quarta-feira, julho 30, 2008

Sobre a Rodada Doha

Bom, hoje serei dissonante com a maioria dos analistas.

Não acho que o Brasil saiu desmoralizado na Rodada Doha não. Pensem bem, o Brasil saiu derrotado na medida em que a rodada não foi para frente; mas e os outros países subdesenvolvidos? O que eles não devem estar ouvindo bronca de seus respectivos setores empresariais (do tipo "vocês exageraram na mão na hora da barganha!") não é brincadeira...

Além disso, passamos uma imagem para os países desenvolvidos de que estamos dispostos a negociar, e isso será importante nos acordos bilaterais daqui para frente.


(...)

Pessoalmente, torço para que o Brasil abra as pernas para o setor de serviços. Eu quero empresas terceirizadas que façam atendimento telefônico e bancário decente!

quarta-feira, julho 23, 2008

Sobre a campanha do parto normal

Legal essa campanha do parto normal do Ministério da Saúde. A cesariana (que gerou aquela piada cretina sobre gêmeos bivitelinos de sexo diferentes chamarem-se César e Ana), como toda cirurgia, traz consigo alguns riscos. Além disso, a futura mamãe tem que tomar anestesia geral para parir o bebê, e ela também pode ser problemática - corrijam-me se estiver errado, mas já ouvi dizer que uma anestesia geral diminui em 5 anos a expectativa de vida de quem toma. Logo, pode ser um preço bastante alto a pagar em troca das dores do parto e do interesse estético de não alargar a buceta.

MAS, falando na fruta, vi no noticiário local hoje algo que me deixou indignado. Falando da campanha, uma obstetra disse que existe uma recomendação em hospitais públicos em não se dar anestesia para os partos normais. PUTA QUE PARIU (em homenagem à Dercy esse)!!! Quer disser que a mulher tem que aguentar estoicamente um ser com uma envergadura maior que um melão sair da sua xana!? Ah, vá à merda, porra!!! Quer dizer que a medicina nasceu e evoluiu nos últimos 7000 anos para que as mulheres tenham que parir da mesma maneira que no Egito Antigo!!!?? Esse tipo de mentalidade é a mesma de quem sonega morfina a pacientes terminais com câncer.

Cada vez mais me convenço que, assim como os nutricionistas não entendem nada de nutrição, os médicos não entendem nada de medicina.

segunda-feira, julho 21, 2008

Exclusivo! Sérvia pisa na Bósnia!!!*

Tive a oportunidade de ir para a Sérvia (o país), e posso dizer que é o país mais chauvinista que eu já fui. Eles não gostam de eslovenos, fazem troça dos húngaros, têm ódio aos croatas (com motivos, diga-se: pesquisem um pouco sobre os nazistas croatas - aliás, o chefe deles, Pavelich, se mandou para a Argentina e trabalhou com o Perón), aos romenos, aos ciganos, aos montenegrinos (foram os que ficaram mais felizes com a independência de Montenegro), aos albaneses, bósnios-muçulmanos, etc. Só gostam dos russos (que ajudaram eles na independência no século XIX) e dos macedônicos - pobres demais para "causarem problemas".

Prenderam hoje o Radovan Karadzic, presidente da República Sérvia da Bósnia (Atenção: a República Sérvia - tentem pronunciar "Srpska"...- parte integrante da Bósnia, é diferente do país Sérvia, ok?) na época da guerra civil. Ele estava escondido na Sérvia (o país), em algum lugar de Belgrado. Parte importante do país era (e continua sendo) favorável à guerra e ao comando do Milosevic (vide a multidão que participou de seu velório), e foi essa parte que escondeu o sr. Karadzic esses 13 anos.

O que isso significa? Bem, é uma clara mensagem de boa vontade à União Européia, já que a prisão de criminosos da guerra da Bósnia é um dos pré-requisitos para a entrada no bloco (e foi por isso que a Croácia, que possui condições econômicas melhores que a Romênia e Bulgária, não entrou na última leva). Uma pena que o projeto de expansão está parado, mas acho que quando voltar a Sérvia, mesmo bem mais pobre, estaria em condições de entrar na próxima leva, junto com os seus arqui-rivais croatas.

Mas há o Kosovo... E aí, há algumas alternativas: 1) A Sérvia bate o pé, não reconhece Kosovo, e não entra na UE (por enquanto) - bastante possível; 2) A Sérvia condiciona o reconhecimento de Kosovo à entrada na UE, mesmo não atendendo algumas das exigências políticas (principalmente coisas sobre burocracia e corrupção) e econômicas - pouco provável, tanto por parte da Sérvia quanto da própria UE; 3) A UE admite a Sérvia e também o Kosovo, fazendo um mini-espaço Schengen entre os dois países e deixando a coisa em banho-maria até se resolverem - algo interessante, mas inteligente demais para adotarem (sem contar o problema da máfia albanesa); 4) A UE aceita a Sérvia por méritos desta, mesmo sem esta reconhecer o Kosovo, que viraria um Chipre turco.

