sábado, outubro 06, 2012

Refutações às correntes teses sobre o "feminismo" (e outros ismos) que vivo vendo no Facebook (3)

3. “Homens e mulheres não são, nem nunca serão iguais!”

http://papodehomem.com.br/feminismo/#feminismo3

O feminismo não defende que homens e mulheres são biologicamente iguais, mas sim que devem ter direitos iguais.

Depende do feminismo. Se for o extremado misândrico, não, pois defende que as mulheres são superiores aos homens. Se for o feminismo tradicional, sim. Mas serei bonzinho e considerarei a segunda concepção. Será que valerá a pena?

Muitas vezes, entretanto, só se alcança a igualdade ou equivalência de direitos justamente atentando para as diferenças. A expressão constitucional “todos são iguais perante a lei” é mais corretamente interpretada se dizemos “tratar diferentemente os desiguais para que tenham acesso equivalente ao direito que a lei confere a todos”.

Aqui já não estamos falando de igualdade, mas sim de equidade; porém, tudo bem. Um exemplo de equidade que concordo e é relacionado ao feminismo é em relação à Maria da Penha. Outro, que discordo, é a das cotas para mulheres em conselhos de administração de empresas privadas.

(Alguns leitores da versão prévia desse texto pediram para que eu falasse um pouco de Judith Butler, da distinção entre sexo e gênero, do gênero como performance, da construção social do gênero, etc, todos temas fascinantes e importantes, mas que são complexos demais pra um texto tão didático como esse aqui se propõe a ser. Aqui tem um trechinho que escrevi sobre isso.)
"Não qual é o problema de uma cantada na rua!"
"Não sei qual é o problema de uma cantada na rua!"


A principal refutação a ser feita ao ponto 3 é justamente a esse quadrinho. Ele é, claramente, MISÂNDRICO, que supõe que todos os homens são uns tarados irrecuperáveis que não conseguem controlar seu id. Além de, é claro, violar o Axioma 3:
(Axioma 3 - A afirmação de UMA condição de um sujeito ou de um objeto é, NECESSARIAMENTE, a REDUÇÃO desse sujeito ou objeto, tornando INCOMPLETA a sua total compreensão e conceituação.)
Esse quadrinho é uma FALÁCIA estapafúrdia chamada "apelo à emoção", que consiste em usar argumentos extremados e em seu conjunto IRREAIS para anagriar pessoas à causa.Vamos à discussão quadro a quadro:

Quadrinho 1: O homem fala "caralho, que linda!" a uma mulher. Reparem que ele está na porta de algo que suponho ser uma loja. Para poder fazer esse tipo de comentário (e usando palavrão!), e não ter ninguém além dele e da mulher vítima, ele deve ser o dono da loja (se ele fosse um empregado da loja, tomaria uma bronca do patrão por espantar a freguesia, e se fosse um outro qualquer, levaria uma sova tanto do dono quanto do empregado, pelo mesmo motivo). Esse quadrinho é malaciosamente FALSO, pois nenhum homem dono de venda faria uma abordagem dessa a uma mulher bonita. Ele: a) olharia; b) falaria com ela "boa tarde, moça [bonita]! Você não gostaria de entrar na loja para ver nossos artigos em promoção?"; c) falaria "caralho, que linda!" em VOZ BAIXA. Sabem por quê? Porque senão além de ela evitar passar na frente da calçada da loja, ela falaria para suas amigas evitarem de passar por ali, e o dono acabaria perdendo a freguesia. Outro problema desse quadrinho é que um homem geralmente só faz esse tipo de comentário quando está acompanhado de um amigo, não quando está sozinho.

Quadrinho 2: Dois homens, sentados na escada de um prédio de subúrbio de cidade grande americana, falam para a mulher (que espera seu ônibus) em tom jocoso: "qual é o número do seu telefone?". Percebe-se que o quadrinho é gringo não pela sua paisagem, mas pelo tipo de cantada: nem o cantador mais tarado brasileiro usaria essa cantada tão batida...

