quarta-feira, janeiro 11, 2006

BBB6 - Começou as repercussões

Se você odeia ver Big Brother mas não quer passar em branco nas fofocas da vida, assim como eu - que também adoro fazer pseudo-análises idiotas sobre o pensamento social brasileiro acompanhando apenas a repercussão do programa* - , acompanhe também a melhor cobertura sobre o programa que existe aqui no Zerozen, meu e-zine preferido. Estou louco pra ver a crítica deles sobre os shows do Planeta Atlântida...

*Por exemplo: Primeiro eu achava que o Brasil nunca permitiria que um gay ganhasse o programa, depois que o Jean ganhou eu pensava que o Brasil tinha se tornado um país mais progressista. Daí o "Não" ganhou no referendo...¹

¹Votaria no "Sim" mesmo hoje ainda pelos quatro mesmos motivos:

0 e principal - O Dao de-Djing diz que "armas são instrumento de mau agouro";

1-O coordenador da campanha do "Não" foi o Alberto Fraga, um rorizista filha da puta, com o perdão da redundância;

2-O publicitário da campanha foi o glorioso Chico Santa-Rita, responsável pela campanha do Collor e um dos responsáveis diretos pelo golpe mais baixo da nova república, quando usou o fato do Lula ter uma filha fora do casamento - por mais que o governo Lula realmente esteje uma merda, esse tipo de coisa nunca se justifica. O nome dele está registrado na lista negra de meu cérebro, e quem está lá não sai nem depois de morto.

3-A Veja apoiou o "Não", e como tudo o que ela fala eu apóio o contrário, nem que seja de birra (com exceção da Isabela Boscov, que sempre acerta quando um filme é bom e quando é uma merda)...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

A verdadeira história da gangue húngara*

Finalmente estou escrevendo a história da Gangue Húngara, livremente inspirada na verídica história da Gangue do Fuzileiro, famosa em Brasília nos anos 80, e que quase 100% dos membros morreram de aids.

Aqui está o prólogo:

"Antiga lenda de Brasília, a gangue húngara foi um episódio dos mais representativos da década de 80. Teria tido esse nome pelo seu líder, István Kiss (1959-1987), filho de judeus húngaros que, por alguma interferência divina, conseguiram escapar das garras dos Flechas Verdes (nazistas húngaros) e dos alemães em 1944-5. Essa interferência fez-se valer também ante a perseguição do regime soviético.

Após os trágicos eventos de 1954 em Budapeste, Ferenc Kiss (1924 - ) e Diana Dubovich (1926 – 1977) acabaram conhecendo-se no Rio de Janeiro e, noivos ainda, jovens e entusiasmados, com o perdão da redundância, foram tentar a sorte no centro daquele exótico e maravilhoso país. Após vários percalços que não interessam aqui, casaram-se ainda em 1957, após uma viagem épica para São Paulo, já que não haviam – e não há até hoje – sinagogas em Brasília.

Já em 1959 nasceria o pequeno Isván, (que será chamado daqui em diante como Ivan pelo mesmo motivo que os seus colegas – da vida, inclusive os da gangue – o chamavam: facilita, e muito). Teriam também Sara (1965 - ), que como deu certo na vida, conseguindo um bom cargo no Ministério da Fazenda, quase não será citada aqui. Ferenc possui até hoje uma elétrica na 109 Sul, o que permitiu dar uma boa educação aos filhos... na verdade, ele não conseguiu dar uma boa educação ao Ivan, e é aqui que começa a história, em 1975".

