quarta-feira, julho 29, 2009

Por que eu NÃO entrarei no Twitter

Para você que ainda não sabe, o Twitter ('gorjeiador', em inglês) é uma mistura de rede social (orkut) e microblogging (como um blogspot, mas limitada a 140 caracteres) criada em 2006 por Jack Dorsey e que é a nova coqueluche na internet. Tipo um "Second Life" de 2009. Todo mundo que está na crista da moda tem um. Bem, quase todo mundo. EU não tenho a mínima intenção de ter. Por quê?

1) Não sou celebridade. Talvez se eu fosse eu poderia achar útil falar o que acontece o tempo todo na minha vida;

2) Não sou jornalista nem trabalho em nenhum meio de comunicação. Talvez se eu fosse eu poderia achar útil saber o que acontece o tempo todo com celebridades/políticos.

3) Prefiro o RSS. Alguns sites e portais também estão utilizando o Twitter para avisar que têm notícias novas, sem a necessidade de você abrir o site. O RSS (disponível no canto direito do blog, reparem), faz a mesmíssima coisa, e SEM LIMITAÇÃO DE ESPAÇOS.

4) Não vivo (ainda) em uma ditadura onde eu precise relatar a opressão do Estado no meu dia-a-dia
. Reconheço a importância do Twitter no que houve recentemente no Irã, mas eu não vivo lá, e o Brasil ainda permite que você filme o que lhe der na veneta e ponha no Youtube/avise a Globo.

5) Não confio em algo que não seja um filme onde a principal estrela é Ashton Kutcher. As pessoas perderam a noção do ridículo, sinceramenente. Se bem que consideram "o Hugo Chavez um governante revolucionário" (tipo, ele está há 10 anos no poder e o que mudou na Venezuela!?), "a Dilma Rousseff uma gestora competente" (ela é a mãe do PAC, que iria ficar pronto até 2010, e até agora nem 5% dele está concluído) e que "o Lula defende os interesses nacionais" (sendo que ele foi o MAIOR ENTREGUISTA DA HISTÓRIA DO BRASIL - O Fernando Henrique ao menos vendeu o que tínhamos)...

6) Nunca usei SMS coletivos, e não será agora que usarei. Quando tenho que mandar uma mensagem coletiva, eu mando via e-mail (que também não tem limite de caracteres). E, quando não quero que saibam que mandei pra outras pessoas (o que o twitter também não tem), eu tenho o recurso do Cco.

7) O Twitter tem um potencial enorme para virar uma caixa de ressonância de boatos. Estamos em tempos sem discernimento, e parece que as pessoas se esqueceram dos inúmeros Cocadaboa News. Basta um twit simpático, um link para uma notícia fictícia e está instaurado um boato. Ou nem isso: basta uma corrente que saiba os meandros do sistema para tal.

Bom, são esses os motivos.

Luzia Jesus de Oliveira

Esse é um nome que vale a pena ser eternizado, pois mostra que a esperança ainda não morreu nesse país.

Explico: Luzia Jesus de Oliveira é uma aposentada de Rio Verde (Goiás) que hoje foi pegar uma condução normalmente. Mas naquele município foi aprovado uma lei que garante a gratuidade da passagem a aposentados*. O motorista, como sói acontecer no Brasil, resolveu cobrar dela a passagem mesmo assim. Ela disse que não pagaria. E ele ameaçou não sair se ela não pagasse a passagem.

Nessa situação, ela poderia ter pago a passagem a contragosto e ligado no SAC da empresa, o que não daria em nada, ou poderia ter chamado a polícia, que provavelmente faria que o motorista a levasse (afinal, é a lei da cidade - se bem que os policiais poderiam alegar que não era da competência deles...). Mas não, ela simplesmente arredou o pé e ficou lá, sozinha com o motorista e o cobrador no ônibus por longos 40min, até que apareceu uma agente de trânsito municipal e falou que, se a empresa reclamasse, falasse que foi ordem do dpto. de trânsito. E a dona Luzia ganhou a parada (a história toda vocês podem ver aqui).