Quadrinho 3: a mulher passeia pela rua quando um homem, em sentido contrário, diz: "chupa o meu pau!". COMO É!? Então o Sr. Castro REALMENTE está dizendo à verdade quando diz que "o feminismo busca apenas os direitos iguais entre os homens e as mulheres", e que "por definição, é impossível a feminista ser mais perigosa que o machista mais brando"? Pois eu digo: além de HIPÓCRITA E INTOLERANTE (ver post anterior), o senhor é um MENTIROSO quando diz todas essas coisas e publica um quadrinho visivelmente panfletário pró-misandria em seu post! NENHUM HOMEM NORMAL EM SÃ CONSCIÊNCIA DIZ "CHUPA MEU PAU!" A NENHUMA MULHER COM A QUAL CRUZA (no sentido de andar contra) NA RUA! Por mais que ache-a linda, por mais que a ache gostosa, por mais que a conheça, ele NUNCA. DIRÁ. ISSO! E já repararam na cara de sadismo dessa personagem? Se isso não é MISANDRIA não sei o que mais é. E desafio a qualquer mulher a escrever aqui nos comentários uma história que seja: "isso não é verdade, Lobo, pois outro dia estava andando na rua e um homem, sóbrio, que não era morador de rua, com calças, andou contra a minha direção e me disse, com um sorriso sarcástico: 'chupa o meu pau!'". Aqui está o núcleo da falácia do apelo à emoção. A partir de agora, é impossível não pensar que todo homem é um maníaco sexual pronto a arriar as calças e masturbar-se na frente de uma mulher (ou estuprá-la) a qualquer momento. Mas seguirei com os quadrinhos restantes.

Quadrinho 4: a mulher, já puta da vida, faz outra caminhada (as roupas são diferentes - mas o quadrinho dá a entender que isso é do mesmo trajeto dela para a casa...) e um cara diz: "sorria, você é tão bonita!". Ninguém faria um comentário desses a uma desconhecida (qualquer pessoa normal tende a sair de perto quando vê um desconhecido com raiva ou chorando), mas reparem no olhar do sujeito: é o mesmo olhar malicioso do quadrinho 3. Ele só pode estar querendo algo com ela...

Quadrinho 5: outro momento. A mulher está voltando das compras (reparem no saco) cabisbaixa e resignada, quando um cara no carro diz: "ei, eu estou falando com você!" (eu entendi que antes disso veio aquele "ei! ei!"). Como ela não responde, ele (bravo) lasca um "vai se fuder então!". Até a primeira parte reconheço que é algo bastante comum também por essas bandas. A segunda parte NÃO. E por uma razão muito lógica: o brasileiro geralmente faz isso com o carro em movimento, então só dá tempo de dizer um "e aê, gostosa!". E pode até existir, mas nunca testemunhei um desses galanteadores responder com um "vai se fuder!" ao silêncio pós-cantada. "Apelo à emoção", parte 2.

Quadrinho 6: A mulher está dando suas pedaladas e um transeunte (com o mesmo olhar malicioso presente nos quadrinhos 3 e 4) lasca um "nossa, que bundão gostoso!". "Apelo à emoção", parte 3. Esse quadrinho é fisicamente falso, pois pressupõe que a mulher está andando devagar o bastante para que ela: a) consiga ouvir o gracejo; e b) consiga discernir que esse gracejo é para ela (poderia ser para outra mulher que estivesse passando - ou até mesmo para outro homem, por que não?). Mas nããão. O autor dessa pérola já pressupõe que ela pedala devagar, que ela tenha ouvido o gracejo e que já tenha chegado à conclusão de que ele foi para ela. Daí a cara de brava.

Quadrinhos 7 e 8: em outros momentos, pressupõe que a mulher, andando na rua, ouve coisas como "ei, pare e espere, eu quero falar com você!" e "ei, qual é o seu nome? Vem cá, me dá seu nome!". Eu realmente não queria ser mulher e viver no mesmo lugar onde essa daí vive, pois está cheio de homens tarados sexuais que ameaçam subjetivamente me estuprar...

Quadrinho 9: ela ainda anda e se ouve um "quero COMER você todinha". Propositadamente não mostra quem fez essa cantada, e a única hipótese onde acho que isso seja possível seria se ela estivesse passando perto de uma obra. Aí sim concordaria com a crítica. O problema é que o conjunto do quadrinho dá a entender que o galanteador é mais um dentre nós, todos os homens, que somos uns tarados irremediáveis.