Rachel Weisz está gravida. NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!! POR QUE!?!?!?!??!!?!!!?!?!?!?!?!?!!?

sábado, janeiro 07, 2006

Crítica final sobre o "How the West Was Won"

O disco é simplesmente MARAVILHOSO!!! Lamentavelmente não pega as músicas do "Physical Grafitti", que acho o melhor disco de estúdio do Led - e é duplo! Porém, se pegasse, provavelmente o Robert Plant já estaria cantando com as cordas vocais carcomidas de tanto tomar ácido. Esse é um show da turnê do "Houses of the Holy", então a voz dele está no auge. Mas queria ver como é "Kashmir" ao vivo... :'(

Outro ponto que tenho q salientar é "Dazed and Confused". Quem tiver paciência - e tem que ter, pois são mais de 20 minutos de improviso - compare essa versão com a do "The Song Remains the Same" e a do "BBC Sessions"*. NÃO TEM NENHUMA IDÊNTICA!!! Puta que pariu, que banda faz isso hoje!? Quando falo que os anos 70 foram os melhores pra música internacional e nacional (Tim Maia, Jorge Ben e Raulzito no auge, os tropicalistas não tão chatos, e o Roberto Carlos então...) me chamam de saudosista. Mas contra fatos não há argumentos... Pelo menos tô achando essa década de agora muitíssimo melhor que a de 90...

O único destaque negativo vai, obviamente pra "Moby Dick". Tudo Bem, o John Bonzo realmente foi o melhor baterista de rock de todos os tempos - junto com aquele do Jimi Hendrix que esqueci o nome. Mas porra, mais de 10 minutos de solo de bateria não dá!

Opinião final: Simplesmente o melhor ao vivo do Led. Como Led é uma banda simplesmente do cacete, aí fudeu tudo :>>>>>>>>>>>

*BBC Sessions também é maravilhoso - o que acaba tornando "The Song Remains..." uma maravilhosa bosta - , mas só tem música até o "IV". E era "ao vivo em estúdio", o que tira um pouco a graça.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Seria a história dos cowboys gays plágio?

"Brokeback Mountain", filme sobre cowboys "internacionalistas" (que fizeram Relações Internacionais) parece que vai ser o favorito pro Oscar desse ano. Trata de um tema polêmico, mas não novo, já que o Village People já fez isso na década de 70.

Porém, o que mais me chama a atenção é que a idéia sobre cowboys viados não é nova. Se não me engano, me lembro muito bem de tê-la visto num episódio do South Park onde eles fazem troça do festival de cinema indie (bleargh!) de Sundance, quando o Robert Redford transfere a sede do festival pra South Park, trazendo problemas para o Mr.Hankey, o cocô de natal. No festival passavam um monte de filmes obviamente bizarros, até que foi anunciado um filme sobre cowboys, o Cartman falou "eba! finalmente um filme normal!", só que era sobre... cowboys gays*. O nome do episódio é "Chef's Chocolate Salty Balls".

*Minha memória me trai, portanto não sei se o episódio é desse jeito mesmo. Se não, foi mal.

PS: Mesmo se fosse um bang bang normal, não veria filme de Ang Lee nem amarrado. Acho "O Tigre e o Dragão" um dos piores filmes chineses já feito. Uma fraude mesmo. O pior filme do Jackie Chan é melhor. Além da merda que ficou o "Hulk".

Trilha sonora: Led Zeppelin - How the west was won. Ao vivo do Led em Los Angeles em 197-e-bolinha. Nesse momento está tocando "Stairway to Heaven", que eu não gosto muito ao vivo, já que o Jimmy Page faz muita firula. Até agora o show tá do cacete. O disco (originalmente triplo) dura inacreditáveis 2:30h, mas o que me dá medo é que "Dazed e Confuzed" tem 25 minutos, "Whota Lotta Love" 23 e Moby Dick (mamanhê!) 19.

PS2: O Jimmy Page tá mandando bem no solo de "Stairway"...

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Macumba judaica?

Não seria a Pulsa Denura que finalmente pegou o Sharon?

2006: 10 anos sem Legião (êêêêêêê!) - Parte 3: O eterno Feedback

Essa já é meio que um elogio ao Renato, pois não é uma análise semiótica, e sim uma tradução feita pelo Millôr Fernandes. Não sei se é boato de internet ou não, já que não tenho - não pretendo ter e tenho raiva de quem tem - o "As Quatro Estações", onde estaria essa tradução. Mas me lembro que cheguei a ver esse texto no site do Millôr, que hoje, em tempos patrulheiros, está sendo acusado de ser lacaio da direita. Atenção, de(i)la(e)tantes: o Millôr SEMPRE foi politicamente liberal (não neoliberal, mas liberal às antigas mesmo), basta ler o prefácio que ele escreveu para o Areopagitica, do John Milton (um dia hei de ler o "Paraíso Perdido", que está mofando aqui em casa...).