Obviamente a empresa deu uma de João-sem-braço e falou que não deu ordens para o motorista descumprir a lei. Mas o reporter falou que é a 4ª vez que a empresa é multada por descumprir essa lei.

Enfim, o que me deixou extremamente feliz com a atitude da dona Luzia foi que há muito não via um ato de DESOBEDIÊNCIA CIVIL por essas bandas (o último talvez foi a avalanche de e-mails ameaçando um boicote à MTV após a Daniela Putarelli mandar censurar o Youtube). Provavelmente se houvesse mais pessoas na saída do ônibus (o que não me pareceu que houve), não seriam poucas as que desencorajariam o ato de dona Luzia. Sei bem disso porque por algo infinitamente mais simplório (não comer no McDonald's em protesto à diminuição da quantidade de Nuggets), sou ridicularizado aqui em casa. Pois digo a todos os que lêem essa página: SÓ ATOS DE DESOBEDIÊNCIA CIVIL PODEM MELHORAR UM POUCO ESSE PAÍS.

Espero que possa inspirar algum de vocês: o voto é obrigatório, mas as pessoas que têm condições (e acredito que as pessoas que leem isso aqui o têm) poderiam simplesmente NÃO VOTAR** e pagar a multa (que não é muito cara, acho) na Justiça Federal para ficar quites com a justiça. Não seria uma forma bacana de DESOBEDIÊNCIA CIVIL?



*Apesar de favorável à Luzia, sou contra leis que isentam determinados passageiros de pagarem passagem se não houver uma contrapartida no corte de impostos às empresas.

**Outra reclamação: qual é a utilidade de propagandas do TSE para incentivar o voto, se todo mundo é OBRIGADO a votar!?

PS: A atitude de dona Luzia é comparável à de Rosa Parks (obviamente não com as mesmas consequências); que, em dezembro de 1955, se recusou a ceder seu lugar a um branco em um ônibus público do Alabama. Sua atitude é considerada o movimento inicial da luta dos negros sulistas dos EUA pelo fim da discriminação racial naqueles estados.

terça-feira, julho 28, 2009

As cotas no escrutínio jurídico - A ladainha

Como vocês sabem (se não ficam sabendo agora), os Democratas entraram com uma ADIN no STF questionando o sistema de cotas raciais nas universidades públicas, inspirado no que vigorava sistema norte-americano até que a Suprema Corte de lá VETOU as cotas raciais. Me deparo no Terra em uma janelinha só com esse tema e com uma reportagem feita com o formulador desse sistema na UnB, o prof. José Jorge de Carvalho. Antes de comentar a ladainha dele, um pouco dos bastidores dessa história:

[parêntesis]

No fim da década de 90 eu era calouro da UnB. Um belo dia andando pelo Minhocão, me deparo com um manifesto desse professor que, para o bem ou para o mal, pode ser considerado histórico: basicamente reclamava contra o conselho do Departamento de Antropologia por, em segunda instância ter mantido a reprovação de um aluno orientando dele no doutorado.

Seria a primeira reprovação da história do doutorado de Antropologia (que, ao lado do Museu Nacional da UFRJ, é o melhor do país segundo avaliação do próprio CAPES - também é uma das três pós-graduações em nível de excelência da UnB, junto com geologia e matemática) e, segundo Carvalho, a tolerância com seu aluno foi menor que o usual exatamente pelo aluno ser negro...

Não sei direito os detalhes, mas sei que a reprovação foi revertida na instância superior, e esse fato motivou o sr. Carvalho a ter o "çangue nos zóio" para militar pela implementação de um sistema de cotas na UnB, no que foi bem-sucedido.

[/parêntesis]

Agora sim vamos aos comentários da reportagem

Para o professor José Jorge de Carvalho, que junto com a professora Rita Lauro Segatto (ambos do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília) elaborou a proposta de política afirmativa, a ação do Democratas - que pede a suspensão do sistema de cotas na UnB - "é um refrito" do Manifesto dos 113 enviado ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em 30 de abril do ano passado, e assinado por um "grupo pequeno que tem acesso à mídia". A ação, segundo ele, apresenta "argumentos frágeis".

