quinta-feira, agosto 21, 2008

As olimpíadas e o fuso horário

Em 1988 (Coréia do Sul), ouro do Aurélio Miguel apenas

Em 1992 (Espanha), ouro do volei e do Rogério Sampaio (me lembro bem: ganhou aplicando apenas osotogari, que é o primeiro golpe aprendido na primeira aula de judô - ou seja, foi um ouro totalmente CAGADO)

Em 1996 (EUA), ouro no volei de praia feminino e dois no iatismo

Em 2000 (Austrália), ZERO ouros

Em 2004 (Grécia), 4 ouros - dois no iatismo, um no volei masculino, outro no hipismo

Em 2008 (China), 1 ouro (talvez outros dois ou três)

A explicação: simples, NÃO NOS ADAPTAMOS AO FUSO HORÁRIO!!! Será que ninguém mais além de mim tem essa superstição!?

Em tempo: o pior não será a redução de medalhas (nesse caso o Scielo foi nosso salvador da pátria - tomare que um monte de moleque entre na natação por causa dele), mas ficarmos atrás da Argentina! Onde já se viu essa medalha de ciclismo deles? :S

domingo, agosto 10, 2008

Ah, o Cáucaso...

Em fevereiro eu emiti opinião sobre a besteira que faziam em reconhecer a independência do Kosovo. Uma das consequências é isso que está acontecendo na Ossétia do Sul. Os ossétios (osséssios?), minoria étnica na Georgia, querem ser encorporados à Rússia e à Ossétia do Norte (que por sinal é onde fica Beslan, de triste memória). Os georgianos não aceitam e, essa semana, tentaram retomar o controle da sua Ossétia no fórceps. Daí a coisa ficou russa, literalmente. Há um quê de prazer por parte dos russos em atacarem a Geórgia, uma vez que esta é pró-ocidente (de maneira mais decidida que a Ucrânia) e quase chegou a entrar na OTAN no ano passado.

Mas enfim, se o Kosovo pode, por que a Ossétia não poderia? Bom, agora aguentem, né!?

domingo, agosto 03, 2008

crise nos EUA, Crise na China

Os EUA estão em crise econômica. Isso é certo, não? Pois é, o capitalismo tem dessas coisas. Há quem acredite que um dia chegará o 'Big One' e o sistema mudará de vez - para o comunismo, talvez. Outros, entre os quais me incluo, acham que as crises servem para eliminar de uma vez por todas o que está dando errado e partir para uma aprimoração do sistema.

Mas todos concordam que, de uma forma ou de outra, os EUA sairão da crise. Quanto tempo para isso? Não faço a mínima idéia. Outro ponto pacífico é que a crise econômica, por mais duradoura que seja, não irá mudar o sistema político deles - salvo uma catástrofe natural que mude radicalmente o mundo, mas aí as circunstâncias serão outras. Lembrando que a mudança mais importante na democracia norte-americana, que foi a universalização dos direitos civis aconteceu em um dos maiores períodos de bonança econômica do Século XX.

Aí volto minhas atenções para a China. Atenções? Não, temores é um termo melhor. Não sei se já disse aqui, mas compartilho da opinião dos chineses de que eles estão apenas tomando a posição no mundo que era naturalmente deles até a dinastia Qing (e acrescento: a Índia também - a Rússia talvez, pois a questão demográfica ali é gravíssima). Porém uma eventual crise econômica chinesa me preocupa deveras.

Imaginem algo como uma bolha fincanceira parecida do Japão no início da década de 90 estourando. Ou então essa do subprime nos EUA. Eu acho perfeitamente plausível, haja visto a quantidade de gruas no império do meio. Mas voltando: a crise chega, os empregados são demitidos, os imigrantes são hostilizados. E começam descontentamentos e eventuais pequenos protestos. Mas a China tem um particular: um 'pequeno' protesto pode facilmente chegar a dezenas de milhares de pessoas. Duvidam? Agora imaginem o seguinte: algum soldado raso dá desavisadamente um tiro em alguém. Começa a correria e os 'atropelamentos humanos'. Resultado: milhares de pessoas morrem. Tá, o governo consegue censurar a internet, o noticiário, o escambau. Mas nenhuma censura é perfeita. Outro exemplo: um determinado setor de trabalhadores prejudicados e minimamente articulados consegue organizar 'pequenos' protestos em cidades 'médias' do interior. Conseguindo mobilizar as massas, meus amigos, já estão abertas as portas para uma rebelião, aí já lembrando os protestos a Coréia do Sul nos anos 80. 1% da população protestando contra o governo são 13 milhões de pessoas! Uma eventual repressão mataria, por baixo, 500 mil!!

Bom, termino aqui. No próximo post direi por que apesar de tudo ainda acredito que o Brasil está melhor do que poderíamos pensar.

Zé do Caixão (Ou: Que procura por Demônios encontra Possessos)

Ontem tive uma experiência arrebatadora: na casa de um amigo meu, que há mais de ano não via, assistimos "À Meia-Noite Levarei sua Alma", do Zé do Caixão. A minha opinião é essa: trata-se de um dos melhores filmes mais densos que eu já vi.