Sobre o inglês do Renato, acredito que tenha sido muito bom mesmo. Pra quem passou dois anos da adolescência entrevado numa cadeira só lendo... Além disso, tem a tradição de família: a Carmem, irmã mais nova dele (e gente finíssima), é professora da Cultura Inglesa, com quem tive o prazer de estudar - e ser um dos "monsterzinhos"...

o original eu peguei daqui, por isso mantenho a cautela em atribuir realmente ao Millôr, já que posso me lembrar de ter visto no site, mas a memória trai...

"Meu cartaz aumentou muito com a galera da faixa etária entre 15 e 20 anos, depois que Renato Russo me citou duas vezes em seus shows, como guru não sei de quê. Não muito tempo depois, José Costa Netto, meu advogado e agente de direitos autorais, me telefonou dizendo que Russo queria que eu - profissionalmente - traduzisse um poema (musical) dele. Recusei, achando que fosse tradução do português pro inglês. Não acredito em quem faz traduções pra outra língua que não a sua. ("Viva o Povo Brasileiro", de João Ubaldo, tradução pro inglês feita por ele mesmo, tradução que não li, mas me dizem excelente, é exceção. Mas com maluco não só não se discute como é melhor não estabelecer regras).

De pura curiosidade pedi pra ler o poema. Minha estranheza foi enorme - o poema, dedicado a um grande amigo dele, Cazuza, era denso, misterioso, cheio de sub-intenções, e em excelente inglês. Como uma pessoa que escrevia inglês assim me pedia para fazer a tradução? De qualquer forma topei traduzir, depois que o agente combinou o preço, altamente profissional. Altamente profissional, também, Renato Russo não hesitou diante do preço, bem, os da Legião Urbana não sabiam se o último show deles tinha 10 ou 60.000 espectadores.

Traduzir o poema era tarefa delicada, a começar pelo título "Feed-back for a dying young man". Qualquer tradutor desprevenido não perceberia que feed-back aí era um jogo de palavras entre o retorno emocional que o poeta fazia, com o retorno musical comum na música grupal - quando um músico "solicita" a resposta do outro, tipo jam session. A palavra podendo significar ainda retorno de som, aquele que dá microfonia. E seria lamentável traduzir dying por moribundo, palavra que indica instantes finais e soturnos, e não, como alguém à morte, morte esperada mas sem tempo definido pra chegar, a palavra conservando ainda o lastro romântico das damas das camélias.

Porém, traduzido o poema, sendo o poema audacioso e seu autor vivo, entrei em contato com ele para aprovação. Renato não corrigiu uma palavra. Apenas, aqui e ali, murmurava, perplexo e escandalizado: "Deus, do céu, eu escrevi isso?", confirmando a minha tese de que não há bilingüe. Só quando ouviu em sua própria língua o que tinha escrito em inglês, Renato percebeu a audácia do que dizia. Do lado de cá o surpreendido era eu. Com toda razão tendo opinião não muito lisonjeira a respeito do nível intelectual da maioria dos roqueiros, fui ficando admirado com a sutileza e justeza das observações de Renato e da perfeição com ele citava coisas em inglês - incluindo Shakespeare. Seu inglês era, definitivamente, melhor do que o meu. Até hoje não entendi porque me pediu a tradução. O poema foi incluido num de seus últimos CDs.




Canção retorno para um amigo à morte

Alisa a testa suada do rapaz
Toca o talo nu ali escondido
Protegido nesse ninho farpado sombrio da semente
Então seus olhos castanhos ficam vivos
Antes afago pensava ele era domínio
Essas aí não são suas mãos são as minhas
E seguras, minhas mãos buscam se impor
Todo conhecimento do jorro viril do meu senhor
O gosto perfumado que retém minha língua
É engano instalado e não desfeito
Seus olhos chispantes podem retalhar minha pele bárbara
Forçar toda gravidade a ir embora
Ele vadeia em águas fechadas
Sono profundo altera seus sentidos
A meu único rival eu devo obedecer
Vai comandar nosso duplo renascer:
O mesmo
Insano
Sustenta
Outra vez.
(os dois juntos junto de nossos próprios corações)
Calei e escrevi
Isto em reverência
Pela coincidência.