Hum... o que é um "refrito?" Procurei no Houaiss e não achei. Mas vamos ao conteúdo: gostaria que o sr. Carvalho me demonstrasse pesquisas que indicassem que as pessoas que não concordam com as cotas são minoria. Eu achei um do Senado, em que apenas 2,7% são A FAVOR das cotas. Mas era pesquisa em site de internet, o que não é estatisticamente confiável. Googleando um pouco, encontrei essa feita em 2006 pelo Ibope a pedido da Federação Nacional das Escolas Particulares, onde 53% dos entrevistados se dizem a favor de cotas para estudantes de escola pública, o que é bastante diferente do que o sr. Carvalho defende, como vocês verão.

O antropólogo afirma que o processo de cotas é um dos mais revolucionários na universidade brasileira. "As universidades funcionaram durante 70 anos, de 1930 ao ano 2000, totalmente segregadas. Há poucos países no mundo que tem um universo tão racista quanto o nosso", avalia. "Não que exista lei para que os negros estejam fora, mas eles estão fora
da universidade . O racismo estrutural e o racismo institucional fazem que eles estejam fora."

Aqui vai uma grossa de uma MENTIRA! Se as universidades fossem segregadadoras, haveria alguma cláusula nos editais de seus respectivos vestibulares que restringiria o universo dos postulantes. Bom, na verdade existem duas: 1) o candidato deve ter o ensino médio completo; 2) o candidato deve estar quite com suas obrigações (comprovante de participação nas últimas eleições e, para os homens, certificado de alistamento militar).

Também há outra hipérbole da grossa. Quem fala que "poucos países são tão racistas como o Brasil" seguramente nunca pisou na Europa, que já teve inúmeras guerras em que se matava pela pessoa falar outra língua, ter outra religião, etc. Outro caso: a China atualmente. Essencialmente, o que foi o quebra-pau que houve em Xinjiang? Os uigures (mais próximos dos turcos que dos chineses) protestaram contra assassinato com motivos racistas que houve no sul da China. E o mundo descobriu que naquela província autônoma o governo da República Popular prioriza o acesso aos cargos públicos principalmente à etnia majoritária, a han.

Poderia falar dos conflitos tribais que vira e mexe explodem na África, do genocídio em Ruanda, da guerra que ocorre em Congo-Kinshasa... Gostaria muito que um antropólogo do quilate do sr. Carvalho argumentasse para os dois lados que "deve haver uma irmandade entre as mesmas pessoas de cor".

Por fim mais uma crítica: "racismo estrutural" vá lá, agora nunca irei concordar com qualquer "racismo institucional". Aliás, até concordo: quando passaram a ter "tribunais de avaliação de pureza de raças" para avaliar quem merecia ser cotista ou não, mas isso falo mais pra frente.

"Eles o partido Democratas e quem assinou o Manifesto dos 113 estão dizendo que 90 universidades onde há política afirmativa vão ter que jogar para fora todos os estudantes que entraram e não deixarão entrar nunca mais nenhum deles?", pergunta. "Eles estão querendo jogar na rua um contingente de mais de 20 mil estudantes", critica José Jorge de Carvalho afirmando que a ação no STF é uma tentativa de ganhar no "tapetão".

Aqui já estamos no terrorismo panfletário, uma tentativa de mobilizar os cotistas a pressionarem o STF. O sr. Carvalho com certeza sabe que, na hipótese do STF derrubar as cotas, os cotistas NÃO serão jogados na rua, pois existe um negócio no direito chamado "direito adquirido". Passou em um sistema que era legal até a nova decisão do "Pretório Excelso"? Então continua até o final.

"O universo acadêmico brasileiro está em uma luta de incluir os negros e os indígenas que estiveram excluídos sempre. Como eles não conseguem mais influenciar na decisão sobre o processo de inclusão, no fundo eles não querem negros na universidade, eles entraram com uma ação no judiciário", acusa o professor.