Quadrinho 10: a mulher, em casa e já desamparada, tem que ouvir do marido um "se uma mulher me falasse que sou bonito eu ganharia o dia". Pressupõe que: 1) o marido é um machista; 2) o marido não entende as mulheres; 3) o marido trata a mulher como um objeto. Como esse é um quadrinho claramente misândrico, vou responder da perspectiva REAL que um homem casado responderia: 1) se uma mulher me falasse que sou bonito eu realmente ganharia o dia; 2) se eu ouvisse uma mulher falando para mim "caralho, que lindo!" eu ganharia o dia; 3) se uma mulher me perguntasse qual era o meu telefone, eu responderia "tá na lista"; 4) se eu andasse na rua e cruzasse (no sentido de andar contra) com uma mulher e essa me dissesse "chupa a minha buceta!" eu fugiria, pois pensaria (com razão) que ela era uma psicopata; 5) se aparecesse uma desconhecida e me falasse com uma cara de safada "sorria, a vida é tão bonita", eu falaria "tá, obrigado!" e sairia correndo; 6) se estivese andando e uma mulher em um carro me cantasse, eu não responderia, e se ela mandasse "se fuder", eu mandaria ela à puta que a pariu na hora; 7) se enquanto eu estivesse andando ouvisse coisas como "ei, pare e espere, eu quero falar com você!" e "ei, qual é o seu nome? Vem cá, me dá seu nome!", eu iria sair correndo, pois saio correndo de qualquer estranho/a que me aborda na rua; 8) se alguma mulher me gritasse "quero dar tudinho pra você", pensaria que ela seria uma ninfomaníaca com distúrbios mentais; 9) e se a minha mulher falasse "se um homem me falasse que sou bonita, eu ganharia o dia", responderia na lata: "por que, não te acham bonita não?"

Conclusão: esse é um quadrinho claramente MILITANTE que EXARCEBA o machismo na sociedade até que esse se torna algo totalmente IRREAL para fazer o "apelo à emoção", além de ser MISÂNDRICO ao igualar cantadas de homens normais a expressões PSICOPATAS. Ver Axioma 3.

Ah, e não, não valeu a pena...

Refutações às correntes teses sobre o "feminismo" (e outros ismos) que vivo vendo no Facebook (2)

Ah, mas o segundo post é MUITO PROBLEMÁTICO. Como sempre: original em itálico

www.papodehomem.com.br/feminismo/#feminismo2

2. Machismo vs feminismo, a falsa dicotomia

Machismo é a dominação do homem sobre a mulher.
Já discordo de cara. Repetirei no decorrer desse post: machismo é a concepção de que o homem é inerentemente melhor que a mulher em um, vários ou todos os aspectos. A submissão é a consequência desse pensamento de superioridade, não a causa.

Os dois termos não são, nunca serão, não podem ser análogos. É uma falsa simetria. É como reclamar de não haver um Dia da Consciência Branca.
Aqui a coisa começa a entornar o caldo de vez. Vamos pelo final: 1) Dia da Consciência Branca não existe por uma razão factual: nenhum parlamentar apresentou projeto semelhante no Congresso (ao menos desconheço isso)  e não houve aprovação nesse sentido; 2) há uma questão cultural implícita no Brasil aí: NENHUM branco se identifica automaticamente como um branco: ele se identifica como "descendente de portugueses", "descendente de italianos", "descendente de espanhóis", etc. E aí, meu caro Alex, HÁ o "dia da comunidade portuguesa", o "dia da comunidade italiana" e o "dia da comunidade espanhola"; 3) quanto aos negros há exatamente o contrário: NENHUM negro se identifica ostensivamente com a cultura local da qual foi retirado para ser escravizado. Não existe o "dia dos bantos", "dia dos nagôs", "dia dos jejês", etc. "ah, mas não há diferença entre os negros!". MENTIRA! Quem fala isso não conhece as diversas matrizes do candomblé (candomblé iorubá, candomblé banto, candomblé jejê), por exemplo; 4) até os imigrantes japoneses não se veem como "asiáticos" ou como "amarelos", mas sim como "japoneses"

Se os brancos não se veem como unidade cultural, mas os negros sim, isso explicaria não haver um "dia da consciência branca" e nem mesmo um "dia da consciência asiática", mas sim o "dia da consciência negra". O porquê disso cabe aos antropólogos explicar. Como cientista político, arrisco uma tese: 1) nunca houve "dia da consciência branca" porque a maioria dos brancos no Brasil tem origem latina (portugueses, italianos e espanhóis), e nunca houve um "panlatinismo" como um correspondente do "pangermanismo" ou do "pan-eslavismo". Fosse o Brasil colonizado pelos holandeses, ingleses ou alemães, isso poderia ter acontecido...; 2) o movimento negro bebe da fonte do pan-africanismo e do nacionalismo negro de Marcus Garvey, daí a questão da unidade continental (étnica não é, que o diga os massacres entre as etinias africanas que ainda acontecem) ser mais evidente.

