direita liberal: adepta do "quanto menos Estado menor". Isso - atenção - não quer dizer que ela não queira que o Estado exista, mas sim que atenda apenas às funções básicas (a principal delas é a garantia contra ameaças internas e externas). Em termos morais, ela adota um tom "faça o que você quiser, contanto que você não atente contra a sociedade em que você viva". As pessoas de direita liberal, portanto, tendem a ser favorável a questões como legalização das drogas, casamento gay, etc.

E o que seriam, afinal, os "neoliberais"? O neoliberalismo não é nada mais que uma reação às políticas keynesianas de recuperação da economia no pós-crise de 1929, seja por motivos econômicos (o Estado não tende a ser um agente econômico eficaz; os sistemas de previdência tendem a falir ao longo prazo), seja por motivos políticos (o sistema de bem-estar social tende a infantilizar as pessoas - vide a quantidade de pessoas na Europa que sobrevivem às custas de benefícios sociais em vez de procurar emprego).

Bibliografia básica:

Locke, John. "Segundo Tratado sobre o Governo"

Smith, Adam. "Riqueza das Nações"

Hayek, Friedrich. "O Caminho para a Servidão" [a "servidão" é o socialismo; o "caminho" são as políticas de bem-estar social...]

2) Direita conservadora: essa compactua em grande parte com os ideais da direita liberal, exceto em dois pontos: 1- geralmente possui um substrato religioso que os liberais não possuem muito; e 2- possui verdadeiro horror à mentalidade de tábula rasa, ou seja, de ignorar tudo o que se foi feito anteriormente na história da humanidade para "começar a aurora de uma nova era a partir de hoje, pois os que vieram antes da gente eram um bando de incapazes". Não é que não sejam favoráveis a mudanças, que o mundo seja o mesmo até o final dos tempos. Mas são veementemente contra mudanças bruscas a partir do nada, e não acreditam que o ser humano é um "ratinho de laboratório". 

E o que seriam, afinal, os "neoconservadores"? Indo pelo conceito exposto acima, vocês verão que de conservadores eles não tinham nada. Resumindo bastante a história, o neoconservadorismo originou-se de discípulos de um filósofo teuto-americano chamado Leo Strauss. O problema? Bem, o problema é que grande parte desses discípulos eram ex-comunistas. Mais exatamente, ex-trotskistas. Trotsky era aquele sujeito que pregava a "teoria da revolução permanente" - em contraposição a Stalin, cuja doutrina principal era a da consolidação da revolução comunista na URSS. Enfim, muitos tinham birra com a URSS por causa disso, mas muitos mesmo abandonaram o comunismo com o tempo. Porém, não abandonaram a alma da "revolução permanente". Disso resultou coisas como o Iraque.

Bibliografia básica:

Burke, Edmond. "Reflexões sobre a Revolução na França". Burke foi um parlamentar inglês que ficou horrorizado com a Revolução Francesa, exatamente por ela ter essa mentalidade de tábula rasa - inclusive com a criação de um novo calendário. Disse que o que ocorria na França era totalmente diferente do que houve na Inglaterra 100 anos antes ("estávamos buscando reconquistar direitos que nos foram usurpados") e advertiu que os acontecimentos na França iriam resultar em um banho de sangue que até então nunca se vira. Burke escreveu esse livro em 1790. O Terror começou dois anos depois, e matou mais gente em dois anos que dois séculos de Inquisição. 

O que vai abaixo segue sem bibliografia, pois não me vem nenhum livro agora sobre isso.

3) Direita autoritária. Essa tende a trocar o substrato religioso do conservadorismo  pelo nacionalismo. Consequentemente, acaba ficando mais longe do "tipo ideal" de direita e busca realmente o fortalecimento do Estado. Também acaba discordando dos liberais no sentido de discordar da capacidade das pessoas. Geralmente acham que são incapazes de decidir sozinhas o que é melhor para elas.

4) Direita libertária. Essa é o oposto da direita autoritária. E também bate de frente com a direita liberal, pois acredita que o Estado não deve se meter rigorosamente nada. Na verdade, os libertários acabam ficando parecidos com os anarquistas (talvez você não saiba, mas existem anarcocapitalistas). A diferença é que enquanto estes querem acabar com o Estado para que se instale desde já a igualdade absoluta entre as pessoas (o comunismo, lembrando, diz que o Estado ainda é necessário para acabar com as desigualdades do capitalismo - que é a fase do socialismo), os libertários defendem a mesma coisa, mas sim pela liberdade absoluta. Entendeu?

Enfim, para que você entenda 90% do espectro político-ideológico relevante, imagine um plano cartesiano de três dimensões. Um eixo é a igualdade-liberdade (esquerda e direita clássicas). O outro eixo, o moral, é o liberal-conservador. Finalmente, o terceiro. o de desejo de poder do Estado, é o libertário-autoritário.

Espero que esse post tenha esclarecido todas as suas dúvidas! :)