PS. Arthur Dapieve tem um excelente livro sobre Renato. "Renato Russo, o Trovador Solitário" (Relume Dumará, 183 pgs., Coleção Perfis do Rio de Janeiro. 2000).




FEEDBACK SONG FOR A DYING FRIEND
(Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá) © 1985

Soothe the young man's sweating forehead
Touch the naked stem held hidden there
Safe in such dark hayseed wired nest
Then his light brown eyes are quick
Once touch is what he thought was grip
This not his hands those there but mine
And safe, my hands do seek to gain
All knowledge of my master's manly rain
The scented taste that stills my tongue
Is wrong that is set but not undone
His fiery eyes can slash my savage skin
And force all seriousness away
He wades in close waters
Deep sleep alters his senses
I must obey my only rival
He will command our twin revival:
The same
Insane
Sustain
Again
(The two of us so close to our own hearts)
I silenced and wrote
This is awe
Of the coincidence "

2006: 10 anos sem Legião (êêêêêêê!) - Parte 2: Daniel na Boca do Lixo

Continuando minha homenagem aos 10 anos SEM Legião Urbana, aqui vai outra análise semiótica de outra música deles, "Daniel na cova dos leões". Quem fez foi o glorioso colega (chamaria 'companheiro', mas hoje essa expressão tá mais queimada que 'tovarishch' - camarada - na Rússia) Viciado Carioca. Como a maioria do seus visitadores, o descobi por famoso post/zoação do cocadaboa na época que ele tava vendendo revistinha pra se sustentar*. Depois de outro post de zoação do cocadaboa, aquele do "Nunca mais ouvirei Metallica", virei fã não manifesto do cara, então resolvi puxar a capivara e ver os posts antigos.

Foi quando me deparei com essa maravilhosa análise semiótica. Muita gente nunca entendeu o sentido da letra, mas acredito que o Viciado, pela vivência, acertou na mosca. O post original é o terceiro de baixo pra cima aqui.

Recomendo avidamente esse blog, que já está nos meus favoritos no msn desde o fim do ano passado.

"Hipocrisia na Cova dos Leões

Toda rodinha de amigo sempre tem um babaca, né? Com os da minha infância sempre falo com vários. Muitos gostam de dá um dois e sempre aparecem aqui em casa para queimar um bagulho.

Mas tem um sujeito no meio deles que me irrita. Vem com essa onda errada que pó é foda, que pó é isso e pó é aquilo. Não fode. Errado é não assumir do que gosta. Errado é sentir vergonha de assumir o vício.

Então esse idiota adora falar que a trilha sonora da minha vida é “Cocaine” do Eric Claptom. Se eu tivesse que escolher a trilha da minha vida seria Daniel na Cova dos Leões do Legião Urbana. Legião Urbana é a trilha de qualquer viciado: música simples com pensamentos profundos.

Tem uns Zés que não sabem disso. Cantam as músicas do Renato Russo e nem conhecem a sua história ou analisam as letras. Muitos acham que Daniel na Cova dos Leões é uma música de amor quando ela é um verdadeiro ode ao pó:

Aquele gosto amargo do teu corpo

Ficou na minha boca por mais tempo

(Todo cara que vai experimentar pó pela primeira vez, gosta de dá uma de policial em filme americano e colocar na boca. Realmente o lance tem um gosto amargo.)

De amargo e então salgado ficou doce,

(Isso é o cara já entrando no vício. O que era ruim, ficou doce, ficou bom!)

Assim que o teu cheiro forte e lento

Fez casa nos meus braços e ainda leve

E forte e cego e tenso fez saber

(Já viu alguém dando teco? O cara fica cego porque fecha os olhos e o "cheiro" é forte, lento e tenso).

