segunda-feira, julho 23, 2012

Top 10 melhores álbuns de metal da década de 90

GRAÇAS A DEUS a década de 90 não teve só Nirvana e Green Day. Apesar de ser bem menos profílica que a década de 80, a década de 90 possui os seus petardos. Infelizmente, não sei se devido ao fenômeno do download (que, por um lado possibilitou a democratização do conhecimento musical; porém, por outro lado, fez com que houvesse uma diminuição brusca na qualidade e na novidade da cena). Bem, vamos à lista. Englobará todos os subgêneros, porque metal é metal. A regra é: apenas um álbum por banda.

10 - Kreator: Coma of Souls (1990)

A década de 90 foi praticamente catastrófica para o Kreator, quando o Sr. Petrozza resolveu se aproximar do doom e do industrial (apesar de ter rendido músicas lindas como "Renewal" e "Suicide at Swamps"). PORÉM, eles fizeram antes disso o Coma of Souls. Apesar de eu odiar com todas as minhas forças aquele solo bunda de bateria em "People of the Lie", o álbum já compensa pela matadora "When the Sun Burns Red" e pela bateria (aí sim) sensacional na faixa-título. Ouvam!

9 - Black Sabbath: Dehumanizer (1992)

O último álbum do Sabbath com o Dio (RIP - claro, antes do Heaven and Hell, cujo show em Brasília me arrependerei até meu leito de morte o fato de não ter ido), e que acho melhor até que o Heaven and Hell (o Mob Rules vocês acreditariam se eu disser que até hoje eu nunca ouvi? :$) é uma verdadeira obra-prima. Pessoalmente acho melhor até que qualquer coisa que o Ozzy tenha feito na carreira solo desde... Blizzard of Oz. Começa com a ótima "Computer God", passa pela "TV Crimes", que ganhou um clipe nada a ver, "Master of Insanity" e a linda linda "Too Late". Além disso, a turnê desse álbum foi responsável pelas melhores interpretações de "Heaven and Hell" que eu ja vi do Dio e do Rob Halford (quando o Dio já tinha saído de novo da banda).

8 - Helloween: The Time of the Oath (1996)

Recuperando-se da saída traumática do Michael Kiske e do Ingo Schwichtenberg (RIP), o Helloween faria o ótimo álbum Master of the Rings (1994) com os novos integrantes Andi Deris e Uli Kusch. Porém, essa fórmula atingiria seu ápice em Time of the Oath, que na minha humilde opinão foi a melhor coisa que eles fizeram desde o Keepers 1 (sim, eu considero o Time..., no conjunto, melhor que o Keepers 2, e daí?). Começam com a paluleira "We Burn", vão para a maravilhosa "Wake up the Mountain" (com solos duplos! Meu Deus, como solos duplos de guitarra fazem falta nesses dias!), passam para a comercial "Power", vão para a balada "Forever and One (Neverland)", que foi para além das fronteiras do metal na Europa e culminando na faixa-título no final. A banda faria um álbum mais límpido depois, o Better than Raw, que possui ótimas músicas, mas considero bastante irregular. Infelizmente nos álbuns subsequentes eles passariam a colocar mais ênfase no "metal" que no "melódico".

7 - Manowar: The Triumph of Steel (1992)

Com a saída definitiva do Ross the Boss e a temporária do Scott Columbus (RIP), parecia que a banda iria degringolar. Porém havia o estupendo baterista Rhino e o guitarrista David Shankle (estupendo na técnica do shredding, mas sem o punch do Ross), e o Manowar lançou essa pérola. Começando com um desbunde logo no começo, a monumental (principalmente na duração: quase meia hora! - com solos chatíssimos de bateria como sói são esses solos) "Achilles: Agony and Ecstasy in Eight Parts", passando pela indígena "Spirit Horse of the Cherokee" (melhor que a "Indians" do Anthrax) e culminando na balada épica "Master of the Wind", o Manowar provou que ainda tinha pano pra manga. Ao menos na década de 90, quando lançaria ainda o ainda bom Louder Than Hell (96). Infelizemente depois de fazer a turnê mundial desse álbum, e a turnê mundial do álbum ao vivo daquela turnê mundial, o Manowar finalmente degringolou.

6 - Slayer: Seasons in Abyss (1990)

O Slayer, ao contrário do Manowar, nunca deixou a peteca cair. Nunca MESMO. Lançou álbuns ótimos em toda a década de 90, mesmo após a saída temporária do Dave Lombardo. Diabolus in Musica (98 - que mostrou ao Metallica como atualizar o som sem se tornarem panacas), Divine Intervention (94), até mesmo o álbum de covers Undisputed Attitude (96 - e que contém a não-cover MARAVILHOSA "Gemini"). Mas é com o último álbum do Lombardo até então que eu fico. É um álbum tão bom que possui três musicas obrigatórias em qualquer show do Slayer até hoje: "War Ensemble", "Dead Skin Mask" e a faixa-título. Mas TODO o álbum vale uma escutada. Para ter uma amostra além do álbum de estúdio, procurem o duplo ao vivo A Decade of Aggression.