Só esse parágrafo daria o direito aos Democratas processar o sr. Carvalho por injúria. Não querer o regime de cotas é MUITO DIFERENTE de não querer negros e indígenas nas universidades. Além disso, o consenso mínimo no Senado está nas cotas para estudantes de escolas públicas, que beneficiaria a todos os que realmente não tem condições de pagar escolas/cursinhos particulares para entrar na universidade. O sr. Carvalho é a favor disso? Como vocês verão agora, não, e com um argumento bem estúpido.

Para o antropólogo, a crítica socioeconômica contra as cotas é falha, assim como o argumento de que a análise dos pedidos é subjetivo. "Se nós fizermos um recorte de renda as pessoas podem falsificar o comprovante de renda. Se fizermos um recorte por origem na escola pública as pessoas também podemos falsificar", aponta.

Ou seja: o branco pobre que se foda. Não seria isso um racismo também?
Mas falando sério: sim, existe essa possibilidade de falsificação mesmo (até na escola pública, embora não consiga imaginar como). Mas vem cá: o sr. Carvalho sem querer deu um argumento para as cotas sócioeconômicas. Fiscalizar eventuais fraudes nesse sistema seria muito mais FÁCIL, para não falar de poder se basear em critérios OBJETIVOS, quem tentasse burlar o sistema. Quanto ao sistema de cotas... como seria um eventual sistema não SUBJETIVO para avaliar quem não é negro? Só conseguiria se seguisse o critério norte-americano, onde vale até a ascendência em 3º grau (bisavós). Assim fosse eu poderia reivindicar cota como índio.

"Toda política pública tem uma margem de erro. A comissão que analisa os cotistas é uma comissão formada por pessoas da sociedade, do movimento negro, por professores e estudantes. Ela é tão idônea como qualquer outra comissão jamais feita no Brasil", defende José Jorge de Carvalho.

Tá aqui a prova do que eu disse no parágrafo anterior: agora o sr. Carvalho dá um argumento desfavorável ao seu próprio sistema. Gostaria que o sr. Carvalho me mostrasse como um comitê verificador de raças pode, mesmo que seja idôneo, trabalhar com critérios OBJETIVOS.

" Se for para Discutir a idoneidade dessa comissão tem que discutir a idoneidade de todas as comissões. Tem então que parar com o Bolsa Família para que não haja fraude no programa. A comissão existe para que haja responsabilidade na política", argumenta.

Obrigado, professor Carvalho, pelo Pikachu que você me deu para que eu vire um mestre Pokémon! por, na tentativa de se fazer uma comparação estúpida com o Bolsa Família, dar MAIS UM ARGUMENTO FAVORÁVEL ÀS COTAS SOCIOECONÔMICAS (e nem vou entrar no mérito deste). O que é o Bolsa-Família? É um programa destinado às famílias de baixa-renda. Quem quer se inscrever tem que comprovar que a família tem renda inferior a um patamar que não me lembro agora, quando passa a ganhar um dinheirinho extra.

Obviamente o programa é vitma de fraudes, como vira e mexe aparece nos jornais. Mas aí é que está: é FÁCIL comprovar as fraudes; e, uma vez comprovadas, é FÁCIL cassar o cadastro no programa; finalmente, e mais importante, uma vez cassadas as fraudes, é mais DIFÍCIL para quem perdeu o Bolsa Família refutar o ato do Estado (se alguém já viu alguma reportagem de pessoas que perderam injustamente o direito ao Bolsa Família me indiquem a reportagem). Moral da história: diferente das cotas raciais (que, aprovadas, podem causar uma enxurrada de ações contestatórias na Justiça), as cotas socioeconômicas também são melhores em termos ECONÔMICOS para o Estado.

sábado, julho 25, 2009

Honduras 5 - Rumo ao confronto

Dando um resumo do que aconteceu desde o dia 05 de julho pra cá: Honduras está lutando contra o resto do mundo para manter a sua posição de não reconduzir Manuel "Mal" Zelaya á Presidência. OEA, ONU (obs: a Assembléia Geral é presidida por um ex-sandinista...), EUA e UE exigem a sua recondução, mas até agora nada. Depois de algumas suspensões de ajudas humanitárias (fundamentais, já que o país é o segundo mais pobre da América Latina, depois do Haiti) houve a tentativa de se fazer um acordo por intermédio do presidente da Costa Rica, e Nobel da Paz, Oscar Arias, também sem sucesso. Nesse momento, Zelaya está estacionado na fronteira da Nicarágua esperando que "o povo" o reconduza ao cargo. "Pacificamente", apesar de ciceroneado por guerrilheiros, vai entender...