Que ainda era muito e muito pouco.

(Sempre é muito pouco. Depois da primeira sempre é muito pouco).

Faço nosso o meu segredo mais sincero

E desafio o instinto dissonante.

(Com tanta pressão da sociedade, qualquer um que se droga faz disso um segredo. Quando é cocaina, é um segredo quase mortal. Tenho amigos que não contam para os seus amigos maconheiros que cheiram. Qualquer babaca quando come a namorada, conta com detalhes como foi para os amigos. Mas ninguém conta que está cheirando. Esse, talvez, seja o segredo mais sincero de alguém)

A insegurança não me ataca quando erro

E o teu momento passa a ser o meu instante.

(Realmente, tu se sente muito poderoso quando está bicudo. É uma droga para egocêntricos)

E o teu medo de ter medo de ter medo

Não faz da minha força confusão

(Geralmente o pó traz uma porrada de nóia quando a onda vai passando. Mas depois quando você está de cara, você cheira de novo por conta daquele ar super-poderoso de início. Isso deveria trazer uma confusão, como uma droga que traz um monte de nóia, vicia? Por causa da onda do pó que é muito boa).

Teu corpo é meu espelho e em ti navego

(hehehe, tão óbvio)

E sei que tua correnteza não tem direção.

(E não tem mesmo não. Cada onda é diferente.)

Mas, tão certo quanto o erro de ser barco

A motor e insistir em usar os remos,

É o mal que a água faz quando se afoga

E o salva-vidas não está porque não o vemos

(Esse aqui são os versos de quem tá querendo largar. Sabe o que está fazendo é errado. Ele é um motor mas está usando so remos. E quem entra na onda de parar, não vê saída. Não vê o Salva-vidas. É foda)."

2006: 10 anos sem Legião (êêêêêêê!) - Parte 1 A vingança de Eduardo

Pensando bem, vai ser uma merda, já que vai ser um revival só. Ainda mais aqui em Brasília :'S. Então, num momento bem oportuno para tentar aumentar a audiência desse blog de merda, ponho aqui duas zoações à LU bem legais q já vi aqui. A primeira é a melhor análise semiótica da letra de "Eduardo e Mônica", a música que fez despertar meu ódio à Legião.

A história: Em algum bimestre de 1993, na minha 7ª série, no Colégio Militar de Brasília, numa prova de português, a distinta professora (uma filha da puta soberba, já que era - é, pois hoje dá aula de português para concursos - uma vaca orgulhosa metia a sabe-tudo) Tércia Juliana inventa de botar a letra do "Eduardo e Mônica" na prova. Tá, tudo bem, brasileiro tem essa mania de achar qe música é poesia decente. O problema foi na correção na aula posterior. A professora inventa de trazer cópias da letra para todos na sala cantarem. Inventa de trazer um toca-fitas com "Eduardo e Mônica". E aí veio o problema: A FITA SÓ TINHA "EDUARDO E MÔNICA"!!! Sério! Lado A e Lado B só de "Eduardo e Mônica". Cantamos umas 3 vezes seguidas, e depois o resto da aula teve de trilha sonora apenas "Eduardo e Mônica". Surgiu daí meu ódio eterno à Legião.

Epílogo: Como essa música estragou a cabeça de mais gente: Naquela série de propagandas do HSBC que refere-se aos regionalismos ("só quem é de Salvador sabe que 'aonde' quer dizer 'não'" - passou uma essa semana sobre Campo Grande, mas me esqueci), na de Brasília inventaram que "só quem é de Brasília sabe que 'camelo' significa bicicleta". Quando eu vi fiquei muito puto, já que NUNCA OUVI ESSA GÍRIA AQUI!!! Daí, comentando com um amigo, ele lembrou "ah, é porque tem isso no 'Eduardo e Mônica'"... bando de publicitários imbecis bucéfalos!As gírias, elas mudam. Ninguém usa mais 'batuta', 'ela é um pão', 'camelo'. Se fosse pra identificar algo de Brasília, seria o já famoso 'véi'.