"À Meia-Noite...", apesar da fama que Zé do Caixão possui (bastante cultivada por ele, é claro, mas não seria possível sobreviver de outra maneira nesse Brasil varonil), não é um filme trash! Basicamente o enredo é o seguinte: um dono de funerária psicopata (Zé - quem ver o filme perceberá que não daria para ele ter uma vida daquelas se fosse apenas coveiro), casado com uma mulher estéril, interessa-se pela namorada do único amigo que possui na sua cidade para ter um filho com ela - com a famosa frase: "O que há além da vida não é o espírito, mas o sangue!". Depois de uma série de crimes, o Além resolve acertar as contas com ele (não vou entrar em detalhes - baixem a porra do filme [já que é praticamente impossível encontrar o DVD pra vender]!!!).

Dito isso parece um enredo de terror banal, não? Pois é, não entrei no detalhe da personalidade do Zé do Caixão: ele é um sádico, psicopata e megalômano até a medula. A maneira com que encara a vida, apesar do amor que possui em relação às criancinhas, é doentia. Um niilista que, como tal, se vê - e se comporta - acima dos habitantes da fictícia cidade de interior onde vive. Poderia resumir-lo como um macho-alfa desvairado que não sabe lidar com mulheres.

O Mojica Marins inspirou-se em algumas típicas supertições brasileiras, que hoje só servem como referência histórica (cito aqui o costume de não comer carne na Semana Santa - alguém conhece pessoas que ainda evitam carne nessa época?), mas seu personagem é atemporal. Ele pode não saber, mas é a encarnação horripilante tupiniquim do Nikolai Stavrogin, de Dostoyevsky. Aliás, "À Meia Noite..." tem lá sua semelhança com "Os Possessos": ambas passam-se numa cidade de interior sem nome onde há uma idéia de destruição. Porém não há a tentativa de implementar-se uma "ideologia superiora" na sociedade, e por isso o Zé não seria o Pyotr Verkhovensky ou mesmo o Kirilov.

Sim, acredito que tenha sido uma análise pseudo-intelecutal essa. Mas se esse esforço fizer com que vocês vejam o filme para que me desmintam, que cheguem à conclusão de que sou um idiota, então o esforço valerá a pena. Porque o Zé é um cineasta de mão cheia, e um ótimo observador da psiquê humana. Não seria de outra maneira para uma pessoa que nunca conseguiu rir de um filme do Chaplin por encontrar apenas tristeza nos olhos do Carlitos (vejam "Tempos Modernos" e comprovem por si sós)

sexta-feira, agosto 01, 2008

Devaneios quadrinísticos - O Coringa

Antes de começar o post, a minha opinião sobre o "Batman: O Cavaleiro das Trevas": O filme é bom, mas definitivamente não é tudo isso que estão falando não. O Heath Ledger, que para mim sempre será "o filho do Mel Gibson em 'O Patriota'", faz um Coringa ótimo, porém nada que seja merecedor de um oscar póstumo. Acho que foi uma opção errada de contarem uma história realista demais. Já dizia aquela frase que não me recordo agora de quem é: "Entre filmar o mito e o fato, filme o mito". Mas achei interessante colocar o Duas-Caras na Piada Mortal (nerd mode on).

Agora falo o que queria: No Kill Bill 2, o Bill tem uma conversa tarantinesca com a Noiva sobre o Super-Homem. De acordo com ele (avatar do Tarantino), o Super-Homem é o único super-herói que precisa se disfarçar em seu alter-ego Clark Kent, enquanto que todos os outros são alter-egos que se "disfarçam" de heróis.

E o Coringa com isso? Bem, aí é que está: o Coringa é o único personagem de história em quadrinhos (falo aqui de super-heróis) que NÃO POSSUE ORIGEM! Quem mais chegou perto disso foi o Alan Moore em "A Piada Mortal", mas foi algo muito en passant (não aparece o verdadeiro nome dele em nenhum momento - no Wikipedia citaram-no duas vezes como "Jack", talvez em uma analogia/homenagem ao valete do baralho).

O outro personagem que mais chega perto dessa "tábula rasa" do Coringa seria o Wolverine antes do "Origem". Mas mesmo assim, o passado sempre voltava para atormentá-lo. O Coringa não. Ele não tem passado, tudo o que era pré-Coringa parece que não houve.

Talvez resida nisso a graça dele: ele é o princípio da destruição nos quadrinhos. De uma forma mais verdadeira inclusive que o Galactus. E aí reside um outro artigo da lei universal dos quadrinhos: 2) O Coringa não tem passado. O 1), como vocês sabem, diz que "a morte nos quadrinhos é eterna somente para o Tio Ben" (antes era o Tio Ben, o Bucky e o Segundo Robin, mas conseguiram ressucitar os dois últimos).

Mohammed Picadinho

Mais outro crime desses estaremos quites com os ingleses em relação ao Jean Charles