Benício Tavares e um... MAS COMO ASSIM!?

O Benício Tavares, aquele deputado cadeirante, foi cassado pelo TSE por decisão UNÂNIME. Ou seja: mesmo que recorra ao STF (o que tem todo o direito de fazer, mas é muito difícil que reverta a situação, já sairá perdendo por 3 x 0).

Mas se isso me surpreendeu positivamente, algo me surpreendeu negativamente: acabou de passar a reportagem sobre o caso no DF/TV. Sabem quem era a defensora do Benício? Gabriela Rollemberg, FILHA do SENADOR Rodrigo Rollemberg (PSB/DF). Me lembrei da cara dela porque ela fez ciência política na UnB na minha época (não no meu semestre). Deve ter feito direito no Ceub também, pelo visto. Tudo bem que, como dizem, "pecunia non olet", todas as pessoas têm direito à ampla defesa, contraditório, etc., e é um trabalho HONESTO. Mas porra, com tantas "vantagens cumulativas" que podem surgir simplesmente pelo fato do pai ser senador (ou, em outros casos, por ter uma namorada filha de deputado...), precisava defender BENÍCIO TAVARES!?

Será que nem ela nem a firma em que ela trabalha (se for o caso) não perceberam que isso pode ser usado CONTRA o pai dela em campanhas políticas futuras? Por exemplo: EU não só NUNCA MAIS VOTO NO RODRIGO ROLLEMBERG como farei campanha CONTRA ELE nas próximas eleições. Uma coisa é precisar de apoios políticos questionáveis para se fazer política (porque o sistema político atual infelizmente não permite nenhuma alternativa - falando nisso, leia meu post sobre o voto distrital); outra coisa é aquiescer em ir até o vale de lágrimas com esses apoios políticos questionáveis.

Registre-se: quando falo em "vantagens cumulativas" quero dizer que a pessoa pode se aproveitar do fato de alguém da família estar em uma posição importante e começar uma atividade autônoma igualmente honesta, mas RAZOÁVEL. Exemplos? 1) a Rosanne Mulholland, filha do Timothy, conseguiu um lugar ao sol participando do "A Liga" e hoje é a nova Professora Helena do remake do 'Carrossel', desvencilhando-se de toda a merda que aconteceu com o pai dela na UnB (mesmo porque ninguém tem culpa dos parentes que tem); 2) a Marina Mantega, a filha do Guido, trabalha como economista lá no Oriente Médio, depois de um breve período como "modelo e atriz".

Quer ser advogada e tem a "vantagem cumulativa" de ser filha de senador? Oras, vá defender os políticos do partido e/ou os direitos dos cabos eleitorais, se não for mexer com uma área inodora como direito civil, trabalhista, tributário, comercial, etc.

Sério, estou cada vez mais decepcionado e arrependido do curso que fiz... Ainda bem que não fiquei parado no tempo.

E o Agnelo?

Vamos lá: como eu falava para a minha namorada, se o Agnelo cair, não vai ser pelo que ele fez na campanha nem, por enquanto, pelo que ele (não) fez no GDF, mas pelo o que ele fez no Ministério dos Esportes. Pois bem: por enquanto (2) NÃO HÁ (ainda) CONDIÇÕES POLÍTICAS PARA ELE SER 'IMPICHADO'. Por quê?

1) As provas, por mais que seja fortes juridicamente (ignoro se isso é verdade ou não, porque não sou da área), não são fortes politicamente. Como assim? Muito simples: imagine aquele cidadão típico do DF, trabalhador, sem muito estudo, que vive numa cidade-satélite. Imagine-se perguntado para ele o que ele acha do governo do Agnelo. Muito provavelmente vai falar (com razão) que está uma porcaria. Daí você pergunta o que ele acha do Agnelo "pessoa". Eventualmente ele pode dizer que é um "corrupto safado". Daí (2) você pergunta sobre no que ele está envolvido. Muito dificilmente ele vai dizer "no Ministério dos Esportes". Finalmente, você pede para que ele explique o escândalo. Duvido muito que ele vai saber te explicar. É diferente, por exemplo, do caso do Arruda, onde ele apareceu sendo filmado recebendo um MAÇO ENORME de dinheiro. Enquanto o brasiliense médio não tiver essa compreensão cognitiva do escândalo não haverá condições políticas para impeachment.

OBS: Condições políticas são diferentes das condições jurídicas. Se fosse HOJE, essa seria a única maneira do Agnelo cair.

2) Para que o impeachment do Agnelo saia, ele tem que passar pela Câmara Legislativa. Primeiro: o Agnelo tem maioria (conquistada a muito custo: 35 secretarias de governo). Segundo: QUEM IRÁ PROPOR O IMPEACHMENT? O PSD da Celina Leão, que ATÉ HOJE mantém no gabinete pessoas com relações de parentesco (não sei se parentes dela ou se parentes entre os funcionários), do Rogério Rosso e da Eliana "meu irmão fez umas mutretas nos cemitérios do DF" Pedrosa? O DEM, do Raad "quero que a gasolina permaneça alta e os motoristas do DF QUE SE FODAM!" Massouh? O PSDB, que nem deputado distrital tem? O PRTB, da Liliane "devia ter ficado nos filmes do Afonso Brazza" Roriz?

3) Embora as Marchas Contra a Corrupção tenham demonstrado que há luz no fim do túnel, as manifestações populares no Brasil e em Brasília ainda são dependentes em grande parte dos partidos da esquerda e sindicatos. Não acredito que esse quadro irá mudar tão cedo. Nem mesmo se o Agnelo for pego com maços de dinheiro.