5 - Cradle of Filth: Dusk... and Her Embrace (1996)

É difícil se definir qual é o melhor dos álbuns inicias do Cradle (antes deles terem se tornado uma banda bunda), mas tive que escolher o Dusk... Por dois motivos: a faixa-título e "Funeral in Carpathia". Como disse, só valia um álbum por artista. Por isso, os EPs V Empire e o From the Cradle to Enslave ficaram de fora.

4 - Gamma Ray: Powerplant (1998)

Quando saiu do Helloween, Kai Hansen alegou estar de saco cheio de fazer turnês e resolveu voltar para o semi-amadorismo criando o Gamma Ray. Sempre com ótimos músicos, mas faltando estabilidade no line up, a banda fazia álbuns medíocres até o dia em que o Ralf Scheepers saiu para tentar entrar no Judas Priest (já já falo deles). Feliz ou infelizmente ele não conseguiu, e felizmente ele não voltou para a antiga banda. Assim, o Kai Hansen assumiu também os vocais e fez três petardos: Land of the Free, Somewhere Out in Space e Powerplant (essas últimas já com o ótimo guitarrista Henjo Richter). Todos os três são ótimos (mais os dois últimos), mas preferi o Powerplant por ele ser mais consistente, desde o petardo "Anywhere in the Galaxy", passando pela cover dos... Pet Shop Boys (!) "It's a Sin" até a épica "Armageddon". Infelizmente, assim como o Helloween, a banda do Herr Hansen passou a priorizar mais o metal que o melódico.

3 - Emperor: Anthems to the Welkin at Dusk (1997)

O Emperor mostrou desde o começo que não era uma banda para brincadeiras com o primeiro álbum deles, In the Nightside Eclipse (1994). Porém, eles tinham um defeito muito comum em bandas de black metal: as gravações eram propositadamente de má qualidade. Wagner Lamounier, ex-Sarcófago (banda que inspirou meio mundo dos pandas black metal) sempre falava que a banda dele fez isso em "I.N.R.I." (1986) não para fazer estilo, mas sim porque não tinham condições de gravar em um estúdio decente, ao contrário dos seus seguidores nórdicos. O Emperor continuou com isso em Anthems; porém, ao contrário do álbum de estreia, essas músicas são ótimas ao vivo. Basta comparar as versões "Towards the Pantheon" e "Inno a Satanna", do In the Nightside, com  "The Loss and Curse of Reverence" e "With Strenght I Burn", do Anthems (ambas feitas no mesmo show em Wacken). Embora os álbuns posteriores sejam ótimos, verteram muito mais para experimentações, o que tirou um pouco da graça deles. Apesar disso, o Emperor é uma banda que faz uma puta falta...

2 - Judas Priest: Painkiller (1990)

Judas Priest é uma banda tão fundamental quanto o Black Sabbath. A diferença é que enquanto esta se perdeu com a primeira saída do Dio, o Padre Judas só deixou a peteca cair um pouco em Turbo (86 - embora a faixa-título seja sensacional ao vivo). Percebia-se que a banda se tornaria mais pesada no Ram it Down (88), talvez o álbum mais subestimado da história, mas esse peso atingiria seu ápice em toda a história do Judas em Painkiller. Não há NENHUMA faixa do álbum que não valha a pena. Até mesmo a balada "Touch of Evil", que inauguraria a parceiria com o Don Airey (atual Deep Purple) e culminaria, quase 20 anos depois, no estupendo álbum Nostradamus. Infelizmente na turnê desse álbum aconteceria uma das maiores tragédias do heavy metal, quando o Rob Halford caiu da sua moto em um show, teve um momento de falsa epifania e saiu da banda, para fazer um urban metal insosso, e depois sair do armário e partir para o industrial mais insosso ainda. Perdemos uma década em que a ausência do Judas (e do Iron sem o Bruce Dickinson também...) se fez sentir no cenário. O Judas fez seu álbum perfeito, e seria o mais perfeito da década - e quiçá de todos os tempos - se não tivesse havido o...

1 - Death: The Sound of Perseverance (1998)

Sim, esse foi o MELHOR álbum da década de 90. Melhor até que Painkiller. Há peso, há técnica (indo para o progressivo sem ser chato), há melodia, há fúria... TUDO na medida certa. Há até a melhor cover do Painkiller de todos os tempos, com o o Ckuck Schuldiner (RIP) empolgado como um adolescente de 13 anos em seu primeiro show do Judas. É o melhor álbum de death metal de todos os tempos, deixando toda a cena feita até então obsoleta. Em termos de peso e de fúria talvez o álbum que mais chegue perto seja o "Conquerors of Armageddon" do Krisiun (2000). Mas mesmo assim nossos compatriotas ainda estão muito longe. Infelizmente esse seria o último álbum do Death, devido a brigas com a gravadora. Mais infelizmente ainda, o Chuck não se recuperaria de um tumor cerebral/medular que o vitimou em 2001. O metal perdeu um de suas maiores fontes criativas, e essa é uma lacuna que ainda está por ser superada. Fiquem com a faixa de abertura, Scavenger of Human Sorrow.