Enfim, gostaria de falar sobre um senhor BLEFE que está sendo aplicado pelo José Miguel Insulza, presidente da OEA, e pelos países do Mercosul, que disseram que o governo a ser eleito em novembro não será reconhecido por aquele organismo... Ahãm, agora conta aquela do papagaio!

Vamos fazer um exercício mental (e aproveitem que quebrei o meu recorde no Big Brain Academy - aliás, ótimo jogo!): suponhamos que Micheletti consiga resistir ao boicote mundial aos trancos e barrancos até outubro (a eleição é em novembro, então nada mais razoável que a campanha comece em outubro) e consiga fazer seu sucessor. Tomando posse na data prevista, qual será o argumento para não reconhecer a legitimidade dele? "Ah, o Zelaya tem que voltar ao poder!". Sim, mas o período de governo dele já passou! Quer dizer então que para Honduras deixar de ser uma pária na comunidade internacional, já no ano que vem, o Super-Homem vai ter que recuar a Terra no tempo até 28 de junho deste ano, é isso!?

Ou então outra: suponhamos que entre a eleiçao e a posse do novo presidente o Zelaya consiga voltar à Presidência. Não reconhecendo o candidato eleito, quer dizer que vão fazer uma outra eleição, agora "legítima"!? Nessa hipótese (plausível, em se tratando de América Latina), haverá o eleito de Roma e o de Avignon; ou seja, vão instituir um cisma desnecessário em Honduras, onde o que realmente for empossado carregará a pecha de ser "ilegítimo" pelos hondurenhos que não votaram nele.

Não estamos mais na esfera do jurídico, de quem tem razão ou não nessa querela (nesse ponto, seria o Micheletti, que foi conduzido ao cargo pela Constituição hondurenha), mas na esfera política. E, como diria um professor meu, "política é poder". Se o Micheletti conseguir manter o poder até o fim de outubro, escrevam o que estou dizendo, Zelaya sairá derrotado. Pode até voltar para a presidência depois disso, até a posse do eleito em novembro, mas será um belo de um pato manco.

PS: Vamos a um cenário mais otimista ainda para os seguidores do Zelaya: nessa coisa toda, ele passa na fronteira Nicarágua-Honduras daqui a 5 minutos. Ele teria que não ser preso. Não sendo preso, ele teria que conseguir chegar a Tegucigalpa. Chegando em Tegucicalpa, ele teria que retomar o poder. Retomando o poder, ele teria que dar um golpe, pois o Legislativo e o Judiciário estão contra ele. Mas para dar o golpe ele precisa do apoio do Exército, o que, ao que tudo indica até agora, ele NÃO tem (a essa altura do campeonato, quase um mês depois de sua deposição, já deveriam aparecer notícias de dissidências entre os militares, não?). Pode não parecer, mas apesar do povo hondurenho estar sofrendo com as suspensões de ajudas econômicas, quem está com a situação complicada é o sr. Zelaya.

quinta-feira, julho 16, 2009

El equipo pequeño que no se apequeña

Eu tinha me prometido só acompanhar jogos da seleção a partir do segundo semestre, mas não resisti a uma final de Libertadores entre brasileiros e argentinos. Eu pensava que o Estudiantes, meu time na Argentina, para quem não sabe, ia capengar do mesmo jeito que capengou na final da Sul Americana contra o Internacional. Mas Libertadores é outra história...