Nota: O texto NÃO É MEU, é de um tal Adolar Gangorra. Não sei qual é a fonte original, já que muita gente já postou cópia. Peguei desse site aqui: http://www.screamyell.com.br/mais/traduzida.html

"Mônica e EduardoPor Adolar Gangorra18/05/01

O falecido Renato Russo era, sem dúvida, um ótimo músico e um excelente letrista. Escreveu verdadeiras obras de arte cheias de originalidade e sentimento. Como artista engajado que era, defendia veementemente seus pontos de vista nas letras que criava. E por isso mesmo, talvez algumas delas excedam a lógica e o bom senso.

Como no caso da música Eduardo e Monica, do álbum Dois da Legião Urbana, de 1986, onde a figura masculina (Eduardo) é tratada sempre como alienada e inconsciente enquanto a feminina (Monica) é a portadora de uma sabedoria e um estilo de vida evoluidíssimos.

Analisemos o que diz a letra. Logo na segunda estrofe, o autor insinua que Eduardo seja preguiçoso e indolente ("Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar; Ficou deitado e viu que horas eram") ao mesmo tempo que tentar dar uma imagem forte e charmosa à Monica ("enquanto Monica tomava um conhaque noutro canto da cidade como eles disseram"). Ora, se esta cena tiver se passado de manhã, como é provável, Eduardo só estaria fazendo sua obrigação: acordar. Já Mônica revelaria-se uma cachaceira profissional, pois virar um conhaque antes do almoço é só para quem conhece muito bem o ofício.

Mais à frente, vemos Russo desenhar injustamente a personalidade de Eduardo de maneira frágil e imatura ("Festa estranha, com gente esquisita..."). Bom, "Festa Estranha" significa uma reunião de porra-loucas atrás de qualquer bagulho para poder fugir da realidade com a desculpa esfarrapada de que são contra o sistema. "Gente esquisita" é, basicamente, um bando de sujeitos que têm o hábito gozado de dar a bunda após cinco minutos de conversa. Também são as garotas mais horrorosas da Via-Láctea. Enfim, esta era a tal "festa legal" em que Eduardo estava. O que mais ele podia fazer? Teve que encher a cara pra agüentar aquele pesadelo, como veremos a seguir.

Assim temos ("- Eu não estou legal. Não agüento mais birita"). Percebe-se que o jovem Eduardo não está familiarizado com a rotina traiçoeira do álcool. É um garoto puro e inocente, com a mente e o corpo sadios. Bem ao contrário de Monica, uma notória bêbada sem-vergonha do underground. Adiante, ficamos conhecendo o momento em que os dois protagonistas se encontraram ("E a Monica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar"). Vamos por partes: em "E a Monica riu" nota-se uma atitude de pseudo-superioridade desumana de Monica para com Eduardo. Ela, bêbada inveterada, ri de um bêbado inexperiente!

Mais à frente, é bom esclarecer o que o autor preferiu maquiar. Onde lê-se "quis saber um pouco mais" leia-se "quis dar para"! É muita hipocrisia tentar passar uma imagem sofisticada da tal Monica. A verdade é que ela se sentiu bastante atraída pelo "boyzinho que tentava impressionar"! É o máximo do preconceito leviano se referir ao singelo Eduardo como "boyzinho"... Não é verdade. Caso fosse realmente um playboy, ele não teria ido se encontrar com Monica de bicicleta, como consta na quarta estrofe ("Se encontraram então no parque da cidade A Monica de moto e o Eduardo de camelo"). A não ser que o Eduardo fosse um beduíno, e estivesse realmente de camelo, mas ainda nesse caso não seria um "boyzinho". Se alguém aí age como boy, esta seria Monica, que vai ao encontro pilotando uma ameaçadora motocicleta. Como é sabido, aos 16 ("Ela era de Leão e ele tinha dezesseis") todo boyzinho já costuma roubar o carro do pai, principalmente para impressionar uma maria-gasolina como Monica.