E só para esclarecer: o Sr. Alex Castro adora falar de simetria. Pois eu vou falar também: comparar feminismo ao movimento negro TAMBÉM É uma FALSA SIMETRIA. Enquanto que o movimento feminista surgiu primeiramente como a busca de direitos políticos iguais para homens e e mulheres (que as mulheres votassem e pudessem ser votadas), classificando o comportamento misógino DESORGANIZADO e NÃO MILITANTE da sociedade até então de "chauvinismo machista" (aí a origem do termo), o movimento negro foi tanto uma reação à crença ORGANIZADA já presente no Ocidente ao menos desde Lineu - e no Oriente desde ao menos o Século XIV com Ibn Khaldun, que dizia o seguinte dos povos que viviam abaixo de Gana: "Beyond them to the south, there is no civilization in the proper sense. There are only humans who are closer to dumb animals than to rational beings. They live in thickets and caves and eat herbs and unprepared grain. They frequently eat each other. They cannot be considered human beings" - de que os negros eram de uma raça inferior (segundo Lineu, os negros eram "relaxados e displicentes") como uma reação ao colonialismo europeu na África. Resumindo: não havia uma militância misógina ORGANIZADA contra as mulheres há 300 anos, mas já havia militância racista ORGANIZADA contra os negros ANTES da solidificação do movimento negro.

(Uma camisa “100% Branco” é de profundo mau-gosto, ao mostrar quem está por cima celebrando sua hegemonia. “100% Negro”, por outro lado, é a celebração de uma identidade subalterna tentando se afirmar contra todas as desvantagens inerentes no sistema. Captaram a diferença?)

Não falei que o Diabo está nos detalhes? O senhor, Alex Castro, é um HIPÓCRITA e INTOLERANTE pelas razões descritas no nos meus dois conjuntos axiomáticos lá dos pressupostos.
(Axioma 1 - Não faça para os outros o que não gostaria que fizessem com você)
Sub-axioma 1 - Quem não age dessa maneira pode ser o que se convém chamar de HIPÓCRITA

Axioma 2 - A simples afirmação de uma condição humana , real ou presumível, é inócua per se, apenas sendo prejudicial quando há um ato, verbal ou físico, contrário à condição humana, real ou presumível, de outrem. Agindo com esse prejuízo, essa pessoa torna-se INTOLERANTE.).

1) O que dá a entender que a pessoa  que veste a camisa "100% branco" é racista? Poderia me explicar essa ilação? Porque eu não "captei";
2) Mesmo considerando que essa pessoa seja racista, o que dá você o direito de concluir que essa pessoa estaria praticando um ato racista? Expor a afirmação de uma condição humana per se não é crime. Se essa pessoa dizer a um negro: "sou branco!", isso NÃO é racismo. Se essa pessoa dizer para um negro: "sou 100% branco!", isso NÃO é racismo. Se essa pessoa dizer para um negro: "você é negro!", isso NÃO é racismo. Se essa pessoa dizer para um negro: "você é 100% negro", isso NÃO é racismo. E vice-versa. São todas as afirmações a constatação apenas de um fenótipo. Agora, se esse alguém, branco ou negro, disser para outrem: "sou branco/negro e sou melhor que você por isso", isso É racismo. Se ela disser: "você é branco/negro e é pior que eu por isso", isso É racismo (considero aqui racismo também como injúria por cor).
3) Que "hegemonia" é essa? Pode ter havido essa hegemonia no passado, mas desde 1888 não existe mais. Nosso maior escritor, Machado de Assis, era mulato (que o movimento negro considera "afro-brasileiro" - podendo, assim, ser considerado TAMBÉM "euro-brasileiro"),. Muito antes do Barack Obama tivemos um presidente mulato (que o movimento negro considera "afro-brasileiro", etc. etc.), Nilo Peçanha (foi vice-presidente que assumiu o cargo com a morte de Afonso Pena, mas assumiu, cumpriu integralmente seu mandato e saiu do cargo sem que houvesse uma comoção golpista do tipo "ai meu Deus! há um negro na Presidência!"). Hegemonia cultural também não pode ser, pois o nosso principal produto musical de exportação, o samba, foi criado por negros. Chegamos ao Oscar (mas quem levou foi a França, pois o diretor era francês) com "Orfeu Negro", adaptação magistral feita pelo Vinícius de Moraes da tragédia grega "Orfeu e Eurídice" à cultura negra - aliás, não fosse esse filme, feito por negros e por brancos, a mãe do Obama não teria se interessado pela cultura negra, e provavelmente o atual presidente dos EUA seria branco... Os exemplos são muitos e incontáveis da presença e da hegemonia da cultura negra em VÁRIOS aspectos da sociedade brasileira.
4) Quer dizer então que "ser negro" é possuir "identidade subalterna"!? Por que um negro seria subalterno a um branco? Senti um quê de RACISMO aí...
5) O Sr. Castro fala em "desvantagens inerentes ao sistema". Quais desvantagens? Qual sistema? Esse sistema prejudica as pessoas por serem negras ou por serem pobres? Esse sistema prejudica as pessoas porque elas têm menos estudos ou porque são mais escolarizadas? Quem tem mais chance de se dar bem na vida: um filho de um analista judiciário negro ou um filho de um faxineiro tercerizado que trabalha no tribunal desse mesmo analista judiciário negro? Suponhamos então que os filhos de ambos, por quaisquer razões, abandonem os estudos após o ensino médio e já tentem entrar no mercado de trabalho. Quem ganhará: o filho do faxineiro branco que terminou o ensino médio numa escola estadual mediana, o filho do analista judiciário negro, que estudou em uma escola particular mediana ou um branco pobre, bolsista de escola particular igualmente mediana, que fez das tripas coração para superar as cotas para estudantes de escola pública (e de negros, e de indígenas) passou no vestibular para uma universidade federal e está procurando um emprego que exige exige médio completo para poder pagar a condução, os livros da faculdade e ajudar um pouco em casa? Aliás, falando em cotas, uma vez que elas foram aprovadas (e essa foi a PIOR decisão do STF desde sua aquiescência ao Golpe de 64, mas isso é para outro dia), pergunto de novo: que "desigualdades inerentes ao sistema" são essas?