Para quem não sabe, o título desse post é como os Estudiantes de La Plata são conhecidos na Argentina. Até ontem, tirando o tricampeonato legítimo da Libertadores (o primeiro em cima da Academia palmeirense) que haviam conseguido no início da década de 70, além de um Mundial Interclubes os Estudiantes tinham uma história vitoriosamente discreta no campeonato argentino, sendo campeões "apenas" 5 vezes (o River Plate, o maior ganhador, já ganhou 33, e o Boca Júniors 29), com seus altos e baixos, sempre teve a reputação de sempre buscar jogar de igual para igual contra os grandes times. Seja em uma La Bombonera ou em um Monumental de Nuñez da vida.

O que vimos nas duas partidas finais da Libertadores foi uma genoína exibição de um time argentino: ceras, catimbas, botinadas, cotoveladas, brigas, e, principalmente, um time bem montado em torno de um jogador diferenciado. Verón não tem o mesmo talento transbordante que o Riquelme, mas manteve o espírito de determinação, a vontade de vitória (também conhecido como "çangue nos zóio") e, com o placar adverso, a calma para fazer os passes necessários para a virada.

Se eu fosse o Maradona, chamaria o Verón para substituir a lacuna que o Riquelme deixou na seleção argentina e o convocaria para jogar contra o Brasil em Rosário. O que está faltando para a albiceleste é jogarem como legítimos argentinos: dando botinadas no Kaká, cotoveladas no Robinho, provocando o Lúcio até expulsarem ele e passarem a bola pro Messi para ele resolver o jogo.

Finalmente, um recado para um certo "Gigante da Colina", ultimamente mais para "Anão": se um time consegue ganhar uma partida decisiva de virada na casa lotada do adversário, não há desculpas para perder um jogo decisivo em casa de 2 x 0...

domingo, julho 05, 2009

Honduras 4 - O silêncio por enquanto

Um dado histórico: o avião do Zelaya ainda não aterrisou em Tegucigalpa (e na hipótese dos seus partidários tomarem o aeroporto, ele terá condições de pousar?). Mas isso é apenas uma fotografia, o dado histórico é esse: nesse exato momento, na CNN, a âncora está entrevistando o embaixador hondurenho nos EUA e ele está defendendo o governo interino. Sinal que o governo está bem coeso.

Ainda Honduras: o silêncio que precede o esporro

Muita atenção em Honduras hoje. O presidente deposto Manuel "Mal" Zelaya retornará hoje a Tegucicalpa, acompanhado dos presidentes da Argentina e do Equador (provavelmente para não correr o risco de que derrubem o avião no ar). Chegando, há uma ordem de prisão contra ele. E aqui está o ponto: ele pode ser preso ou seus apoiadores estarão em tal número nas ruas que não permitirao isso. Sendo preso, podem acontecer protestos isolados ou uma batalha aberta. Na primeira hipótese, o governo interino ganhou; na segunda... Tende a dar Zelaya. Às 16h esse mistério se resolverá.

Infelizmente a CNN está passando amenidades agora... Gostaria muito de que houesse um link ao vivo de lá.

sexta-feira, julho 03, 2009

A Maldição do Senado no Distrito Federal

Pois é, eu tive pesquisando, e parece que não temos um senador pelo DF que terminou o mandato desde... 1998! Sim, foi um tal de Pedro Teixeira (alguém conhece?). Segue a lista:

1998 - Valmir Campelo deveria ter terminado o mandato junto com o Teixeira, mas ganhou o cargo de ministro do TCU, onde está até hoje. Por isso Teixeira está sozinho.

2002 - Arruda renuncia devido ao escândalo do painel no Senado e Lauro Campos morre antes de terminar seu mandato. Sem contar o Luis Estevão, que foi cassado

2006 - Horroriz foi eleito esse ano, mas renunciou no primeiro semestre do ano seguinte.

2010 - Paulo Otávio não concluirá seu mandato de senador, mas é porque hoje é vice-governador, então restaria Cristovam Buarque, que, salvo sinistro, será o primeiro senador a cumprir um mandato em 12 anos.

quinta-feira, julho 02, 2009

Os novos salgadinhos da Elma Chips

Depois de anos de negligência com o consumidor (e nem vou falar da palhaçada de diminuir o tamanho do saquinho), a gloriosa Elma Chips lançou NOVOS salgadinhos!! Vamos a eles?