*Uma chamada tradicional do Aqui Agora na época da guerra da Bósnia

sexta-feira, julho 18, 2008

Brasília 2008: impressões

1 - Fui na estação nova do metrô na 108 Sul. A casca é um pouco diferente da estação 114 Sul, e a "trilha de incêndio" é azul. Caralho, estamos em 2008 e ainda querem agradar Horroriz desse jeito!? E o pior é que é um azul-claro berrante horrendo! Era difícil colocar um amarelo-escuro, pelo menos?

2 - Falando na 114 Sul, a maioria dos espaços serão utilizados para instalação de postos de atendimento ao cidadão. Acho uma boa idéia, uma vez que é a última estação na Asa, e como as outras estações não estão prontas, ainda é economicamente inviável colocar lojas ali.

3 - Os McDonald's daqui parecem que receberam um upgrade: tanto o da 114/115 Sul quanto o da 208/209 Norte agora funcionam também para café da manhã! E, me corrijam se estiver errado, o drive thru funciona até 4h!!

4 - Outra coisa interessante é que estão pipocando Subways por toda a cidade (agora mesmo voltei de uma, tentando saciar a minha saudade do Arby's comendo um sanduíche de rosbife). Mas a maioria deles são 24h! Deus do céu, Brasília está virando uma cidade para anti-sociais notívagos! Pera lá, já era antes...

5 - Em um aspecto Brasília continua uma bosta. Mas desse aspecto não falarei aqui.

6 - Porém, estava com uma puta saudade de andar em ruas com retorno, e sem ter que me preocupar com motoboys de capacete rosa. Aliás, isso daria uma tese antropológica interessante: por que diabos há uma porrada de motoboys -não motogirls- usando capacete rosa na região metropolitana de Belo Horizonte!?

7 - Hoje dei uma ida na UnB, para saber o que mudou. Há algumas placas de indicação novas, principalmente as que criam a batalha naval ("A12!" "B7!" "D2! Mas mantenha o respeito!", etc.), a livraria do Chiquinho ganhou um 'letreiro' estilizado. Só duas coisas não mudam: 1) a estupidez dos estudantes de sociologia, que estão com um cartaz "Contra o Setor Noroeste" no CASol - como se duas dúzias de índios, que nem nativos daquela terra são, fossem mais importantes do que criar emprego pra milhares de peões, residência para milhares de pessoas e trabalho na região para outras milhares; 2) o problema dos bebedouros. É impressionante como os bebedouros da UnB ou não têm água ou têm água cobaltada. O que fizeram com o apartamento do Timothy mesmo?

quinta-feira, julho 17, 2008

Bomba: Brasil é a alternativa para Copa de 2010!

Deu na AFP agora essa notícia. Caso a África do Sul não apresente um resultado satisfatório na Copa de Confederações de 2009 a FIFA pensa em trazer a Copa para cá!

Deus meu, espero que Ricardo Teixeira e Cia. sejam racionais e não aceitem essa maçã. Se os estádios já vão atrasar para 2014, imagine para 2010! Levem essa Copa para o Canadá, pelo amor d'Ele! Ou então as empreiteiras e políticos farão uma festa bem maior do que em seus melhores sonhos...

terça-feira, julho 15, 2008

China Menu e Sobremesa Imperial

Crio aqui uma nova sessão, que cuidará exclusivamente de (quase) todas as iguarias que o McDonald's criar até a Copa de 2010 (aguardo ardentemente pela reedição do McUruguai...)

O primeiro post é sobre os pratos que a companhia fez especialmente para as olimpíadas (sim, ela é uma patrocinadora oficial). Consistem em duas coisas distintas: o China Menu, com o sanduíche Beijing Imperial, os bolinhos de arroz com molho agridoce e Fanta China, e a Sobremesa Imperial, que consiste em aproximadamente uma bola de sorvete com uma banana caramelada e flocos de caramelo. Vamos à crítica.

Beijing Imperial: A carne do hambúrguer do McDonald's é insossa, não tem jeito. Salvo no recheio do Cheddar McMelt (grande contribuição do Brasil à culinária fast food depois do Milk Shake de Ovomaltine), ela não consegue se sobressair no todo, e aqui não é diferente - infelizmente. O tal do 'molho oriental' não passa de uma maionese com gostinho de não-sei-o-quê (gengibre é que não é), e não há repolho no "shop suey" - aliás, poderiam ter feito o hambúrguer com frango, não? Ah, o gergelim preto no pão não tem gosto diferente do normal, antes que perguntem.