Captaram a diferença?

O machismo, por definição, é anti-mulher mas o feminismo não é, nunca foi, nunca será anti-homem. 

 O machismo não é anti-mulher, como eu já disse, mas sim preconiza que o homem é superior à mulher em um, vários ou todos os aspectos. O comportamento anti-mulher se chama misoginia, sendo uma variante extrema do machismo. Posto em um diagrama lógico: toda misoginia é machista, mas nem todo machismo é misoginia

O inimigo do feminismo não é você, homem de carne e osso lendo isso, mas a estrutura machista da nossa sociedade.

Assim como o comportamento anti-homem chama-se misandria. Falarei muito sobre isso. Já vou adiantando que há muita misandria no 3º post do Sr. Castro...

Outro dia, um amigo me disse:
“o feminismo levado ao extremo é pior do que qualquer machismo”.
Mas quando é que o feminismo foi levado ao extremo? Vocês já viram mulheres pregando discurso de ódio aos homens, dizendo que os homens não deveriam poder trabalhar, votar, assinar contrato? Nunca vi ninguém nem mesmo defender isso, quanto mais aplicar no mundo real.

 O feminismo levado ao extremo chama-se misandria e continua sendo feminismo, assim como o pensamento de esquerda levado ao extremo torna-se de extrema-esquerda e continua sendo de esquerda, e o da direita, extrema-direita, que continua sendo de direita, uma vez que inexiste uma palavra que conceitue o oposto do machismo (ou seja: crer que as mulheres são inerentemente melhores que os homens em um, vários ou todos os aspectos). Compreenderam a diferença? Voltando ao tópico anterior, resgato à pergunta 1:
"[1]Mulheres devem receber o mesmo valor que homens para realizar o mesmo trabalho?"
Minha resposta foi: "1) Sim; mas considerando "mesmo trabalho" não só como "mesma profissão", mas também "mesmo esforço" e "mesmos resultados"".
Ok, agora vou mostrar uma aplicação ao mundo real do extremismo do pensamento feminista: cotas para mulheres em conselhos administrativos de empresas.Absurdo? Sim, mas isso já está acontecendo. Já vigora na Noruega e vai vigorar na União Europeia em breve. Agora pergunte a um homem competente e com méritos que foi preterido no conselho administrativo em prol de uma mulher menos competente por uma lei estúpida se isso é ou não é feminismo levado ao extremo. Isso não é tratamento com igualdade, tampouco com equidade (já que a única coisa que esse homem fez para ser preterido no conselho foi... ser homem!). Tanto até que houve protestos até de associações feministas!

Por outro lado, o machismo, em todas as suas vertentes, é aplicado todo dia, no mundo inteiro, em bilhões de mulheres. E, pior, o machismo mata.