Doritos Sweet Chilli: Vivemos no pior dos mundos possíveis. O Doritos começou com dois sabores, quatro queijos e orignal. Depois mudou a embalagem e passou a ser cheddar, pizza e original. Finalmente, eliminaram esses últimos e, por muito tempo, ficou apenas com o cheddar. Os fãs que me perdoem, mas esse cheddar é horrível! Além de não ter gosto de cheddar, é salgado demais! Por isso, é extremamente alvissareiro esse Sweet Chilli. Se não me engano o condimento é o mesmo daquela "Pringles Wannabe" Thai (obs: sim, aquela batata é gostosa, mas aquela embalagem de plástico é extremamente antiecológica, enquanto que a Pringles é um troço que lembra papel e acredito que seja reciclável). Enfim, qualquer coisa é melhor que Doritos Cheddar. Mas eu ficaria feliz mesmo se voltassem com o sabor original...

Cheetos Maxi Queijo: Com uma embalagem maior e uma aparência de fusilli, há um novo sabor de cheetos no pedaço. Se a minha memória gustativa não estiver enganada, estamos testemunhando a volta do condimento do glorioso e sempre reverenciado... Cheetos tubinho! E os fusilli são enormes! Seguramente, essa é a melhor.

Ruffles sabor costelinha de churrasco: Esse nome rococó me remeteu àquele infame (e horrível) Fandangos sabor hot dog. Mas há uma boa notícia: o ondulado desse Ruffles é o mesmo do Ruffles Max! O problema é que o Ruffles max de barbecue era imbatível (atenção: barbecue, e não churrasco; todos os Ruffles barbecue eram divinos, e esse churrasco vigente é uma bela bosta!). Em termos de pior dos mundos possíveis, o Ruffles rivaliza com o Doritos. Já houve o de presunto, o de queijo parmesão (DIVINO!), o Ruffles Max de barbecue... Hoje é o original, aquele maldito com aquela salsinha insossa e escrota, e o maldito churrasco, extremamente enjoativo.

(UPDATE 11/8/09) Ruffles cream cheese: Sim, me esqueci que lançaram outro Ruffles (apesar da batata deste não ser ondulada)! Acho que pegaram o condimento daquele Cheetos requeijão (que não gosto muito) e colocaram no tubérculo. E não é que ficou bom?

Saldo final: as quatro novidades são ótimas, com destaque para o Cheetos e o Ruffles cream cheese. Agora, eu queria mesmo o Zambinos, o 3D (quem não se lembra?) e o Ruffles Parmesão de volta :~


quarta-feira, julho 01, 2009

Mais Honduras

Bom, Honduras acabou de decretar estado de sítio por 72h. Estado de sítio, para quem não sabe, são suspensões temporárias de alguns direitos fundamentais, como por exemplo o direito à reunião, em circunstâncias excepcionais (alguma dúvida que aquele país não esteja em uma circunstância excepcional?). Acredito que assim como no Brasil, em Honduras o estado de sítio deve ter um prazo específico de vigência. Por enquanto, nada de novo no front: ainda não houve ruptura constitucional por lá.

Mas dá para concluir uma coisa: o tal de Roberto Micheletti é fraco de marketing. Por mais que esteja prevista na Constituição hondurenha, não dá para chamar a deposição de um presidente de "transição legal". Poderia muito bem ter falado "tudo o que aconteceu foi culpa do senhor Zelaya, que estava em clara desobediência à Constituição que ele jurou cumprir; e, por isso, o Estado em sua forma legal retirou do poder o usurpador".

Outra dele: a correspondente da BBC em espanhol perguntou para Micheletti numa coletiva se não seria o caso de antecipar as eleições marcadas para 29 de novembro, e o cidadão me responde: "mas é que já houve a convocação para 29 de novembro!". Ou seja: ele quer mesmo é ficar com o abacaxi na mão. Eu adiantaria as eleições para setembro, pois em agosto mesmo, no mínimo, as eleições começariam por lá, e qualquer eventual boicote mundial mal chegaria a ser sentido.