Cotação: 2 estrelas, de 5.

Bolinhos de arroz: Bom, são bolinhos de arroz recheados com algum legume verde e milho,que não sobressaem. Mas tenho que reconhecer que o Mc acertou no molho agridoce. Sabem os sucos? Então, apesar do molho NÃO ser agridoce, TEM GOSTO de agridoce! Fica aqui o meu apelo para que a companhia implemente o "quarto molho" para escolhermos com os nuggets. Aliás, alguém aqui realmente escolhe o molho caipira ou mostarda?

Na Copa de 2002 bem que poderiam ter feito algo parecido com tempurá...

Cotação: 4 estrelas, de 5 - mas só pelo molho agridoce.

Fanta China: Não é exclusiva do McDonald's, e onde experimentei não tinha. Por isso, vou ficar devendo.

Sobremesa Imperial: É uma boa sobremesa. Meu porém é que acho um absurdo pagar R$ 5,00 por uma mísera 'bola' de baunilha e uma bananinha. Apesar do tamanho, não acho que seja banana ouro não. Saudades do Caldo & Freddo...

Cotação: 3 estrelas, de 5.

quarta-feira, julho 09, 2008

Livros lidos em 2008: 3 - Duas viagens ao Brasil*, de Hans Staden




Enquanto meu carro estava trocando o vidro dianteiro em Contagem (obs: se Betim é uma mistura de periferia com roça Contagem é 100% periferia, mano!), fui para o Itaú Power (plant) Shopping almoçar e esperar a hora da busca. Enquanto isso, fui na banca procurar um livreto da LP&M pra passar o tempo, e encontrei esse, talvez para continuar a saga de "relatos estrangeiros sobre o Brasil".

Hans Staden, ou melhor, seu ghost writer Dr. Dryander, não era nenhum Stephan Zweig em termos literários, por isso quem espera uma narrativa emocionante sobre o Novo Mundo irá encontrar apenas um típico livro escrito por um intelectual sem vocações literárias. Mas analisemos o contexto: foi publicado em 1557, quando todos já sabiam que a terra era redonda (na verdade é achatada nas pontas...), mas a América era ainda uma incógnita. Ainda mais na Alemanha, que estava fora dessa coisa colonial na época. Sem contar que Staden presenciou e relatou algo que impressionaria as pessoas até hoje: o canibalismo. Os europeus tinham noção do que era sacrifícios humanos (fenícios e cartaginenses faziam isso na Idade Antiga, os Astecas também), mas canibalismo era totalmente inimaginável (se bem que também havia na região da Papua Nova Guiné/ leste da Indonésia pelo menos até o Século XIX - mais abandonaram com reticências, como pode ser visto na foto desse single do RDP tirada num levante de independência naquelas ilhotas indonésias na época da libertação do Timor Leste). Resultado: as reedições e traduções se espalhaam feito rastilho de pólvora na Europa.

O livro se divide em duas partes: a primeira é onde o Staden narra suas duas viagens para o Brail (dããã): a primeira servindo a armada portuguesa, quando ele perambulou por Pernambuco e Paraíba, relatando algumas escaramuças com os índios locais, mas nada de interessante; e a segunda, principal assunto dessa parte. Aí sim: servindo a armada espanhola dessa vez, a intenção era chegar na foz do Prata, mas a navegação não é muito exata e eles param na Ilha de Santa Catarina, na época "ocupada" (na verdade um protótipo de acampamento) por espanhóis, onde fala sobre os índios carijós do local - e começa a mencionar o canibalismo... O interessante é que hoje, em Florianópolis, não há nenhuma rua chamada Hans Staden (teoricamente ele foi o primeiro alemão por ali, não?), e a rua dos Carijós é um bequinho no meio do nada, de acordo com o Google Earth. Considerando que o único catarinense presidente, Nereu Ramos, também tem uma "ruazinha", até que os catarinas são coerentes.