Vou falar algo para vocês, e espero que o Sr. Castro não fique bravo comigo: o machismo NÃO mata. Quem mata é o homem que puxa o gatilho, que esfaqueia a mulher, que queima a mulher, que a espanca até a morte, etc. O homem que mata sua ex-companheira não a mata por machismo, mas por falta de maturidade em lidar com o fim do relacionamento e por covardia por ser, geralmente, mais forte que a mulher. Não fosse assim, a Elise Mitsunaga teria matado seu marido por feminismo... Ela matou por falta de maturidade em lidar com o fim do relacionamento e à traição (=covardia), matando-o pelas costas. O machismo não está no assassinato dessas mulheres, mas sim na cultura do medo que faz com que elas não denunciem seus maridos violentos à polícia, no medo infantil de pensar: "o que os outros irão minha família irá pensar?" e no pensamento estúpido de "o que será dos meus filhos sem um pai?". Talvez vocês tenham se esquecido do Axioma 3, então aqui irá ele de novo:
Axioma 3 - A afirmação de UMA condição de um sujeito ou de um objeto é, NECESSARIAMENTE, a REDUÇÃO desse sujeito ou objeto, tornando INCOMPLETA a sua total compreensão e conceituação.
Falar que o homem mata a mulher por machismo é deixar incompleta a compreensão sobre o porquê dos assassinatos.


Também tem gente que diz:
Não sou machista nem feminista, sou humanista!
Mas os três termos não tem literalmente nada a ver um com o outro: o machismo é um sistema de dominação, o feminismo é uma luta política por direitos iguais e o humanismo é o sistema filosófico materialista que coloca a humanidade em primeiro lugar  — em oposição à deus e à metafísica.
Não é nem que são termos opostos ou coincidentes, mas se referem a áreas completamente distintas.
Seria como dizer:
Não sou nem paulista nem canhoto, sou engenheiro!
 Falou "A não é B e não é C", mas explicou "A é X, B não é B e C é C"

No humanismo o Sr. Castro acertou, portanto não entro em mais detalhes. Digo de novo: o machismo (derivado do "chauvinismo machista") não é um sistema de dominação, mas sim tipo de pensamento, nutrido por muitos homens e por algumas mulheres, de que os homens são intrinsicamente que as mulheres em um, vários ou em todos os aspectos. O feminismo é uma luta política? Ok, isso é. Agora, como se dá essa luta política - apenas no gogó? Não, se dá através da conquista de espaços, e a conquista de espaços se dá pela... dominação destes espaços! Mas eu não digo que o feminismo é um sistema de dominação, mas sim um tipo de pensamento, nutrido por homens e mulheres, de que a mulher deve possuir os mesmos direitos, os mesmos deveres e as mesmas oportunidades que os homens, de acordo com seus méritos e de forma equânime (exemplo: o homem deve ter direito ao exame PSA - aquele da próstata - assim como a mulher ao exame de coleta gratuitos). Afinal, foi esse o questionário que respondi no tópico anterior, não? Infelizmente esse conceito de feminismo não é pacífico (vide o exemplo das cotas para mulheres em conselhos de administração), porque também encobre o que se reconhece como oposto ao machismo (ou seja: feminismo também seria o pensamento de que a mulher é inerentemente melhor que o homem em um, vários ou outros aspectos - quando inventarem um termo específico para isso me avisem) e, principalmente, esconde a misandria de algumas militantes (ah, e viola o Axioma 3).

Portanto, falar que “as feministas são tão ruins quanto os machistas” só faz expor o machismo de quem fala.
A feminista mais radical não tem como ser pior do que o machista mais brando. Por definição, é impossível.

 Não, não faz não. O pensamento "as feministas são tão ruins quanto os machistas" é totalmente inconclusivo. Se estamos falando de um misógino e uma feminista tradicional, do primeiro sentido, o postulado é falso; se estamos falando de um machista que o é apenas por achar, por exemplo, que os homens dirigem melhor que as mulheres (OBS: isso é desmentido pelas companhias de seguros) e uma feminista do segundo sentido, ou mesmo misândrica, o postulado é verdadeiro. Assim, a conclusão do Sr. Castro é ERRADA.