E tem mais: se Eduardo fosse mesmo um playboy, teria penetrado com sua galera na tal festa, quebraria tudo e ia encher de porrada o esquisitão mais fraquinho de todos na frente de todo mundo, valeu? Na ocasião do seu primeiro encontro, vemos Monica impor suas preferências, uma constante durante toda a letra, em oposição a uma humilde proposta do afável Eduardo ("O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Monica queria ver um filme do Godard"). Atitude esta nada democrática para quem se julga uma liberal. Na verdade, Monica é o que se convencionou chamar de P.I.M.B.A (Pseudo Intelectual Metido à Besta e Associados, ou seja, intelectuerdas, alternativos, cabeças e viadinhos vestidos de preto, em geral), que acham que todo filme americano é ruim e o que é bom mesmo é filme europeu, de preferência francês, preto e branco, arrastado pra caralho e com muitas cenas de baitolagem.

Em seguida Russo utiliza o eufemismo "menina" para se referir suavemente à Monica ("O Eduardo achou estranho e melhor não comentar, mas a menina tinha tinta no cabelo"). Menina? Pudim de cachaça seria mais adequado. À pouco vimos Monica virar um Dreher na goela logo no café da manhã e ele ainda a chama de menina? Note que Russo informa a idade de Eduardo, mas propositadamente omite a de Monica. Além disto, se Monica pinta o cabelo é porque é uma balzaca querendo fisgar um garotão viril ou porque é uma baranga escrota mesmo.

O autor insiste em retratar Monica como uma gênia sem par. ("Ela fazia Medicina e falava alemão") e Eduardo como um idiota retardado ("E ele ainda nas aulinhas de inglês"). Note a comparação de intelecto entre o casal: ela domina o idioma germânico, sabidamente de difícil aprendizado, já tendo superado o vestibular altamente concorrido para medicina. Ele, miseravelmente, tem que tomar aulas para poder balbuciar "iéis", "nou" e "mai neime is Eduardo"! Incomoda como são usadas as palavras "ainda" e "aulinhas", para refletir idéias de atraso intelectual e coisa sem valor, respectivamente. Coitado do Eduardo, é um jumento mesmo...

Na seqüência, ficamos a par das opções culturais dos dois ("Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud"). Temos nesta lista um desfile de ícones dos P.I.M.B.As, muito usados por quem acha que pertence a uma falsa elite cultural. Por exemplo, é tamanha uma pretensa intimidade com o poeta Manuel de Souza Carneiro Bandeira Filho, que usou-se a expressão "do Bandeira". Francamente, "Bandeira" é aquele juiz que fica apitando impedimento na lateral do campo. O sujeito mais normal dessa moçada aí, cortou a orelha por causa de uma sirigaita qualquer. Já viu o nível, né? Só porra-louca de primeira. Tem um outro peroba aí que tem coragem de rimar "Êta" com "Tiêta" e neguinho ainda diz que ele é gênio!

Mais uma vez insinua-se que Eduardo seja um imbecil acéfalo ("E o Eduardo gostava de novela") e crianção ("E jogava futebol de botão com seu avô"). A bem da verdade, Eduardo é um exemplo. Que adolescente de hoje costuma dar atenção a um idoso? Ele poderia estar jogando videogame com garotos de sua idade ou tentando espiar a empregada tomar banho pelo buraco da fechadura, mas não. Preferia a companhia do avô em um prosaico jogo de botões! É de tocar o coração. E como esse gesto magnânimo foi usado na letra? Foi só para passar a imagem de Eduardo como um paspalho energúmeno. É óbvio, para o autor, o homem não sabe de nada. Mulher sim, é maturidade pura.

Continuando, temos ("Ela falava coisas sobre o Planalto Central, também magia e meditação"). Falava merda, isso sim! Nesses assuntos esotéricos é onde se escondem os maiores picaretas do mundo. Qualquer chimpanzé lobotomizado pode grunhir qualquer absurdo que ninguém vai contestar. Por que? Porque não se pode provar absolutamente nada ... Vale tudo! É o samba do crioulo doido. E quem foi cair nessa conversa mole jogada por Monica? Eduardo é claro, o bem intencionado de plantão. E ainda temos mais um achincalhe ao garoto ("E o Eduardo ainda estava no esquema "escola - cinema - clube - televisão"). O que o Sr. Russo queria? Que o esquema fosse "bar da esquina - terreiro de macumba - sauna gay - delegacia"?? E qual é o problema de se ir a escola, caramba?!?