Voltando, como a frota chegou desfalcada, parte da tripulação resolve navegar até a "ilha" de São Vicente para pedir um barco emprestado com os patrícios. Mas no meio do caminho havia uma tempestade... E eles naufragaram, em Itanhaem. Depois conseguiram chegar até São Vicente onde, por navegar ilegalmente em águas portuguesas, ficaram fazendo trabalhos forçados. Há a menção entre a rivalidade entre os Tupiniquins, aliados dos portugueses, e Tupinambás (Tamoios), dos franceses. Staden fala da fundação de Bertioga, um posto avançado dos portugueses. Tudo estava indo bem até que... Capturaram ele. E daí começou o 'Holocausto Canibal'. Não vou entrar em detalhes sobre o que ele passou, mas ele sobreviveu (dããã²!), aliás de forma extremamente velhaca: conseguiu enrolar os tamoios falando que era francês e falando que tudo de ruim que acontecia na tribo era porque ele estava cativo e porque eram canibais.

Cotação: É um bom livro, e um importante relato histórico do Brasil. Vale a pena ganhar duas horas lendo ele. E para ver também um pouco de onde arrancaram o esteriótipo hollywoodiano das tribos canibais. Mas há relatos de viagem na América Colonial melhores. Tem um de um pirata inglês que não me recordo agora que parece ser ótimo, onde ele faz uma das melhores descrições sobre o abacaxi.

* Na verdade, o nome oficial do livro é História Verídica e descrição de uma terra de selvagens, nus e cruéis comedores de seres humanos, situada no Novo Mundo da América, desconhecidas antes e depois de Jesus Cristo nas terras de Hessen até os dois últimos anos , visto que Hans Staden, de Homberd, em Hessen, a conheceu por experiência própria, e que agora traz a público com essa impressão.

sábado, julho 05, 2008

Sobre o resgate da Ingrid Betancourt

Felizmente aconteceu o melhor dos finais possíveis, e não estou sendo panglossiano dessa vez. Estava muito preocupado da Ingrid morrer cativa na selva e a opinião pública cair de pau na política do Uribe, falando que é muito radical, etc. Agora ele pode deitar na cama, pois já fez a sua fama.

Mas o que me motiva a escrever para além do óbvio aqui é a brilhante ação do exército colombiano (ou do americano, mas isso não interessa). Apesar do fim (resgatar os reféns) ser mais importante que o meio (como fazer isso?), eles escolheram, diante das diversas alternativas, a mais virtuosa possível - resgatá-los sem dar um único tiro, poupando a vida de TODOS os membros da FARC local.

Claro que se desse errado e a Ingrid morresse o mundo cairia em cima da Colômbia, por "tentar imitar país de primeiro mundo", ou por não colocar isso ao encargo dos EUA ou da França. Mas o importante é que deu certo, e que isso sirva de lição às polícias brasileiras: o raciocínio de que devem exterminar os bandidos quase sempre é errôneo. Não há necessidade de dar tiro na cabeça de bandido (salvo os chefes - pessoas com capacidade de liderança nesse ramo são perigosíssimas).

Tá, tudo bem, reconheço que a impunidade grassa nesse país e que logo os bandidos voltam para a rua pra fazer merda. Qual é a solução que eu dou? Simples: dá um tiro na coxa e outro na batata de uma perna. O objetivo é deixa-lo coxo. Pelo menos em crimes que exigem mais ação (como assaltos, roubos, etc.) ele já será deixado em escanteio pelos seus colegas não-coxos - talvez para cuidar de sequestrado, no máximo. Daí ele terá que se dedicar a coisas menos danosas, como estelionato.

Aprendamos com os colombianos!!!

terça-feira, julho 01, 2008

Ciclos da Vida

Bom, hoje é o primeiro dia de um novo ciclo na minha vida: voltei ao clube dos desempregados. Talvez por ter sido iniciativa minha, estou feliz (na verdade mais cansado do que feliz, pois acordei no automático hoje). O problema é que ainda ficarei em Betim por pelo menos mais 11 dias. Já tenho o tão almejado "ano de experiência em trabalho", o que sem dúvida servirá para abrir outras portas no futuro.

Mas algo bastante sintomático do meu último ciclo, o do trabalho, é que ele iniciou-se com a renúncia d'Horroriz, e termina com a DERROTA do Eurico Miranda! Estou estupidamente quebrado fisicamente, mas até que esse tipo de notícia consola...

Planos para o futuro? Bom, depois do meu aniversário me darei um mês de férias, para viajar pelas redondezas. Depois não sei... acredito que o Canadá ficará para 2009. Mas quero começar um curso de ioga pesada (para controle de raiva) e teatro (melhorar a timidez e minha dicção)

Ah, depois de amanhã defenderei finalmente meu tcc! Graças à nova tecnologia (espero que não dê chabu), isso ocorrerá via Skype. Não sei quando aparecerei de novo por aqui (ainda tenho que mandar desligar a internet e o telefone), mas se puder, ainda digo as minhas impressões sobre Betim, uma cidade do futuro (cf. Zweig)