Só para recapituar os conceitos discutidos nesse post:

Misoginia - Pensamento de ódio ou de desprezo à mulher. Forma extremada de machismo.
Machismo - Pensamento que crê na superioridade masculina em um, vários ou em todos os aspectos.
Masculinismo - Pensamento que crê que os homens devem ter os mesmos direitos, os mesmos deveres e as mesmas oportunidades que as mulheres de acordo com seus méritos e de forma equânime (exemplos: mulheres também devem abrir a porta dos carros para os homems, mulheres devem dividir a conta do motel, a licença-paternidade deveria ter a mesma duração que a licença-maternidade, fim do preconceito aos homens que seguem "atividades típicas de mulher", como enfermaria e copa, guarda compartilhada com a ex-esposa de seus filhos, etc.)
Feminismo - 1) Pensamento que crê que as mulheres devem ter os mesmos direitos, os mesmos deveres e as mesmas oportunidades que os homens de acordo com seus meritos e de forma equânime; 2) pensamento que crê na superioridade feminina em um, vários ou em todos os aspectos.
Misandria - Pensamento de ódio ou de desprezo ao homem

Refutações às correntes teses sobre o "feminismo" (e outros ismos) que vivo vendo no Facebook (1)

Link do original: http://papodehomem.com.br/feminismo/#feminismo1

Por incrível que pareça, não há QUASE nada a ser discutido aqui. Vamos ao seu teor. O original está em itálico:

Antes de tudo, vamos descobrir de que lado estamos, não?

 OK
Afinal, você, leitor, está contra ou a favor do feminismo?

 É a minha grande dúvida! Iluminai-me!

Existe um teste simples.
Você concorda que:
  • [1]Mulheres devem receber o mesmo valor que homens para realizar o mesmo trabalho?
  • [2]Mulheres devem ter direito a votar e ser votadas?
  • [3]Mulheres devem ser as únicas responsáveis pela escolha de suas profissões, e que essa decisão não pode ser imposta pelo Estado, pela escola nem pela família?
  • [4]Mulheres devem receber a mesma educação escolar que os homens?
  • [5]Cuidar dos filhos deve ser uma obrigação de ambos o pai e a mãe?
  • [6]Mulheres devem ter autonomia para gerir seus próprios bens?
  • [7]Mulheres devem escolher se, e quando, se tornarão mães?
  • [8]Mulheres não devem sofrer violência física ou psicológica por se recusar a fazer sexo ou por desobedecer o pai ou marido?
  • [9]Tarefas domésticas são de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres?
  • [10]Mulheres não podem ser espancadas ou mortas por não quererem continuar em um relacionamento afetivo?
1) Sim; mas considerando "mesmo trabalho" não só como "mesma profissão", mas também "mesmo esforço" e "mesmos resultados". Exemplo: um homem e uma mulher trabalham como vendedores nas Casas Bahia. Eles recebem o mesmo salário fixo ("mesma profissão"), mas enquanto o homem fica grande parte do serviço conversando com os colegas e vende o de praxe, a mulher vai atrás dos clientes e os trata com o maior esmero possível. Nesse caso, apesar de ambos terem o mesmo trabalho, a mulher deve ganhar MAIS (não só pelas suas comissões, mas uma bonificação extra da loja das Casas Bahia pelas suas vendas - assim quem sabe aquele homem que só coçava o saco não passa agora a mexer a bunda e trabalhar mais?)
2) COM CERTEZA!
3) SIM! E também sou a favor disso em relação aos homens. Sim, eu sei que não é na mesma escala do que acontece e já aconteceu com as mulheres, mas vai um filho falar para o pai ou para um professor que ele quer fazer "moda" ou "design de interiores"...
4) CLARO!
5) LÓGICO! E ainda bem que hoje existe a "guarda compartilhada", que impede casos como o do meu tio, que FOI PRIVADO DE CONVIVER COM SUA FILHA (minha prima, que mal conheci) PELA SUA MULHER APÓS O DIVÓRCIO.
6) Quaisquer PESSOAS podem ter autonomia para gerir seus próprios bens, contanto que gozem de capacidade civil e de seu perfeito juízo. Ou então uma menina de 8 anos pode fazer isso? Ou mesmo uma mulher adulta que foi consumida pelo vício do crack e que fica vagando pelas ruas? Portanto, a resposta aqui, lamento dizer, é DEPENDE.
7) SIM! Uma praga esse relógio biológico para as mulheres, mas elas tem plenos direitos de dizer "não quero ter filhos"
8) SIM, NÃO DEVEM. Sexo sem consenso é ESTUPRO puro e simples.
9) SIM. Embora na prática isso não aconteca por culpa das mulheres, por incrível que pareça. Mas nada que não possa ser progressivamente melhorado pelas gerações ulteriores. Isso será discutido posteriormente.
10) SIM, NÃO PODEM. Embora existam as Elises Mitsunagas por aí, a proporção de mulheres assassinadas pelos ex inconformados é infinitamente maior do que a de homens. Repito o grito de guerra feminista: QUEM AMA NÃO MATA.