Em seguida, já se nota que Eduardo está dominado pela cultura imposta por Monica ("Eduardo e Monica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato e foram viajar"). Por ordem: 1) Teatro e artesanato não costumam pagar muito imposto. 2) Teatro e artesanato não são lá as coisas mais úteis do mundo. 3) Quer saber? Teatro e artesanato é coisa de viado!!!

Agora temos os versos mais cretinos de toda a letra ("A Monica explicava pro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar"). Mais uma vez, aquela lengalenga esotérica que não leva a lugar algum. Vejamos: Monica trabalha na previsão do tempo? Não. Monica é geóloga? Não. Monica é professora de química? Não. Mônica é alguma aviadora? Também não. Então que diabos uma motoqueira transviada pode ensinar sobre céu, terra, água e ar que uma muriçoca não saiba? Novamente, Eduardo é retratado como um debilóide pueril capaz de comprar alegremente a Torre Eiffel após ser convencido deste grande negócio pelo caô mais furado do mundo. Santa inocência ...

Ainda em "Ele aprendeu a beber", não precisa ser muito esperto pra sacar com quem... é claro, com Monica, a campeã do alambique! Eduardo poderia ter aprendido coisas mais úteis como o código morse ou as capitais da Europa, mas não. Acharam melhor ensinar para o rapaz como encher a cara de pinga. Muito bem, Monica! Grande contribuição!

Depois, temos "deixou o cabelo crescer". Pobre Eduardo. Àquela altura, estava crente que deixar crescer o cabelo o diferenciaria dos outros na sociedade. Isso sim é que é ativismo pessoal. Já dá pra ver aí o estrago causado por Monica na cabeça do iludido Eduardo. Sempre à frente em tudo, Monica se forma quando Eduardo, o eterno micróbio, consegue entrar na universidade ("E ela se formou no mesmo mês em que ele passou no vestibular"). Por esse ritmo, quando Eduardo conseguir o diploma, Monica deverá estar ganhando o seu prêmio Nobel. Outra prova da parcialidade do autor está em ("porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação"). É interessante notar que é o filho do Eduardo e não de Monica, que ficou de segunda época. Em suma, puxou ao pai e é burro que nem uma porta.

O que realmente impressiona nesta letra é a presença constante de um sexismo estereotipado. O homem é retratado como sendo um simplório alienado que só é salvo de uma vida medíocre e previsível graças a uma mulher naturalmente evoluída e oriunda de uma cultura alternativa redentora. Nesta visão está incutida a idéia absurda que o feminino é superior e o masculino, inferior. Bem típico de algum recalque homossexual do autor, talvez magoado com a natureza masculina. É sabido que em todas culturas e povos existentes, o homem sempre oprimiu amulher. Porém, isso não significa, em hipótese alguma, que estas sejam melhores que os homens. São apenas diferentes. Se desde o começo dos tempos o sexo feminino fosse o dominador e o masculino o subjugado, os mesmos erros teriam sido cometidos de uma maneira ou de outra.

Por quê? Ora, porque tanto homens, mulheres e colunistas sociais fazem parte da famigerada raça humana. E é aí que sempre morou o perigo. Não importa que seja Eduardo, Mônica ou até... Renato!

Adolar Gangorra tem 71 anos, é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra e não perde um show sequer dos The Fevers. "

2006 não será como 2005 :S

Notícia da Folha de hoje:

"FEITIÇO 1: Paulo Coelho tem novo sonho: quer adaptar "O Príncipe", de Maquiavel. O escritor pretende transformar a obra em algo mais acessível para os leitores".

A humanidade é mesmo burra. Maquiavel é o filósofo político mais acessível que existe. Ficaria mais feliz se ele fizesse uma versão acessível do Clausewitz, Meinecke, Schmitt.