terça-feira, julho 03, 2012

Sobre os acontecimentos no Paraguai (3) - A melhor coisa que aconteceu no país desde a queda de Stroessner

Todos devem estar pensando que, com o Paraguai suspenso da Unasul e do Mercosul, o país saiu perdendo. Na verdade, quem teve a verdadeira vitória de Pirro foram os outros. Senão vejamos:

1) As sanções paraguaias se restringiram ao campo político, e não ao econômico, como chegou a ocorrer em Honduras;

2) A comoção social que deveria haver no Paraguai está sendo inferior mesmo à que ocorreu em Honduras. Vejam essa notícia aqui: ela mostra uma das manifestações mais noticiadas contra o "golpe". Sejamos práticos: se houvesse alguma ditadura no Paraguai, alguma possibilidade remota de sublevação, os protestos seriam tão pacíficos a ponto de policiais apenas fazerem cordão de isolamento e ficar por isso mesmo!? Onde estão os cassetetes e as bombas de gás?

3) Para agravar ainda mais a tremenda cagada que o Brasil fez em seguir na onda da Argentina: o Partido Colorado (com quem o PT tem que aprender muito ainda para se infiltrar na máquina estatal, e ambos têm que aprender com o PRI mexicano) já era o favorito nas eleições do ano que vem, e é bastante provável que ganhe. Se não for ele, será o Liberal do Frederico Franco. O que será mais fácil para o novo presidente: aceitar voltar ao Mercosul e à Unasul, com quem ainda possui relações econômicas normais, ou sair de uma vez por todas dessas canoas furadas e partir para acordos de livre comércio com os EUA e a União Europeia (os sacoleiros e os feirantes - e acima de tudo, os consumidores, agradecem)?

O Paraguai ter se livrado do Lugo foi a melhor coisa que aconteceu para o país desde a queda do Stroessner, e está saindo muito melhor do que o planejado.

Sobre os acontecimentos no Paraguai (2) - O Lugo se assanhando

 OBS: esse post ficou datado com o tempo, mas fica o registro histórico.

Pouco a pouco a posição do Lugo está ficando mais clara... Sim, ele saiu para evitar um banho de sangue. E não, ele não saiu para não tumultuar o processo, mas exatamente o contrário. Para mim ele esteve desde sempre esperando a reação da "opinião pública" (entenda-se jornalistas, que são grande parte de esquerda e simpáticos às suas convicções). A "opinião pública", em sua parte mais estridente, inventou uma nova categoria de golpe, o "golpe institucional", e o Lugo se prontificou a acolhê-la, não reconhecendo o novo governo e conclamando à desobediência civil pacífica. Com certeza essa postura de bom samaritano (safadheeeenho, mas bom samaritano) atrairá a simpatia de muito mais gente da "opinião pública".

Por outro lado, os que estão agora no poder estão claramente pagando o preço de não terem seguido nem que fosse um arremedo dos princípios jurídicos da ampla defesa, do contraditório e da razoabildade. Daí a reação (até agora) justa do Brasil em convocar o embaixador* e falar que houve rito sumário. Isso houve sim, pelos motivos já expostos no post anterior (ver abaixo). Mas aí é que tá: o juízo político (adorei essa expressão dos paraguaios, que está na Constituição deles!) NÃO PRECISA SEGUIR PRINCÍPIOS JURÍDICOS (embora DEVA!). O exemplo maior está aqui mesmo no Brasil: o Collor foi cassado no Congresso, mas absolvido no STF. A principal diferença, e isso afeta a legitimidade (mas NÃO a legalidade) no caso paraguaio, é que o prazo e as oportunidades que o Collor teve para se defender no Congresso foram mais que razoáveis.

O Brasil ainda disse que fará o que a UNASUL (em caixa alta porque é um acrônimo) decidir. Pois bem: a UNASUL é composta por todos os países sul-americanos, que são 12. Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela já se posicionaram contra o novo regime. O Chile, a Colômbia (governados por partidos de centro-direita) e o Brasil manifestaram discordância em relação a como se deu o processo, mas não se manifestaram sobre o novo regime. Acredito que essa seja a mesma posição do Uruguai. Sobram Peru, Guiana e Suriname, de quem ainda não se ouviu nenhum 'a'.

O presidente paraguaio já está vendendo facilidades ao Brasil, como garantir a propriedade dos brasiguaios e Itaipu.

*Na questão dos embaixadores, o Lugo falou uma bela de uma MENTIRA quando disse que o Brasil, o Uruguai e a Argentina "retiraram" seus embaixadores, quando os primeiros países apenas CONVOCARAM (o que diplomaticamente tem ainda bastante impacto, mas é infinitamente menor do que retirar o embaixador do país).