Se marcou sim em todas ou quase todas… Sinto afirmar mas… Você é feminista!
Deixa eu ver: oito respostas sim, uma sim com interpretação condicionante e uma "depende" (para efeitos lógicos, "depende" significa "não" - para que "todo A é B" seja falsa, não precisa que nenhum A seja B, mas que algum A seja não B). Então eu sou um feminista! ÊÊÊÊÊ!!!

Mas vocês já viram que essas afirmações genéricas são perigosas (nem toda mulher - e nem todo homem - deve ter autonomia para gerir seus próprios bens). Deus está em tudo, mas o Diabo está nos detalhes... Veremos o Diabo presente nos posts seguintes. 

(Teste adaptado de um original da Cynthia Semiramis.)
Cada um no seu lugar. Uns brincam, outros trabalham. Como deve ser!
Cada um no seu lugar. Uns brincam, outros trabalham. Como deve ser!

O feminismo, já o tido como o de segunda geração, felizmente ajudou a acabar com situações como essa descrita na propaganda da batalha naval.

Queria introduzir um conceito aqui: o do masculinismo. Diferente do machismo, o masculinismo (na vertente "feminista masculina") acredita na igualdade de direitos, de deveres e de oportunidades entre os sexos, mas na ênfase de que o homem não precisa abdicar de sua masculinidade para ser feminista. Essa vertente do masculinismo e essa definição do feminismo (no post seguinte veremos que feminismo possui dois significados totalmente díspares, infelizmente) são totalmente afins.

Refutações às correntes teses sobre o "feminismo" (e outros ismos) que vivo vendo no Facebook (0) - Pressupostos

Lá estou eu não fazendo nada no meu Facebook e, de repente, alguém manda ou encaminha algum link de um tal de Alex Castro falando sobre um tal de "feminismo para homens". Resolvi ler todo o compêndido e, lamento informar, a maioria do que foi escrito ali é um disparate. Portanto, aqui irá a resposta definitiva a TODOS os módulos daquele curso.

Mais antes, trabalharei com alguns axiomas morais que, creio eu, são universais:

Axioma 1 - Não faça para os outros o que não gostaria que fizessem com você
Sub-axioma 1 - Quem não age dessa maneira pode ser o que se convém chamar de HIPÓCRITA

Não acho que deva explicar muito isso... Mas se discordam, comentem!

Axioma 2 - A simples afirmação de uma condição humana , real ou presumível, é inócua per se, apenas sendo prejudicial quando há um ato, verbal ou físico, contrário à condição humana, real ou presumível, de outrem. Agindo com esse prejuízo, essa pessoa torna-se INTOLERANTE.

Embora a princípio você, leitor(a/@) concorde com isso, a aplicação deste axioma, por incrível que pareça, não é de aceitação universal (mas reforço: tem VALOR universal). Vocês verão...

Axioma 3 - A afirmação de UMA condição de um sujeito ou de um objeto é, NECESSARIAMENTE, a REDUÇÃO desse sujeito ou objeto, tornando INCOMPLETA a sua total compreensão e conceituação.

Essa eu terei que explicar, mas primeiro com o exemplo de um objeto: uma grama. Se você diz apenas que essa grama é verde, você está enquadrando-a em TODOS os elementos visíveis que possuem a coloração verde, dentre os quais insetos e algumas espécies de lagartos. Se você diz: "ah, mas ela é verde e é um vegetal!". Ok, você colocou a grama junto com grande parte das algas, dos musgos, das samambaias, dos pinheiros e dos flamboyants.

Agora vou lhe mostrar como funciona em relação às condições humanas determinantes de "ismos": se eu disser que sou heterossexual, estou enfatizando APENAS UMA PARTE da minha condição humana e que, a princípio, não diz muita coisa sobre mim! Não diz se respeito as leis ou não, não diz se sou uma pessoa hábil em matemática ou não - apenas diz que possuo preferências sexuais pelo sexo oposto. Se eu disser que sou homem e heterossexual, isso significa APENAS que sou dotado do tal Cromossomo Y e que minha preferência sexual é por pessoas que possuem dois cromossomos X. Também não diz se eu respeito as leis ou não, tampouco que sou hábil em matemática. Nem mesmo garante que eu seja mais alto ou mais forte que as mulheres (uma característica biológica dos homo sapiens - há outras espécies animais onde a mulher é a maior e a mais forte), pois eu posso ser um anão raquítico.

Talvez a principal metáfora referente a esse Axioma é aquela metáfora do cego apalpando um elefante. Procurem na internet mais detalhes, pois tenho que ir às refutações.